II. Sala De Tortura
Outubro de 1986.
— Julie! — gritou Mike ao entrar no local.
A garota estava jogada no chão tremendo e sua lanterna estava ao lado dela, iluminando a parede.
— Fala comigo Julie.
— O que essa maluca viu agora? — Perguntou Lacey pegando a lanterna dela e apontando-a para os lados.
Um raio então cortou o céu e puderam ser ouvidos três gritos.
Lacey manteve a lanterna apontada para uma parede. Suas mãos tremiam ao ver um corpo mutilado brutalmente se decompondo atrás de porta de entrada.
— Isso é desconfortante — comentou Lacey desviando o olhar —, vamos sair daqui antes que eu acabe vomitando.
Mike ajudou Julie a se levantar, e continuou sem olhar diretamente para o cadáver.
Julie, no entanto, acabou gritando quando um raio cortou o céu e iluminou uma figura negra e assustadora parada no corredor. Lacey encarou a mesma e deu um grito antes de correr na direção oposta à da porta de entrada. Mike segurou firme na mão de Julie, e correu atrás de Lacey.
— O que era aquilo? — Indagou Julie, que olhava para trás a cada dois segundos.
— Não faço ideia — respondeu Lacey correndo mais adentro dos corredores daquele lugar.
O trio chegou a um corredor totalmente aberto, com janelas enormes que se estendiam do começo ao fim dele. Um fim bem escuro, por sinal.
Um raio cortou o céu e a luz iluminou as paredes completamente. Lacey dirigiu seus olhos diretamente para uma porta entreaberta. Ao escutar os passos da figura que os perseguia, ela não pensou duas vezes, e disparou para a sala misteriosa. Mike e Julie a seguiram e, uma vez que todos se encontravam dentro do quarto escuro, a porta fora fechada.
O lugar tinha se tornado um breu. Nenhum deles conseguia enxergar nada por causa da escuridão do local. Mike passou as mãos pela proximidade da porta e ao invés de encontrar um interruptor, Mike acabou tocando em algo que o machucou.
Lacey ouviu ele se queixar de dor e se aproximou dele.
— Onde está a sua lanterna Julie? — Perguntou Lacey.
— Aqui está — respondeu ela colocando a mesma nas mãos de sua colega.
Lacey ligou-a e apontou para as mãos de Mike. Elas estavam sangrando consideravelmente e a única coisa que passou pela cabeça dela foi achar algum interruptor para que pudessem iluminar aquele lugar.
— Julie — chamou ela. — Aquilo é algum tipo de tocha?
Lacey não estava crendo no que seus olhos tinham mirado, mas o estranho objeto na parede parecia muito com uma tocha.
— Sim — respondeu.
Julie foi até a mesma e pediu para que Lacey continuasse iluminando-a. Ao chegar perto da tocha, Julie tirou de seu bolso um isqueiro e, com a maior facilidade conseguiu trazer um pouco de luz para eles.
— Procure outras — comentou Julie.
Lacey passou a lanterna por todas as paredes e, ao direcionar a luz para o chão, encontrou ossos de um cadáver. A imagem a fez gritar, e Julie correu ao encontro dela, juntamente com a tocha para ver o que a tinha assustado.
Mike também foi de encontro as meninas.
— Sua mão está sangrando demais — disse Julie ignorando completamente o desespero de Lacey.
— Eu acho que me machuquei em alguma coisa.
Julie colocou a tocha no chão e pediu para que Mike estendesse o braço. Quando ele fez o que ela pediu, Julie rasgou a manga esquerda de sua blusa.
— EI! — reclamou.
— Calma, eu preciso disso para que sua mão não sangre mais.
Ela então pegou o pedaço rasgado da blusa dele e enrolou na mão direita. Em seguida, ela tirou o elástico de seu cabelo e amarrou com muita força a manga da blusa. Mike arfou de dor, e Julie o acalmou pedindo silêncio.
Enquanto isso, Lacey olhava para os ossos como se procurasse alguma coisa.
— Eu tenho certeza de que esse lugar é amaldiçoado — comentou ela.
— Como sabe?
— Não estava assim em 75.
