PARTE 3
Ele avistou o fusca.
Seu coração palpitava. O medo tomava conta de seu interior. Parecia que a floresta ao seu redor era algo vivo, as árvores eram seres monstruosos que com seus imensos olhos vermelhos e acesos o observavam à distância.
De repente o que era para ser a melhor noite de sua vida tornou-se a pior, de uma maneira súbita e isso era incrível! Leandro não tinha certeza, mas achava que suas aventuras no beco do gozo sinistro estavam encerradas, e isso para sempre.
A lua brilhava forte no céu e agora parecia sangue, uma imensa bola vermelha como se ela tivesse apodrecido.
Leandro pensou na história que tinha contado para Rosemari. Uma lenda que ele ouvira de seu vô. Mas agora ele sabia que não era uma simples lenda. Era real! Aquele lugar era maldito! Havia algo ali, maligno e nocivo! Ele achava que poucas pessoas sabiam mas os que sabiam mantinham distância.
Afinal a maravilhosa noite de amor que ele planejara com Rosemari, tornara-se sem dúvida a pior noite de sua vida. Ele pedia a Deus que aquilo fosse um sonho, um maldito pesadelo, ele acordaria aos berros, molhado de suor e descobriria que estava em sua cama, então bateria uma bronha e voltaria a dormir e teria aquilo como um sinal de que era para se afastar de Rosemari, Rosemari era furada.
Mas não, ele sentia que a coisa era bem real. Uma maldita realidade. Uma realidade surreal.
Ele se aproximou do carro e vislumbrou a bolsa bem no banco de trás.
- Merda! Aquela cadela! Cadela de merda!
Destrancou a porta e pegou a bolsa.
Um ruído ligeiramente amorfo ecoou na floresta.
Leandro ficou em alerta, segurando o pau que estava usando como arma, pronto para desferir um golpe.
Fechou o carro e se afastou olhando em volta.
Ouviu novamente o ruído e olhou para trás.
Havia alguém parado ao lado do carro, alguém que não estivera ali antes.
Leandro sentiu uma coisa atrás de si e olhou. A mulher estava lá. Era um cadáver em estado de putrefação. Seu corpo apodrecido totalmente nú exalava um terrível cheiro de carniça.
- Venha querido. Vamos trepar. - Disse a coisa e sua voz parecia estar saindo de dentro de um caixão. - Foda a minha buceta gostoso.
A mulher apalpou um dos seios podres e um jato de sangue fétido explodiu no rosto de Leandro. Ele gritou e afastou-se. A coisa veio cambaleando em sua direção. Leandro tropeçou, caiu ao chão e começou a se rastejar para longe.
Ouviu um ruído e olhou para cima.
Seus olhos contemplaram o rosto deformado de um cadáver. Era um homem. Estava usando um boné velho, as roupas esfarrapadas pendiam do corpo esquelético. Em sua mão ele segurava um imenso machado.
- Quer foder a minha mulher pulha!? É isso o que você quer?! Então eu vou foder você!
- NÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!!! - Gritou Leandro e teve tempo apenas de proteger o rosto com as mãos.
Mas foi inútil. O homem ergueu o machado e golpeou Leandro. Sua mão foi decepada. A dor lancinante atingiu sua alma.
O cadáver ergueu o machado novamente e atingiu Leandro na cabeça.
Num último vislumbre ele olhou para a floresta. Viu duas pessoas nuas paradas entre as árvores. Estavam olhando para ele. Eram um homem e uma mulher, e de repente ele viu que eram ele mesmo e Rosemari!
Leandro mergulhou na escuridão.
††
O coração de Rosemari dava saltos de medo a cada ruído que a floresta produzia. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas podia sentir. A esfera daquele lugar era terrível, macabra. Ela queria sair dali, fugir para o mais longe possível. Mas não podia deixar Leandro.
Ela não tinha ideia de quanto tempo havia se passado desde que Leandro voltara ao carro para pegar sua bolsa, mas parecia ser uma eternidade. O tempo ali parecia transcorrer diferente, não fazia o menor sentido.
Um ruído ecoou atrás dela. Rosemari voltou-se para trás, iluminando a floresta com a lanterna.
A luz da lanterna bateu em alguma coisa. Rosemari viu que eram duas pessoas, mas havia algo de muito errado com elas. Seus olhos pareciam brilhar e eram vermelhos como as lanternas de um carro.
Rosemari ficou parada ali, iluminando aquelas pessoas por alguns segundos, tremendo e incapaz de se mover.
Então as pessoas ocultas pelas sombras começaram a se mover em sua direção. Rosemari viu um homem e uma mulher. O homem era Leandro e a mulher era
( " DEUS DO CÉU! O QUE É ISSO?! COMO É POSSÍVEL?! )
ela mesma.
Rosemari gritou e saiu correndo pela trilha. A lanterna escapou de sua mão e foi espatifar-se pelo meio do mato.
Ela correu o máximo que pôde. Nunca correra tanto em sua vida. Seu peito arfava e a garganta queimava, mas ela continuava correndo, sem direção, sem saber aonde estava indo, apenas corria.
Atingiu a estrada e chocou-se em cheio com alguém. Rosemari gritou e caiu. Só então percebeu que era Leandro.
- LEANDRO! MEU DEUS... TEM... TEM ALGUMA COISA NA FLORESTA...
Havia alguma coisa estranha em Leandro. Ela percebeu que ele estava usando um boné vermelho. Onde, em nome de Deus , ele fora achar um boné no meio daquela floresta?!
Rosemari começou a rastejar-se para longe. Dentro dela uma voz gritava:
CORRA! LEVANTE E CORRA! CORRA SUA CADELA!
Leandro olhou para ela e Rosemari soltou um grito.
Seus olhos eram vermelhos, esbugalhados. Havia um sorriso macabro em seu rosto. Então ela viu que ele estava segurando um machado.
- Le... Leandro... O que está acontecendo?! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!
Leandro aproximou-se dela rapidamente.
Rosemari gritou.
Ele ergueu o machado e golpeou com força. Rosemari gritou de novo.
Seus gritos ecoaram pela noite e depois morreram para sempre.
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