Na casa de campo
P.o.v Danny
O cara de filmagem não perdia um único detalhe dos nossos movimentos. Meu collant estava suado, e meu corpo, dolorido, mas eu queria mostrar tudo o que sabia fazer e ficar perfeita no vídeo do documentário.
Komarov passava ao largo das barras, orientando os bailarinos. Ele sempre pedia, do seu jeito russo e seco, respiração, eixo e outras coisas que a gente esquece às vezes. Ao passar por Lisanna, lhe deu uma palmada de encorajamento no bumbum a fim de que se mantivesse na ponta do pé em frente à barra.
Quando passou por mim, eu estava descendo em terceiro port de bras (com as pernas cruzadas em quinta posição, inclinando o tronco à frente com o braço estendido numa posição oval). Ele me segurou pelos quadris.
— O braço traz seu corpo de volta — falou com autoridade. Mantive o sorriso artístico, fiz o caminho de subida com o tronco, executando a seguir rotações.
Já era outono. Os ensaios e apresentações da companhia seguiam em ritmo insano, bem punk. Quase não tínhamos tempo de comer ou de sair à rua para andar entre as pessoas comuns, mas valia a pena. Ah, como valia.
Quando ganhei de Komarov o papel de bailarina principal, todo mundo passou a me olhar de outra forma. A inveja das minhas desafetas aumentou, mas o respeito ainda existia e isso bastava pra mim. Além disso, eu era protegida pelo ensaiador, e também pelo diretor do Novosibirsk Ballet, Ivan Maximovitch. O corpo docente da companhia sabia que eu não iria decepcioná-los.
Quando os homens recolheram as barras móveis, nós, garotas, tiramos nossos casaquinhos cor de rosa e polainas, e fomos aquecidas para o meio da sala. É no centro que posso mostrar toda a minha técnica de saltos e giros, sem amarras. Me sinto num palco de verdade.
A verdade é que, mais do que dançar para as pessoas, eu danço pra fazer feliz a única pessoa que eu amo, que sou eu mesma. E naqueles dias eu me sentia mais apaixonada por mim mesma que de costume, capaz de ficar por horas me admirando no espelho enquanto dançava como uma fada.
Tomei um banho demorado no chuveiro coletivo com outras garotas. Elas comentavam sobre a aula filmada e não escondiam a ansiedade de se verem no documentário. Me conservei quieta, ensaboando meu corpo nu olhando para a parede revestida de placas de porcelana. Dei um sorriso.
Entrei no quarto e encontrei Lisanna debruçada sobre sua cama, lendo um livro qualquer. Normalmente ela lia fantasia, embora não recusasse algo diferente de vez em quando.
— Você vai para a festa? — perguntou ao se virar pra mim, me olhando por sobre seu ombro.
A festa a que ela se referia se realizaria na datcha¹ do Misha, nosso colega e meu partner de dança. Seria no fim de semana, um raro dia em que não teríamos ensaios, nem apresentações.
— Ainda não sei — dei de ombros, jogando minha mochila com o uniforme de balé na cama.
— A Svetlana disse que não vão tantas pessoas.
— Legal. Quanto menos gente chata, melhor.
Me deitei de costas na cama. Olhei para lâmpada no teto e para o vazio ao mesmo tempo. A presença de Lisanna me incomodava um pouco, e não é só porque ela era reservada e eu gostaria de ter alguém com quem conversar sobre sexo ou outras coisas de garotas. De uns dias pra cá ela estava me olhando de um jeito diferente.
Claro que não contei que dei a bunda para o Komarov. Imagine como ela me xingaria se soubesse.
— Eu acho que você está muito narizinho empinado esses dias — ela me desafiou com seus olhos claros.
Encarei a estoniana.
— Por quê?
— Talvez o papel de Cisne Negro lhe tenha subido a cabeça.
— Que nada a ver! — me levantei emputecida.
Calcei um par de botas de camurça e vesti um blusão de moletom, e saí do quarto sem olhar para Lisanna.
Andando pelo corredor, olhei para as fotos dos bailarinos lendários que já dançaram por essa companhia. Os das fotos em preto e branco, forjados nos tempos do comunismo, estavam mortos. Não havia muito material deles.
Havia muitos espaços na longa parede branca, e mesmo sendo garota ainda e tendo sido alçada ao status de estrela há pouco tempo, sabia que um dia minha foto também estaria ali.
