Foi no carnaval...
Aqui estava eu, sentada com meu coração partido em pedacinhos, nariz vermelho, rosto inchado, com minha melhor amiga na minha frente. O motivo? Simples, meu namorado tinha terminado comigo hoje pela manhã, afirmando que não havia mais química entre nós.
Quando isso aconteceu liguei pra Julia no mesmo momento e ela nem pestanejou e veio no mesmo segundo passar o dia comigo e me dar aquele apoio moral.
Ela já estava pronta pra primeira noite de carnaval, ainda era final de tarde, mas ela queria aproveitar bem a noite e tentava me convencer a ir junto com ela.
Julia era uma garota bonita, tinha o cabelo naturalmente cacheado em um tom castanho claro, o cabelo dela tinha uns cachos muito bem definidos, tinha os olhos amendoados castanhos claros que ao sol dava um tom bonito, estatura mediana e a boca muito bem desenhada, ela estava com uma fantasia de palhaça, que basicamente era um top vermelho, uma saia com vários triângulos desenhados e eles bem coloridos a saia era acompanhada de um suspensório vermelho, ele tinha colocado um arco que tinha um pequeno chapeuzinho na mesma estampa da saia, ela estava com uma meia calça arrastão preta, e uma pequena sapatilha de bailarina prata nos pés, e ao seu lado minha fantasia já estava separada.
Desde as 14 horas, Julia estava tentando me convencer a ir com ela para eu beber e me distrair do término com o Bruno.
Mesmo sabendo que era quase impossível encontrar com ele no bloco, ainda tinha receios, do jeito que sou azarada iria vê-lo pegando várias na minha cara e ainda "trêbado".
— Anda Luiza, se arruma, se avistarmos o Bruno mesmo que de longe, a gente vai pra outro lugar, mas ele não merece que você fique em casa chorando por causa dele.
— Mas e se eu ver ele com outra?
— Você pega outro também, sem falar que o Lucas, aquele cara que eu estou ficando, vai levar o Pedro, um amigo dele, que acabou de terminar o namoro também, vocês podem ficar chorando as pitangas juntos. — Quando ouvi Julia falar, eu dei uma risada fraca.
— Ju, eu tô sem ideia de make, melhor eu ficar em casa mesmo.
— Luiza Viana, você sabe muito bem que não tenho problemas em te maquiar. Vai se arrumar logo, tô te esperando— Eu fui, contrariada, mas fui.
Após eu sair do banho, Júlia já tinha deixado a maquiagem toda separada, minha fantasia tinha sido ideia dela, eu estava com um sutiã, de biquíni preto com a saia amarela, que tinha alguns girassóis colados por toda a barra. E uma coroa de girassóis envolta do meu cabelo, estava com o brinco também de girassóis, e Julia estava fazendo minha maquiagem toda baseada nas cores da minha roupa. E ainda ia colocar uma meia calça arrastão amarela e uma sapatilha prata também.
Meu cabelo estava solto, por mais que eu soubesse que no meio do rolê eu ia prendê-lo.
Eu e Julia chegamos no lugar marcado com o crush dela, e ele ainda não estava lá, e eu já estava agoniada, naquele lugar tinha tanta gente bêbada, algumas pessoas mal educadas que davam em cima de nós na cara de pau, um deles até queria nos puxar para perto dos amigos dele, mas a nossa sorte é que tinha uns policiais por perto.
Depois de uns 30 minutos ele chega com o tal do Pedro, sendo que ele era gato, provavelmente vou ficar chorando minhas pitangas sozinha, já que ele com certeza vai pegar todas.
— Porra Lucas, que demora, estamos aqui já tem um tempão. — Ju não deixou nem o menino chegar e já foi despejando nele raiva.
— Tá vendo Pedro? Desculpa, ele não queria vir, me atrapalhou todo — Ele se aproximou da Julia e deu um beijo nela que me deixou constrangida demais, cheguei a olhar pro outro lado.
— Prazer, sou o Pedro, você deve ser a Luíza né? — Apenas assenti quando o ouvi. — Bem, você que vai me ouvir chorar a noite toda
— Não se eu chorar antes. — Sorri pra ele e ouvi ele gargalhar.
— Que tal se ninguém chorar hoje? — Julia pronunciou — Terminar relacionamento é foda, mas estamos aqui pra beber todas, se divertir e quem sabe beijar na boca. Vamos esquecer ex’s babacas okay?
— Viu Pedro, nada de chorar hoje. - Dei uma piscada para ele, seguido de um pequeno sorriso, que foi retribuído com um sorriso largo dele, percebi que quando Pedro sorria os olhos dele diminuiam, ficavam pequeninos, que dava uma feição fofa a ele.
Fomos andando em fila indiana, para não nos perdermos no meio daquela imensidão de pessoas, estava muito cheio, detestava essa coisa de pessoas roçando em mim, mas é carnaval, acabei de levar um pé na bunda, então hoje não ia ligar de estar num lugar super lotado, inclusive iria beber até não aguentar mais.
Achamos um lugar onde conseguimos parar por um tempo, pelo menos até o trio elétrico começar a andar, o melhor de tudo é que já estava tocando músicas, mas não eram marchinhas, eram músicas que ouvíamos no nosso dia a dia. Julia estava dançando mas controlada até ouvir a música “Amor de Que- Pabllo Vittar”, ela começou a dançar de verdade, Julia pulava, dançava, cantava gritando, estava se sentindo livre, acabou que fomos contagiados pela alegria de Julia.
— Essa música é maravilhosa. — Julia virou pra Lucas e começou a cantar pra ele e eu via que eles estavam se divertindo demais com a música.
Eu estava tão feliz por Júlia ter encontrado alguém que se divertisse e embarcasse nas loucuras dela e Lucas parecia gostar dessa Loucura da Ju, eles ficam bem juntos.
— Perdeu o gás? — Sorri ao ouvir Pedro e apenas neguei com a cabeça.
— Eles ficam bem juntos, faz um tempo que não vejo ela tão feliz com alguém, nunca vi ela ser ela mesma com nenhum cara.
— Ele gosta bastante da Júlia, ele nunca ficou de casal em carnaval, sempre preferiu passar sozinho, mas depois que conheci ela eu entendi, ela é a pessoa que ele iria passar a vida toda.
— A Ju é como se fosse minha irmã, sempre fomos uma pela outra, só por isso que estou aqui hoje, ela tá cuidando de mim. — Sorrio pro Pedro.
— Fico feliz por você estar aqui, assim não fico de vela sozinho. — Quando ouço o Pedro, comecei a rir.
A partir daquela pequena conversa, eu e Pedro começamos a beber e dançarmos juntos, inclusive já tinha feito ele beijar umas 4 garotas que passaram por nós e que inclusive ficaram assustadas, pois achavam que eu e Pedro éramos namorados.
Chegou em alguma hora da noite eu já estava completamente bêbada, não daquelas chora e liga pro ex, mas daquelas que dança até Ilariê da Xuxa, até o chão em ritmo de funk, e sim meus amigos eu fiz isso, e o mais legal é que Lucas, Pedro e Júlia fizeram o mesmo.
No momento que isso aconteceu o trio já tinha acabado de andar estava apenas tocando a música mas estávamos um pouquinho distante para que pudéssemos nos ouvir quando falássemos algo, mas mesmo assim conseguimos ouvir as músicas.
Enquanto dançava com Julia, ouvi alguém me chamar de longe, a princípio achei que era minha mente bêbada me pregando peças, mas não, era o embuste do Bruno me chamando. Agora o chamo de embuste, pois ele estava com uma menina agarrada ao braço dele e pasmem eles estavam com fantasias combinando, em todo nosso tempo de namoro quis isso e ele dizia que achava brega, agora tá combinando com uma menina que nunca vi na vida.
Eu estava me divertindo, mas aquela cena foi demais pra mim, tínhamos terminado hoje e ele já estava com outra, ainda combinando as fantasias, pode ser pouco no olhar dos outros mas naquele momento entendi que as coisas que falávamos, boa parte era mentira, para ele.
Eu não podia estragar o rolê dos meninos e da Ju, então simplesmente os deixei e fui pra casa, naquele momento precisava estar em casa, deitar na minha cama e assimilar tudo o que tinha acontecido.
Peguei o primeiro táxi que parou, e ainda bem que sempre andei com uma boa quantia de dinheiro, pois só assim deu para pagar a pequena fortuna que ficou a minha corrida até em casa.
Após o taxi me deixar em casa, eu adentrei na mesma, olhei pra minha cama e me joguei na mesma, respirei fundo, e esperei pelo choro excessivo, mas não houve choro, houve frustração, e decidi apenas avisar a Ju que estava em casa, e me livrar de tudo que me lembrasse ao Bruno, e assim fiz, tudo que me lembrasse ao meu antigo relacionamento, foi pra dentro de um saco de lixo preto e enorme, ao fim daquela noite eu era uma nova pessoa.
Depois de uns meses daquela fatídica noite, eu estou aqui sentada, lendo meu bom livro, quando um trecho me trouxe as enxurradas de lembranças daquela noite, a única coisa que me arrependo daquela noite é não ter pego o número do Pedro, ele é uma pessoa legal.
Após alguns dias, eu estava terminando de me arrumar, e ouvi a campainha tocar. Deveria ser Julia, tínhamos marcado de ir na rua para resolvermos alguns problemas, mas para minha surpresa quando abri a porta não era Júlia, e sim alguém com um buquê enorme feito apenas de girassóis.
E quando abaixou o buquê de girassóis, era Pedro, com um sorriso lindo, e eu não conseguia não sorrir de volta.
Por: Bea Cândido
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