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I. Bem-Vindos à Woodstray Camp

Outubro de 1986.

Julie olhava pela janela do seu quarto. Estava aguardando ansiosamente pelo ônibus que a levaria para o Woodstray Camp, famoso acampamento dos anos 60 que foi fechado após pequenos conflitos com as instalações vizinhas. Julie pegou o panfleto de reinauguração do acampamento. Iria acontecer em poucas semanas.

Ela não poderia estar mais animada. Nunca tinha ido para um acampamento em seus 19 anos, e precisava tirar isso da frente. O quarto dela era recheado com troféus e medalhas. A maioria deles foram ganhados em competições atléticas.
Sua animação a fez se assustar quando percebeu a presença de seu irmão mais velho na porta de seu quarto.

― Está assustada por quê? ― Perguntou Scoth P. Waller com os braços cruzados.

― Eu não estou assustada ― respondeu pegando o Walkman e tirando a fita cassete de dentro dele. ― Tome.

Scoth pegou a fita e olhou o seu nome gravado com canetinha azul.

― Devia ter me pedido ― comentou ―, sabe que eu não gosto que mexam nas minhas fitas.

― Eu sei, desculpa. Mas se faz você se sentir melhor, eu gostei das músicas.

― Faz sim ― disse Scoth.

De repente os dois ouviram uma buzina alta, provavelmente de um ônibus, soando pela janela do quarto de Julie.

― Sua carona chegou.

Julie se levantou e abraçou seu irmão antes de pegar desesperadamente a mochila e correr pelas escadas até a porta. Após se despedir visualmente da casa, Julie andou normalmente em direção ao ônibus.

Quando entrou, deu um último aceno para seu lar e encarou os adolescentes que estavam sentados ao fundo.

Tinham quatro garotas e um garoto. A primeira imagem que veio na cabeça dela foi um harém. Uma daquelas meninas percebeu que Julie estava estranhamente alegre e tentou ser arrogante.

― Por que está tão alegre? ― Perguntou soando totalmente debochada. ― Já sei! Seus pais finalmente deixaram você sair pela primeira vez.

O grupo dela começaram a rir, apesar de Julie não entender o motivo da graça.

― Ah, qual é? Foi engraçado. ― estendeu a mão. ― Meu nome é Lacey Caldwell.

Julie a cumprimentou, mas ficou com medo dela planejar outra humilhação.

― Eu sou a Julie.

― Esses são meus amigos Billie, Shirley, Chloe e Finn.

— É um prazer.

Julie colocou sua mochila embaixo do banco, e quando se sentou, percebeu que não tinha ido com a cara de Lacey.

— Sabe que estamos indo para um acampamento, não é? — Perguntou sarcasticamente.

Esse comentário não mudou sua perspectiva dela. Só confirmou o que ela já presumia.

— Eu sei Lacey — respondeu Julie —, por isso eu trouxe essa mochila.

Lacey revirou os olhos. Provavelmente não acreditando que aquela garota era real.

— Ela é estranha. — sussurrou alguém do fundo do ônibus, depois que Julie colocou seus fones de ouvido e começou a ouvir A-ha.

Após alguns minutos de conversas alheias sobre o silicone de uma garota qualquer, e a quantidade de meninas que o jogador de futebol americano tinha pegado no verão passado, o grupo de jovens tomou um susto assim que uma ave de penas pretas bateu contra o vidro dianteiro do ônibus. A ave teve metade do seu corpo preso ao ônibus pelo bico, enquanto o restante fora arremessado longe, fazendo-se espalhar muito sangue.

O motorista então freou o veículo.

— Estão todos bem? — Perguntou ele.

— Sim — responderam em uníssono.

Julie se levantou e foi para perto do vidro.

— Isso é um corvo?

— Sim, é um corvo, o que é estranho — comentou Joe —, porque não tem corvos nessa região.

Julie então saiu do ônibus e se aproximou mais do animal.

