A gata da aeróbica
P.o.v Paloma
Uma das atrações do Renata e você daquela tarde de domingo era a Mc Laurinha. Renata Sodré, a apresentadora, não curtia funk e odiava o rumo que o programa vinha tomando, ao ter que enfiar goela abaixo de seu público músicas vulgares e de apelo sexual. Dizia-se nos bastidores que ela estava de saco cheio e logo cairia fora.
Mas isso não nos preocupava. Éramos suas contratadas, e não da emissora, e se ela fosse para outra, seríamos levadas junto, já que as bailarinas de palco (ou gatas da aeróbica, como éramos chamadas) eram sua cria.
Como todos os dias, fui à academia para malhar o corpo e trabalhar o abdôme nos aparelhos após deixar tudo em ordem na república onde eu trabalhava com lindas bailarinas clássicas que estudavam no Ballet Imperial. Apesar de sermos de idades diferentes – eu tinha 22 anos e elas eram adolescentes – e de estilos de dança diferentes, éramos amigas próximas e havia uma troca de experiências entre nós. Eu as considerava minhas irmãs mais novas. Elas assistiam ao Renata e você aos domingos não por causa das atrações popurescas da Renata, mas por causa da beleza e da simpatia das bailarinas do palco.
Me exercitei nos aparelhos, tomei banho e fui ao estúdio do programa para ensaiar com minhas colegas, sob supervisão de uma coreógrafa de dança contemporânea. Por ser só um ensaio, não usávamos um uniforme padrão. Eu usava collant branco, sem meia calça, com tênis de cano alto e uma faixa amarrada na cabeça. Havia quem preferisse short lycra com top ou calça legging. Independente do uniforme, a disciplina era rígida. Não é porque éramos animadoras de palco que podíamos dançar de qualquer jeito, cada levantar de braços, de pernas, cada rebolado, tinha que estar sincronizado, perfeito. E sorrisos. Tínhamos que sorrir sempre.
Sarah chegou até mim depois do ensaio, enquanto eu bebericava minha garrafa d'água, sorriu e trocou comigo um soco no ar.
— Bom ensaio — ela disse.
— Foi mesmo — sorri, suada, as gotículas com sal escorrendo por minha pele negra. Eu era a única negra da aeróbica.
— Putz, essa semana passou voando. Dá pra acreditar que amanhã é sábado e logo domingo chega?
— Nem me fale. Amanhã tenho que fazer uma limpeza geral no dormitório das meninas antes de vir ensaiar.
— Por que você não faz aquelas adolescentes arrogantes trabalharem também?
— Não fala assim delas. São uns amores. Elas me ajudam, quando podem. O problema é que elas saem dançar em competições nos fins de semana, então não têm tempo.
A morena de olhos verdes suspirou, balançando a cabeça.
— Você reparou nos novos camera men do programa? — ela perguntou, subitamente se animando.
Acenei a cabeça negando ao mesmo tempo em que soltava meu cabelo armado e crespo.
— Um deles é muito gato — Sarah quase sussurrou ao meu ouvido. — Ele se chama Nando.
— Você tá bem saidinha, Sarah Lúcia Sobral.
A morena pôs as mãos na cintura. Seu collant cor de rosa fosforecente lhe caia bem no corpo magro, valorizando suas curvas graciosas e expondo seu bumbum.
— Se eu não estivesse noiva, juro que deixava ele dar em cima de mim.
Sarah não era muito seletiva para homens. O noivo dela tinha uma beleza questionável, era mais baixo que minha colega de aeróbica e um pouco magro. Eu era um pouco mais exigente. Além do boy ser gato, ele tinha que ser inteligente, bem humorado e que gostasse de sair.
Talvez por isso eu estivesse sozinha, embora eu fosse um mulherão. Não gosto de parecer convencida, mas eu tenho um bumbum grande e empinado, cintura magra e seios bem feitos. Sou uma garota negra gostosa.
