O homem que escolhi pra ser meu
P.o.v Jordana
Não tenho hora pra voltar.
Foi a última coisa que eu disse à Bombom, a garota que dividia comigo o quarto na Letícia Ballet, quando saí para ir congregar. Eu não precisava me preocupar com nada. Ela era uma garota responsável, apesar de gostar de funk e de várias vezes eu ter saído mais cedo dos ensaios, e flagrado-a no quarto requebrando e cantando aquelas músicas de cunho sexual. Nos dias de hoje, é raro adolescentes de dezesseis anos não curtirem esse tipo de som.
Logo que sai, a garota ligou o som e a voz procante da MC Lara preencheu o ambiente. Me chama de potranca e me deixa quicar no seu… o resto da letra era tão obscena que ficou em suspenso na minha mente.
As luzes estavam acesas quando saí à rua Caiowaá. Era fim de inverno, mas fazia frio devido a uma repentina frente fria. Eu estava com uma blusa grossa, escura, saia preta com comprimento até os joelhos, meia calça preta e botas de cano alto. Na bolsa pendurada no ombro, meu véu e minha Bíblia.
Naquela noite, depois do culto, eu e os irmãos da Congregação Cristã no Brasil iríamos visitar a família do Samuel, meu noivo. Ele tocava saxofone na igreja e era filho do cooperador. E como tocava. O som de seu instrumento era incrível, como se ele pertencesse a um coro de anjos e estivesse aqui apenas de passagem.
O carro de aplicativo não demorou nem três minutos para chegar, e dez minutos depois, eu descia e começava a subir o primeiro dos três lances de escada da igreja cinza – todas as igrejas da Congregação Cristã tem essa cor.
— A paz de Deus, irmão — cumprimentei o porteiro, entregando-lhe o envelope com dinheiro dentro.
Pus o véu na cabeça e andei em direção aos músicos. O salto das minhas botas fazia um toc toc toc que podia ser ouvido de longe, e isso me deixava um pouco encabulada. Venci a vergonha quando cheguei perto do meu noivo, lindo em seu terno preto, com gravata da mesma cor.
— Oi — dei-lhe um sorriso apaixonado.
— Oi — ele retribuiu do mesmo modo.
Samuel e eu nos conhecemos há um ano e meio. Eu tinha dezessete anos e estava quase me formando como bailarina na Letícia Ballet. Um dia ele chegou à escola acompanhando a irmã mais nova, Ester, uma morena de olhos verdes e com pernas em x. Ela queria começar a fazer balé e havia agendado com a Clara uma aula teste. Samuel ficou sentado num canto, observando nossa aula, e de repente o flagrei me olhando. Na hora não gostei. Mesmo há anos dançando quase pelada – só de collant [sem saia], meia-calça e sapatilha –, eu tinha um pouco de vergonha quando um rapaz de fora nos assistia, e a toda hora eu ficava tirando o collant do bumbum.
Ester se matriculou, mas não ficou por muito tempo. Achou que Letícia era muito rigorosa e que as bailarinas mais experientes eram esnobes. Só participou de dois festivais conosco e de um espetáculo de fim de ano, mas nesse tempo curto Samuel e eu nos aproximamos e nos tornamos amigos. O fato dele também ser protestante nos deu mais afinidade, e ele começou a participar do culto na igreja que eu frequentava. O namoro e o noivado foram passos naturais e já tínhamos planos de nos casar.
Voltando ao presente, aquela foi uma noite de muitas bênçãos. Sentimos como se Deus tivesse tocado nossas feridas e as curado. Havia sorrisos felizes nos rostos das pessoas quando saímos da igreja.
Samuel se permitiu ousar um pouco e entrelaçou seus dedos nos meus. Sorridente, pus a mão em sua gravata e a arrumei, assim como a gola de sua camisa social.
— Não gosto de ver meu noivo desarrumado — brinquei.
— Você é muito detalhista, amor — ele fez com o indicador um rolinho no meu cabelo ruivo, vermelho como fogo.
— Claro, né? Sou bailarina.
