Ela tinha um grave problema, ou uma grande benção, dependendo do ponto de vista: conseguia dormir em qualquer lugar.

Não era narcoléptica (a mãe a tinha levado no médico depois de vê-la dormindo embaixo da cama na própria festa de aniversário de 8 anos), mas não conseguia dormir no horário próprio para tal e isso a vinha prejudicando a anos.

Dormira durante as provas do colégio e durante os recreios, por isso péssimas notas e sem amigos. Dormira durante as aulas e durante o vestibular. Dormira muitas vezes em pé no metrô lotado. Dormira na balada! Relacionamentos românticos então, sem jeito! Já tinha sido acordada várias vezes por atendentes de restaurante, cinemas e cafés por estar dormindo sozinha, após o date ter ido embora.

Encontrar emprego então era um inferno, pois dormia na frente de clientes e chefes e dormia ao telefone. Tentara trabalhar a noite, mas dormira do mesmo jeito pois não conseguia dormir de dia, que seria o período de descanco. Sua insônia portanto não era um problema de horário.

Até que então recebeu inesperadamente a proposta de emprego da sua vida: ao dormir numa loja de colchões foi abordada para ser uma "experimentadora dos produtos". Agora ela só torcia para que eles não descobrissem que não eram os colchões deles que faziam ela dormir tão bem...