A Maldição Justa
Em um pequeno e esquecido vilarejo, vivia uma das mais famosas anciãs do reino de Marlóvia chamada Hadria.
Ela passou a maior parte de sua vida na solidão, ignorada pelos habitantes do vilarejo que a viam como uma figura excêntrica e estranha.
Nem sempre foi assim; em sua juventude, Hadria era uma bruxa suprema cheia de vida, casada com um vampiro que amava profundamente. Juntos, tinham um filho, seu maior tesouro.
No entanto, a tragédia atingiu a família quando um incêndio, cuja causa nunca foi descoberta, devastou sua propriedade e seu castelo.
Seu companheiro morreu tentando salvar o filho, mas ambos pereceram nas chamas.
A anciã Hadria ficou sozinha, com o coração partido e o espírito marcado por uma dor profunda e uma ira inextinguível contra o vilarejo de Shadowthorn
que nada fez para ajudá-los.
Com o passar dos anos, a anciã foi se afastando definitivamente do mundo sobrenatural, suas visitas ao vilarejo tornaram-se menos frequentes, e sua figura encurvada e cabelos grisalhos tornaram-se uma presença rara, mas inquietante.
As crianças de todas as raças a evitavam, e os adultos falavam dela em sussurros, acreditando que ela estava louca ou até mesmo que praticava magia obscura, uma magia proibida em todos os reinos.
Um dia, o vilarejo Shadowthorn
começou a experimentar fenômenos estranhos. As luzes piscavam sem motivo, as sombras pareciam se mover por conta própria, e um calafrio constante envolvia as ruas.
Uma noite, um jovem que havia sido particularmente cruel com a anciã Hadria em sua infância, desapareceu sem deixar rastro. Isso foi apenas o começo.
Os habitantes começaram a ter visões perturbadoras de uma mulher em chamas, com o rosto retorcido pela dor e ira. Os pesadelos tornaram-se insuportáveis, e a sensação de serem vigiados tornou-se constante.
Pouco a pouco, o medo tomou conta de todos, e as casas que antes estavam cheias de vida agora pareciam tumbas vazias.
O ancião protetor do vilarejo decidiu enfrentar a ex-anciã e guardiã Hadria, convencido de que ela era a fonte dos males.
E sem permissão da cidadela dourada reunindo alguns corajosos caçadores, foi até sua casa decadente nos arredores mais afastado do vilarejo.
Ao chegar, encontraram a anciã em sua cama, seu corpo frágil e inerte. Parecia ter partido tranquilamente, mas seu rosto tinha uma expressão de paz, como se finalmente tivesse encontrado descanso.
No entanto, no quarto encontraram um diário que contava a história de seu sofrimento, da perda de sua família e da dor que o vilarejo lhe causou.
As últimas palavras do diário eram uma maldição: “Que a dor que eu suportei caia sobre vocês, que o sofrimento seja sua companhia eterna. Até que a bondade volte aos corações obscuros pela ganância!...”
O atual ancião e seus acompanhantes, horrorizados, tentaram destruir o diário, mas as palavras já estavam gravadas em suas mentes. A partir daquele dia, o vilarejo Shadowthorn
ficou marcado pela tragédia, e os descendentes daqueles que ignoraram o sofrimento de Hadria viveram com o constante lembrete de sua vingança.
O vilarejo tornou-se um lugar desolado, onde o vento sussurrava histórias de uma poderosa bruxa branca quebrada pela dor, cujo espírito nunca encontrou paz.
A lenda da anciã de luz foi transmitida de geração em geração, um lembrete de que o sofrimento ignorado pode se tornar uma força imparável, reclamando vingança do além.
O imperador sabendo do ocorrido preferiu respeitar a última vontade da bruxa branca e não enviou ninguém pra tentar reverter a maldição.
O mesmo achou bastante justo que o vilarejo recebesse tamanha punição por causa de sua falta de bondade e empatia.
Os demais reinos grandes e pequenos concordaram com a decisão final do imperador e também negaram ajuda ao vilarejo. Fazendo assim que a maldição fosse concretizada com sucesso.
Isso já faz mil anos e nada do povo daquele região mudar de atitude. Pra falar a verdade, os anos passaram e tudo pioraram. Demonstrando que nenhum deles mereciam piedade ou misericórdia.
659 Palavras
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