— Saia de perto dele! — Ordenou o motorista.

— Tenho que tirar ele dali — disse ela pegando um saco plástico de seu bolso.

Estranhamente, Julie andava sempre preparada, e sua fascinação por ir pela primeira vez à um acampamento talvez a tenha deixado um pouco preparada demais. Enquanto ela removia com cuidado o animal dali, Lacey e os outros adolescentes a encaravam com preocupação. Assim que o corvo estava na sacola, Julie amarrou com cuidado e o jogou no canto da estrada.

— Agora o sangue é com vocês — falou Julie antes de voltar ao ônibus e sentar no seu lugar com os fones no ouvido.

— Como fez aquilo? — Perguntou Finn, o único garoto naquele grupo do acampamento.

— Como fiz o quê? Eu só tirei um pássaro morto do vidro. Qualquer pessoa consegue.

— Eu não teria conseguido.

Finn voltou a se sentar junto com as meninas e deixou que Julie continuasse ouvindo música.

— Eu achei bizarro — comentou Shirley. — Tem alguma coisa muito errada com aquela garota.

— Concordo, já viu como ela fica ouvindo aquela porcaria de Walkman? — Perguntou Billie.

Lacey encarou Julie debochadamente antes de a chamar.

Quando a menina se virou, entretanto, Lacey começara a debochar de seus fones. Eles estavam tão bem colocados, que aparentava estar ouvindo música, mas Jule acabou ouvido aquilo, que soou de uma forma tão infantil que ela acabou nem ligando.

— Já estamos perto! — gritou Joe para os passageiros, que vibraram de alegria.

Julie encarou pela janela um garoto lindo em cima de uma escada limpando o letreiro onde estava escrito “Woodstray Camp”.

O acampamento era lindo. Primeiramente por causa de seu lindo lago que ficava ao lado das cabanas. Elas sim estavam acabadas. A culpa daquilo só podia ser atribuída ao fechamento repentino em 1964, o ano em que um paciente perigoso fugiu do sanatório, coincidentemente localizado à alguns quilômetros de onde o acampamento fica. A beleza estava mesmo nas lindas árvores que floresciam ali.

Julie apreciou um pouco do charme daquele lugar antes de cair de cara no chão. Risadas se seguiram do ocorrido, e Julie não conseguiu ver quem a havia derrubado. Nem precisava na verdade. Era tão óbvio.

Assim que se levantou, limpou a sujeira de sua roupa e deu uma leve virada para trás.

Piranha. Pensou assim que viu Lacey rindo.

De repente um homem irritado apareceu com uma vassoura na mão. Provavelmente o faxineiro.

— Peter! — gritou Finn, que foi imediatamente o abraçar.

— E aí moleque? Caralho! Você está grande!

— Isso é o que alguns pelos no rosto fazem.

— Parece que todos vocês vieram mesmo.

Peter conhecia todos ali, menos Julie, como todo mundo.

Lacey o cumprimentou, Shirley depois, em seguida Billie, e por último Chloe.

— E quem seria você querida? — Perguntou apertando a mão da desconhecida.

— Julie P. Waller — respondeu se afastando um pouco dele.

Peter olhou para ela com olhar de quem sabia exatamente de quem se tratava.

— Você por acaso  seria a irmã de Scoth P. Waller?

— Sim, meu irmão me disse que me associaram a ele — comentou.

— Eu sabia! Seja muito bem-vinda, meu nome é Peter Jackson.

Julie pareceu também já ter ouvido aquele nome, mas ignorou por um instante. Ela então se virou para pegar sua mochila do chão, mas parou e viu que agora todos a encaravam.

— O que foi? — Perguntou ela.

— Não nos disse que era irmã do Scoth — respondeu Billie. — Ele foi nosso tutor.

— Vocês não trocaram muitas palavras comigo, e as poucas que trocaram já foram suficientes para ver como tratam os estranhos.

Após a patada, o garoto que estava limpando a placa de entrada se aproximou.

