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A menina da lua

Uma garota nasceu com aparências curtas, seu rosto deformado, manchas em formato de lua cobrindo seu corpo. E quando deu seus primeiros passos, a pobrezinha cambaleou e tombou, foi quando notaram seus pezinhos enviesados, cada um com um tamanho diferente. Seu avô profetizou:

— Essa menina tem o mundo dentro dela. Nenhuma memória será bastante para abrigá-la. Ela traz tatuado dentro dela o brilho da lua. Nem a morte será sua prisão.

Não demorou muito, a garota perdeu a fala, nenhum som nem uma letra lhe saía dos lábios. Por muito que tentasse, sua mãe não conseguia entendê-la, sua fala se enrolava entre cuspos e assobios. Seus parentes o olhavam com os olhos transbordando pena e riso parvo de quem finge entendimento. Não existe maior medo para o ser humano que não entender a voz de outro ser humano.

— Fala comigo, filha!

A mãe se inclinava, encostando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsação. Que parecia escrita nos céus. Depois, o coração dela voltava a silenciar, música quebrada de pingos de água caindo no deserto. 

Uma certa noite, ela escutou um crispar de sons, pareciam pássaros. Sentou na cama: não eram só piares, chilreinações. Eram rumores de asas, drapejos de plumas. A mãe se ergueu, pé descalço pelo corredor, para fora e olhou para cima. O céu enchia a noite de silêncios, a lua enorme e prateada brilhava bem mais perto dela, ela ergueu a mão e pegou o astro, com mil cuidados, o  astro era leve como um balão, mas se quebrou em mil cintilações prateadas, a terra se encrespou de pequenas luzes, flocos de prata e brilho, e quando ela se inclinou para pegar um floco, viu que, era na verdade pedaços de papel. Ela recolheu-os e os jogou no lixo, voltou para o quarto da menina e ajoelhou-se junto ao leito.

Mas a menina estava tão imóvel que nem parecia deitada. Parecia uma ave que nem subia e nem descia, simplesmente, se perdia no vazio. Em seus olhos estavam refletidas letras, palavras desconhecidas, nunca dita, nem lidas. Onde retina dos seus olhos convergiam, era um vasto dicionário.

A mãe sentiu o medo surtir, aconchegou sua filha com um lençol como se a protegesse de uma maldição. Ao tocar no lençol, uma folha de papel se soltou e subiu no ar, rodopiou nas alturas e voou no espaço. A mãe tentou alcançar o papel fujão. Em vão, ele saiu voando pela janela.

Quando a menina fez dez anos, mais uma malconveniência se agravou, ela adoeceu. Seu coração batia só de quando em vez. A mãe desesperou vendo o sangue se tornar roxo em seus lábios, o esmaecimento nas unhas.  O coração bombeava por esforço, seu corpo esfriava e sua respiração ofegava, e as marcas em seu corpo brilhavam, se deflagrando em hexágonos povoando o quarto de luz.

Até que a mãe levou a menina ao médico. Ele mergulhou o estetoscópio na grande lua cravada no peito da menina e se ensurdeceu com tanta potência no coração. A menina tinha o pulsar á flor da pele. Ele ficou entusiasmado com o caso. Ele nunca tinha visto nada igual.

— Preciso que a deixe ficar, para mais exames...

— Nem pensar. Essa menina entrou comigo, há de sair comigo.

— Mas a senhora nem faz ideia... temos que encontrar um nome para a doença dela.

— Um nome? Como assim?

— Eu preciso dar nome a essa doença.

—  Mas será que esse nome vai curar a doença dela?

O médico sorriu. Aí, aí essas pessoas são tão simples, tão excelentes em pensar pelos outros. Ele ficou vendo a mãe arrastar a filha pelos corredores afora. A menina trazia um envelope amarelo na mão, em formato de uma carta, que ela mesma havia escrito. Queria ter entregue ao doutor que sua inocência enchera de letrinhas. Com ternura desatenta a mãe tirou o envelope das mãos e jogou no caixote de lixo.

Que coisa chata! Deveria ser outra dessas tantíssimas cartas que a tontinha fingia escrever para os Anjos.

— Você ainda conversa com os anjos?

A menina balançou a cabeça negando com vigor. A mãe sacudiu a cabeça. Enfim, quanto ela se esforçara em vão. Valera a pena insistir ensinamentos em quem nunca aprenderia?

Ela se cansava de jogar fora as tais cartas. Nem valia a pena espreitar a caligrafia dela deve ser uns rabiscos feiosos iguais sua cara. Mas não podia negar que a menina andava no mundo da lua. Ou nesse caso a lua é que andava nela.

Uma noite, a garota desabou num sono profundo e não acordou. Ela faleceu, o corpo frio como se toda a luz da lua não pudesse nascer nem viver. 

Os médicos correram e lhe fizeram uma autópsia. Seu coração foi arrancado, o músculo vital, era enorme, do tamanho de um astro. O órgão foi colocado em uma vitrina de vidro, exposto às ciências e aos noticiários. Os cardiologistas disputavam, em sucessivos colóquios, um apropriado nome para batizar a anormalidade.

Passaram-se dias, até que um dia sua mãe estava limpando o pó da casa e se deparou com uma caixa com um monte de envelopes amarelos. Ela considerou antes de jogar tudo em chamas. Pensou por um segundo: será que a pobrezinha sabia ao menos escrever? Pelo sim ou pelo não, ela ficou curiosa, afinal aquelas cartas eram o último elo que tinha com sua filha. Em um suspiro, testa franzida, mãos enrolando o cabelo. Ela se sentou no alto do degrau e ali permaneceu ali, horas e horas, lendo. Afinal não eram conversas estupidas com anjos, eram versos de lindeza incomparável que nem cabiam no mundo. O rosto da mãe inundou de tristeza que caiam no papel tingindo as letras. Quanto mais ela lia, mais se via fora do contexto de existir.

Mas ali, sentada no alto da escada, ela nem sonhava o que estava acontecendo em simultâneo com o coração da filha que se encontrava na vitrine de vidro que os anjos e a ciência guardavam. Pois assim que a mãe rasgou o primeiro envelope, o coração da filha deflagrou em sobressalto.

Um grito ensurdecedor de espanto se estilhaçou nos visitantes. E à medida que a mãe ia mais longe que mil palavras, desfolhando versos, o coração mais se desembrulhava, estremecendo, se desfardando. Até que, daquele novelo vermelho, desprendeu um braço, mais a frente um pé e a redondez de um joelho e mais argumentos que faziam valer o facto: aquele coração estava de fato em serviço de parto! E se confirmava, vinda das entranhas do útero cardíaco, uma total recém-criança.

E quando, finalmente, o parto se desfechou se viu que a menina nascera igual ao seu progenitor da cor de prata. Era espantoso como ela era papel chapado um do outro. Em tudo eram semelhantes menos no brilho dos olhos, eles viam mais longe, alcançando mais distante, como quem procurasse fora de si mais histórias.

Por: Kath Mussagy

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