Kalel era um dos poucos humanos que vivia no meio da nobreza lupina, excêntrico e colecionador de antiguidades, pra dizer a verdade, artefatos mágicos.

Em sua mansão, ele construiu uma sala especialmente para as relíquias que havia adquirido ao longo do tempo e em suas viagens pelo mundo sobrenatural.

Kalel era viúvo, sem filhos e seu único herdeiro era kyron, um sobrinho que vivia em outro reino do país, mas com o qual se comunicava constantemente, porque sabia que este herdaria suas coisas após sua morte.

Assim, ele contou à Kyron o que aconteceu, depois de adquirir uma guilhotina, de uma época já muito antiga, encontrada no reino das bruxas. Todos os itens que ele adquria, eram levados para a sua sala especial, que a chamava de "Pequeno Museu".

Numa noite, quando a guilhotina já estava no seu lugar, depois de dormir acordou, porque um grito assustador veio daquela sala. Ele sabia que todas os objetos que haviam em sua casa, tinham pertencido à personagens estranhos, mas nunca tinha ouvido nada como naquela noite.

Levantou, foi até lá, observou em todas as direções, mas não havia ninguém. Voltou para o seu aposento mas, quando estava entrando, sentiu como se a lâmina daquela guilhotina fosse "descarregada", como faziam quando, outrora, havia uma execução. Ele voltou para a sala e a lâmina realmente estava "em baixo"!

Depois que ele contou isso ao seu sobrinho, começaram uma série de coisas que aconteciam todas as noites: gritos, lamentos, a lâmina daquele dispositivo "que caía"...

Outra noite, enquanto Kalel dormia, sentiu mãos o puxarem do aposento e o levarem para a guilhotina. Sem ver ninguém, somente mãos fortes o segurando, ele foi levado para a guilhotina. Viu quando a lâmina sozinha se levantou e caiu, sentindo cortar o seu pescoço. Quando se viu no chão sem o corpo, ele acordou na cama suando. O que ele tinha sonhado era tão real que estava muito assustado.

Numa conversa com Kyron, ele disse ao seu sobrinho que se livraria dàquela ferramenta amaldiçoada que estava em sua propriedade. Mas nunca conseguiu fazer isso.

Meses depois, o sobrinho foi chamado porque o seu tio tinha morrido, num provável assalto à sua casa, cujo corpo foi encontrado decapitado numa guilhotina existente no local.

A guarda imperial disse que não sabia porque houve esse assassinato, pois nenhum item da mansão foi roubado. E também, não foi encontrado nenhum indício de invasão, como tão pouco qualquer pista que pudesse seguirem numa investigação.

Kyron viajou para mansão de seu tio Kalel, para as devidas providências, e a primeira coisa que ele fez foi se livrar daquela guilhotina, após a liberação da guarda imperial, sendo vendida para um grande museu no reino de Marlóvia.

Acabou por vender todas as antiguidades de seu tio, assim como a mansão e, depois, foi embora.

De tudo, só ficou o mistério: quem matou O humano colecionador, Kalel?

Quem, além dele, habitava naquela casa?

Seriam as almas das bruxas ceifadas daquela guilhotina que estava lá?

Ninguém nunca saberá!

UMA CURIOSIDADE:

Sobre as decapitações na Europa por guilhotina, estudiosos de Medicina da atualidade, afirmaram que, após a cabeça tombar, por ainda haver oxigênio e sangue no cérebro, o condenado ainda vivia, entre 8 e 30 segundos, podendo até fazer expressões faciais. Também hoje já é sabido, que grande parte dos condenados eram inocentes ou não tiveram chance de defesa.

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