10. Terapia de Choque
1962.
– Você quer dizer que está fazendo tudo isso por mim? – perguntei assustada por ter entendido rapidamente o que ele quis dizer com aquilo.
Eu encarei Tad Lincoln acreditando estar maluca finalmente, mas ele me encarava sério, como se quisesse me convencer de que a culpa para tudo aquilo era minha.
– Não posso ser a responsável por nenhuma dessas mortes. Eu não matei ninguém Tad.
Ele continuou com sua mão encostada na minha. Foi instantâneo, a ligação entre nós esclareceu coisas que achei ser impossível. Meu padrasto morreu porque no fundo eu tinha um ódio por ele; Joanne morreu porque eu me senti brava quando ela resolveu mexer em meu guarda-roupa; e o Ethan morreu porque eu queria isso, no fundo eu queria. Eu era realmente era uma assassina, e não havia nada que poderia mudar esse fato. Olhei então para Tad e comecei a bolar um plano.
– Eu quero que você volte para o guarda-roupa e não saia de lá por nenhum motivo. – ordenei. – Você deve ficar lá dentro, mesmo que meu desejo mais profundo seja que você mate alguém, entendeu?
Ele balançou a cabeça e começou a se deslocar da cama para dentro do guarda-roupa. Quando vi ele fechar a porta, levantei-me e fui até o corpo de Ethan.
– Preciso esconder você. – disse enquanto mexia em suas roupas tentando encontrar algum objeto. – Eu sinto muito. Não queria que você morresse.
Foi então, no meio da busca por objetos, que me lembrei de Theo. Ele tinha me ajudado antes com o corpo de Steve.
Era isso!
Me levantei rapidamente e me dirigi até a sala de cirurgias, lugar onde Theo costumava ficar. Assim que cheguei, abri a porta e entrei, mas o mesmo não estava lá. Estranhando o sumiço repentino dele, sai da sala e voltei a andar pelo corredor em direção ao meu quarto. No caminho de volta, olhei para a porta de entrada de Creedmoor e então a vi. Era impossível, improvável, e havia uma grande chance de eu estar chorando, mas felizmente eu sabia que aquela cena era real demais para parecer só loucura da minha cabeça. Minha mãe estava ali ao lado de Constance, linda como sempre. O seu vestido era amarelo claro e seu cabelo tinha um design curto comparado à última vez que a tinha visto. Foi como mágica, mas senti uma alegria enorme ao vê-la ali. Comecei então a andar na direção dela, como se tudo dependesse disso, e a cada passo, eu ficava ainda mais próxima de abraçar a minha mãe depois de semanas. Quando estava perto de ficar frente a frente com ela, alguém me puxou, tirando minha visão dela. Levantei-me rapidamente para tentar ir atrás de minha mãe novamente, mas a porta do quarto foi fechada por Henrique Wolin.
– O que você fez?! – perguntei já partindo para cima dele na intenção de soca-lo.
– Você é muito burra! – disse Rick, assumindo o olhar macabro no corpo. – Não ache que ela vai simplesmente deixar você ver a sua mãe, não é assim que funciona.
– Sai da frente da porta Rick, eu quero falar com ela!
– Não pode! – gritou ele. – Isso já aconteceu antes, a Constance vai contar para a sua mãe que está morta.
– O quê? – perguntei surpresa. – Por que ela faria isso?
– Por que é isso que acontece com quem entra em Creedmoor. Ninguém que passa por aquela porta sai vivo daqui.
Apesar desse assunto estar me assustando muito, Rick estava certo. Eu só sai da última vez por sorte, e quase morri no processo. Não podia cometer o mesmo erro de novo.
– Eu prometo que não vou falar com ela. – disse sinceramente. – Me deixa ir.
Henry assumiu o corpo e me olhou com um olhar triste, mas desconfiado. Ele queria realmente ter certeza de que eu não iria atrás dela. Quando parou de me observar, abriu a porta, liberando passagem para mim. Saí de lá devagar para não o deixar desconfiado e fui para o corredor em direção à sala de cirurgias. Entrei lá procurando por Theo novamente, e o mesmo tinha voltado ao seu posto.
– Alice? – ele perguntou confuso. – O que está fazendo aqui?
– O que fez com o corpo do Steve?
– Por que quer saber? Por acaso tem outro corpo rondando pelo sanatório?
– Olha, eu não queria ter que confiar em você, mas não consigo fazer tudo sozinha. – respondi confirmando de forma indireta à sua pergunta. – Pode me ajudar?
– Deixe tudo comigo, não terá que se preocupar com a Constance.
– Eu sinto muito que ela maltrate você, é um homem bom. – disse saindo da sala dele e indo para o quarto do qual eu nunca deveria ter saído.
***
Quando entrei, Nancy me encarou com sua sobrancelha erguida.
– O que você acha que vai acontecer quando a Constance descobrir que você não dormiu aqui ontem? – perguntou sarcasticamente enquanto deixava claro que havia um pingo de ameaça na pergunta.
– O que você acha que vai acontecer quando a Constance descobrir que está dormindo com a Emma? – perguntei lançando minha carta na manga.
– Você não faria isso. – disse Nancy parecendo estar com medo.
– Tenta me dedurar então sua vaca.
Eu estava cheia da Nancy. Tentei fazer de tudo para ser amiga dela, mas essa garota insiste em ser uma vaca com todo mundo, então eu sabia que precisava jogar duro com ela.
Sentei-me na minha cama, e imediatamente senti um enjoo. Parei o que estava fazendo e comecei a respirar fundo.
– Chama o Noah. – disse para Nancy.
– Por quê?
Ela tinha me irritado bastante.
– Chama logo ele sua vaca! É questão de vida ou morte!
Nancy saiu do quarto rapidamente e foi atrás dele. Não sei exatamente quanto tempo demorou até ele chegar, mas ele ficou preocupado ao ver a minha situação.
– Não! – disse ao se aproximar de mim. – Você não tomou os remédios.
Dei um grito de dor ao sentir uma pontada na minha barriga. Imediatamente Noah me deu um comprimido. Tomei-o logo em seguida e deitei na cama.
– Deve tomar esse remédio amanhã nesse mesmo horário.
Assim que recuperei minha respiração, chutei a cabeça de Noah, que desmaiou instantaneamente no chão. Nancy viu a cena e ficou surpresa com minha atitude repentina.
– O remédio agiu tão rápido? – perguntou ela.
– Fecha a porta. – disse enquanto vasculhava os bolsos dele.
Após alguns segundos, encontrei o molho de chaves.
– O que você vai fazer?
Encarei Nancy e sorri para a mesma. Meu plano era maluco, mas era o único sensato que tive desde que cheguei.
– Pegar a minha mãe e fugir daqui. – respondi saindo do quarto e indo em direção à sala de Constance.
***
Subi as escadas até a sala de Constance e me encontrei na frente da mesma com o molho de chaves na mão. Não achei que isso seria o suficiente para conseguir tirar a minha mãe dali, mas precisava de alguma forma tentar. Quando tentei abrir a porta, parei para ouvir a conversa que as duas estavam tendo.
– Olha Constance, eu não sabia que você era dona desse lugar. – disse Jade, me fazendo lembrar do diário que li.
– Acha mesmo que eu me importo com isso? – perguntou Constance. – Você era minha melhor amiga; na verdade a única. Eu sou uma pessoa melhor agora.
– Você é mesmo? Não vejo isso.
– Como pode me julgar sem me conhecer?
– Prendeu minha filha aqui sendo que ela não fez nada.
Minha mãe acreditava em mim. Todos disseram que foi ela quem confirmou que eu a ataquei, mas ali estava ela, dizendo o contrário, que eu não tinha feito nada.
– O padrasto dela a colocou aqui porque ela te agrediu e chegamos à conclusão de que sua filha tem esquizofrenia. – disse Constance tentando contornar a situação.
– Não devia tê-la julgado por coisas que as pessoas dizem. Eu sei o que me atacou. O monstro no guarda-roupa dela...
– Por favor para. Você está confusa, está bem? Não há a menor chance de o "monstro" ser real. Eu sou sensata Jade, não tem como isso ser verdade.
– Era por isso que você não tinha amigos. Nunca soube desfrutar do que possuía e agora está aí, tratando pessoas só pelo que você acha delas.
Constance permaneceu em silêncio. Fiquei com medo de que ela fizesse alguma coisa com a mamãe.
– Não tinha amigos porque fui considerada uma maluca manipuladora que não aceita ordens das pessoas. – disse ela calma. – Eu tinha um irmão que me amava mais do que tudo, e ele morreu na guerra. Não consegui me recuperar porque sou uma fraca, decidi por eu mesma que não poderia viver sem ele. Foi aí que eu perdi meus amigos. Desde aquele dia, eu lutei e amadureci de uma forma que ninguém imaginaria. Sou uma pessoa ainda mais mandona e manipuladora, só que dessa vez, eu não preciso de alguém para me sustentar emocionalmente.
Constance começou a levantar a voz e eu percebi isso.
– Queria muito que sua filha não fosse tão imbecil, porque aí eu poderia torna-la minha herdeira. Esse lugar seria todinho dela. Assim eu não precisaria me preocupar. Mas agora, eu terei que matá-la. Vai ser mais fácil do que contar para ela que sua mãe sofreu um grave acidente.
Então ouvi um tiro. Uma lágrima rapidamente caiu dos meus olhos, o que me fez levantar correndo e entrar na sala. Constance estava apertando fortemente a sua barriga, que sangrava. Olhei para o lado e a vi com uma arma na mão.
– Mãe! – gritei correndo até ela para abraça-la.
Ela sorriu ao me ver e me abraçou fortemente.
– Você está viva. – disse ela chorando.
– Claro que eu estou. Consigo me virar sozinha.
Larguei ela e olhei para trás procurando Constance, mas a mesma já não estava ao lado da janela.
– Mãe, ela fugiu. – disse desesperada.
– Relaxa filha, vou te tirar daqui.
– Estou com as chaves. – comentei dando-as para ela.
– Você realmente sabe se cuidar.
Sorri para ela, e em seguida fomos para fora da sala dela, torcendo para que não nos encontrasse. De repente Noah apareceu no pé da escada. Dei um grito alto antes de segurar a mão da minha mãe e impedi-la de descer.
– O que foi? – perguntou ela.
– Ele. – apontei para Noah. – Ele não vai nos deixar ir.
Peguei a mão dela e subimos de volta a escada. Quando chegamos lá em cima, avistamos Constance com um enorme facão em mãos.
***
– Droga! – disse.
– Alice! – minha mãe me repreendeu. – Não xingue!
– Desculpa mãe.
Jade Walsh apontou a arma para Constance e ela recuou alguns passos para trás.
– Nós vamos sair daqui Constance, e eu não vou voltar. – disse para ela, enquanto descia as escadas guiando minha mãe.
Quando cheguei perto de Noah, o vi tentando subir.
– Noah sai da frente! – gritei enquanto descia com minha mãe apontando a arma para Constance.
Ao ver que ele não recuava, peguei o molho de chaves e segurei a mais afiada contra a minha barriga. Ele tirou o sorriso do rosto.
– Sai da frente. – disse enquanto pressionava ainda mais a chave.
Noah então se afastou e deixou que eu e minha mãe passássemos. Corremos rápido para a porta, mas fiquei preocupada quando chegamos perto de sair de Creedmoor. Então parei por um momento, deixando minha mãe confusa.
– O que foi Alice?
– Mãe, quando foi a última vez que viu a Beatrice? – perguntei.
– Há alguns dias, ela ficou trabalhando aqui até tarde.
– Temos que encontrar ela. Eu também não a vi desde que voltei.
Fomos em direção à única sala onde eu sabia que teríamos alguma ajuda. Assim que entramos no escritório de terapia da Emma, a encontramos sozinha fazendo algumas anotações em seu caderninho.
– Emma. – disse para ela perceber nossa presença.
– Alice? – perguntou. – Não pode entrar antes do horário marcado, e quem é ela?
– Eu sei, me desculpe, mas é uma emergência. Essa daqui é a minha mãe Jade Walsh.
Quando as duas se cumprimentaram, sentei-me na frente da mesa dela e peguei seu caderninho junto a uma caneta.
– O que está fazendo?
– Estou anotando o que preciso que faça.
– Alice, eu não posso ajudar um paciente, vai contra o que eu estou fazendo aqui.
– Não pode ajudar, mas pode trata-los. De certa forma, é a mesma coisa.
Emma parou por alguns instantes e percebeu que eu estava certa.
– Está bem, eu te ajudo. No que quer que eu te ajude exatamente.
– A minha irmã. – disse terminando de escrever no caderno. Olhei para a letra e vi que não estava nem um pouco parecida com a que eu costumava usar, mas considerei já que não escrevo há semanas. – Preciso de tempo para encontrar ela e sair daqui. Tem a visto estes últimos dias?
– Na verdade não, achei que a tinham demitido.
– Pois é, isso é estranho, mas se parar para pensar, essa é a nossa chance de descobrir quem é o homem de preto.
– Acredita nisso? – perguntou Emma lendo minhas anotações.
– Eu o vi, sei que é real. Quando encontrarmos ela e desmascarar o homem de preto, quero que você fique pronta com um carro do lado de fora desse sanatório para que nós todos possamos fugir da Constance.
– É só isso? Quer me usar como piloto de fuga.
– Você sabe que isso é a parte mais importante. Leve a minha mãe para casa agora, não quero ela aqui quando eu for atrás do homem de preto.
– Mas filha. – disse minha mãe, que só resolveu falar depois de me ouvir planejar algo.
– Mãe, por favor. – disse enquanto pegava na mão dela. – Eu vou ficar bem, e quero que você fique também, entendeu? Eu te amo.
Abracei-a mais forte do que tudo e ouvi ela chorar baixinho perto do meu ouvido.
– Vai. – disse para ela olhando para Emma. – Tire a minha mãe daqui.
– Alice, esse é o plano mais louco que você já fez.
– Eu sei, por isso eu vou fazê-lo. Porque é um plano louco.
***
Andando pelo corredor eu percebia o movimento de alguns dos pacientes dali, mas nada impedia que Constance me achasse e me levasse para a terapia de choque. Então andei um pouco mais rápido até chegar ao quarto de Henrique. Entrei furtivamente e fui até ele, sentado em sua cama. Ao se virar, uma lágrima em seu rosto caía e, pela primeira vez, ele não demonstrava ser o Henry ou o Rick; ele era uma pessoa só. Foi só então que olhei em seu peito e vi uma faca.
– Não! Não! Não! – disse freneticamente tentando tirar a mesma de seu peito, mas ele segurou minha mão me impedindo.
Ele sorriu e depois gemeu de dor.
– Eu estava pronta para fugir daqui e levar vocês.
– Eu achei que podia matar ele. Não estávamos em perfeita harmonia por causa do "Henrique", então tentei matar o Henry, mas acabei descobrindo a verdade tarde demais. – ele tossiu. – Eu sou uma pessoa só. Uma pessoa que vai morrer por achar que era duas.
Henrique então chorou e comecei a imaginar a cena dos dois brigando em frente ao espelho enquanto tentavam acertar a faca no próprio peito. Então comecei a chorar também.
– Você só tem 13 anos. – disse enquanto o via sorrir para mim.
– Eu sei Alice, eu não sou burro.
– Merecia uma vida longa.
– Quando se é abandonado pela família, você não vive muito. Eu só tentei esconder o fato de que logo chegaria minha vez de ir.
– Vocês dois são incríveis. – disse abraçando-o forte. – Não vou esquecer de vocês.
Ele sorriu mais uma vez, e então vi seus olhos perderem o brilho e seus narizes pararem de puxar ar. Chorei enquanto abraçava ele.
Levantei da cama, olhei para a porta e voltei a olhar para Henrique.
– Não se preocupe. Eu vou tentar tirar você daqui.
Assim que disse isso, andei em direção ao quarto de Quinn. Quando entrei ela estava com medo, encostada no canto de sua cama. Me aproximei dela e quando me viu, me abraçou desesperada.
– O que houve Quinn?
– A Rainha de Copas está indo atrás de você. Disse que você a irritou.
– A Constance veio falar com você?
Quinn olhou por trás de meus ombros e gritou. Sabendo quem era, me virei já esperando pelo pior.
– Olá Alice.
Aquela voz me arrepiava.
– Oi Constance.
– É engraçado como você pensou que poderia fugir daqui.
– Na verdade não pensei. – disse tentando provoca-la. – Nunca precisei de esforço para te deixar irritada lembra?
– Por que Alice? Por que você é tão irritante?
– Não é esse o assunto, não é mesmo?
– Claro que não. O que achou que ia fazer? Sabe que ninguém sai daqui a não ser que eu queira, então não tente dar uma de espertinha para cima de mim.
– Eu não ia fugir, só queria ver a minha mãe.
Constance me olhou de cima abaixo procurando um sinal de que eu estava mentindo. Os enfermeiros chegaram e ficaram parados na porta.
– Eu tenho que te contar uma coisa. – disse sabendo que era arriscado.
– Estou ouvindo.
– Fui no quarto do Henrique para saber se ele iria para o salão, e quando entrei, eu o vi com uma faca no peito.
– Você me esperou até agora para me contar isso?! – perguntou ela levantando o tom de voz. – Vão até lá e verifiquem o corpo.
Quando os guardas saíram da porta, corri para perto de Constance e a derrubei antes que pudesse fugir.
– Quinn, vem! – gritei.
Ela somente balançou a cabeça negativamente e então sai correndo dali o mais rápido possível. Chegando ao corredor onde eu e Quinn tínhamos avistado o homem de preto, encostei na parede mais próxima e relaxei.
De repente, Noah chegou e sem pensar duas vezes me pegou com seus braços e me carregou de volta para Constance. Por estar literalmente em cima de sus ombros, consegui ver, uma das paredes daquele corredor se abrir, trazendo para a luz a figura de um homem alto carregando o corpo de Ethan.
Theo.
***
– Me larga! – gritei enquanto tentava incessantemente me libertar dos braços de Noah.
Ele me colocou em uma cama. Eu sabia o que aquilo significava, mas mesmo assim, insistia em tentar fugir daquela maca. Quando olhei para cima, aquele sorriso despertou um pavor que eu tinha esquecido como era. Dei um berro muito alto. Constance percebeu, e veio em minha direção, rindo da mesma forma que tinha feito quando matou Kyle.
– Isso é música para os meus ouvidos. – disse ela sorrindo para mim.
– Por favor não!!
– Relaxa garota, eu não vou te matar. Só vou fazer o que eu devia ter feito quando chegou.
Ela então virou meu rosto para o lado enquanto seus enfermeiros me seguravam. Quando vi a máquina de choque, gritei ainda mais. Impaciente, Constance colocou um objeto de plástico na minha boca.
– Ninguém vai te salvar dessa vez.
Ouvi alguns passos, então desisti. Ela estava certa, ninguém me ajudaria dessa vez, ainda mais que estão todos contra mim. Olhei para a luz acima de mim procurando conforto antes de ver o rosto de Theo e voltar a me desesperar na maca. Os enfermeiros me seguraram mais forte, e eu me acalmei por alguns segundos. Senti algo gelado tocando em um lado da minha cabeça e depois em outro. A luz acima de mim então me acalmou. Eu nunca pensei que passaria por essa experiência tão cedo. Na verdade, nunca achei que passaria por nenhuma das experiências que passei nessas últimas semanas.
– Pode colocar a potência em 250.
– Isso pode deixa-la ainda mais louca, não queremos isso Constance.
– Cala a boca Theodore e faça o que mandei.
Ele ligou a máquina e ouvi os barulhos de aparelhos pequenos trabalhando dentro daquilo. Comecei a respirar fundo quando colocaram duas bolas com panos em minha cabeça. Olhei para a lâmpada e comecei a tremer de nervoso. Eu queria que ele pelo menos tivesse avisado, porque, quando senti a primeira corrente passando pelo meu corpo, não tinha nada que eu quisesse mais do que morrer para não sentir mais aquela dor. Meus músculos se atrofiaram de forma dolorosa e meus olhos ficaram mais atentos que antes.
– De novo. – disse Constance.
Quando ligou a máquina novamente, eu pensei que me acostumaria, mas a corrente passou queimando cada órgão dentro do meu corpo. Meus músculos se atrofiaram mais e meus olhos não me deixaram desmaiar após aquela dor. Alguns segundos depois e eu fui surpreendida por mais uma onda de eletricidade passando pelo meu corpo. A dor dessa vez me fez urinar na mesa de metal. Meus músculos pareciam que iam estourar a qualquer momento, e não me arrisquei tentar fechar os olhos.
Meu corpo então relaxou, e Theodore tirou o objeto de plástico da minha boca.
– Olha o que você fez Constance. – disse ele para ela.
– Fico feliz que ela esteja quieta.
Constance saiu da sala, e eu, não aguentei nem mais um segundo: desmaiei por causa da dor que sentia em meu corpo.
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