Cheguei ao terraço do último andar do prédio e me debrucei sobre o peitoril, deixando que os frios ventos do outono siberiano batessem em meu rosto.
Tudo parece tão lindo daqui. O Rio Ob ao fundo, com suas muitas pontes. Os prédios modernos.
Dei um sorriso cheio de melancolia, toquei com o indicador na superfície do parapeito.
O que as pessoas lá embaixo estão fazendo? Elas são felizes, sonham, têm planos para o futuro? Como foi o dia delas?
Soltei um suspiro melancólico e pensei no tempo. Ele é arisco como uma amante que não quer ficar, e eu sei que um dia ele passa. A vida passa. Por isso, temos que aproveitar o máximo dela.
O balé fez de mim a garota mais feliz que existe. Mas eu queria mais. Eu sempre quero mais. E, mesmo que para uma princesa de cristal, andar entre seus fãs não seja algo que a engrandeça, experimentar o que eles gostam, fazer o que elas fazem, não deixa de ser tentador.
Onde existem pessoas, existem possibilidades.
Fechando os olhos, sentindo meu corpo ser envolvido pelas lufadas de vento gélido, decidi ir a festa de Mikhail Abramovitch.
Duas noites depois, eu, Danielle, estava me maquiando diante do espelho. Escolhi um vestidinho preto, curtíssimo e colado ao meu corpo, pra combinar com minhas botas pretas de cano alto. Lisanna optou por uma peça parecida, também preta, com a diferença de que era aberta dos lados. Seu visual ganhou um up com o par de sandálias pretas.
— Vamos? — lhe estendi a mão.
Ela entrelaçou seus dedos aos meus e saímos para a rua assim que o motorista do aplicativo avisou que chegou.
O carro nos levou para a datcha da família do Misha. Era uma construção bonita, grande, rodeada de árvores e com um lago ao fundo. De fora dava pra ouvir a música lá dentro. Mesmo antes de entrar eu podia sentir a animação do pessoal.
Lisanna e eu fomos recepcionados pelo anfitrião, que não estava tão diferente de como costumava se vestir quando não estava dançando. A única peça diferente era sua camisa preta de manga comprida.
Já as garotas capricharam em seus visuais. Svetlana usava um vestidinho igual ao da minha colega de quarto, porém azul cielo. As tatuagens de seus braços estavam a vista de todos. A garota ruiva e de traços tártaros conversava com um cara que nunca vi e que aparentava ser mais velho que ela.
Como eu não havia ido só para olhar, mas também para causar, aceitei de bom grado o copo que Misha me serviu. Não que eu precisasse beber para tomar a iniciativa com um cara, mas de qualquer forma, um bom copo de vodka sempre me deixava animada.
— É sempre bom ter a Princesa de Cristal entre nós — Misha fez uma reverência. Um bobo.
— Quem é aquele cara? — olhei para um homem sentado no sofá; ele segurava um copo pela metade e sorria enquanto me encarava.
Misha soltou um risinho malicioso. Ele ainda devia se sentir o cara por ter ter me fodido em Londres, junto com seu amigo.
— É o Boris, meu primo de Kazan.
Estudei as feições do cara. Boca bem feita, nariz anguloso, queixo quadrado. Cabelo louro-escuro. A fisionomia dele era a de um homem russo másculo, e o jeito com que me olhava não deixava dúvida de que sabia muito bem o que queria de mim.
Sorri com malícia, tomando um gole da bebida.
— Quer que eu a apresente a ele?
— Se ele quiser me conhecer, vai ter que mostrar que tem atitude.
Me distanciei do meu parceiro e comecei a circular por entre os jovens. Como mulher gostosa que eu era, e como nova primeira bailarina, mostrei confiança, sempre ostentando um olhar altivo, superior.
Lisanna, que de boba não tinha nada, logo estava com um cara careca e de cavanhaque. Sorri com malícia para ela quando me olhou acidentalmente, e a fim de encorajá-la, sussurrei em seu ouvido vá em frente, se joga. E saí de perto.
Percebi que o cara não estava mais sentado no sofá e pontadas de frustração me atingiram. Eu odiava me sentir assim, odiava que um homem me comesse de longe com os olhos e não tivesse atitude.
