6° Um Conto Sobre Eureka
Certa vez quando eu voltava da escola comendo um salgado qualquer, me deparei com um lindo gato que parecia ter sido abandonado recentemente, seu pelo estava bonito demais para ser um gato de rua “veterano” e também não estava esquelético como os gatos sem dono costumam ser, mas ainda estava magro. Ele miava muito e olhava fixamente para meu lanche, com aqueles olhos grandes, redondos e brilhantes que só gatos sabem fazer. Eu fiquei com tanta pena do gato que dei um pedaço do salgado para ele, que comeu de uma vez só, e continuei o meu caminho, mas o gato não estava satisfeito. Ele miou e se aproximou e se esfregou em mim, eu nunca fui uma pessoa forte por tanto acabei por dar o último pedaço do meu lanche ao gato.
Me apreço para que antes que ele terminasse me perdesse de vista, o que não dá muito certo porque minutos depois o gato está miando atrás de mim. Eu tento despistá-lo mas ele me seguiu até em casa. Deixei-o do lado de fora do portão mas ele miava alto demais e como já disse não sou uma pessoa firme. Abro o portão para ele entrar e lhe dou comida, eu o fiz carinho e ele ronronou, foi aí que meu coração derreteu de vez, eu sempre gostei de animais e esse gato parecia tão carente que não tive coragem de mandá-lo embora. Passei o resto do dia pensando no que dizer ao meu pai, ele é um professor de matemática meio ranzinza, eu nunca o vi fazer carinho nem no cachorro do vizinho, que é a coisa mais adorável do mundo. E nesse meio tempo descobrir que o gato era fêmea.
Quando meu pai chegou a primeira coisa que ele viu foi a gata, a expressão no seu rosto era indescritível não saberia dizer se ele estava irritado, bravo ou furioso. Ele desviou os olhos da gata para mim, até me encolhi no sofá. Abri a boca para dizer algo mas as palavras não saíram. Meu pai olhou para a gata de novo e avançou em sua direção, a gata o encarava de volta e quando ele já está bem perto a gata miou. E de uma hora para outra a expressão do meu pai mudou completamente, como num passe de mágica. Ele paga a gata no colo e começa a fazer carinho e a falar como se ela fosse um bebê. Nesse momento explodi em risadas, eu esperava tudo do meu pai menos isso.
- O que foi?! - Perguntou meu pai.
- Nada. - Digo. - Só achei que você ia matar a gata, mas em vez disso você faz… isso!
No dia seguinte meu pai me fez dar banho na gata e colocar um anti pulgas nela e me fez ir comprar ração de gato também tudo isso antes das dez da manhã. Meu pai e assim, se uma coisa tem que ser feita então que seja feita logo, é um pouco irritante. Nós colocamos o nome da gata de Neve, porque ela era completamente branca e fofinha. Eu conheci um outro lado do meu pai, e eu ria toda vez que ele começava a brincar com a gata como se ela fosse um bebezinho. Mas Neve foi engordando e engordando cada vez mais, meses depois ela estava enorme, mas de um jeito estranho, meu pai e eu estávamos achando que era alguma doença. Certa noite a gata estava muito agitada e miava demais, parecia estar sentindo dor, meu pai disse que a levaria ao veterinário pela manhã.
Tem uma história matemática que meu pai gosta muito e ele está sempre fazendo referências a ela. É sobre o matemático Arquimedes que foi incumbido, a mando do rei, a provar que sua coroa não era de ouro maciço, como o rei havia mandado fazer, mas o matemático não fazia idéia de como provar isso e preocupado por não achar a resposta ele deixou a banheira encher demais e quando ele entrou na banheira ela transbordou e assim ele descobriu a resposta do dilema do rei, com a euforia ele saiu pelado pelas ruas gritando eureka que significa descobri. E foi isso que meu pai disse quando levantamos de manhã para levar Neve no veterinário e a encontramos aninhada com três gatinhos recém nascidos. Neve estava grávida desde antes de eu trazê-la para casa e por isso ela estava tão agitada na noite anterior. Eram três gatinhos lindos e fofos, mas nós não poderíamos arcar com todos por isso os doamos, mas não encontramos um lar para um deles e por isso nós acabamos ficando com ele também.
Nós o batizamos de Eureka.
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