O momento certo!

- Samuel, pode responder! – Professora Ana deu a vez para o aluno que nem sabia o que responder.

Olhando firme para a professora enquanto todos os outros alunos o observava, ele respondeu com total firmeza o que a professora havia perguntado à sala.

- Professora, se ambos os lados tiverem o mesmo polo, no caso descrito pela senhora, positivos, eles irão repelir um ao outro!

Os alunos da sala cochichavam no fundo rindo de Samuel, pelo simples fato dele ser o mais inteligente da sala, uma vez que ele nunca quis ajudar os do fundo em um trabalho em grupo. Maurício, Lucas, Daniel e um outro menino também chamado Lucas, pegavam no pé de Samuel, e eles sentavam um do lado do outro no fundo da sala.

- Esse aí merece tomar um cuecão, isso sim! – Daniel acreditando que a professora não escutaria o que disse, falou baixo para Maurício que estava do seu lado, que segurou a risada tapando a boca com as próprias mãos.

- Daniel, por gentileza, poderia compartilhar com toda a sala o que acabou de dizer?

A professora Ana foi direta, sem esperar que aquilo passasse em branco. Daniel relutou em dizer, por conta disso, ela o convidou a segui-la até a secretaria. Todos começaram a conversar enquanto a professora não retornava. Maurício que tinha quase seus um metro e oitenta, cabelos pretos e lisos e olhos pretos, tinha seu corpo um pouco definido por fazer academia logo cedo. Apoiou as mãos no ombro de Samuel que se arrepiou com aquilo.

- Se Daniel tomar uma advertência por sua causa, saiba que lá fora nós vamos descontar em você! – Maurício mais que depressa solta o ombro de Samuel assim que ver Ana entrar novamente a sala sem seu amigo.

- Todos quietos e em seus lugares, agora!

Samuel tinha seu tom de pele em um pardo claro, cabelos lisos porem sempre curtos, Olhos pretos e com um corpo um pouco magro, a única atividade física que praticava era vôlei, não gostava de esportes que pudesse ter contato físico. Orelhas um pouco abertas, mas o bastante para que rissem de sua aparência.

Ficou quieto o resto das aulas seguintes apenas fazendo a sua atividade sem olhar para nenhum outro lado. Algumas meninas vinham lhe pedir a lição, queriam copiar de seu caderno tudo o que ele havia feito. Amanda uma garota que sentava ao lado da parede onde ficava a porta da sala, mais ou menos alinhada ao centro da sala, ficava observando tudo que acontecia, sempre inconformada com o que rolava, mas não tinha muita coragem de dizer algo por conta de sua timidez.

Amanda usava óculos de grau um pouco alto, um e meio de miopia no olho direito e um no olho esquerdo. Cabelos pretos lisos quase chegando a sua cintura, tinha mais corpo que as outras meninas, mas ela não gostava de ser o centro das atenções dos meninos.

Fernanda passava o caderno de Samuel para Michele que não havia conseguido terminar de copiar quando o professor chamou seu nome, Luiz o professor de geografia do último horário estava corrigindo as atividades, Samuel pediu seu caderno de volta e assim que o pegou fechou e deitou com os braços cruzados sobre o mesmo, não querendo emprestar para mais ninguém.

- Michele essa atividade foi passa há uma semana atrás para trazerem hoje, e nem assim você fez?! – Inconformado com o que havia acontecido o professor bateu um carimbo no caderno dela, pedindo a assinatura dos pais.

A sala toda ficou desconcertada com o ocorrido, mas nada mais foi falado, até que o sinal bateu e o professor havia conseguido corrigir a atividade de todos.

Com sua mochila nas costas, Samuel seguiu a frente acelerando o passo um pouco mais, afim de não apanhar Do grupo de brutamontes de sua sala. Atrás dele vinha Amanda que sabia o que iria acontecer, ela correu segurando sua bolsa, enquanto isso os alunos da escola que viram ela correr começaram a assobiar para ela, sem dar atenção ela conseguiu chegar até o Samuel.

- Venha, minha mãe já está lá fora e ela veio me buscar posso te dar carona para sua casa, assim os meninos não poderão te pegar. – Amanda sorria para Samuel esperando que ele aceitasse.

O garoto assim que sentiu o toque em seu ombro ele se virou já esperando apanhar, mas quem estava na sua frente era Amanda, seu rosto começou a arder de uma forma que ele não sabia que poderia acontecer, ficando vermelho e completamente desconcertado.

- Sim! – Ele nem pensou direito no que havia escutado, sempre teve uma queda por Amanda, mas nunca havia falado para ela, e agora estava indo para o carro da mãe dela, sendo puxado por ela.

Maurício e seu grupinho chegaram do lado de fora já na procura de Samuel, passaram os olhos por todos que saíam, Lucas Rafael, voltou no banheiro a escola para ver se ele não havia se escondido lá, Lucas Mendes foi por um lado da saída da escola, Daniel por outro lado, enquanto Maurício esperava no portão apenas olhando.

Não demorou muito para enxergar Samuel e Amanda entrando no mesmo carro e saindo de perto deles. Quando todos se encontraram novamente, o grandalhão conta o que viu para seus amigos que lamentaram o ocorrido.

- Mãe esse é o Samuel, ele é da minha sala, eu trouxe ele porque uns meninos queriam bater nele, a senhora pode levar ele em casa, por favor! – Amanda fazia uma cara que derretia sua mãe de uma forma que ela não conseguia dizer não.

- Tudo bem Amanda, eu levo sim. – Olhando rápido pelo retrovisor interno do carro Márcia a mãe de Amanda diz para Samuel. – Pra minha filha pedir algo assim, ela deve gostar de você!

- MÃE!!!!! – Amanda fica completamente vermelha no bando da frente escondendo o rosto no meio dos braços, sem falar nada mais.

Samuel ao escutar aquilo voltou a ficar vermelho de vergonha, ele não sabia nem para onde olhava, até que viu a esquina de sua casa se aproximar.

- Pode me deixar aqui na esquina mesmo! – Seu olhar não entrava em contato hora nenhuma com o olhar de Márcia nem de Amanda.

A mãe da Amanda, fez questão de chamar Samuel até a janela da frente, para se despedir dele assim que parou o carro. Amanda parecia que havia se tornado um tatu bola, que não quis mais sair da posição que ficou desde a hora que sua mãe lhe fez passar vergonha.

Samuel como sempre foi obediente, foi até a janela da frente, sorrindo completamente sem jeito para Márcia ele agradeceu, com os olhos quase que fechados por conta do sorriso.

- Olha Amanda ele tem covinhas! – Amanda mais que depressa levantou a cabeça a tempo de ver as covinhas de Samuel, seus olhos se encontraram por poucos segundos, o que foi o bastante para que ambos ficassem vermelhos por completo e escondessem seu rostos.

Samuel mais que depressa correu para entrar em casa sem esperar ouvir mais nada. Assim que chegou em seu portão tocou campainha que logo foi atendida por sua irmã Keila. Sua irmã já estava praticamente de férias, já que havia passado em todas as matérias, era seu último ano no ensino médio, ela queria agora apenas curtir, depois de anos estudando pesado.

O caçula corre para dentro do seu quarto o trancando mais que depressa e pulando na cama ficando de barriga para baixo, escondendo seu rosto de qualquer pessoa, sentia ele arder muito, a timidez que estava sentindo não havia chegado a níveis tão altos quanto no momento que olhou Amanda nos olhos.

No dia seguinte, Sábado, a campainha da casa de Samuel toca, ele ainda estava em choque com o que aconteceu no dia anterior, não se mexia pra quase nada, Keila teve que ir atender. Os pais de Samuel estavam em casa e todos assistiam televisão naquela hora, ninguém esperava por visita alguma.

Quando Keila volta, ela entra e dá passagem para que Samuel pudesse olhar quem era. Seu mundo naquele momento parou, seus olhos estavam fixos em Amanda que estava parada ao lado de Márcia e Alberto, seu pai.

Os olhos de Samuel brilhavam como nunca, começou até a transpirar.

- Você não vai apresentar Samu? – Sua mãe lhe tira transe com uma simples pergunta que o faz responder rapidamente.

- Essa é Amanda, ela é da minha sala, Márcia a mãe dela, e ele eu não conheço!

- Alberto, prazer! – O homem diz assim que Samuel alegou não o conhecer.

Geraldo pai de Samuel, estava sentado entre a parede e o filho. O sofá não cabia muita gente, era um com dois lugares e um outro com três, Keila estava deitada sozinha no sofá de dois lugares enquanto o resto da família dividia o outro.

- O que traz vocês até aqui em nossa humilde moradia? – O pai de Samuel pergunta olhando para Alberto.

- Bom, nossa filha quis falar algo para Samuel, como semana que vem está um, encorajamos ela a vir falar hoje mesmo, se não for incomodo claro! – Olhando para sua filha ele termina de falar esperando que ela tomasse a frente agora.

Assim aconteceu, ela deu um passo à frente e completamente tímida e contida, pergunta:

- Samuel, você quer ser meu namorado?

Todos da casa nesse exato momento param e olham para Samuel que com os olhos arregalados não parava de olhar para Amanda. Ele se levantou e foi até o seu quarto que ficava entre a sala e a cozinha.

Todos de início estranharam, e Amanda havia pensado que tinha tomado um fora, até que ele volta segurando um papel dobrado e entrega para ela. Abrindo o papel ela começa ler, assim que termina ela dobra e coloca no bolso, sorrindo ela o abraça, ele retribui seu abraço e quando se afastam estão segurando um a mão do outro, dessa vez não ficaram apenas alguns segundos olhando um para o outro, mas alguns longos minutos.

A mãe de Samuel chama todos para entrarem mais e se acomodarem. Alberto sentou ao lado de Geraldo e juntos começaram a conversar sobre futebol, Márcia acompanhou Keila e a mãe de Samuel para a cozinha lá ficaram conversando sobre seus filhos, e irmão, no caso de Keila. Estavam felizes pelo jeito, gostavam do que viram mesmo não sabendo o que estava no papel escrito eles ainda sim gostaram. Samuel e Amanda ficaram sentados do lado de fora na varanda conversando cobre muitas coisas da escola.

Papel:

Amanda,

Se estiver lendo esse papel saiba que o assunto dele é muito importante.

Nos meus momentos de laser, eu só quero ficar pensando em você, no quanto você é bonita. Até hoje eu só havia achado bonito de verdade, um campo de girassóis, de hoje em diante posso dizer que ele ficou em segundo lugar, porque pra mim, você é a flor mais bela que eu conheço e que quero ter em minha vida.

Assinado: Samuel

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