Samuel me apoiava no balé incondicionalmente, pedindo com insistência para que eu prestasse audição para a Companhia Paulistana de Dança. Mas eu tinha uma ligação tão forte com a Letícia Ballet e tanta gratidão pelo que Letícia havia feito por mim que eu não me importava de dançar em sua companhia. O dinheiro que eu ganhava como professora de grade 1 me era mais do que suficiente e minhas ambições eram modestas. Eu me sentia realizada.
O legal era que meu noivo não era ciumento. E olha que as mãos dos bailarinos quase tocavam minhas partes íntimas quando dançávamos. Ele entendia que contatos com homens faziam parte da minha profissão. Além disso, meus colegas eram todos gays.
Samuel e eu trocamos um olhar longo. Nossos rostos se aproximaram e nos beijamos.
— Vocês dois estão sendo olhados, sabia? — nos viramos para Ester. Minha futura cunhada ainda estava com o véu, e muito graciosa com sua blusa de lã branca, saia preta e meia calça, com sapatos de salto. Seus braços estavam desafiadoramente cruzados.
— Não estamos fazendo nada de mais — Samuel explicou.
— Só um beijo. Que mal tem? — questionei-a.
— Nenhum.
Ester deu de ombros e se afastou, sorrindo.
Samuel balançou a cabeça e segurou meu queixo com delicadeza.
— Vamos? — me convidou.
Respondi que sim com a cabeça.
Enganchei meu braço no dele e andamos até seu Palio prata. Ele fez um gesto cavalheiresco, abrindo a porta para eu entrar, e uma vez acomodada no banco macio, afivelei o cinto em volta do meu corpo. Ele saiu depois que os dois outros carros que levariam os irmãos saíram.
Aos dezenove anos, eu ainda era virgem. Por ter recebido uma educação protestante rígida (só usar saias, cabelo comprido e evitar maquiagem), meu comportamento no dia à dia era discreto. Eu só expunha mesmo meu corpo nas aulas de balé, já que o collant regata com abertura nas costas sempre foi o uniforme obrigatório do estúdio. Nem uma sainha podíamos usar. Mas isso mudou quando me formei. As alunas do Balé Avançado podem usar o que quiser, e eu vestia um modelo de collant com gola e uma saia.
Expor meu corpo para um homem – ou seja, ficar nua e ter relações sexuais com ele – era um pensamento estranho pra mim. Com certeza aconteceria, porém não como tantas garotas fazem: sem responsabilidade, sem afeto. Eu queria perder minha virgindade com o homem com quem eu me casasse.
Samuel não esperava outra coisa de mim e também tinha o mesmo propósito que eu. Quando duas pessoas têm o mesmo objetivo, a chance de construirem um sonho juntos e fazê-lo se tornar realidade é maior, e eu queria viver até o fim dos meus dias com o rapaz ao meu lado.
Porém o desejo, aquele instinto que nos chama ao sexo, existia dentro de mim, afinal eu não estava morta. Eu era de carne e osso. E Samuel era muito gostoso, se me permite esse termo vulgar. Mas eu estava disposta a esperar, porque queria que minha primeira vez fôsse algo maravilhoso.
Olhei a furto para meu noivo. O cheiro de seu perfume amadeirado era agradável, lhe dando um encanto maior. Ele era lindo. Perfeito. Eu podia olhá-lo a noite toda que nunca me cansaria.
— Jordana?
— Oi?
— Em que está pensando, meu amor?
— Em você.
Samuel riu, balançando a cabeça e me olhando por um instante, imediatamente voltando sua atenção para a rua à nossa frente.
— Você nunca pensou em convidar a Bombom para congregar com a gente? — ele perguntou.
— A Bombom? Ela não acredita em Deus.
— Por isso. Talvez ela aceite Jesus em seu coração e deixe de ser atéia.
Acenei a cabeça negando.
— Ela é uma adolescente contestadora. A única coisa em que ela acredita é em si mesma.
