Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Indestrutível

#PRATODOSVEREM 👁️| A imagem acima está dividida em duas partes, no esquerdo mostra Jacob, um homem negro com sorriso largo com camiseta florida e calça cor caramelo, enfeitados com acessórios na cor prateada. Já no lado direito, tem-se Elliot, um homem branco com algumas rugas de preocupação na testa, ele é forte e musculoso, apresentando um semblante sério, com roupas básicas: uma camisa cinza e calça jeans. 

O dedo ainda deslizava pela tela fria e rachada. Subia e descia na mesma conversa, na esperança de que algo mudasse, de que por algum milagre do destino sua mensagem fosse respondida. Mas seus textos finais permaneciam solitários. Acima de incontáveis frases repetidas, de súplicas não respondidas, estavam as palavras finais de sua mãe, tão duras e cruéis que até para ele, sempre de pele tão grossa e impenetrável, vinham como setas venenosas.

"Não é natural! Nunca vou apoiar essa abominação".

A mensagem chegara no dia anterior e, após diversas ligações e mensagens ignoradas pela progenitora, a ficha começava a cair: Jacob estava completamente sozinho.

As palavras eram absorvidas e digeridas como fel em sua corrente sanguínea. "Talvez ela tenha razão, talvez eu seja realmente uma abominação". Após anos de relutância e de uma vida regrada a reações comedidas e desejos reprimidos, trazer um pouco mais de verdade para sua relação com aquela mulher provou ser o pior de seus erros. Não haviam forças para encará-la novamente, Jacob sentia-se como o pior dos erros da natureza.

Não queria magoar a mulher que o pôs no mundo, não queria ser a maior decepção de sua vida. Quando deu por si, o sol se punha e Jacob percebia finalmente qual o maior problema ali: sua existência.

As pílulas estavam na quarta gaveta. Ele tateou o móvel de madeira nos fundos da loja mal iluminada. A luz do poste solitário na calçada adentrava pela vitrine, trazendo forma aos itens dispersos sobre as prateleiras. Jacob tomou coragem e suspirou, apertando três comprimidos de veneno na palma da mão. Sem água, engoliria em seco. Com sorte, deixaria a vida sem muita dor, ao menos com uma dor menor à que causara aos seus.

Contou até três enquanto lembrava-se de uma figura histórica, conhecida como pai da computação que, por um motivo semelhante ao seu, deixou a terra da mesma forma. Que patético, nem para morrer conseguia ser original.

Abriu a boca, pronto para ingerir as pílulas, quando o tintilar dos sinos da entrada o interromperam.

"Que droga, pensei que havia trancado a loja". Ainda extasiado, largou os comprimidos de volta na gaveta e ergueu o pescoço. A silhueta foi tomando forma enquanto o homem se aproximava do balcão.

— Me desculpe entrar assim... — A voz grave do homem despertou seu transe aos poucos. Jacob esticou o braço e ligou o interruptor, iluminando o ambiente. O homem continuou: — Mas a porta estava aberta, então... Está tudo bem?

Jacob suava frio e sua respiração descompassada não passava despercebida. Ele examinou o cliente: pouco mais de um metro e oitenta de altura, pele clara, quase pálida, em total contraste ao retinto da sua, músculos proeminentes, porte atlético e um notável nariz arrebitado. O conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde.

— Posso ajudar, senhor?

— Soube que é o melhor no que faz... — O homem parecia falar com certa cautela, notando que Jacob não estava bem. — Jacob, não é? Então... essas coisinhas não me servem mais. — Ele chamou a atenção para as duas próteses, extensões de suas pernas amputadas. Jacob era especialista nelas, próteses de todos os tipos, e tinha uma certa fama na região. Ele olhou as peças daquele homem e logo notou o quanto eram inadequadas. As coxas do cliente eram torneadas, provavelmente resultado de anos de treinos pesados, as próteses não seguiram a evolução do seu corpo. Ele continuou: — Sabe como é... elas foram incríveis por muito tempo, mas preciso de novas.

— Pode me chamar de Jake... — Ele se perdeu por alguns instantes nos olhos do outro e, em seguida, para a movimentação na entrada da loja localizada em frente à sua.

— Onde estão meus modos? — Disse o cliente de cabelos castanhos. — Eu nem me apresentei. Me chamo Elliot. Deve estar achando estranho todo aquele entra e sai na loja do velho Richards. — Apontou, notando os olhares e Jake e abrindo um sorriso irônico. — Há exatos dez anos eu bati na porta daquela loja e dei de cara com aquele velho maldito. Havia uma placa de "Contrato entregador" e eu me ofereci para o emprego, essas belezinhas... — Apontou para as próteses. — ... me faziam pedalar como ninguém e sabia que não havia pessoa melhor para o cargo do que eu. Mas sabe o que o velho Richards me disse?