As meninas do Renata e você diziam que eu precisava fazer mais sexo. Eu levava na boa, me limitando a responder que me sentia bem comigo mesma.
As garotas da república foram competir em Niterói e eu fiquei boa parte do sábado sozinha, varrendo e passando um pano molhado no chão do térreo e do primeiro andar. Limpei os vasos sanitários, lustrei os móveis. Tudo isso antes do ensaio.
Voltei de ônibus pra casa dos meus pais, na Tijuca, e no dia seguinte, bem cedo, lá estava eu de novo no Jardim Botânico, pronta para dançar. As garotas entraram rindo e conversando alto no camarim, falando sobre amenidades. Nos despimos completamente e demos início à produção do nosso look.
Nosso uniforme consistia apenas de collants regata em cores néon (naquele domingo, seria azul calcinha com um semicírculo dourado na parte da frente), com abertura nas costas e na barriga, tênis brancos de cano alto e meias brancas. E nada mais. Usávamos munhequeiras da mesma cor do collant e nosso cabelo tinha sempre que estar amarrado em rabo de cavalo.
Nos maquiamos e saímos correndo para o palco, e ao chegarmos, tomamos nossas posições nos quatro degraus da escada atrás do palco. Como eu era a dançarina principal, ficava no degrau mais baixo; as outras garotas copiavam meus movimentos.
No começo foi difícil pra mim. Sempre fui tímida, e de repente ser vista na tv pelo Brasil todo, com minha bunda toda aparecendo – já que nosso collant era cavadíssimo atrás – e trabalhar com a Renata Sodré era algo que eu nunca havia imaginado.
E agora, aquilo era minha vida. O que me fazia feliz.
— Boa tarde, Brasil! — Renata gritou ao entrar no palco, segurando na mão o cronograma das atrações. A gente dançava, agitando os braços para cima, e transferindo o peso dos nossos corpos de uma perna para outra.
A plateia gritou boa tarde em resposta, bem alto, batendo palmas.
Se esforçando para ser simpática, a apresentadora cumprimentou o produtor, a equipe de cabos, câmera men e se lembrou da gente por último.
— Boa tarde, meninas da aeróbica!
Não paramos de dançar, e nossos rostos, com sorrisos artísticos, apareceram no telão num dos lados do palco.
No decorrer do programa, entre uma atração e outra, Renata dava espaço para um quadro chamado Gatas da Aeróbica, em que um câmera man dava um close numa das dançarinas. Sarah foi focalizada pelo seu Jair. Então, Renata se dirigiu a um dos câmeras.
— E você, Nando? Qual é a sua gata?
Nando.
O cara de quem a Sarah falou há dois dias.
O telão mostrou um homem jovem, de cabelo louro escuro e barba rala, com o braço esquerdo fechado de tatuagens. Como se não bastasse eu ficar de calcinha molhada molhada por homem tatuado, ele era gato. Tive de me cutucar mentalmente, me lembrar que eu estava dançando, portanto, não podia me distrair.
E não é que o boy me elegeu como sua gata, me filmando justo no momento em que eu rebolava, girando uma volta, mostrando meu bumbum todo descoberto e agitando os braços?
À cada domingo, os homens por trás das câmeras elegiam uma dançarina diferente. Mas o Nando só parecia ter olhos pra mim, o que me deixava bem cadelinha. Tudo nele era irretocável. Mas assim que o programa acabava, íamos para o camarim para nos trocarmos e os funcionários não se viam nos corredores: cada um ia pra sua casa e só voltava no domingo seguinte.
Até que um dia aconteceu.
Eu estava tomando água no bebedouro. Já estava de collant (lilás, com detalhes dourados) e tênis, pronta para ir ao palco. Nando se aproximou de mim por trás, com uma garrafa pet vazia na mão, e nos olhamos com surpresa. Um sorriso pendia de seus lábios.
— Oi — disse. — Paloma, certo?
A voz dele era articulada e imponente.
