No século XVIII, na região ensolarada de Vermute, no reino de Ferrant, o clã Winchester's sofreu uma reviravolta, um tanto surpreendente.

Meu pai foi um dos maiores caçadores já treinados pela raça humana. Mas tudo não passou de uma grande histeria coletiva, pois nunca conseguiram provar a existência de seres sobrenaturais.
Então a frustração e o fracasso de mãos dadas entrelaçam a vida do renomado caçador.

Forçado a um casamento por acordo realizado pela igreja e o rei do reino, acabou piorando o estado tornando o mais assustador que eu já conheci, e quando ele está "armado" com uma garrafa de bebida barata, atingia níveis de pesadelos.

Apenas o estremecer de seu cinto ou a elevação da sua voz, era o suficiente para me fazer tremer como uma folha numa tempestade.

Uma noite, enquanto eu lutava para ficar confortável na cama, por causa dos hematomas e dos choros de minha mãe, tive "uma idéia engenhosa" para cessarem as dores e o sofrimento: assustar papai.

Mas a pergunta era: como?

Claramente não sabia como! Mas se o assustasse, como ele nos assombrava, talvez então mudasse a sua forma de agir.

Eu só desejava um pouco de paz e harmonia!...

Tentei inúmeras coisas, mas o único efeito que causava era mais uma surra em mim! Pois era considerado travessuras de uma adolescente sem educação e modos.

Até que numa noite de lua cheia esbarrei num desconhecido quando voltava às pressas pra casa.
Assim que cai sentada ao solo, o homem me olhou fixamente. Seus olhos pareciam ser dourados, nas na hora, pensei que era a minha imaginação vagando pelos planos mirabolantes que vinham em minha mente.

Não via o seu rosto, e o estranho era ouvir a sua voz dentro da minha cabeça.

- Olha o que o destino me trouxe. Como vai pequenina? Pelo que vejo é tão bela quanto sua mãe.

- Quem é você? Conheceste a minha mãe? Como? Onde? E... Respondi mais do que depressa.

Vi que através de suas roupas nobres, seus olhos brilharem com certo divertimento.

- E também é muito curiosa, igual a ela! Afirmou me dando sua mão para me ajudar a levantar.

Parecia ser um estrangeiro de outro país, roupas finas e elegantes. Sua luva branca e bengala de ouro maciço indicavam isso.

- Criança se quer acertar as contas com aquele homem. Sugiro usar os conhecimentos que já possuí dentro de você. Aconselhou-me ao se afastar dando dois passos para trás. - A noite é perigosa pra quem desconhece seus mistérios e segredos.

- Espere nobre senõr, eu não lhe compreendo. Disse-lhe sem nenhum medo.

- Volte para casa jovenzinha. E mais uma coisa, use as flores que dei a sua mãe anos atrás.

- Flores? Quem é você realmente? Indaguei irritada.

Ele parou e se virou. Retirou o capuz e vi o homem mais belo desse mundo. Olhos azuis gélidos como um cristal, cabelos loiros que mais pareciam os raios solares numa manhã de primavera.
Novamente ele me olhou fixamente.

- Tome garotinha... - E assim jogou uma moeda na minha direção. - Guarde ela, daqui 100 anos, voltaremos a nos encontrar e talvez eu responda algumas de suas perguntas.

- Está brincando comigo ou é louco por acaso? Perguntei olhando a moeda, que não tinha nada escrito, apenas símbolos desconhecidos para mim.

Nisso ouvi o chamado de minha mãe e passos, como se alguém estivesse correndo em nossa direção.

Deixei a estranha moeda cair e ela fez um barulho engraçado, como se vidros houvessem-se partido. Quando olhei em direção ao homem, ele não estava mais lá. Apenas a lua cheia cada vez maior sobre os telhados das casas.

Já a moeda, não era uma moeda, mas um medalhão que escondi no fundo de um bolso do meu vestido.

Minha mãe chegou sem fôlego, pois estava preocupada com minha demora. Ela precisava dos pães que eu carregava pra finalizar a sopa.

Observando minha mãe mais atentamente, notei que ela fazia
a tintura das Beladona, "lembrei das palavras do desconhecido, as flores"... usada para tratamento dos nobres, principalmente do rei e seus herdeiros, curando tosse, febre, epilepsia, entre outros. Até a rainha usava a tintura para deixar suas pupilas mais dilatadas, ficar com olhos de gato era sedutor.