— Eles não são sempre assim — disse encarando Julie —, eu juro. Me chamo Mike, sou filho da monitora chefe.

Julie estendeu a mão para ele e, enquanto abraçava seus amigos, uma mulher de cabelo curto tingido de preto se aproximou dos adolescentes.

— Bem-vindos à Woodstray Camp — disse ela calorosamente. — Meu nome é Srta Pauline Geovanne e eu sou a monitora chefe do acampamento. É um prazer recebê-los aqui.

— Não precisa de tanta formalidade senhorita Geovanne — comentou Lacey abraçando-a —, já nos conhece desde que éramos crianças.

O olhar de incomodo que Julie fez ao perceber que era nova em todos os sentidos, abriu um sorriso estonteante no rosto de Lacey.

— Isso é verdade. Mesmo assim parece que faz muito tempo.

Mike, filho de Pauline foi para perto de sua mãe.

— Eu admito que estou animado com essa reforma — disse ele.

Lacey, ao ouvir aquilo, cruzou os braços.

— Não disse que tínhamos que fazer trabalho pesado — reclamou ela.

— Acha que o Peter vai terminar tudo sozinho em duas semanas? Eu acho que não.

— E o que temos que fazer? — perguntou Finn enquanto observava Shirley e Billie passando uma lixa nas unhas.

— De início, vamos colocar as malas na cabana 2. É onde vamos ficar até terminarmos de limpar o restante delas.

— Então isso significa que vamos mesmo limpar as cabanas? — Questionou Lacey, soando sarcasmo para Julie.

— Vão colocar as malas, começaremos amanhã, quando a decoradora chegar — respondeu Pauline Geovanne.

Julie foi até sua mochila jogada no chão e a pegou. Pauline pareceu a reconhecer.

— Acho que não a conheço, mas você me parece familiar — disse ela estendendo a mão para cumprimentar educadamente —, sou Pauline Geovanne.

— Julie P. Waller.

— A irmã do Scoth — afirmou ao se recordar dele. — Bom menino. Espero que seja tão carismática quanto o seu irmão.

— Eu na verdade espero ser um pouco menos parecida com ele. Não gosto de ser comparada ao meu irmão.

— Oh! Não pense que eu quis te comparar com ele, nunca! Eu só tentei começar com o pé direito com você.

Julie deu um meio sorriso.

— Acho melhor eu ir arrumar a minha mala.

O acampamento era enorme. Tinha umas 10 cabanas que era visíveis à olho nu, além de outras que deveriam estar mais aos fundos, sem contar com um dos mais bonitos lagos de toda a região bem diante dos campistas.

Julie, enquanto encarava toda aquela beleza que só o primeiro contato visual poderia lhe proporcionar, percebera que Finn também estava hipnotizado com alguma coisa na outra margem do lago.

— Eu te ajudo — disse Mike assustando-a.

— Que susto! — enfatizou.

— Desculpa.

Mike pegou a mochila de Julie de sua mão e perguntou se eles poderiam seguir para a cabana. Ela, no entanto, continuara acompanhando o olhar preocupado de Finn. Curiosa, Julie se aproximou, chamando o garoto de volta à realidade.

— Eu achei que tinha visto um animal selvagem, mas era só um esquilo bebendo água.

Finn pensou se tinha sido convincente o bastante.

Julie então deu um sorriso e deixou que ele continuasse a admirar o esquilo. Finn respirou fundo ao ver que ela e Mike estavam longe e seu olhar o levou direto para a margem, onde estranhamente conseguia ver sua própria silhueta.

***

— Como é? — perguntou Mike a Julie.

— O quê?

— A sensação de pisar em um acampamento pela primeira vez.

— Vou admitir que eu estava com expectativas muito altas — respondeu ela. — Acho que tudo isso é culpa da Lacey.

— Qual é? A Lacey não é tão chata assim.

— Conheço o tipo dela e não me leve a mal, mas ela deu uma primeira impressão muito errada.

