Conto #2 - Capítulo 5
Três meses depois...
— Não acredito que a gente acabou de transar no set de filmagens. — Digo sussurrando enquanto visto minha blusa.
Derryl parece que nunca está saciado, faz meses desde que começamos essa nossa relação estranha, e ele vive me atacando, em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas dessa vez, aqui no set de filmagem, onde qualquer um poderia ter nos flagrado...Não acredito que eu concordei com isso, mas é que fica realmente muito difícil manter uma linha de pensamento coerente quando um homem como ele coloca as mãos em você.
Derryl arruma a roupa e passa a mão pelos cabelos, tentando arrumar a bagunça que eu fiz quando enfiei minhas mãos em seus cabelos enquanto gozava. Ele me puxa pela cintura e me beija. Seus beijos são sempre famintos e desesperados e acima de tudo excitantes.
— Eu gosto muito desses, você os comprou onde? — Ele diz apertando meu silicone.
Digamos que sensibilidade, cavalheirismo e esses tipos de coisa não são o forte de Derryl. Eu aprendi isso nesse tempo em que estamos juntos, ele é bem estupido e até mesmo desrespeitoso as vezes, não tem um pingo de cavalheirismo correndo por aquele sangue irlandês.
— Você é um idiota às vezes, sabia? — Digo tirando sua mão de mim e me afastando.
— O que? Só queria saber onde foi, eles fizeram um bom trabalho, seus peitos são deliciosos. Apesar de que você poderia ter mandado fazer um pouquinho maior.
— Urgh! — Reviro os olhos e saio pisando duro. Viu o que eu disse? Derryl é tão bruto e insensível, odeio quando ele me trata desse jeito, apenas como um pedaço de carne. Eu sei que a nossa relação não passa de algo físico, mas um pouco de respeito é bom e eu gosto.
Volto até o trailer de maquiagem pensando sobre o porquê que eu aturo as palavras duras dele.
Se fosse qualquer outro cara, eu sei que já teria mandado passear a muito tempo, e por mais vergonhosa que a verdade seja, o fato de eu aguentar alguns desaforos de Derryl é simplesmente pelo fato que ele me dá os melhores orgasmos. Eu sei, eu sei, onde está o meu amor próprio, você deve se perguntar. Também gostaria de saber. Não sei o que esse homem fez comigo, mas ele tem algo que não me deixa ir embora, não importa o quão rude ele seja.
***
— Encontrei meu marido. — Becky diz assim que abre a porta do apartamento. Ela entra praticamente dando pulinhos de alegria, chacoalhando toda a nossa comida chinesa que ela carrega em uma sacola.
— Você só foi à esquina buscar nosso jantar, como é que nesse tempo você encontrou um marido? — Pergunto sorrindo para ela.
— Mel, você não tem ideia. Eu estava saindo do restaurante e trombei com a minha alma gêmea. Eu estava preparada para xingar ele por ter me feito quase derrubar nosso jantar, mas aí eu olhei para cima e me apaixonei.
— Você se apaixonou assim, só com um olhar? — Pergunto cruzando os braços.
— Sim, amor à primeira vista. — Ela diz retirando a comida da sacola e colocando na mesa.
— E será que esse cara sabe que vai se casar com você? — Pergunto rindo da cara dela.
— Ele deve ter sentido o mesmo, se não ele não teria me dado o seu número. — Ela diz com um sorriso malicioso no rosto.
— Sua safada. — Amaço uma das sacolas e jogo nela.
— Vamos sentar no sofá e você em conta como é esse cara. Como é o nome dele mesmo?
— Arthur.
Nos sentamos no sofá, bem confortáveis cercadas de almofadas e com um filme trash passando na TV.
— Então, me conte como ele é. — Digo.
— Ele é lindo de morrer, os olhos... — Becky para de falar quando escutamos uma batida forte na porta.
— Você está esperando alguém? — Ela pergunta.
— Não. — Respondo me levantando e indo ver quem é.
Quando abro a porta, sou pega de surpresa quando vejo a figura de Derryl do outro lado.
— Derryl, o que você está fazendo aqui? — Pergunto olhando-o com a testa franzida.
— Precisava te ver. Leve-me até seu quarto. — Ele diz enlaçando minha cintura.
— Não, estou com visita. — Digo tirando seu braço de mim.
— Ninguém mais importante do que eu, tenho certeza.
— Bem, é minha melhor amiga, então sim, é mais importante. — Respondo cruzando os braços.
— Você prefere ficar com sua melhor amiga a ser fodida por mim? — Ele pergunta parecendo cético com minha escolha de como passar o sábado à noite.
— Ah.Meu.Deus. — A voz histérica de Becky chega até nós, ela para atrás de mim e olha para Derryl como se ele fosse um Deus.
Tenho certeza que ele acha que é.
— Não acredito nisso, você está aqui. Oh, caramba, eu sou uma grande fã sua. — Becky diz passando por mim e chegando perto de Derryl, praticamente babando em cima dele.
— Bem, talvez você possa convidar sua amiga para se juntar a nós na nossa diversão, Mel. — Ele diz maliciosamente, passando os olhos por todo o corpo de Becky.
— Você é um completo idiota, Derryl. — Digo com raiva.
— Vai dar uma de puritana agora? — Ele pergunta voltando seu olhar para mim.
— Porque você tem que ser tão rude o tempo todo? Não é assim que se trata uma mulher, sabia?
— Você não reclamava do meu jeito de te tratar quando estava gritando o meu nome enquanto eu te fodia. — Ele diz e eu e Becky abrimos a boca em surpresa com suas palavras rudes.
— Ah, por favor, não se faça de ofendida. Sei que você adora minha boca suja.
— Não assim, não é só porque eu gosto do seu jeito de falar durante o sexo que eu vou admitir que você fale assim comigo agora. Você tem que saber separar as coisas, Derryl. Você tem sido um bastardo imbecil comigo nas últimas semanas, e eu não vou mais aturar isso. Aguentei merda o suficiente de você, só porque você me afeta como nenhum outro homem, mas quer saber? Eu já cansei disso. Acabou tudo entre nós. — Digo e ele ri. O desgraçado ri na minha cara.
— Acabou tudo entre nós? Que merda é essa? A gente nunca teve nada para que pudesse acabar, Melinda. Ou você achou o que? Que estávamos caminhando para algo mais?
— Eu nunca achei isso...
— Você sempre foi só uma transa, uma das melhores é verdade, mas é só isso que você é. E por mais que eu adore te foder, eu posso conseguir uma outra boceta tão gostosa em um estralar de dedos.
Minha mão voa e encontra seu rosto, dou-lhe um tapa com toda a minha força, daqueles que faz o rosto virar e deixa a marca dos dedos.
— Filho da puta. — Puxo Becky para dentro e bato a porta, trancando-a. Encosto-me na porta e escondo o rosto nas mãos, com vergonha.
Sinto os braços de Becky me envolverem quando começo a chorar.
Como eu pude ter sido tão burra? Não acredito que eu abri mão do meu auto-respeito por um cara só porque ele era bom de cama.
Aí, que vergonha!
Eu devia ter acabado com tudo na primeira vez que ele foi um grosso comigo, mas eu não consegui, porque eu não queria parar de dormir com ele. Não acredito como eu fui idiota.
Eu literalmente não valho nada para ele, eu me deixei levar por sua aparência e pelo fato dele ser famoso, deixei-me deslumbrar e não percebi que ele é um idiota.
Abraço Becky e choro de raiva dele e acima de tudo de mim mesma, mas também choro de alivio, porque graças a Deus, isso foi só uma aventura e eu não me apaixonei por Derryl. Aquele bastardo arrogante e mau caráter.
***
Com zero de vontade levanto da cama na segunda e me arrumo para o trabalho. Esse final de semana que eu tive de folga foi arruinado por aquele idiota do Derryl, só de pensar que eu vou ter que vê-lo hoje me dá náuseas. Que vontade de ligar e dizer que estou doente e não posso ir.
Isso que dá misturar trabalho e prazer. Mas eu juro que aprendi minha lição, nunca mais vou cometer o erro de colocar um bom orgasmo acima do meu respeito próprio. Não importa o quão irresistível o cara seja, não importa nem se ele for melhor que Derryl – coisa que eu acho difícil de achar – na primeira palavra rude, no primeiro desrespeito, é adeus e nunca mais.
Quando chego ao trailer, estranho ver July e Kall guardando as coisas.
— O que vocês estão fazendo? — Pergunto.
— Guardando tudo. — July responde.
— Sim, isso eu percebi, mas por quê?
— Porque nosso trabalho aqui acabou, honey. — Kall diz.
— Como assim? — Pergunto confusa.
— O que, você não sabe? A fase de gravações aqui acabou, o elenco principal viajou para Inglaterra hoje de manhã, eles vão passar os próximos quatro meses lá, filmando o resto do filme.
Minha boca abre, formando um ‘o’ em choque. Como assim? O elenco principal...Isso inclui Derryl.
Não posso acreditar, ele é mesmo um bastardo. Ele foi embora depois de meses dormindo comigo, nem ao menos uma palavra, nem ao menos um pedido de desculpas, uma despedida, nada.
Aquela noite que ele foi lá em casa, ele queria dormir comigo para se despedir, ele provavelmente nem iria me falar que estava indo embora por quatro meses. Ele iria me foder mais uma vez e simplesmente ir embora.
Não posso acreditar, eu fui muito mais burra do que eu pensava.
— Mel, honey, você está bem? — Kall se aproxima com uma expressão preocupada.
— Não. — Respondo em um sussurro.
— Ela está pálida. — Escuto a voz de July.
— Venha, sente-se. — Kall me puxa para o sofá, mas eu dou um pulo e me afasto do móvel onde Derryl e eu transamos pela primeira vez.
Sinto meu estômago se revirando, sinto nojo. Dele e de mim.
Eu fui tão superficial. Isso de sexo sem compromisso realmente não é para mim, porque eu sou do tipo de pessoa que por mais descompromissada que uma relação possa ser, eu espero pelo menos um pouco de afeição, de consideração. A primeira vez que eu fui tentar ter uma relação casual e eu tenho a “sorte” de ser com alguém como aquele...Aquele cara.
— Então nosso trabalho aqui acabou? — Pergunto com a voz vazia.
— Sim, só temos que limpar nossa bagunça e pegar nosso pagamento final. Eles têm seus próprios maquiadores na Inglaterra. — Kall diz.
— Tudo bem, deixe-me ajudar vocês a arrumarem tudo.
— Tem certeza? Você está bem? — July pergunta. Olho em seus olhos e respondo:
— Sim, eu estou bem.
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