Finalmente, pensei em destruir o álcool dele e substituir pela essência das flores. Eu sei que as pessoas ficam assustadas e assombradas, quando perdem algo que amam muito. Então, fui jogando todas as garrafas do meu pai pelo ralo, uma por uma. E esperei ansiosamente pela reação dele.

Eu sabia que isso o assombraria!

Nessa noite, lembro-me que o meu pai descobriu as garrafas vazias e ficou totalmente transtornado.
Mas virou sem pensar duas vezes à única garrafa que havia.

Lembro-me que ele destruiu a casa toda por dentro quando a Beladona começou a fazer efeito. Lembro-me que ele invadiu o meu quarto, das mãos dele ao redor do meu pescoço e de mim..., perdendo os meus sentidos.

Quando despertei, num lugar diferente e escuro, um grupo de ciganos feiticeiros me ajudou e até me ensinaram umas magias!

Hoje, meu pai vive em constante estado de medo. Cada vez que o visito, a sua pele fica branca, o seu corpo estremece como nunca ele deixa de suar frio e tremer diante de mim.

Assustei tanto meu pai, que ele até poderia dizer que viu um... Monstro!

Seu texto já tem um tom interessante e envolvente, mas pode ser lapidado para trazer ainda mais impacto

É em noites de lua cheia, especialmente quando ela se posiciona no centro exato do céu, que as mudanças começam.

Meus olhos, antes comuns, adquirem um dourado reluzente que parece brilhar como uma chama viva. Meu cabelo, outrora dócil, desperta como se tivesse vontade própria, tornando-se um fio afiado e implacável, carregado de poder.

Minhas unhas crescem, afiadas como garras esculpidas em prata, brilhando à luz da lua. Não sobraram dúvidas: hoje sou a caçadora mais temida de toda a região, a sombra que todos sussurram e ninguém ousa enfrentar.

Alguns dizem que sou abençoada, que os céus me escolheram para um destino glorioso. Outros, no entanto, enxergam minha existência como uma maldição, um castigo que recaiu sobre mim por causa das escolhas da minha mãe. Eles sussurram pelos cantos, quietos, com medo de serem ouvidos: uma humana jamais deveria se envolver, muito menos se deitar, com um sobrenatural. Para eles, isso é imperdoável. Mas para mim... Foi exatamente esse erro que marcou o início da minha verdadeira jornada.

Tudo mudou após o encontro com aquele estranho. A partir daquele momento, começou a nascer em mim a verdade que eu nunca soube carregar: eu não sou apenas humana - nunca fui, para ser honesta.

Apesar das adversidades, descobrir minha verdadeira linhagem trouxe algo que jamais pensei alcançar: aceitação. Sou mais do que imaginava, e desconfio que o mundo ainda não está preparado para o que realmente sou.

Meu verdadeiro pai é algo além das lendas de que a cidade cochicha em segredo. Ele é um ser poderoso, um rei imortal dentro do seu próprio clã, e tudo o que seus olhos percorrem pertence a ele.

E agora eu sei: esta cidade, estes domínios, todas as suas estradas escuras e segredos sombrios... Sempre foram dele. E por extensão, agora pertencem a mim.

Espero pacientemente que os cem anos se passem. Sei que, quando chegar o momento, ele virá. Ele buscará o medalhão de ouro que carrego, a chave para tudo o que sou, e me levará, finalmente, para o seu reino.

Meu pai, o homem dos olhos dourados, o rei que as histórias não ousam contar por completo. Ele é tão temido quanto respeitado, e seu retorno marcará o início de algo muito maior.

Enquanto espero, o peso da minha missão não diminui. Sou a guardiã das portas de seu domínio, a defensora de tudo o que nos pertence por direito. Há sombras que tentam invadir, há inimigos que murmuram ao pé das florestas, mas nenhum deles sabe o que é enfrentar o sangue que corre em minhas veias.

Eu sou a herdeira verdadeira, e não há força que me faça abandonar o posto que recebi.

As noites que passo sob a lua me lembram quem sou e de onde vim. Meu vínculo com ele é inquebrável, mesmo quando estamos separados por cem anos de silêncio. Cada criatura que ousa cruzar a entrada sabe que meu olhar dourado é o reflexo dele, que minha força não é apenas minha, mas a continuidade de um legado poderoso.

O medalhão brilha em meu peito, como se ele próprio aguardasse o momento certo. E quando meu pai retornar, quando o tempo cumprir seu curso, não haverá mais dúvidas.

Aqui não é apenas onde pertenço - é onde eu renasço. Estou pronta para o chamado. Estou pronta para ser levada de volta ao meu verdadeiro lar.

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