— Talvez você só deva ficar um tempo sozinha com ela.

Ambos então pararam na frente da cabana 2, onde eles ficariam durante as duas semanas seguintes.

— Eu não vou passar um tempo sozinha com a Lacey. Sinceramente eu nem quero saber se ela teve um passado traumático e que esse mudou sua personalidade drasticamente.

Julie pegou sua mochila da mão de Mike.

— Obrigado pela ajuda, mas eu e a Lacey não vamos ser amigas. Nunca.

Ao entrar na cabana, Chloe e as meninas encararam a novata enquanto colocava sua mochila no beliche mais próximo da porta. Finn então chegou e se sentou em um dos beliches perto de Billie e Shirley.

— Se quiserem me zoar assim como a Lacey, é melhor fazerem isso logo — comentou Julie sem olhar diretamente para ninguém —, sejam pelo menos sinceros e digam o que pensam de mim antes que comecemos a fingir uma amizade.

— Eu te acho estranha demais — disse Shirley.

Chloe deu um tapa no braço dela.

— Nós só não tivemos chance de te conhecer completamente — corrigiu ela —, e é por esse motivo que Lacey aparenta ser tão chata.

— Querem me conhecer então? — perguntou Julie tirando a blusa. — Vou estar nadando no lago.

Finn a observou atentamente. Parecia um cachorro vendo um osso.

— É assim que se fala! — respondeu ele tirando a camiseta também.

Billie e Shirley acompanharam os dois logo em seguida, mas Chloe pegou um livro na bolsa e ficou o lendo na cabana.

Chegando no lago, os colegas entraram na água. Julie correu o mais rápido que pôde, e se jogou quando seus pés não conseguiam sentir o chão. As meninas Billie e Shirley fizeram o mesmo, enquanto Finn arriscou mais e subiu no píer para dar um mortal de costas. O público aplaudiu o salto dele, mas a diversão foi interrompida por Lacey, que chegou junto com Mike.

Julie encarou os dois.

— Essa não é a nossa colônia de férias, mas eu apoio a gente se divertir nem que seja só por um dia — disse ela olhando para Mike. — Tira a roupa.

Todos pararam de fazer o que estavam fazendo para verem Lacey Caldwell dando em cima do filho de Pauline.

Ele, no entanto, não se importou e tirou a camisa e o shorts, ficando somente de sunga. Lacey encarou por alguns segundos antes de perceber que precisava tirar sua roupa também. Assim que ela estava de biquíni, Lacey olhou para Mike.

— Gosta do que vê? — perguntou Lacey andando em direção ao lago.

Mike sorriu e correu, pegou Lacey e a carregou pelo píer até a ponta dele.

— Não, você não vai fazer isso! — Implorou ela.

Mas Mike acabou não cedendo para a garota, e a jogou no lago antes de também dar um mortal como Finn.

***

De longe, Joe Caldwell conversava com Peter Jackson enquanto limpava com água e sabão a mancha de sangue no ônibus.

— Como que isso aconteceu? — Perguntou Peter curioso.

— Um corvo bateu com tudo na vidraça antes de chegarmos ao portão principal. A Julie ajudou a tirar a ave de lá com uma sacola.

— Ela tinha uma sacola? — Debochou ele.

— Sim, e admito, ela parecia saber o que estava fazendo.

— Por que uma garota como ela teria uma sacola na bolsa?

— Para não sujar os sapatos caros, talvez.

Peter então se aproximou um pouco do lago e viu os adolescentes jogando água uns nos outros.

— Essa Julie não me é estranha.

— Você mesmo disse que ela é irmã do Scoth, não lembra?

— Lembro, mas não é a respeito disso, eu vou descobrir qual é a dela.

Peter continuou encarando Julie P. Waller se banhando no lago, e começou a pensar nas coisas que aquela garota poderia estar escondendo.

