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A visão de Narciso


Acostumado a fazer passeios noturnos, Narciso, homem de grandes posses e renome no mercado imobiliário, seguia pelo centro da cidade. Mas que cidade linda, a calmaria da noite, poucas luzes, luzes estas, maravilhosas, que trazem um ar provocante e misterioso da pulsante vida noturna. Assim, pensava entusiasmado enquanto caminhava. Já durante o dia era diferente, a sujeira, a poluição, o caos e a desordem social, tudo à mostra, inconveniência causada pelo teimoso Sol que insiste tudo revelar. O grande número de esfarrapados nas calçadas, os cães abandonados, a pobreza em faróis, dando espetáculos chulos como se fosse um número luxuoso do Circ de Soléil e o fétido ar da imundície humana. À noite tudo é segredo, tudo é suavizado pelo brilho tênue da lua, pelos disfarces de festas e pelo aroma da Dama da noite que envolve a brisa.

Ao dobrar a esquina nesta noite, Narciso não fez o ato automático e impensado de jogar uma moeda qualquer na vasilha de alumínio que ficava na entrada de um beco fundo e escuro, pela primeira vez parou e olhou para o breu, como quem quer enxergar o que há atrás daquela cortina muda, espremia os olhos em um esforço inútil. Há dois anos, deixou ali aquele objeto com uma pequena soma em dinheiro e depois de afastar-se, pôde ver que alguém o puxou para dentro da catacumba escura, com um gancho preso à ponta de um longo cabo de madeira, desde então, todas as noites fazia o mesmo, colocava as moedas e seguia o caminho, ouvindo atrás de si o alumínio sendo arrastado para o abismo. Durante o dia nunca passara por ali.

— Ei. Tem alguém aí? Gritou, depois de não perceber nenhum vulto.

Nenhuma voz respondeu, a não ser o seu eco. Tentou mais uma vez sem sucesso e diante da falta de respostas, decidiu impor, como sempre faz, a quebra do silêncio.
- Escute, seja você quem for, há dois anos eu deixo aqui uma parcela do meu dinheiro. Venho me perguntando nos últimos dias, quem é que faz uso dele e se realmente necessita ou não. Se não aparecer diante dos meus olhos, irei supor que não há ninguém aí que necessite realmente do meu suado dinheiro.

A resposta não veio de imediato, Narciso achava justo a cobrança, afinal, deu muito trabalho ganhá-lo, comprar casas em bairros pobres à preço de banana, com persuasões não muito convencionais, conseguir trabalhadores que aceitem ganhar pouco, quase nada, para vender depois as mansões aos choramingões da elite, não é tão fácil quanto parece.

— Veja, não quero muito, peço apenas para ver a face daquele ao qual diminuo a dor.

Ouviu então sons de pés se arrastando, preparou-se com a melhor cara de bom samaritano que sabia fazer, esperava ouvir a voz ressoar em um bajuloso obrigado. O movimento da criatura, fez também mover-se o ar e o fedor pútrido logo se fez presente. Com um lenço alfazemado sobre o nariz, aguardou a revelação daquele mistério, sentindo a alegria infantil e egoísta da descoberta. Apareceu primeiro o pé, depois aos poucos se foi descortinando o restante, mas antes que atingisse a cintura, outros pés, menores que o primeiro, todos emergiram do calabouço, eram agora seis pares de pés, sendo apenas um de adulto.

Narciso recuou horrorizado, acostumados a ver apenas coisas belas, não esperava aquilo, os pés pareciam carcomidos, estavam imundos e envoltos em insetos e faixas puídas e com crostas de sujeira e pus. As criaturas deram mais alguns passos para a frente e ele por mais que quisesse correr, estava agora paralisado pela imagem, eram uma mulher e seis crianças, uma jazia em seu colo, em estado de decomposição. Rostos cadavéricos, olhos saltando da órbita, expressões petrificadas quase sem vida. Não houve qualquer tipo de som naquele momento, um grito maior fazia-se para Narciso. O olhar perfurava os tímpanos da consciência com um grito ensurdecedor, chacoalhando-o inteiro, deixando-o sem defesa. Com um gesto, a múmia viva chamou algo do escuro, e de lá saíram outros, que agora pareciam incontáveis, e em todos eles, o generoso homem reconheceu aqueles com os quais fez ótima barganha. Enfim correu, correu muito, não olhou pra trás até adentrar em seu apartamento, há quatro quadras e meia do local, num condomínio residencial fechado.

Vendeu a imobiliária, não saiu mais de seu quarto, onde as luzes permaneciam acesas o tempo inteiro, quebrou os espelhos da casa, cortou o fio do telefone e deu fim ao celular. Repetia incessantemente para si mesmo o jargão: "O que os olhos não veem o coração não sente."

Era tarde, Narciso enlouqueceu, implorou pelaluz quando amava a escuridão que o mantinha ignorante.

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