O viajante azarado
Em uma vila distante vivia um rapaz que acabara de completar seus 22 anos, ele era muito bom e amado por todos da vila. Esse jovem tinha uma irmã mais nova, pai e mãe, um melhor amigo e um avô, ele amava sua família mais que tudo no mundo.
Certo dia, esse rapaz decidiu realizar seu maior sonho, que era o de se tornar um grande viajante. Então ele pegou o dinheiro que estava juntando desde seus 15 anos, se despediu de sua família, de seu melhor amigo e partiu jurando voltar em breve cheio de histórias para contar.
O jovem viajante conheceu lugares muito bonitos e se esforçava para guardar tudo na memória para quando voltasse para casa. Um dia ele chegou em uma pequena aldeia e um garoto veio lhe pedir dinheiro para comprar remédios para seu irmãozinho doente. O jovem viajante era muito bom, para alguns ele era bom até demais para seu próprio bem, e por ser bom ele pegou metade do que tinha e deu ao garoto.
O que ele não sabia era que, apesar da pouca idade, o garoto fazia parte de um bando de ladrões. Então quando ele estava saindo da aldeia os ladrões o atacaram e o deixaram sem nada de valor.O viajante ficou triste, pois sem dinheiro não poderia continuar viajando e então decidiu voltar para casa.
Na volta para casa ele dormiu na rua, passou fome e ficou muito magro e feio. Porém, quando avistou sua vila seu coração se alegrou, pois iria ver de novo as pessoas que amava.
Ele entrou na vila todo sorridente, mas logo encontrou o padeiro que lhe deu uma notícia muito triste. O padeiro disse que seu melhor amigo foi picado por uma serpente enquanto trabalhava no campo e morreu envenenado pouco depois que ele foi embora. O viajante muito triste tirou um pedaço do seu coração e o enterrou aos pés do padeiro.
O viajante continuou caminhando, contudo já não sorria mais. As pessoas na vila iam passando e lhe prestando condolências e ele, imaginando que fosse pelo seu amigo, agradecia. Foi aí que a costureira veio chorando e lhe disse que seu avô, o qual ele tanto admirava, havia falecido. Então o viajante passou a tirar outro pedaço de seu coração e a enterra-lo aos pés da costureira.
Despedaçado, o jovem viajante continuou sua jornada a caminho de casa e o sorriso que ele tinha no inicio sumiu sem deixar vestígios dando lugar a lágrimas sutis que rolavam pelo seu rosto. As pessoas prestavam condolências e ele já nem respondia mais. Logo o dono da lojinha de roupas o viu passa e o chamou para lhe disse que os seus pais haviam sido assaltados e mortos, o viajante ficou desesperado, nem esperou o dono da lojinha terminar de falar, antes de sair correndo pra casa, arrancou outro pedaço de seu coração, o enterrou aos pés dele e partiu. Quem cuidou da sua irmãzinha de saúde tão fraca?
Nesse ponto o Jovem viajante já estava aos prantos, se perguntando porque isso estava acontecendo e se arrependendo amargamente por ter partido. Então ele ouviu alguém o chamar e parou de correr, a ouvir aquela voz infantil seu coração se encheu de esperança, mas ao olhar para trás se deparou com a figura de um garoto. Era o irmão mais novo de seu melhor amigo quem o chamava, e o menino aproximando-se passou a lhe contar que sua irmão já não vivia mais, a doença misturada com o desgosto a deixaram fraca e por fim ela morreu, mas antes de morrer ela escreveu um pequeno bilhete para ele e incumbiu o menino de o entregar. O Jovem viajante pegou o bilhete, porém antes de ir embora tirou o ultimo pedaço de seu coração e o enterrou aos pés do garotinho.
O viajante se pós a caminhar pra casa, derrotado pela vida, a passos lentos, ele já não ouvia nada ao seu redor. Quando chegou em casa, foi para a beira da lareira e se sentou na cadeira de balanço de sua mãe, abriu o pequeno bilhete que dizia: "A culpa não foi sua, existem coisas que não podemos controlar e uma delas é quando e como alguém sairá de nossas vidas. Eu te amo e todos também te amavam. Nos guarde no coração".
Ele fechou o bilhete e sussurrou para o vento:" Agora é tarde demais minha pequena, não posso guarda-los em um coração que já não existe."
O viajante se recusou a sair de sua cadeira até o dia de sua morte.
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