***

Enquanto isso, na cabana da supervisora chefe, Pauline Geovanne pegava uma foto antiga dos amigos de seu filho. Da esquerda para a direita estavam Scoth, Adrian, Mike, Lacey, Finn, Shirley, Billie e Chloe. Ela então respirou fundo e olhou para a janela, que tinha vista direta para o lago. Para ela, aqueles eram os amigos de que Mike precisaria em dias difíceis. Sua visão então a levou para a plataforma, onde uma figura de terno preto e cabelos grisalhos encarava os jovens nadando.

***

— Vamos sair daqui, a água está gelada! — gritou Billie saindo primeiro.

Os jovens foram aos poucos se retirando do lago e se dirigiram para o banheiro tomar uma ducha. O banheiro feminino e o masculino eram grandes o suficiente para que todos pudessem tomar banho ao mesmo tempo. O acampamento nem poderia funcionar se isso não fosse possível.

Julie, Billie, Shirley e Lacey entraram no banheiro e pegaram algumas toalhas que já estavam prontas nos armarinhos ao lado da porta. Em seguida, ligaram os chuveiros e começaram a se ensaboar.

Todas estavam muitas quietas, e até então não tinham dito uma palavra.

— O que vocês acharam do lago? — Perguntou Julie quebrando o gelo.

— É um lago, não tem nada demais — caçoou Lacey.

Julie continuou se ensaboando normalmente até que Lacey começou a falar.

— Ei meninas, sabe o que eu estou a fim de jogar hoje? — Indagou com um sorriso no rosto.

— Verdade ou desafio! — gritaram as três em uníssono, deixando Julie de lado mais uma vez.

— Também pode brincar se quiser Juju — provocou.

— Não quero fazer parte disso, mas obrigada pelo convite.

— Por que não? Está com medo?

— Eu não tenho medo! — exaltou-se.

— Então participe da brincadeira.

— Parece um desafio — comentou Julie.

— Se você aparecer, saberemos que é uma competidora voraz.

— Está bem então.

Enquanto as meninas terminavam de tomar seus banhos, no banheiro ao lado só se era possível ouvir as risadas de Finn e Mike.

— Caramba! — disse Finn. — Os peitos dela eram muito pequenos!

Mike olhou para ele, que o ignorara para tirar o shampoo do cabelo. Finn então abriu os olhos e viu a expressão de seu amigo.

— Eu não minto cara. Não sobre peitos.

— Mas logo ela? Não acha um pouco cruel?

— Não vamos precisar contar, então estamos de boa.

De repente, enquanto os dois terminavam de tomar seus banhos, Lacey apareceu e deu um grito que os fez se assustar.

— As duas bichinhas podem parar de se tremer e virem para a cabana por favor?

Finn saiu de baixo do chuveiro e colocou as mãos em suas partes íntimas para cobri-las antes de ficar de frente com Lacey.

— Você é uma babaca, e sabe das regras — apontou para a placa —, as meninas não têm permissão para entrarem no banheiro masculino, e vice-versa.

— Relaxa, eu só vim aqui porque esperava que os cavalheiros acompanhassem eu e as garotas no jogo de verdade ou desafio.

— Agora? — Perguntou Finn.

— Claro que não, ao anoitecer — respondeu ela dando uma longa olhada em Mike antes de se dirigir até a porta.

Finn continuou com as mãos em sua genitália ao perceber que Lacey estava imóvel na entrada.

— Não precisa cobrir isso — disse virando para encarar Lockwood — nós dois já sabemos como ele é.

Envergonhado, Finn voltou para o chuveiro e o abriu. Mike não se conteve por muito tempo e debochou do amigo na ausência de Lacey.

***

A noite chegou rápido e os jovens não perderam nem um segundo. Colocaram toda a lenha que Peter já havia cortado de manhã perto do lago e a fogueira logo se formou. Sentaram-se no chão frio mesmo. Em seguida, Chloe chegou com uma cadeira retrátil e um saco de marshmallows.