Jacob permanecia em silêncio, envolvido e de olhos bem abertos enquanto se atentava aos movimentos da boca de Elliot. Ele continuou:

— Ele disse que eu não era adequado para o trabalho. Que eu podia ser lento e que seria perigoso. — Seu tom de voz ficou carregado com uma certa mágoa. — Já pensou? E ainda disse mais: que pessoas como eu deveriam procurar trabalhos "menos perigosos". Eu? Trabalhos menos perigosos? Vê se eu tenho cara de que vou passar a vida preso em um escritório?

— Não mesmo. — Jake respondeu. — E o que você fez?

— Eu virei as costas, ergui a cabeça e prometi a mim mesmo que ninguém falaria comigo daquela forma de novo. Que eu mostraria ao mundo que minha condição não me limita, não me torna especial, menos capaz. Muito pelo contrário, que ela me torna único, excepcional.

Um insight surgiu na mente de Jacob e seus olhos brilharam quando finalmente reconheceu o homem à sua frente. Era Elliot Reyes, campeão paratleta de ciclismo e empresário de sucesso.

— Hoje eu voltei à loja do velho Richards. — Ele prosseguiu. — E comprei ela. Parece que seremos vizinhos de negócios, Jake.

Um sorriso involuntário surgiu no rosto do vendedor, e Elliot notou. Ele se aproximou como um lorde e tirou as medidas de suas pernas. As próteses novas ficariam prontas em apenas alguns dias.

Quando Elliot deixou a loja, Jacob sentiu uma lágrima solitária de esperança cruzar seu rosto. Aquele homem era inspirador. Como alguém sozinho conseguia carregar tanta confiança e força? Naquele instante, pegou as pílulas e as jogou na lareira. Não podia partir agora, não sem antes entregar as novas próteses de Elliot Reyes.

×-×-×

Jacob tinha tendência a se perder nos detalhes, assim era em seu trabalho e assim tornou-se bom no que fazia. Diante daquela casa, a situação foi semelhante. Após receber permissão e cruzar o portão principal, perdeu-se nos detalhes da escadaria envolta por um belo gramado.

Elliot o esperava no topo dela, como um pote de ouro ao fim da jornada do arco-íris.

O paratleta trajava apenas um calção de praia e um óculos escuros cujo valor poderia comprar sua loja. Os fortes raios de sol do verão refletiam sobre os músculos proeminentes e brilhantes do homem que abriu um sorriso ao vê-lo.

— Se eu soubesse que viria pessoalmente prepararia mais drinks. — Disse o anfitrião e logo acomodou Jake em um assento sob o guarda-sol à beira da piscina.

Jacob trazia a mala com as novas próteses e mantinha os membros rentes ao corpo. A recepção calorosa o deixou ainda mais tímido.

— Imagina, senhor Reyes. Estou a trabalho, apenas. Não precisa se incomodar.

— Olha isso! — Elliot vibrou como uma criança ao abrir o presente de Natal. Enquanto Jacob falava, o cliente provava a nova aquisição. As próteses eram de fácil implantação, sua anatomia era tão realista que a impressão que dava era de que seu criador conhecia intimamente o corpo de quem a receberia. Eram fortes e compunham um conjunto perfeito com as coxas de Elliot.

Ele correu algumas voltas em torno da piscina com elas e depois se achegou à Jake.

— Fez um trabalho excepcional aqui. Mesmo com o pagamento, ainda não sei como te agradecer.

— Já pagou mais do que o suficiente, senhor Elliot.

— Por favor, 'senhor' não.

— Tudo bem... — Uma aura desconcertante se apoderou do artesão quando notou que Elliot o olhava fixamente. Aquele homem despertava sensações que nunca tivera.

— Eu percebi. — Elliot quebrou o silêncio mais uma vez.

— Como assim? — Jake ergueu o olhar e sorriu timidamente.

— Percebi como olhou pra mim, na loja.

— Sempre admirei você e seu trabalho. Você é inspirador!

— Estou acostumado com olhares admirados de fãs. Pode ter certeza, Jake, o seu era diferente. — Elliot esperou por sinais sutis de Jacob e os teve, se aproximou ainda mais e deixou que o vendedor sentisse o perfume cítrico de sua pele entrar nos pulmões.

