Capítulo Dois: Um beijo mágico
Timmy Dawson Robison:
Olhei para o meu irmão mais velho, adormecido na minha cama, enquanto eu me via obrigado a dormir em um colchão inflável ao lado de Danilo, que roncava estridentemente, assemelhando-se a um porco castrado. Para mim, isso não passava de uma situação desagradável. Recordo-me de uma visita anterior à casa dos meus tios Miguel e Alisson, onde presenciei um porco castrado, segundo a explicação deles, dormindo profundamente e emitindo roncos semelhantes aos de Danilo. Aquela lembrança hilária me fez rir durante as semanas que permanecemos lá.
Meu irmão ainda detesta essa comparação até hoje, mas, sinceramente, o que posso fazer se é a pura verdade?
Retornando ao presente, encontro-me compartilhando espaço com meus irmãos Matthew e Lúcio, que, devido à visita da família durante o período de Natal até o Ano Novo, tomaram posse das nossas camas. Venho reclamando com meus pais sobre isso desde o Natal, mas, devido às novas integrantes da família, precisamos reorganizar as coisas por aqui antes de retomarmos nossos lugares originais. Pelo menos teremos que dividir esse espaço temporário enquanto Matthew estiver em casa.
Meu pai, Edu, buscou auxílio com um amigo de meus avôs, Dener e Eduardo, para iniciar o processo de guarda das duas meninas. Surpreendentemente, foi uma tarefa relativamente fácil, uma vez que os pais biológicos delas foram presos por agressões, tornando-se figuras desprezíveis. O juiz acabou concedendo a guarda provisória aos meus pais nesses dias.
Minhas tias e primas ficaram encantadas com a chegada das duas novas integrantes à família e já se dedicaram a comprar uma série de coisas para elas, assim como meu pai, Marcos. Devo confessar que fiquei surpreso com o entusiasmo dele ao comprar itens para bebês e roupas que as duas menininhas poderiam usar.
Entre nós, acredito que ele sempre quis ter filhas no meio dos quatro filhos que teve. Essa é apenas uma suposição da minha parte.
— Dá pra parar? — resmunguei para Danilo, que desferiu outro chute em mim, marcando o terceiro da noite. — Ou está difícil?—
Ele abriu os olhos, e pude ouvir Lúcio rir baixinho.
Que atrevimento!
— Tim, cala a boca e dorme — resmungou Danilo, e comecei a fechar os olhos.
Ao mesmo tempo, Matthew soltou um ronco alto, e, para nos ignorar, virou-se para a parede do meu quarto. Olhei para a minha parede repleta de fotos minhas com alguns amigos, incluindo uma com Toni beijando minha bochecha, usando uma fantasia de príncipe, enquanto eu me vestia como um fértil da realeza.
Interrompi meu olhar nas fotos, fechei os olhos na tentativa de dormir. Afinal, precisarei ajudar meu avô Fred com a preparação das comidas amanhã, último dia do ano.
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Quis ignorar que alguém estava em cima de mim, pois estava em um sono tão bom e imerso na imagem de Toni me beijando.
A pessoa em cima de mim insistia em acordar, tampando meu nariz. Abri os olhos de repente e deparei-me com dois pares de olhos castanhos me encarando, acompanhados de um sorriso idiota estampado em seus rostos.
—- Bom dia, TimTim -— disse Toni com aquela voz que sempre me relaxa. —- Vamos acordar, só falta você para ajudar na cozinha.—
Olhei ao redor e percebi que Dan, Lu e Mat não estavam no quarto, o que fez meu semblante se fechar instantaneamente.
Aqueles caras acordaram antes de mim e nem se deram ao trabalho de me chamar. Por esses motivos, os chamo de folgados!
Toni riu e levantou. Notei que ele vestia uma calça jeans enquanto se sentava sobre seus joelhos, me encarando. Percebi que a camiseta realçava seus bíceps, e admito que senti uma vontade irresistível de tocá-los.
Me sentei no colchão e virei meu rosto para o outro lado, sentindo minhas bochechas esquentarem com esse pensamento. Ouvi um riso baixinho dele antes de receber um beijinho na bochecha. Toni se levantou.
—- Vou te esperar lá embaixo -— disse Toni, saindo do quarto. Deixei meu corpo cair para trás.
Esperei alguns segundos, suspirei antes de me levantar e fui em direção ao meu guarda-roupa, escolhendo uma roupa que não fosse meu pijama de notas musicais. Optei por uma calça moletom e uma blusa branca, saindo do quarto em direção ao banheiro.
Escovei os dentes e tomei um banho rápido, pensando na cena que ocorreu há poucos minutos e no meu sonho.
— Tim, pare com isso.
O banho durou cerca de nove minutos, e eu já estava pronto para ajudar meu avô com a comida da festa da noite.
Sai do quarto, e ele ainda estava me esperando, muito próximo. Pensei que iria surtar, dei um pulo para trás quando ele quase entrelaçou nossas mãos, fazendo com que eu corresse para baixo abruptamente.