— Você vai mesmo sentar nessa cadeira? — Queixou-se Shirley.

— Se vocês quiserem se sentar no chão o problema é de vocês, eu não vou me sujar de terra antes de dormir.

Shirley revirou os olhos e Billie a acompanhou na expressão. Chloe abriu os marshmallows e pegou alguns galhos para distribuir. Ela então colocou uns cinco na ponta e deixou que cada um pegasse o quanto queria. Shirley colocou alguns em seu colo e mais três no galho. Billie só colocou um, porque quando foi pegar um punhado Shirley passou o saco para Julie. Esta colocou dois na ponta de seu galho. Lacey pegou somente um, Mike se contentou com quatro, e Finn ficou com o que sobrou dos marshmallows.

Assim que todos estavam com seus galhos cheios de marshmallows, começaram-se a assar os doces na fogueira.

— Então — comentou Lacey após um tempo de silêncio entre o grupo —, estamos prontos para jogar verdade ou desafio?

— Eu estou — respondeu Shirley levantando a mão.

— Ótimo, eu vou escolher — parou e pensou com cuidado —, Finn Lockwood.

— Ai que saco! — reclamou. — Sou sempre eu o primeiro.

— São as regras, querido.

— Regras? — perguntou Julie.

— Sim, escolhemos os meninos primeiro desde que começamos a brincar disso em 73.

Julie ficou confusa pois soube pelo seu irmão Scoth que o acampamento fechara em 1964, então se eles estavam nesse lugar em 73, Julie só conseguia pensar que o acampamento não tinha fechado completamente.

— Verdade ou desafio? — questionou Lacey olhando para Finn como se já soubesse a resposta.

— Verdade — disse ele ajeitando seu galho perto da fogueira.

— Com qual de nós você transaria agora?

— Isso é uma pergunta muito invasiva.

— Se não responder já sabe qual é a punição.

— Punição?

Julie estava realmente confusa, e quando ela fez essa pergunta todos a olharam como se fosse uma criança.

— Se não cumprir o desafio ou dizer a verdade você vai ter que ser nossa escrava pessoal por uma semana, e poderemos pedir que faça o que nós quisermos.

— Isso é horrível! — Manifestou-se.

— Só jogue direito e não vai ter que lavar os pés de ninguém.

Lacey contorceu os lábios e retomou de onde tinha parado.

— Hora de responder minha pergunta.

— Eu não sei, talvez — Finn hesitou um segundo —, a Chloe.

Todos soltaram piadinhas, menos Billie, que encarava aquilo de forma ciumenta, enquanto isso, a garota tentava colocar sua cabeça em algum buraco de tanta vergonha.

— Viu, foi fácil. Agora é a sua vez.

Finn tirou seu galho ao ver que o marshmallow pegara fogo. Ao se tocar de que precisava escolher alguém, seus olhares só o levaram para seu melhor amigo.

— Mike, verdade ou desafio?

— Desafio.

— Eu te desafio à mostrar seu pênis para todos aqui e agora.

— O quê? Não, isso é um absurdo!

— Concordo — argumentou Lacey — ele não pode fazer isso, é muito pesado.

— Tudo bem, tudo bem — comentou Finn. — Eu te desafio a beijar a garota nova.

— Você quis dizer a Julie.

— Isso mesmo.

Julie ficou envergonhada, e aparentava não querer aquilo de forma alguma, principalmente pelo olhar fuzilante de Lacey agora direcionado para sua cabeça.

— Os pombinhos podem se levantar? — Indagou Billie.

Mike e Julie ficaram frente a frente, e antes de poderem pelo menos se encarar direito, Mike a beijou. Lacey, ao ver aquela cena, os separou rapidamente.

— Chega né? — perguntou ela. — Pode passar adiante.

Mike voltou a se sentar. Julie não sabia se podia ficar feliz com um beijo de quase dois segundos. Nem chegara a ser um beijo, então ela só continuou expressando indiferença para deixar Lacey menos preocupada.