Suspirando com aborrecimento, me aproximei de uma parede onde não havia ninguém. Tomei mais um gole do meu copo de vodka e ali fiquei, sem muita expectativa. Ninguém ali me interessava. Quase todo mundo era meu colega no Novosibirsk Ballet, e além do mais, eu queria conversar com alguém diferente.
Meu estado de tédio, porém não durou muito.
Ele apareceu.
Ostentando um ar confiante de quem sabia que Danny, a Princesa de Cristal, não tinha defesas fortes o suficiente para resistirem a um espécime de macho tão sexy quanto intimidador, se aproximou de mim, exibindo um sorriso convencido que poderia ser a senha pra eu deixá-lo falando sozinho.
Lógico, se a gostosa aqui não tivesse simpatizado com ele.
— Você não parece estar curtindo a festa — sua primeira frase não causou um impacto positivo.
Sorri maliciosamente.
— Só estou de boa. Só olhando, esperando alguém legal me convidar pra dançar.
Boris riu. Suas feições ganharam traços de presunção, uma coisa de homens que se acham. Mas meus instintos gritaram dentro de mim que ele tinha algo mais, um mistério que valia a pena correr riscos para desvendá-lo.
— Então, sua espera acabou — num gesto de puro atrevimento, aproximou seu rosto do meu, quase tocando minha boca com a sua.
Mas eu era atrevida o suficiente para deixar confuso qualquer homem, deixá-lo sem reação, e antes que Boris levasse a cabo seu intento, segurei seu queixo e selei seus lábios com um beijo.
— Uau! — ele fez, admirado.
— Vem, vamos dançar — o puxei pela mão e deixei meu resto de vodka na mesa.
Encontramos um espaço na pista de dança improvisada. Tocava uma música cheia de animação e suingue, e agitamos nossos corpos enquanto olhávamos um para o outro. Ele era muito bonito, tinha um sorriso maravilhoso. Nos poucos minutos em que dançamos, roçando nossos corpos num pas de deux descompassado e sensual ao mesmo tempo, ficou claro que queríamos ir além de beijos.
— Vamos procurar um quarto — ele disse ao meu ouvido.
Desta vez eu é que sou puxada pela mão, conduzida pelo corredor estreito da datcha rumo a um local reservado. No quarto em que entramos, há uma cama desarrumada. A primeira suspeita que me vem a cabeça é que alguém já esteve aqui.
Não que isso importasse pra mim. Pelo menos era uma cama macia.
Joguei meu cabelo em um dos ombros e puxei para baixo o vestidinho preto, ficando só de tanga e botas. Mordi o lábio inferior. Colei meu corpo ao de Boris, puxando-o pra mim ao passar meus braços por trás de seu pescoço, e como no começo da subida de uma roda gigante, comecei a sentir ondas de excitação quando comecei a esfregar minha vagina em seu pau duro.
Boris me puxou pela cintura, me fazendo gemer. Logo ele me calou com um beijo prolongado. Ele avançou um passo em seu atrevimento, e enquanto nossas línguas estalavam naquele beijo lascivo, não percebi que uma de suas mãos puxou minha tanga para o lado.
— Tô sentindo sua boceta molhadinha — dois dedos dele entraram no meu sexo inchado.
As estocadas dos dedos dentro de mim afloraram fantasias ainda mais angustiantes. Como eu precisava daquilo, como era delicioso me sentir desejada e sentir minha boceta se molhando, aquele líquido quente escorrendo por minhas coxas.
Soltando um gemido alto, cravei minhas unhas em suas costas e puxei sua camisa por cima de sua cabeça a fim de poder ver aquele material tentador sob o ponto de vista de qualquer garota. Eu daria fácil pra ele.
Deixei meu corpo cair com leveza sobre a cama e tirei a tanga, enrolando-a nas mãos e atirando para ele, que a cheirou. O meu cheiro impregnado no tecido minúsculo o instigou, e como que angustiado pra me foder logo, ele tirou os sapatos, a calça e a cueca. Seu pau era grande demais, com as veias saltadas e a glande vermelha. E estava duro e levantado como uma estaca.
Abri as pernas para que ele tivesse uma visão mais deliciosa da minha vagina, pus dois dedos dentro de mim e pressionei meu clitóris inchado.
— Vem — o chamei.