— Estamos atrasados! — gritei para ele, sentindo minhas bochechas esquentarem violentamente.
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Marlon Anthony Dawson Jenkins:
Quando encontrei minha irmã, contei o que aconteceu. Ela me olhou chocada por alguns segundos antes de abrir a boca.
— Você fez o que? — Stella perguntou, quase gritando.
Dei uma cotovelada nela e vi meu pai, Fred, parar por um momento de bater a torta e nos encarar. Sorrimos juntos, tentando convencê-lo de que não estávamos fazendo nada errado. O mesmo nos encarou por alguns segundos e voltou a bater a massa da torta de maçã.
Matthew estava sentado conversando com Brian e Clara. Lúcio, Danilo, Megan, Milena e Micaela estavam no quintal da casa brincando com Luiza, e claro, todos estavam super agasalhados. Marcos estava na sala com Marlene, juntos dos outros adultos. Papai Caleb saiu com Edu e Zayn para comprar alguns ingredientes para papai Fred, pois ele gosta de fazer bastante comida para todos da nossa família.
E olha que o resto dos nossos parentes nem vão vir!
— Stella, fala baixo! — Pedi choramingando, e ela assentiu. — Eu quis beijar ele, não disse que beijei, sua drogada!
Ela me deu um tapa na cabeça, e a encarei sem entender.
— Drogada, não — Stella disse, com o nariz em pé. — Sou louca naturalmente, como todos dessa família!
Arrumou a jaqueta jeans dela e saiu de perto de mim, andando na direção dos nossos primos, deixando-me com cara de bunda pra trás.
Após alguns minutos, Timmy surgiu todo lindo, como ele já é. Quando nossos olhares se encontraram, sorri igual um idiota, o que fez Timmy rir e vir em minha direção, pegando na minha mão, o que me fez sentir um grande conforto com esse gesto dele.
— Vamos ajudar? — Timmy perguntou e, sem esperar uma resposta minha, saiu me puxando para ajudar meu pai.
Ficamos ajudando, e a todo momento, eu o encarava, vendo um brilho de diversão em seus olhos. Isso me fez lembrar do momento em que descobri que gostava dele de verdade, mas nunca tive coragem de dizer isso a ele.
E hoje vou fazer algo e acabarei revelando o que sinto!
A manhã e a tarde voaram com todos se divertindo, e fiquei feliz com isso. Em um determinado momento da noite, lá pelas onze e cinquenta e cinco, chamei Timmy para irmos na frente da casa. Ele deu de ombros, e eu o puxei para sairmos dali. Pelo canto do olho, vi que minha irmã nos observava e percebi que ela disse algo. Entendi: "Sou a hétera da família."
Lúcio estava ao lado, ouviu e me encarou, dando um pequeno sorriso. Levei Timmy até a frente da casa e o virei de frente para mim.
— Tim, preciso te contar algo! — falei, vendo-o me encarar atentamente. — Há meses queria contar... — Senti as mãos trêmulas e suor frio.
— Conta o que? — Timmy perguntou, me analisando. — Também quero contar algo.
Respirei fundo, buscando coragem para expressar meus sentimentos.
— Timmy, eu gosto de você. Não apenas como amigo, mas de uma maneira especial. — Admiti, sentindo meu coração acelerar.
Ele me olhou surpreso por um momento, mas depois seu rosto se iluminou com um sorriso. Então me aproximei, e quando ia abrir os lábios, ele me deu um selinho, e ouvimos os fogos de artifício nos avisando que o ano virou.
Levei minhas mãos até sua cintura, puxando-o para mim, e comecei a corresponder ao selinho, que se transformou em um beijo quente e cheio de desejo de ambas as partes. Pude sentir a magia naquele beijo que durou até perdermos o fôlego e nos separarmos.
— Isso é o que eu sempre quis — falamos juntos, unindo nossas testas. — Feliz Ano Novo.
Sorrimos um para o outro, compartilhando um momento de cumplicidade, quando ouvimos risadas vindo da casa. Era minha irmã, que parecia ter captado a situação.
— Finalmente, vocês dois! Estava na hora! — ela exclamou, se aproximando com um sorriso divertido. — Fico feliz por isso e ainda mais que o Danilo vai me pagar.
Olhamos para ela surpresos.
— Faz meses que a gente dizia que vocês nunca iriam se declarar um para o outro. Eu estava a favor, e o Danilo contra — Stella disse enquanto íamos de volta para a reunião da família. Devo dizer que foi estranho quando meus pais viram a cena, e ainda mais o restante da família.
— Finalmente, vocês dois! - Disse Danilo, parecendo resignado, mas com um sorriso nos lábios.
O restante da noite foi preenchido com alegria, risadas e o calor reconfortante da família, celebrando não apenas o Ano Novo, mas também um novo capítulo em minha vida com Timmy.
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