Samuel comprimiu os lábios e não falou mais no nome da minha colega de quarto. Se eu bem a conhecia, ela devia estar ouvindo vários cantores de funk, um atrás do outro, cantando aquelas músicas que não tenho coragem nem de cantar em pensamento.
— Chegamos — Samuel avisou. Um portão gradeado se abriu e ele o transpôs com o carro.
O pai dele já havia tirado o paletó, mas ainda usava gravata. Ele pediu que todos entrássemos. Ester, que tinha a mesma idade da Bombom, pediu licença e subiu ao seu quarto para estudar para a prova de matemática do dia seguinte.
A mãe de Samuel serviu café e doces para todos os convidados. Ele e eu ficamos sentados um ao lado do outro, participando de uma conversa animada, e de vez em quando trocávamos olhares longos e apaixonados. Eu queria trocar com ele alguns beijos, mas não com toda aquela gente ali.
Samuel me deu um sorriso, e aproveitando que os pais dele e os irmãos da congregação estavam rindo e falando alto sobre um assunto qualquer, ele me puxou sutilmente pela mão.
— Vamos para o meu quarto — quase sussurrou ao meu ouvido. — Tenho uma coisa pra te mostrar.
Arrastei para trás a cadeira em que eu estava sentada e subi de mãos dadas com ele. A porta ficou aberta.
— Qual é a surpresa? — perguntei sorridente.
Imaginei que ele quisesse me dar um presente. Ou me mostrar algum saxofone novo, uma flauta. Para minha surpresa, Samuel pôs com delicadeza as mãos na minha cintura e puxou pra si meu corpo, fazendo com que minha intimidade tocasse algo duro e levantado; seu pênis. Meus lábios se abriram em espanto, sendo prontamente selados com um beijo. Não um beijo que costumávamos trocar, mas cheio de desejo. Correspondi ao seu ato ousado abraçando seu pescoço e aceitando com prazer seu beijo molhado, inserindo minha língua em sua boca e curtindo cada minuto, cada segundo daquele momento.
A primeira coisa que fiz foi presenteá-lo com um sorriso tão logo nossas bocas se separaram. Tive seus olhos fixos nos meus e não vi somente seu desejo por mim através deles, mas meu próprio desejo neles, como se eu estivesse me olhando em dois espelhos.
Meu sorriso faceiro deu lugar à culpa logo que entendi o que meu corpo queria.
— Não, não tá certo isso — pus as mãos em seus ombros e o afastei.
— O que não tá certo, meu amor? — seu semblante era de súplica.
— Nós dois, no seu quarto… na casa dos seus pais… Samuel, isso é errado.
Mas ele me puxou pela cintura de novo e com uma das mãos acariciou meu rosto.
— Errado é esperar para ser feliz amanhã quando podemos ser felizes hoje — suas palavras não deixavam dúvida de que ele me queria de qualquer jeito. Naquela noite. E eu também o queria.
Sorri de novo e trocamos outro beijo.
Samuel fechou a porta do quarto e a trancou, tirou sua camisa social e a gravata. Não era um rapaz musculoso, mas seu abdome era reto, e seus braços fortes. Tirou os sapatos, as meias, a calça social e seu pênis duro e levantado surgiu em sua perfeição no momento em que suas mãos abaixaram sua cueca.
Uma mistura de emoções se revolveu dentro de mim. Eu estava assustada por ver pela primeira vez o pau de um homem ao vivo, na minha frente, ao mesmo tempo que estava maravilhada e excitada, sentindo minha vagina umedecer e meus mamilos enrijecerem.
Samuel avançou mais um passo em minha direção. Dois. Seu corpo nu prensou o meu contra a parede, e me segurando pelo pulso, me fez segurar seu pênis e acariciá-lo.
— Não precisa ter medo — me tranquilizou. — Não vou te machucar e vai ser maravilhoso pra nós dois.
De lábios semiabertos e os olhos vítreos, senti o calor da paixão me queimando de dentro pra fora. Todas as sensações estranhas me invadiram de uma só vez, mas já era tarde pra mim: meu lado passional aniquilara todas as minhas defesas.