Boris abriu um pacote de camisinha e se protegeu a fim de proporcionar a nós dois um prazer seguro. Se aproximou de mim, pôs uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Fiquei indecisa entre manter meus olhos fixos nos dele ou em seu pênis.
Ele se deitou devagarinho sobre meu corpo, selando meus lábios com um beijo que evoluiu de um jeito sutil para chupadas e lambidas por meus seios, umbigo. Retesei minhas costas na cama. Soltei um gemido mais angustiado quando senti sua língua chupar minha boceta ao mesmo tempo em que seus dedos continuavam entrando e saindo dentro de mim. E o que dizer se seu polegar pressionando meu clitóris.
— Aaaahhhh…! — gemi, passando as mãos por meus seios pequenos e beliscando meus mamilos.
Tão sutil quanto me chupar foi sua ação a seguir. Boris travou meus quadris com suas coxas, ficando de joelhos sobre a cama. Se abaixando, pincelou seu pênis no meu nariz salpicado de sardas. Como boa menina, abri a boca pra que ele o pusesse dentro. Boris ainda fez gracinhas, continuando a pincelar seu sexo no meu rosto, esfregando-o, e por fim o enfiou na minha boca bem devagar quando minha irritação já chegava a um nível insuportável.
Fiz um oral delicioso, apesar dele estar usando camisinha. O prazer não muda.
A pressão dos joelhos do russo na minha cintura, seu cheiro sedutor, só aumentaram minha libido. Eu queria mais. Muito mais. E adivinhando meus pensamentos e anseios, ele galgou por meu corpo e afastou para os lados minhas pernas compridas, me segurando pelas botas. Separou os grandes gomos rosados da minha vagina, aproximou de mim seu pênis. Agora que eu havia chegado longe, queria com urgência tudo aquilo dentro de mim.
Primeiro ele só encostou de leve a glande roxa (pulsando sangue) na minha entrada rosada e segurou minha cintura magra. Ele apreciou minha cara de carência e me ofereceu um sorriso, ao que correspondi na mesma medida, e enfiou seu membro dentro de mim, começando uma sequência deliciosa de estocadas firmes.
Como era bom. Como aquilo me satisfazia, me dava uma sensação inexplicável de prazer, de vida. Os movimentos de entra e sai faziam meus lábios rosados ondularem, como que produzindo um furacão de emoções vertiginosas dentro de mim diante das quais eu era uma presa indefesa.
— Que boceta gostosa… — ele gemeu.
Sem controle sobre minhas emoções ou sobre meus atos, minhas mãos o puxaram pelas costas a fim de que eu pudesse ter mais contato. Devo tê-lo arranhado, lhe deixado marcas, mas era mais forte que eu, e isso o instigou a me estocar mais fundo.
Por instinto, o empurrei pelos ombros pra que tirasse seu membro do meu sexo e mudei meu corpo de posição. Fiquei de joelhos na cama, com as pernas bem abertas e a bunda empinada.
— Come minha bunda, vai — implorei no mais puro estilo ninfeta.
Boris me segurou pelas nádegas. Ele não iria me decepcionar. Cuspiu no meu ânus duas vezes, espalhou a saliva pelo contorno da minha tatuagem, inseriu um dedo. Depois outro. Meus olhos se fecharam.
Seu pau entrou fundo, como que atingindo meu intestino. Mas eu estava acostumada a ser penetrada por trás e pedi por mais, e como um bom fodedor, ele me atendeu, e correspondeu com louvor aos meus caprichos.
Foi perfeito.
Cheguei ao clímax antes dele e gozei na cama ao mesmo tempo em que um gemido prolongado se soltou da minha garganta. Não demorou e Boris atingiu seu ápice. Dando um tapa na minha bunda, retirou o pau do meu ânus e deu um nó na camisinha cheia de porra, jogando-a num cesto de lixo perto do criado mudo.
Me virei de novo na cama, ficando de pernas bem abertas e os braços largados em volta do meu corpo, sentindo minha respiração se normalizar aos poucos. Agradeci àquele homem com um sorriso de satisfação pelo sexo maravilhoso que me proporcionou. Ele, por sua vez, se deitou sobre meu corpo, e aproximando sua boca do meu ouvido, murmurou baixinho:
— Lisitchka²!
Mordi meu lábio inferior, lhe dei um selinho.
____________________________________
¹Casa de campo
²Raposinha!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro