PARTE 2
Leandro fez o percurso de volta em poucos segundos. Tropeçou e caiu assim que entrou na estrada. Gritou, praguejou, levantou-se e voltou a correr. Em menos de um minuto alcançou o carro. Abriu a porta, pulou para o banco do motorista e ligou o motor.
Rosemari levou um susto ao ver o estado de Leandro.
- Leandro! O que está havendo?!
- Nada. Vista a sua roupa! Nós vamos sair daqui agora mesmo!
- Aconteceu alguma coisa?!
Leandro não respondeu. Engatou primeira e pisou fundo no acelerador fazendo os pneus derraparem.
Rosemari quase não conseguiu vestir-se e já começava a ficar preocupada. Leandro estava lívido feito leite, como se de fato tivesse visto um fantasmas.
- Quer me explicar o que está havendo Leandro?! E quer por favor ir mais de vagar, está querendo nos matar?!
- Eu... não posso explicar agora! Só precisamos sair daqui! É só o que você precisa saber! Nem deviamos ter vindo!
E isso só deixou Rosemari ainda mais preocupada.
††
- Merda! Puta que pariu! - Praguejou Leandro, eufórico e furioso.
Ele girou a chave pela terceira vez e nada.
Tinham percorrido menos de um quilômetro quando o fusca simplesmente morreu, e isso era uma coisa inexplicável, porque o tanque estava completamente cheio.
Ele tentou mais uma vez a chave e nada. Então bateu com as duas mãos no volante em estado de fúria e (Rosemari percebeu) pânico.
- Maldito! PUTA QUE PARIU! MAS QUE PUTA QUE PARIU!
- Leandro! Quer por favor se acalmar!
- VAI TOMAR NO SEU CU SUA CADELA!
- O QUE?! CADELA É A SUA MÃE, SEU MERDA!
Leandro não respondeu. Simplesmente saiu do carro e olhou ao seu redor como se alguma coisa o estivesse perseguindo.
Rosemari não tinha ideia do que estava acontecendo, mas de repente sentiu medo. Um medo profundo e intenso. Ela olhou para a floresta imersa na penumbra da noite sombria. Por um momento sentiu- se observada, como se algo ou alguém estivesse oculto entre as árvores. Mas lá não havia nada além da densa floresta.
Leandro abriu a tampa do motor mas este parecia intacto. Ele não entendia bulhufas de mecânica, mas o motor e todos os seus componentes pareciam estar em perfeita ordem.
Deu uma mexida no carburador, mas aparentemente não havia nenhum problema com ele.
- Quer por favor dar a partida, Rosemari?
- Ah! Agora você pede por favor, não é, seu pulha? Vai tomar no cu!
- Foda-se!
Leandro deu a partida ele mesmo. Não aconteceu nada.
- Acho que sei o que está acontecendo!
Leandro passou para a parte de trás e ergueu o banco. Então viu o que estava acontecendo: O cabo da bateria estava desconectado.
- Ah, ai está você seu grande filho da puta!
Ele conectou o cabo. Rapidamente passou para o banco da frente. Por um momento dirigiu o foco de luz da lanterna para a floresta. Rosemari olhou para onde ele olhava e não viu nada senão as árvores ocultas pela escuridão.
- O que foi Leandro?! Me diga o que está acontecendo!
- Não importa! Vamos dar o fora!
Ele girou a chave e o motor roncou. Leandro saiu rapidamente.
††
- MERDA! EU NÃO ACREDITO!
Eles estavam parados de novo, e dessa vez não iriam a parte alguma, pois três dos quatro pneus do carro estavam furados.
- PUTA QUE PARIU! MALDITO FILHO DA PUTA!
- LEANDRO! PARE COM ISSO! EU EXIJO QUE VOCÊ ME CONTE O QUE ESTÁ ACONTECENDO, AGORA!
Leandro segurou o rosto de Rosemari. Aquele não era o Leandro carinhoso e cheio de amores que tinha acabado de transar com ela, era antes um cara em pânico. Seus olhos estavam vidrados, era o olhar de alguém à beira de um colapso.
- Escute gatinha, me desculpe por ter chamado você de cadela! Você precisa confiar em mim, está bem?! Nós temos que sair daqui, e temos que sair agora!
- Mas como?! Os pneus estão furados!
- Conheço um atalho. Nós vamos à pé!
Sairam rapidamente do carro. Leandro pegou a lanterna, trancou o fusca e começou a caminhar arrastando Rosemari consigo.
††
A estrada fazia uma curva para a direita e desaparecia de vista. À esquerda havia uma trilha que embrenhava-se na floresta. Caminhando rapidamente, Leandro entrou pela trilha sempre segurando a mão de Rosemari.
A floresta desabava sobre eles como uma mortalha, e agora Rosemari percebia que parecia haver alguma coisa estranha naquela floresta. Ela sentia-se observada, seu corpo estava arrepiado e seu coração palpitava.
Medo.
Era o medo do inexplicável. Alguma coisa estava acontecendo, ela não sabia o que era, mas estava com medo, um medo profundo e apavorante.
Leandro tinha visto alguma coisa naquela floresta e agora ela podia sentir, era algo que chegava a ser uma opressão estranha e aterradora, algo que ela nunca tinha sentido em toda a sua vida.
De repente Rosemari desejou sair daquela floresta o mais rápido possível. Ela apertou o passo, mas parecia que quanto mais eles caminhavam mais a floresta se expandia à frente, como se não tivesse fim, como se aquela trilha não levasse a lugar algum.
A floresta estava viva! Foi o pensamento que invadiu a mente de Rosemari, e aquilo a encheu de um pânico profundo. Eles não iam sair. A certeza a atingiu como uma flecha.
Eles não iriam sair porque ela havia se esquecido.
" O que?! Meu Deus! O que?! "
Esquecido alguma coisa. Alguma coisa!
A...
A bolsa!
" Meu Deus! Esqueci minha bolsa! "
Rosemari parou.
- Vamos gata! - Bradou Leandro. - Não podemos parar!
- Eu esqueci a minha bolsa lá no fusca!
- Que se foda a bolsa! Vamos, temos que sair daqui!
Rosemari balançou a cabeça.
- Não posso. Preciso da bolsa!
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA!
- Não! As chaves de casa estão nela!
Leandro começou a chutar o ar em estado de fúria.
- PUTA QUE PARIU! NÃO ACREDITO NISSO! SÓ PODE SER BRINCADEIRA!
- Tudo bem! Eu vou lá pegar!
- NÃO! VOCÊ FICA AQUI! EU VOU LÁ E PEGO AQUELA MERDA!
Leandro vasculhou o mato à sua volta em busca de alguma coisa que pudesse usar como arma. Achou um pedaço de pau e armou-se.
- Tome! Pegue essa merda!
Ele lhe estendeu a lanterna e Rosemari a pegou.
- Eu... eu sinto muito!
- Fique aqui. Eu já volto!
Leandro embrenhou-se pela trilha e desapareceu em meio à noite, deixando Rosemari sozinha.
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