— Eu quero ir agora — ponderou Lacey.

— Não era para a minha vez? — Questionou Mike.

— Não é mais — esbravejou. — Julie? Verdade ou desafio?

— Verdade — respondeu ela.

— Não, escolhe desafio.

— Achei que eu pudesse escolher.

— Não dá uma de sonsa comigo, escolhe desafio! — Gritou.

— Está bem, desafio.

— Eu te desafio a andar pela floresta e se perder.

— O quê? — Perguntou Julie confusa. — Não sei se entendi o que quer que eu faça.

Lacey pegou um lenço que colocara no chão para se sentar e deu para ela.

— Coloque esse lenço e saia andando pela floresta e só poderá tirar ele quando não conseguir mais ouvir a gente.

— Isso é muito radical Lacey — argumentou Mike.

— Estaremos por perto para ter certeza de que ela vai cumprir o desafio.

— Tudo bem, eu faço isso.

Julie não sabia se eles queriam interferir, mas a medida que ela amarrava aquele maldito lenço em volta dos olhos, ficou mais claro que ninguém era amigo dela.

— Vamos girar ela, assim ela não vai saber para onde está indo — disse Lacey.

Julie então sentiu algumas mãos empurrando seu corpo para os lados, fazendo-o girar. Amedrontada, ela tentou manter a respiração normal. Quando pararam de girar, Julie sentiu a deixa para começar a andar e provar para aqueles babacas que ela podia cumprir um desafio ridículo.
Antes mesmo de sentir a primeira árvore perto, Julie tropeçou em um galho e ouviu as risadas altas. Se levantou e guiou-se com as mãos para que não batesse nas árvores. Ela não sabia onde estava, mas sentiu o vento gélido que corria por dentro daquela floresta.

Tocou uma árvore e a desviou com cuidado. Ela já não ouvia mais os adolescentes, então achou que seria conveniente tirar o lenço que lhe cobria os olhos. Ao olhar para a densa floresta que se estendia por seu caminho, ela imediatamente pensou em sair dali. O frio tinha voltado a ser um incômodo, e suas pernas não estavam preparadas para aquela ventania. Caminhou mais um pouco, só que sua visão limitada não a deixava ver muito. Pegou então uma lanterna que tinha guardado em seu bolso para emergência e ligou-a. Ao longe ela viu um prédio e correu na direção dele.

— Droga! — disse ela ao ver que eram ruínas e não um prédio em funcionamento.

Após pensar um pouco, Julie decidiu se aproximar dele. Uma placa meio escondida embaixo de folhas e roseiras não chegava a mostrar o nome, mas ela conseguiu ler Centro Psiquiátrico. Sem pensar duas vezes, Julie colocou sua lanterna embaixo do braço, e forçou a abertura da porta de entrada.

Do meio da floresta, alguém saiu de trás de uma árvore e chamou pelo nome de Julie. Ao se virar, ela apontou a lanterna e enxergou Mike, tremendo de frio.

— Vamos voltar. Já cumpriu o desafio.

— Eu sei que já, mas você não está curioso para saber o que tem aqui dentro?

— Não! E espero que deixe que ela descubra por si mesma — comentou Lacey, aparecendo ao lado de Mike. — Vai acabar morrendo aí dentro.

— Se tiver algum monstro, talvez.

— Se quiser entrar e descobrir, fique a vontade, não vai fazer falta nenhuma.

Julie então abriu a porta, entrou rapidamente e a fechou para que Mike e Lacey entendessem que ela não precisava de ajuda.

Enquanto ela explorava lá dentro, Mike continuava imóvel.

— Vamos embora! — disse Lacey o puxando pelo braço.

De repente, ambos ouviram um grito de Julie. Mike não pensou duas vezes e correu para salvar ela. Lacey, não sabendo o que fazer, decidiu entrar no prédio abandonado também.

Um raio então cortou o céu e puderam ser ouvidos três gritos.

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