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Secar

- Ah, pode entrar, sim. Senta, meu filho, o chá já estava ferver.

Diz a senhora moçoila, receptiva e cheia de conforto. Sempre vivera sozinha, pelo que a vizinhança dizia. Veio em Outono de 78, num tal desalento que nunca havia se presenciado na pequena vila do Benvirá, com pompa de dama, e desmantelada alma de viúva.

Veio com o seu típico bule de porcelana e o bendito jogo de xícaras, com uma simples toalhinha debaixo do braço, por ela bordada.
Serve a mesa
Pega o livro encardido
Todo fim de tarde de quarta-feira era a mesma coisa. Eu, com meu quê de universitário desgrenhado, um aluno de escolinha me sentia, ingênuo e tábula rasa, com meu caderninho de sempre, para anotar as toadas da boa velha. Os assuntos eram literários, ora Camões, ora Graciliano.

Mas dessa vez o assunto não lhe agradara

- Ah meu bem, não. Hoje não é aula, é o meu clamor de revolta com a tal nomenclatura que aqueles dão.  Guarda o livro, guarda, isso aí é lixo didático. Conhecimento não se dita, se cria.

Assustado e esbugalhado, recolho meu livro resumo sobre Romantismo. A velha, como quem já não via mais horrorosa imagem, volta a falar.

- Não aguento essa mania, sabe; nomear o que já foi sem ter vivido. Esses encadernados acadêmicos bem sucedidos, com sua lógica comunista sob um salário de dezenas de milhares. Nunca viveram a Reforma, e querem descrever o Barroco. Nunca foram ao sertão, e querem entender Graciliano.

A senhora moçoila esvoaçava os braços, com indignação e revolta, o chá já havia esfriado

- O que não aceito é o dito "Mal do Século"! Olhe para a sua volta, garoto. Onde estamos? É fim de tarde e estamos trancafiados, porque se sairmos somos assaltados. E nem reclamar posso, não, eles não têm culpa de ter essa vida.
Veja bem, o mal do século é agora- a velha toma um gole de seu chá de mirtilo, e amargurada, lembra que odeia mirtilo.

- Sabe, antes nos afogávamos em vividez. O mesmo tempo que tínhamos para amar, para chorar. O que houve de errado com uma geração que morreu de viver? O drama move, sabe

Em ar pesaroso, ela titubeia.
A xícara é virada para seus lábios, e ela como sempre, se esquece do não gostar de chá.

- Em vidas secas estamos agora, meu bem- a senhora diz, melancólica- secamos com o calor dos aparelhos eletrônicos que tanto rodeiam a nossa mente. Que amor é este, que se encontra nos aplicativos e se compra com créditos? Veja bem, menino, a distância e individualismo crescentes. Um "eu te amo " é a coisa mais mórbida aparente numa conversa cara-a-cara, olha só.
Vá a um bar, todos estarão em seus aparelhos brilhantes, sentados na mesma mesa. No pedaço de guardanapo, não é poesia, é endereço eletrônico; endereço para aquela falsa vida de fundo branco e entalhes azuis. O outono está em nós.

Repousa a xícara.

- Olha bem, meu bem, o Mal do Século é agora.

Nunca se deixe secar.

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