— Lacey! — grunhiu Mike.
— Em 75? — Perguntou Julie curiosa.
— Esquece — disse ela pegando a lanterna. — Onde vocês acham que estamos?
— Em uma sala de tortura — respondeu Julie.
— Sala de tortura?
— Sim, é óbvio. Mike se cortou com alguma coisa na parede e tem ossos se decompondo aqui dentro.
Julie apontou a lanterna para a parede em que Mike estava procurando o interruptor, e se assustou. A teoria de Julie estava certa, e o objeto no qual Mike se cortou estava com bastante sangue.
— Uma serra. — disse Lacey, que continuou passando a lanterna para os lados. — Um facão, um chicote, uma foice, um cavalete, a coroa-de-cristo, uma corda, pedaços de madeira.
— Isso é horrível! — queixou-se.
Julie continuava sem falar. Olhava aqueles instrumentos atentamente, mas as expressões em seu rosto eram de indiferença.
— Temos que sair daqui — completou Mike.
De repente, a figura preta que estava os seguindo abriu a porta do esconderijo e um raio a iluminou, fazendo com que os três adolescentes gritassem antes de serem puxados pela figura para fora do quarto.
Quando eles puderam ver o rosto do homem por trás da figura encapuzada, seus olhares amedrontados perderam aquela sensação de medo.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Indagou Joe, pai de Lacey.
Julie respirou fundo e agradeceu por ser ele ao invés de um assassino.
— Eu não quero saber de vocês aqui dentro outra vez, entenderam? Vamos embora.
Julie, Mike e Lacey seguiram Joe até a saída em silêncio. O homem parecia que estava esperando que os jovens dissessem uma mísera palavra para poder brigar com eles. Apesar de todo aquela assustadora situação, Mike, Julie e Lacey não se deixaram abalar, e continuaram andando com a cabeça erguida até chegarem no acampamento, onde o restante do grupo os esperava.
— Onde vocês estavam? — Perguntou Shirley. — Foram fazer alguma coisa na floresta que nós não podemos participar?
Joe se afastou dos jovens e foi até uma das cabanas.
— A gente não fez nada sua pervertida — respondeu Lacey, que riu da situação.
Após alguns segundos de risos, o grupo deixou a diversão para acompanharem a chegada de Pauline. Ela estava com um roupão e apesar de muitos quererem rir, a seriedade no olhar dela os impediu de executarem tal ato.
— Eu estou decepcionada — comentou. — Eu achei que pudessem se divertir sem prejudicarem o verão de vocês, mas eu claramente me enganem quanto à isso.
Nenhum dos adolescentes encarou Pauline nos olhos.
— Há um motivo pelo qual eu não deixo vocês irem além da floresta. E por mais que eu insista em adverte-los, nenhum de vocês quer realmente obedecer às regras. Portanto, aos três que resolveram se aventurar na floresta — disse ela apontando para Mike, Julie e Lacey — eu os proíbo de se afastarem pelo menos um metro do lago.
— Mas a gente não fez nada mãe, era uma brincadeira — explicou Mike.
— Foi por causa de uma brincadeira que eu perdi esse lugar, e não vou permitir que isso aconteça de novo — completou Pauline. — Todos para as camas! Teremos um grande trabalho amanhã.
Joe balançou a cabeça indicando que eles deveriam ir para as cabanas, e o grupo, de má vontade, pegaram suas coisas e voltaram calmamente aos seus aposentos.
— Não acredito que a noite acabou por causa de vocês! — resmungou Finn.
— O que fizeram de tão grave? — Indagou Shirley.
— Nós entramos no prédio abandonado — respondeu Julie.
— Vocês foram até o Creedmoor?
— Eu não sabia que era tão ruim.
— Não faz ideia de quanto.
Todos ajeitaram as suas camas e foram se deitando aos poucos. Chloe, no entanto, esperou que seus colegas estivessem dormindo e se levantou para retirar as lâminas debaixo do seu travesseiro. Enquanto ela as colocava em um local seguro, imaginou qual de seus amigos tinha mexido nelas, já que a mesma não fazia ideia de como as lâminas acabaram espalhadas pela cama.
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