— Sim — confirmei. — E você é o Nando?
— Sim.
— O câmera man que sempre dá um close em mim. Somente em mim.
— Você não gosta?
Balancei a cabeça, negando.
— É um quadro do programa. Não tem por que eu gostar ou deixar de gostar. Só queria saber por que só eu.
— Porque pra mim, você é a mais bonita entre as dançarinas. E também a que tem o sorriso mais bonito. Quando você sorri, vejo bondade, alegria.
Minha boca semiabriu. Mas se ele achava que uma ou duas palavras bonitas me convenceria, bem, estava errado. Eu tinha experiência com homens e conhecia suas intenções.
— Obrigada — agradeci.
Nando sustentou meu olhar no dele, o que me encorajou a olhá-lo de um jeito diferente. Mais atrevido.
— Só responda sim ou não — Nando deu um tom mais confiante à sua voz.
— Fale — pedi.
— Topa sair comigo pra um barzinho?
O convite foi tão inesperado que fiquei desconcertada.
— Cara, eu nem te conheço.
— É uma chance pra nos conhecermos.
Senti meus lábios com gloss se ressecarem e meu coração vibrar. Eu podia jurar que minha vagina, mal coberta pelo maiô, reagia à sensualidade daquele homem se umidecendo.
— Diga onde você mora e vou te buscar sábado à noite — ele determinou, pretensioso.
— Eu nem disse que aceito — repliquei.
— Nem precisa. Seus olhos dizem que quer. E depois, o que você tem a perder?
Nada, respondi a mim mesma. Depois de perder a luta contra o lado racional do meu cérebro (que me lembrava que Nando era um desconhecido), aceitei ao seu convite. Nando e eu andamos juntos até a coxia. Ele foi para trás de sua câmera e eu me juntei às outras dançarinas no palco.
Fiquei aguardando a chegada do sábado como uma garota boba. Quando eu me lembrava do rosto do Nando, fechava a porta do meu quarto, e só de calcinha, introduzia um dedo no meu sexo e me masturbava.
Finalmente o dia chegou. Pus uma blusa de moletom comprida, um fio dental vermelho e meias calça preta fio 80 e um par de tênis. Fiz um coque frouxo, me maquiei e, quando meu celular recebeu uma notificação de que estava me esperando, pus minha bolsa no ombro e sai correndo recebê-lo.
Ele estava vestido com discrição, mas mesmo que usasse trapos, pareceria lindo. Me cumprimentou com um beijo no rosto, abriu a porta do carro para eu entrar e me levou para a Lapa, o bairro boêmio do Rio.
Nosso programa foi pautado por doses de cerveja, bolinhos de peixe, muita conversa e risadas. Uma cantora cantava músicas da Pitty, da Malu Magalhães, o que criou um clima perfeito entre nós. Trocamos ali nosso primeiro beijo.
Se até ali todas as ações foram comandadas pelo camera man, decidi que era hora de eu tomar a iniciativa e mostrar que eu também sabia jogar.
— Me leva pra sua casa — falei ao seu ouvido, dando uma leve mordidinha no lóbulo da sua orelha.
O sorriso safado se expandiu no rosto do Nando. Saímos do barzinho e chegamos até a casa onde ele vivia com seus pais. Felizmente eles haviam ido viajar e tínhamos a casa só pra nós.
Estávamos tão cheios de tesão que não prestei atenção em nada durante o curto percurso que fizemos até seu quarto. Nando se despiu e eu me livrei da minha blusa, sutiã, meia calça e tênis, ficando só de fio dental. Nando se deitou sobre meu corpo, nos beijamos brevemente, de língua. As mãos dele acariciaram meus seios, ora apertando-os, ora brincando com meus mamilos duros. Eu, safadinha, acariciei sua bunda com uma das mãos enquanto com a outra estimulava seu pênis – que se friccionava com minha vagina.
Os estalos dos nossos beijos criavam uma sinfonia libidinosa com meus gemidos e suspiros. Nando puxou meu fio dental para o lado, e minha boceta raspada e úmida se revelou aos seus olhos sedentos. Sorri. Adivinhando minha ansiedade, ele introduziu um dedo dentro de mim e o movimentou até eu gozar, e após fazer sexo oral em mim, arrancou minha peça íntima, a cheirou e a jogou num canto.
Nando era tão bom em fazer oral que meu emocional se transportou para um mundo de fantasias eróticas que eu adorava, mas em cujo terreno eu não pisava com muita frequência. Nem sempre tive boas transas. A maioria dos homens com quem fodi não tinham fôlego pra aguentar minha xoxota e a minha libido. Com ele tinha que valer a pena.
Nando massageou meus grandes lábios e lambeu minha vulva, pressionando meu clitóris durinho com um dos polegares. Arfei e retesei minhas costas, levantei os quadris e abri as pernas, pra ele também ter uma visão do meu ânus.
Mas o câmera achou que podíamos avançar mais um passo antes dele me penetrar, e galgando sobre meu corpo, me prendendo por entre suas pernas, apontou o pau para a minha boca e o pincelou no meu nariz. Sem fazer cu doce, abri a boca e recebi com satisfação seu membro. Fiz um oral molhado, salivando, cobrindo de saliva a glande do meu parceiro.
Por fim Nando botou camisinha e enfiou seu pênis na minha vagina. Uma, duas, dez, vinte vezes. Abri minhas pernas o máximo que pude e as entrelacei nos quadris do boy pra tornar nossa transa ainda mais gostosa, e quando pensei que todas as minhas expectativas foram preenchidas, Nando se levantou e me ergueu em seus braços.
— Que cara é essa, seu puto? — mordi a parte inferior da boca, sorridente.
Nando retrucou com uma interjeição sutil. Segurou minha bunda, me erguendo do chão com grande facilidade. Me apoiei em seus ombros. Meu colega de trabalho ajeitou seu pau na entrada da minha vagina para que eu tomasse impulso e quicasse, descendo e subindo; eu sentia suas estocadas firmes provocando ondulações no meu sexo, me castigando, me enlouquecendo, me levando a um caminho de perdição sem volta. Meus gemidos se tornaram mais intensos, se fundindo aos seus gemidos viria.
Eu nunca esqueceria daquela transa. Era tudo o que uma mulher podia querer. Nando deu um novo significado à palavra prazer, estava me dando bem mais do que eu havia imaginado.
Quando seus braços se cansaram de me erguer pela bunda e quando eu estava ofegante, Nando se sentou na cama e me pôs em seu colo. Pediu pra eu me virar de costas. O beijo que deu no lóbulo da minha orelha foi só uma preparação para a parte final da nossa transa.
Suas mãos ásperas separaram minhas nádegas e ele foi logo inserindo um dedo no meu ânus, para estimular sua abertura. A glande vermelha se acomodou na minha entradinha; minha cintura foi segurada e eu quiquei em seu pau, que entrava e saia do meu cuzinho de acordo com meu ritmo.
Decidi dar de quatro, em sua cama. Abri as pernas e empinei o bumbum, mantendo minhas nádegas separadas pelas mãos. Nando ficou em pé e voltou a penetrar meu ânus, agora ele a impor seu ritmo. Permaneci de olhos fechados, sentindo o prazer irradiar por todos os meus poros, até que eu gozei e também ele.
Nos olhamos com gratidão, sorrisos estampados em nossos rostos. Dormimos tomamos banho juntos no outro dia, fazendo um sexo rápido debaixo da ducha morna. Eu o ajudei a preparar o café da manhã e conversamos sobre o trabalho, sobre séries e filmes e – acredite – até sobre futebol.
Nando e eu nos tornamos bons amigos. Continuei a ser sua gata da aeróbica, mas não transamos mais depois daquele dia, já que não queríamos nada sério.
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