Jacob pensou que infartaria naquele instante. Seu coração entrou em arritmia e cada centímetro de seu corpo formigava. Estava em síncope, em completo caos. Mas, por algum motivo estranho, era a melhor sensação que tivera na vida.

— Elliot, eu... — Ele arfou, enquanto o antebraço suado do homem roçava em sua cintura. — Eu preciso ir... — Em um solavanco, fugiu. Correu para longe involuntariamente, assustado.

Diante da fuga, Elliot apenas observou, sem reação. Quando perdeu Jacob de vista, sorriu.

×-×-×

A noite caiu e, junto dela, um Jacob atordoado e confuso cruzava a ponte de pedra. Escondia as mãos no bolso do casaco, caminhava de ombros encolhidos sem rumo, tentando acalmar a tempestade que ressoava dentro de si.

Quando notou estava lá. A casa de fachada verde se erguia diante de seus olhos tensos. A casa onde cresceu, onde acumulou lembranças até que seus dias ali fossem insuportavelmente insustentáveis.

A silhueta da mãe se projetava na janela. Jake observou-a, ainda sentindo o amargor de suas palavras na língua. Um peso caiu sobre seus ombros, como se todos os gatilhos viessem à tona. Não ousou avançar.

Como nas demais vezes, apertou os braços contra o próprio corpo, curvou a cabeça e deu meia volta, deixando a construção para trás. Mas algo impediu seu avanço.

— Jake.

Ele virou-se para a voz feminina que o chamou.

— Oi, mãe... — Ele encheu o pulmão de ar, o esforço para manter os ombros erguidos era enorme.

— O que está fazendo aqui?

— Eu quero te dizer uma coisa.

A mulher ficou em silêncio. Encarou o filho com desconfiança e cruzou os braços como uma general. Jacob, então, prosseguiu:

— Eu quero dizer que não importa o que a senhora fale ou pense, eu não sou uma aberração, nem anti-natural. Eu sou... — Lembrou-se das palavras e Elliot e uma corrente de força e coragem tomou conta de si. — Sou um homem bom e decente, sempre estive ao teu lado... — As lágrimas ameaçavam vir. — Eu não estou aqui para pedir sua aprovação ou consentimento sobre a minha forma de amar, eu não preciso disso. Eu sou um homem gay sim, digo com orgulho, você gostando ou não, mãe! Isso não me faz inferior, isso é quem eu sou, quem eu sempre fui! Nunca esqueça, mãe: eu te amo, mas hoje preciso me priorizar. Então se um dia resolver ser uma mãe de verdade, estarei de braços abertos.

O rosto daquela senhora tremia como uma bandeira ao vento, ela mantinha os punhos cerrados, com os dedos apertados contra eles mesmos. Não brotaram palavras de sua boca, apenas uma feição que se esforçava para se manter indiferente.

Jacob não esperou respostas, não estava ali para isso. Quando finalmente descobriu que não precisava daquela validação, enxergou o mundo com outros olhos. A lição que aprendera com Elliot não tinha preço: sua diferença não o tornava melhor ou pior, mas o tornava único, excepcional. Não havia beleza maior na vida do que ser quem é, sem amarras.

Jacob correu eufórico pelas ruas, como uma criança. Um peso de uma tonelada de mágoas acabara de o deixar, sentia-se leve como uma pluma, a ponto de quase voar. Não havia limites para o que podia fazer agora, mas faltava apenas uma coisa para completar seu dia.

Para sua surpresa, Elliot estava ali, diante da loja, recostado em sua bicicleta.

— O que está fazendo aqui sozinho? — Jacob se aproximou, preocupado. — É perigoso.

— Eu não ligo. — Elliot apertou os lábios e se aproximou. — Você saiu da minha casa daquela forma e, como sou ansioso, não consegui esperar para resolver isso.

— Obrigado, Elliot. Obrigado por me entender como ninguém e me mostrar o poder de ser quem eu sou. Mesmo sem querer, você mudou a minha vida.

— Há uma força imensa dentro de você. Eu notei quando te vi pela primeira vez. Notei pois somos iguais, Jake. — Elliot espalmou a mão sobre o peito de Jacob e sentiu seu coração pulsante. — E o que eu sinto agora, nunca senti antes.

— Eu... eu não sei o que dizer.

— Então não diga nada.

Seus rostos se aproximaram numa atração magnética incontrolável. Jacob deixou que o paratleta o tomasse em um beijo intenso e carinhoso. Seus corpos se uniram quase como se fossem um só e, naquele momento, junto daquele homem, Jacob sentiu-se indestrutível.

Por: Lucas Gabriel.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro