CAPÍTULO 8
Como vocês bem já sabem, Alice vivia mais no mundo da lua do que em qualquer outro lugar, diante disso, tinha os mais variados sonhos. Pequenos, como escrever um livro, enormes como abrir o show da sua cantora favorita e malucos, como se casar com qualquer membro da One Direction.
Alice já quis ser caixa de supermercado, médica, pintora, a moça da secretaria da escola, que parecia saber de todas as coisas, estilista, cantora, escritora, poetisa e professora. Já foram tantos sonhos que habitaram em seu coração, que fica difícil organizá-los por ordem de chegada.
Um dos sonhos que mais ficaram na mente de Alice, foi o de ser cantora, ela queria ser como sua cantora favorita, expressar todos os sentimentos através da música. Ela levou muito a sério esse sonho, fez aula de violão, compôs músicas, gravou covers, mas nunca postou, nunca teve coragem para isso.
Um dia, alguém fez com que ela acreditasse que ser cantora era um sonho muito grande, difícil de alcançar. Alice ficou com aquilo martelando em sua cabeça. E se não tivesse talento o suficiente para tentar? Aos poucos, ela foi deixando o violão de lado e escondeu seu caderninho com as canções.
— Quero fazer intercâmbio depois da formatura — ela confessou aos amigos enquanto andava de um lado para o outro no seu quarto.
— Eu vou fazer faculdade de direito — Babi disse jogando o ursinho de pelúcia de Alice no teto.
— Minha mãe me obrigou a fazer engenharia civil, igual meu irmão — Cadu resmungou — Mas queria mesmo é trabalhar com computadores. Minha esperança de invadir o computador da NASA, ainda não morreu.
Eles gargalharam da fala do amigo.
Acontece, que Alice queria fazer intercâmbio, mas intercâmbio não era uma profissão, ela precisava escolher, aos 17 anos, qual profissão teria pelo resto da sua vida. Era muita pressão, era muita coisa para a cabeça de uma adolescente. Alguns dias atrás, ela estava pulando no lago com os seus amigos e agora, precisava decidir que rumo seu futuro seguiria.
Alice pensou, pensou, pensou tanto que foi dormir com a cabeça doendo, mas mesmo assim, não conseguiu decidir qual faculdade cursar. Pensou em fazer direito, para não separar da amiga, mas não conseguiria argumentar com um juiz sem começar a chorar e sair correndo do tribunal. Pensou em terminar de escrever seu livro pela metade que estava no pendrive que pegou emprestado de Cadu, mas só ficou por uma hora olhando a tela em branco do computador. Pensou em pegar seu violão e ir até um barzinho do centro da cidade e começar a cantar uma música sertaneja, mas ela já tinha aceitado que não era boa o suficiente para isso.
Quando a professora de história disse que era para os alunos escreverem uma carta para ser colocada na cápsula do tempo, Alice se tremeu sem saber o que escrever, mas acabou fazendo uma lista para cada sonho.
No final, a lista ficou tão grande que quase não coube mais palavras para relembrar a Alice de 27 anos como era a vida 10 anos atrás.
Cadu foi bem simples, só escreveu que queria que os ET's já tivessem invadido a Terra. Babi desejou já estar rica, morando em uma mansão e sendo a tia rica dos meus filhos, já que para ela, era provável que eu já tivesse três.
— Já decidiu qual curso? — Babi perguntou para a amiga enquanto as duas analisavam o panfleto do vestibular.
Alice apenas negou com a cabeça.
— Você deveria fazer letras, tem tudo a ver com você.
Hmmm, não é que Babi tinha razão? Apesar de ainda não parecer exatamente o que Alice queria, poderia funcionar, ela gostava de escrever poesias e poderia ser professora, como um dia sonhou quando criança.
Alice estava um pouco mais aliviada por ter finalmente decidido qual curso entrar na faculdade, ainda estava insegura com muita coisa, mas agora parecia que as coisas estavam dando certo, agora ela parecia uma adolescente do último ano do ensino médio, apenas preocupada com as provas do vestibular.
No meio do caminho, Alice desistiu de metade dos sonhos daquela lista. Alguns ela começou a achar complicado demais, outros tão impossíveis que só seriam realizados se ela encontrasse o gênio da lâmpada, por fim, os que restaram ela tentou correr atrás por um tempo, mas desistiu.
Para onde vão os sonhos que largamos no meio do caminho?
Queria que Alice tivesse se esforçado mais e não tivesse desistido de nada, se ela soubesse o quanto estava perto. Se ela soubesse que se tivesse entrado na faculdade de direito com Babi, teria conhecido um amor que a levaria para o curso de publicidade e propaganda onde ela juraria ter se encontrado. Se ela soubesse que se tivesse terminado aquele livro que começou, teria sido uma das escritoras mais influentes do país. Se ela tivesse pego seu violão e ido para o barzinho tocar sertanejo, alguém a gravaria e sua voz se tornaria viral e em menos de uma semana, ela já teria contrato com uma gravadora e muito provavelmente teria aberto o show da sua cantora favorita.
Mas a vida é feitas de escolhas e Alice fez as delas, que a levou para diversos caminhos diferentes do que ela um dia sonhou.
Somos movidos pelos nossos sonhos, por isso, sempre guarde um em seu coração, sonhe baixo ou alto, não importa o quanto pareça ser impossível. Se divirta enquanto busca o "impossível", com um pequeno esforço vai perceber os encantos que é essa jornada. A vida é de quem se permite, não deixe que o medo ou a insegurança te impeçam de ter uma vida incrível
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