Vacilante à princípio, tirei minha blusa com a camiseta e desabotoei meu sutiã. Meus seios pequenos, de bailarina, apareceram diante dos olhos expectantes do meu noivo sorridente. Arranquei e joguei de qualquer jeito no chão minhas botas, saia e meia calça. Quanto à calcinha, abaixei-a de um jeito sensual e com um toque de teatralidade, deixando que minha vagina aparecesse aos poucos, até ela ficar toda de fora.
Ter toda a admiração de Samuel no meu sexo só fez que minha intimidade ficasse mais molhada. Eu também sentia meu rosto arder e corar, não de vergonha, uma vez que o que eu achava mais difícil (ficar nua) havia sido superado. Era uma coisa que eu não sabia explicar.
Samuel ofegava, seu pau cada vez mais duro, e eliminando uma vez mais a distância entre nós, friccionou seu membro na minha feminilidade ao me puxar para um abraço.
— Linda, do jeito que eu sempre imaginei.
Seu elogio me deixou lisonjeada, e sem que eu esperasse ou imaginasse que ele seria capaz de um ato tão ousado, ele se deixou cair de joelhos, ficando cara a cara com minha vagina. Ele a cheirou como se cheira uma flor, lambeu meus grandes lábios e inseriu um dedo. Com o estímulo, joguei minha cabeça pra trás, suspirando, me apoiando em seus ombros para não cair durante o vai e vem que seu dedo fazia na minha boceta. Não demorou e eu estava encharcada.
— Aaaaaahhh! Aaaaaaahhh! — gemi alto.
Samuel separou os grandes lábios e de uma feita começou a me chupar, fazendo sexo oral em mim. Nunca pensei que ele fosse tão bom com a boca. E nunca pensei que eu deixaria alguém me chupar, já que eu achava devassidão. E eis que eu estava me abrindo para uma uma coisa nova, que minhas colegas de balé faziam desde os quinze, dezesseis anos.
Tão bom. Tão prazeroso ter minha boceta com poucos pêlos chupada pelo homem que eu queria como meu futuro esposo.
Samuel se levantou aos poucos, me deu um olhar devasso, pôs as mãos em meus peitos e os apalpou. Seus dedos apertaram meus mamilos durinhos. Uma troca de sorrisos entre nós foi a senha para que dessemos mais um passo ousado.
Olhei por sobre meu ombro para trás, e vendo que a cama dele estava próxima, me deixei cair de costas no colchão.
— Vem — pedi com voz carente.
Abri minhas pernas e mesmo nunca tendo transado, de tanto a Danny e a Duda falarem sobre sexo, eu sabia o que fazer. E eu tinha instintos.
Samuel pôs uma camisinha em seu pênis. Seu corpo se debruçou sobre o meu na cama. Ele segurou o membro sexual duro e gotejando, o acomodou na minha entradinha rosada, com cuidado. Meu coração bateu com mais e mais força, levantei um pouco a cabeça pra nos beijarmos, e então ele enfiou o pênis dentro de mim. Doeu menos do que eu havia esperado, talvez porque eu estivesse muito excitada e lubrificada ou porque Samuel teve muito cuidado e carinho comigo. A terceira estocada doeu menos e a partir daí a única coisa que senti foi prazer e realização. Era como se eu tivesse ido ao céu.
Não estávamos só fazendo sexo. Estávamos nos conhecendo por inteiro, como homem e mulher, sacramentando o encontro entre duas almas que queriam viver juntas pra sempre.
Samuel me fodeu até suarmos e chegarmos ao clímax. Eu cheguei ao orgasmo e retesei minhas costas. Ele tirou o pau da minha boceta e se livrou da camisinha, e aproximando sua glande vermelha do meu rosto, ejaculou jatos quentes de sêmem em mim.
— Eu te amo, Jordana — ele declarou, se sentando na cama e pondo sentada em seu colo em face dele.
— Também te amo, Samuel — sorri.
Nunca contei à ninguém que transamos. Nem à Bombom, com quem eu confidenciava sobre tudo. Tinha coisas da minha vida que bastava que só Deus soubesse.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro