05. Sombras
Aviso: O capítulo a seguir contém indícios de estupro. A leitura fica sobre discrição e responsabilidade total do leitor.
1946.
Noah era um filho comum que, aos seus 19 anos queria muito seguir os passos de seu pai, um pescador que trabalhava durante toda a semana para conseguir sustentar a casa. Apesar de ele não passar muito tempo em casa, Noah gostava muito do que seu pai fazia, achava que aquelas experiências eram bem perigosas, e que a cada dia eles precisariam se arriscar e enfrentar diversos perigos.
Numa noite, durante o jantar, Noah perguntou ao seu pai, quais eram os desafios da vida trabalhando com pescaria. O mesmo, no entanto, respondeu que não havia nada de arriscado e que só o fato de mexer com os peixes já era tudo que eles tinham que fazer. Noah ficou um pouco desapontado, mas isso não o impediu de continuar querendo seguir os passos do pai.
Certo dia, Maggie Peyton, a garota na qual ele estava apaixonado, o convidou para a festa do ano, onde todos os alunos iriam comemorar o início do verão. Ele, todo animado, foi vestido com sua melhor roupa. Quando chegou na casa dela, entretanto, não havia muito barulho, e não tinha ninguém por perto. Um pouco confuso, ele entrou no quintal dela e deu a volta na casa, mas só serviu para confirmar que tinha sido enganado. Ele então decidiu ir embora, mas antes de sair, alguns garotos saíram dos arbustos e pegaram-no pelos braços e pernas, impossibilitando-o de se mover. Noah tentava ao máximo se soltar, mas as risadas e a força deles eram mais do que suficiente para carregar um garoto magrelo e fraco. Noah gritou e, assim que olhou ao redor, todos os alunos estavam com bebidas nas mãos e debochando da cara dele. Desesperado, Noah tentou chamar por Maggie. Sua expressão foi de assustado para surpreso quando ele a viu rindo também entre seus amigos. Em meio ao desespero, Noah foi jogado dentro da piscina. Ele gritava agoniado enquanto a água entrava em sua boca impedindo a respiração. A única coisa que ele ouvia era os risos de cada um de seus colegas, até que, de repente, alguém puxou seu corpo para a margem.
Noah tentava respirar, e a água que ele tinha engolido não ajudava. Quando seu pulmão voltou a puxar bastante ar, ele olhou para a pessoa que o salvara. Era um garoto. Seu nome, Gregório Bolce.
1962.
Olhei para o espelho novamente. Era impossível eu ter visto a minha mãe, mas se de alguma forma eu tinha conseguido vê-la, eu precisava tentar novamente. Infelizmente a imagem que eu tinha visto não apareceu de novo. O reflexo que eu tinha visto era de uma figura negra passando atrás de mim. Virei-me para encarar a mesma, e me assustei com Noah.
― Desculpa. ― disse ele, que parecia um pouco triste. ― Não queria te assustar.
Noah então se aproximou de mim com um olhar assustador.
― O que está fazendo? ― perguntei me afastando.
Noah se aproximou mais, e eu tentei ir para o lado, mas seu braço me parou e eu olhei para ele, que agora sorria de modo macabro e assustador.
― Era você. ― disse com uma lágrima beirando meus olhos. ― Você que estava me olhando no banheiro àquele dia.
Sem dizer mais nenhuma palavra, ele me puxou pela cintura, me aproximando de seu sorriso maléfico. Eu tentei me soltar, mas seu pulso era forte demais. Ele se aproximou para me beijar, mas eu virei o rosto, então ele usou a outra mão para passar em minha barriga, descendo para dentro de meu vestido. Gritei tentando chamar ajuda, mas ele tapou minha boca e tentou de todas as formas passar a mão em mim. Assustada, olhei para o espelho, e o vi com olhar de psicopata. A lágrima que estava em meu rosto, acabou por cair e eu me deixei ser dominada por ele, tentando ao máximo não olhar para aquele maldito sorriso assustador em seu rosto.
***
Andei por aquele corredor sem vida, torcendo para que algo tirasse meu sofrimento. Meu olhar correspondia ao que eu sentia. Eu estava morta por dentro, ou só achava que me sentia assim como resposta ao que me aconteceu, mas nada poderia me alegrar naquele momento, nem mesmo Ethan, que logo apareceu no salão me convidando a sentar no sofá.
― O que aconteceu? ― perguntou ele.
― Nada. Eu estou bem.
― Não está não, você está péssima.
― Eu estou bem Ethan. ― respondi grosseiramente, na intenção de encerrar o assunto.
― Vá falar com a Emma.
― A terapeuta? ― perguntei.
― Sim, ela mesma. Vá falar com ela. Ela poderá te ajudar.
Apesar de Ethan estar sendo muito desnecessário, eu precisava conversar com alguém, nem que fosse só para denunciar um canalha desgraçado. Assim que cheguei, sentei-me no sofá em frente à porta e esperei. Alguns segundos depois, Nancy saiu da sala e foi direto para o corredor, sem se importar se eu tinha visto ou não. Fiquei encarando por um tempo, até que Emma pediu para eu entrar. Sentei-me no sofá que tinha ali dentro, e ajeitei minha blusa de frio.
― Você está bem Alice? ― perguntou ela.
― Posso fazer uma pergunta primeiro? ― perguntei.
― Pode.
― Qual sua relação atual com a Nancy?
― Não sei se posso responder sua pergunta nesse exato momento Alice, essa sessão se trata de você.
― Eu estou bem. ― respondi. ― Não posso só aparecer com uma expressão diferente?
― Não é só sua expressão, seu jeito, sua fala, tudo em você está diferente.
― E o que tem de errado?
― É o que quero descobrir Alice. Não posso te ajudar se não está disposta a abrir a sua mente comigo.
― O que tem de tão fascinante na minha mente?
― A mente humana é um mistério. Já disse para você que adoro estudar a mente de pessoas, principalmente de...
― Loucos?
― Pessoas com raras doenças mentais.
― Seu trabalho pode te matar. ― disse me aproximando da mesa dela.
― Acho que sei cuidar de mim mesma.
― Um sanatório não é o lugar mais seguro para morar, muito menos trabalhar.
Emma pegou uma caneta e anotou no caderno alguma coisa.
― Ainda estamos falando de mim senhorita Walsh?
Olhei para ela com o olhar triste de antes. De repente, a boca de Emma se transformou no sorriso de Noah. Gritei antes de cair no sofá. Voltei a encarar ela, e a vi olhar surpresa para mim. Olhei então para o lado dela, e um gato listrado com um sorriso assustador apareceu ao lado dela.
― Esse gato é seu? ― perguntei apontando para o mesmo.
― Que gato Alice?
― O listrado ao seu lado.
Ela olhou para sua mesa e em seguida para mim, ainda mais certa do que antes.
― Não tem nenhum gato na minha mesa. ― disse ela anotando algumas coisas em seu caderno em seguida.
Saí daquela sala e fui para o corredor, onde encostei na parede e me arrastei enquanto sentia tontura misturada a imagens de um gato listrado e risonho.
***
Acordei com uma luz branca iluminando meu rosto. Esperei minha visão se acostumar e olhei ao redor. Estava na sala de cirurgia de Theo, marido de Constance. Tentei me levantar, mas senti uma mão gelada me colocando de volta à posição que eu estava. Era Theo, que vestia uma luva.
― Que bom que acordou Alice. ― disse ele. ― A doutora Emma ficou preocupada com sua última sessão.
Tentei falar, mas senti que minha garganta começou a doer e não saía nenhum som.
― Desculpa, esqueci de avisar que não pode falar. Tive que usar um anestésico para examinar sua boca. Digamos que você gosta muito de morder, principalmente quando está inconsciente.
Olhei para ele e estranhei. Eu conseguia pensar nas perguntas, mas minha boca estava contra mim, pelo menos dessa vez.
― Eu sei que está confusa, mas por que não estaria, não é? Nenhum de nossos pacientes até o momento demonstrou algum sintoma de perda de memória. Você, por outro lado, não se lembra de algumas coisas que você fez.
Theo me encarou e sorriu para mim, como se quisesse me contar um segredo. Levantei então minha sobrancelha em sinal de dúvida e ele então foi até sua mesa de ferramentas para pegar alguma coisa.
― Eu sou um multitarefa aqui no sanatório, o que significa que tudo que entra ou sai daqui, tem que passar por mim primeiro.
Eu não entendi aonde ele queria chegar.
― Eu verifiquei o corpo que encontraram no seu dormitório, e o resultado foi bem peculiar.
Merda! Eu estou literalmente ferrada.
― Na verdade, não foi preciso nenhum teste para determinar quem era ele. Eu só precisei de uma foto. ― disse ele me levantando para ver que, à minha frente, o corpo de Steve estava se decompondo. ― Seu padrasto é um tanto peculiar. Vamos dizer que, algumas partes dele, são anormais.
Eu queria gritar. Gritar muito. Xingar Theo até eu ficar rouca, mas minha ira não passava de olhares ameaçadores.
― Você deve estar se perguntando porque o guardei aqui. Estou certo? ― perguntou ele indicando que eu deveria balançar a cabeça para cima ou para baixo para respostas positivas e negativas. ― Eu o guardei aqui, porque Constance não sabe que o encontramos.
Constance não sabia? Como assim?
― Ela está muito preocupada com Joanne, que foi atacada recentemente, se lembra? Para falar a verdade, as duas devem estar conversando agora.
Theo parecia bem ameaçador, mas eu sabia que aquilo era só pose.
― Eu estou mantendo o corpo aqui para que ela não perceba, mas isso não pode durar mais. Se não me livrar do corpo em vinte e quatro horas, ele vai começar a feder muito, feder ao ponto que todos nesse prédio sentirão o cheiro.
Olhei para o corpo e, em seguida, para Theo, que continuava ameaçador.
― Vou queimar ele, mas preciso que me ajude. ― disse mudando sua expressão para preocupado. ― A única sala com janela sem grades é a da Emma e essa pode ser a única maneira de tirar o corpo sem que Constance veja.
Afirmei balançando a cabeça e apontei o dedo para a minha blusa de frio, indicando que ele deveria pegar.
― Vamos agora. ― disse ele enquanto pegava as pernas de Steve.
Peguei a cabeça e fui na frente levantando o corpo e puxando-o pelo corredor rapidamente. Chegamos, em questão de segundos, na sala de Emma, e Theo abriu a porta para ver se ela estava lá dentro. Escondi o corpo atrás da mesa em frente à porta e comecei a olhar para ele, imaginando que talvez ele não fosse o pior homem que tinha entrado em minha vida.
Theo voltou e indicou que eu deveria entrar. Carreguei o corpo pelas pernas e fechei rapidamente a porta.
― Eu vou descer e você joga o corpo pela janela ao meu sinal.
― Tudo bem. ― disse ao perceber que minha garganta já não estava mais doendo.
― Não mexa em nada Alice. ― disse Theo me deixando sozinha na sala da minha terapeuta.
Assim que ele saiu, deixei o corpo de Steve no chão ao lado do sofá, e comecei a olhar em volta. Nunca tinha reparado em como a sala tinha uma coloração estranha e chamativa. Fui em direção aos documentos, até porque já tinha se tornado comum eu mexer no que não era meu, e procurei nas pastas o meu nome. Quando "Alice" se destacou em tinta preta, peguei a pasta amarela e abri, vendo um arquivo recente da minha última sessão. Não o li, até porque eu sabia que precisava ficar de olho no sinal de Theo. Deixei a pasta aberta em cima da mesa dela, e fui até a janela. Esperei alguns segundos, até ver Theo chegando pelo gramado ao fundo do prédio. Peguei rapidamente o corpo do Steve e puxei suas pernas. Ao chegar perto da janela, olhei para Theo e ele deu sinal afirmativo, então fiz esforço, coloquei o corpo em meus ombros e fui colocando-o aos poucos na beirada. Olhei novamente para baixo e Theo fazia gestos para que eu andasse mais rápido. Joguei o corpo de Steve pela janela e fechei a mesma.
O barulho que ouvi em seguida, foi de uma conversa que Emma estava tendo do lado de fora de sua sala. Me assustei e tentei procurar algum lugar para me esconder. Eu, porém, não encontrava outra solução, então fui até a janela e abri-a. Ergui meu corpo sobre a mesma e sentei. Olhei para baixo e observei um pequeno parapeito embaixo de mim. Subi em cima dele, e andei um pouco para o lado, mantendo-me encostada na parede e então parei.
Olhei para baixo e Theo estava carregando Steve em seus ombros. Ouvi novamente a voz de Emma. Ela estava próxima da janela. Andei mais um pouco e coloquei a mão em minha boca para não fazer barulho, e comecei a olhar para o horizonte. A linda imagem que vi das montanhas além da enorme floresta, mostravam que o mundo, apesar de ser sempre cruel com aqueles que não merecem, tinha seus poucos momentos de beleza. Virei meu rosto para ver a janela, e vi que a mesma estava fechada. Eu não iria sair tão cedo dali.
1947.
Haviam se passado somente um ano desde o incidente com Noah quase se afogando na piscina, e seus pais estavam muito preocupados. Tiveram que pagar um terapeuta, pois o mesmo não se abria mais como antes. Após diversas sessões, o terapeuta chegou à conclusão de que a mente de Noah já não era a mesma. Ele disse aos pais que ele sonhava com diversas maneiras de mutilar o corpo de Maggie, e disse que ele tinha um enorme ódio pelas mulheres.
Claro que Noah foi afastado da escola por algumas semanas, mas não foi o suficiente. Ele aparecia com um sorriso estranho e amedrontador no quarto das garotas que estavam na festa, mas em nenhuma dessas "denúncias" feitas foi registrado algo feito de ruim a inocente Maggie Peyton.
Assustados com os resultados dados pelo terapeuta, os pais de Noah o mandaram para uma escola militar por um ano. Quando voltou, ele estuprou, degolou e exibiu o corpo de Maggie Peyton na praça da cidade. Após esse brutal ato de vingança, a cidade decidiu que ele deveria ser executado, mas o mesmo fugiu antes que alguém pudesse encostar os dedos nele.
1962.
Algo em mim já sabia que era um erro ficar parada do lado de fora de uma janela esperando uma oportunidade para fugir, mas no fundo, eu senti que era tudo que eu poderia fazer no momento.
Após alguns minutos parada no mesmo lugar, senti que minha perna estava começando a ficar dormente, então andei para o lado um pouco, me aproximando da janela dela. Olhei para dentro da sala e vi Quinn, que estava sentada no sofá enquanto conversava com Emma. A expressão no rosto dela era de amedrontada, e Emma dizia alguma coisa enquanto escrevia em seu pequeno caderno.
De repente, Quinn olhou para mim me fazendo andar para o lado, fugindo da visão de Emma. Fiquei ali por um tempo a mais, torcendo para que aquela sessão acabasse. Assim que decidi olhar novamente para dentro da sala dela, Quinn abriu o vidro e disse para eu entrar. Rapidamente me esgueirei na janela e joguei meu corpo para dentro.
― O que estava fazendo ali fora? ― perguntou ela confusa.
― Eu tive que me esconder para que a Emma não me visse, onde ela foi?
― Disse para ela que precisava tomar um calmante e ela saiu para buscar.
― Acho que vou indo então, obrigado Quinn.
― Não se acostuma. ― disse ela sentando-se no sofá novamente.
Saí da sala e sentei-me no sofá no exato momento em que Emma apareceu.
― Oi Alice, veio fazer terapia? ― perguntou ela.
Encarei o remédio até que ela percebesse que eu estava curiosa.
― Isso é um calmante, para a Quinn.
― Acho que mudei de ideia. ― respondi levantando e indo em direção ao corredor. ― Até mais doutora.
***
A noite tinha chegado, e eu tinha de tomar banho. Peguei minha toalha e fui em direção ao banheiro. Chegando perto da porta, fiquei com um pouco de receio de entrar, mas o fiz assim que outra mulher entrou antes de mim.
Alguns momentos embaixo do chuveiro, e comecei a me sentir aliviada. Tinha tirado um enorme peso de minhas costas e aquela água quente caindo sobre meus ombros era muito mais do que terapêutica. Fechei o chuveiro após pensar muito sobre a vida, e me sequei sem perceber que a mulher que me "acompanhava" já não estava mais no banheiro. Coloquei rapidamente a minha roupa e tentei sair do banheiro, mas meus olhos me levaram ao espelho, onde eu vi o sorriso de Noah. Assustada, fechei os olhos e me guiei pelas paredes até encontrar a saída e fugir.
Cheguei a tempo do jantar. Ethan estava comendo, e eu fui até ele. Dessa vez eu rejeitaria comida.
― Falou com a Emma? ― perguntou ele.
― Falei sim. ― respondi. ― Digamos que ele não ajudou muito.
― Agora eu posso saber o que aconteceu?
― Não.
― Por que toda essa grosseria?
― Por que simplesmente não para de me perguntar? Estou cansada disso.
― Desculpa, quando precisar, talvez eu não pergunte da próxima vez.
― Seria ótimo. ― respondi saindo do refeitório e indo para o quarto.
Assim que cheguei no mesmo, Quinn me parou.
― Preciso da sua ajuda.
― Aconteceu alguma coisa? ― perguntei tentando não a deixar mais tensa.
― Não, mas vai acontecer se não o impedirmos.
― O homem de preto?
Quinn balançou a cabeça e segurou meu braço, dizendo que me guiaria pelo caminho. Começamos a andar pelos corredores, e pela primeira vez eu prestei atenção em cada um que se seguia.
― Onde o viu pela última vez? ― perguntei para ela.
― Ele estava me vigiando na janela.
― Esse lugar é cheio de janelas, consegue ser mais específica?
― Na sala de cirurgias do Theo.
Imediatamente parei e soltei minha mão da de Quinn. A mesma me olhou preocupada.
― O que foi?
― Se formos lá corre o risco da gente se meter em encrenca, e eu não quero mais isso.
― Eu preciso da sua ajuda Alice. Ele vai me pegar se eu não o matar primeiro.
― Você está brincando, não é? Você não seria capaz de matar alguém, seria?
― Eu estou apavorada. ― disse ela pegando minha mão novamente e colocando no meio das suas. ― O que faz quando você está apavorada?
― Eu fujo.
― Esse é o problema. ― agora ela largara minha mão. ― Emma me disse que só os fracos fogem.
― Não acredito, ela incentivou você a matar esse assassino?! ― perguntei incrédula.
― Farei isso com ou sem você. ― respondeu ela seguindo em frente enquanto eu ficava ali, parada sem saber o que fazer.
Com medo de Quinn acabar fazendo algo que a colocasse nós duas em encrenca, fui atrás dela. Quando chegamos na sala em que Quinn tinha dito ter visto o homem de preto, a cena que vimos foi um pouco mais do que assustadora: o homem de preto não só estava ao lado de Joanne, como estava esfaqueando a mesma, que não teve chance de se defender.
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