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Meg

Margareth se preparava para assistir à mais um episódio de sua série favorita. Geralmente ela assistia apenas um antes de dormir, mas o final do episódio que acabara de ver a instigou a assistir o próximo. Sem perder tempo ela deu início ao episódio e em poucos instantes estava completamente imersa, olhando atentamente para a televisão, tanto que nem olhou para a porta quando ouviu o barulho da mesma se abrir.

— Chegou rápido amor — ela disse ao ver com a visão periférica a sombra que se dirigiu apressadamente na direção do banheiro — Acelerou mais hoje porque estava com dor de barriga?

Mesmo não obtendo respostas, ela não ligou, afinal o protagonista da série estava prestes a descobrir quem era o assassino de seus pais e ela havia esperado isso durante toda a temporada, então direcionou toda a sua atenção de volta à série.

Muitos minutos depois ela estranhou que o marido ainda estivesse no banheiro e pensou em parar a série e ver se  ele estava bem, mas escutou o chuveiro se abrir, então apertou o botão iniciar e voltou à assistir.

Mais vários minutos se passaram e outro episódio da série acabou, mas o chuveiro ainda estava ligado e ela começou a achar estranho. Ele não demorava tanto assim no banho, ainda mais com as taxas de luz altas como estavam.

— John! — ela gritou, mas não obteve resposta — Querido!

Levantando-se ela foi na direção do banheiro, mas antes que pudesse abrir a porta, o seu celular, que ela havia deixado em cima da cama, tocou e como era o toque de alerta de mensagem exclusivo para John, ela voltou até a cama para ver do que se tratava.

A notificação era mesmo de John, mas ela começou a achar tudo cada vez mais estranho. Mesmo que ele estivesse com o aparelho no banheiro, não o usaria com o chuveiro ligado.

Após desbloquear o aparelho, ela viu a mensagem que a deixou em estado de alerta.

Ao receber a última mensagem ela sentiu seu sangue gelar e instintivamente soltou o celular, deixando-o cair outra vez em cima da cama. Olhando para a porta do banheiro viu que a mesma continuava fechada e o chuveiro ainda estava ligado, mas se John ainda estava no bar, quem estaria ali no seu banheiro?

Meg deveria ter pegado o celular e ligado para a polícia, mas ao invés disso, pegou um taco de hóquei que seu marido guardava no closet e caminhou lentamente até a porta do banheiro, um passo de cada vez. Enquanto seu coração acelerava, seu corpo inteiro tremia e ela mal conseguia segurar o taco que pretendia usar em sua defesa.

— Quem está aí? — gaguejou, aproximando-se mais ainda da porta e levando a mão até a maçaneta girou em vão, pois a mesma estava trancada — Eu já liguei para a polícia, é melhor me dizer quem é, e talvez eu te deixe ir antes deles chegarem!

Ela deixou escapar um grito de susto e se pôs em alerta ao ouvir o chuveiro sendo desligado e se afastou instintivamente da porta além de segurar o taco com mais força. Nas poucas aulas que fez sobre defesa pessoal aprendeu que não teria duas chances de acertar o invasor, então deveria ser cirúrgica na primeira, atacando com toda sua força.

Mas uma vez se assustou quando ouviu a porta ser destrancada, agora seu coração estava tão acelerado que parecia pulsar em sua garganta, ela nem sequer conseguia respirar, tamanha era a sua tensão e expectativa. Se preparou para atacar assim que a porta se abrisse, mas ela não se abriu.

Alguns minutos se passaram e ela apenas se manteve ali em posição de ataque, esperando o invasor sair por aquela porta, para acertar-lhe um golpe potente que o nocauteasse até que ela pudesse chamar a polícia, mas a maldita porta não se abriu.

Novamente ela foi em direção ao banheiro lentamente, sem desarmar a postura de ataque e chegando até a porta, girou a maçaneta e com um salto, se afastou assim que a mesma se abriu.

Com o taco, ela empurrou a porta do banheiro e o vapor que a água quente do chuveiro gera ao entrar em contato a baixa temperatura da noite, começou a sair lentamente criando uma atmosfera ainda mais assustadora.

Com cuidado, ela se inclinou e olhou para o interior do banheiro, ficando perplexa ao ver que o mesmo estava vazio. Se aproximando mais, ainda segurando o taco com firmeza, ela confirmou que não havia ninguém alí.

Deixando escapar um suspiro aliviado, ela desarmou sua postura, mesmo sem ainda entender o que havia acontecido. Tinha certeza de que tinha visto alguém entrar no banheiro e jurava que o chuveiro estava ligado e a porta trancada, mas agora parecia que era tudo uma loucura de sua cabeça.

Ao virar as costas para sair do banheiro, ela se assustou e deu um grito ao escutar o chuveiro ligar do nada. Instintivamente se virou golpeando a esmo e acertou o vidro do Box, que se quebrou em vários pedaços, deixando apenas grandes cacos pontiagudos presos em sua base.

Após o susto, mais uma vez ela ficou sem entender nada, pois, dentro do Box a água do chuveiro caía, mas não havia ninguém lá. Ainda trêmula, Meg passou com cuidado pelos cacos para não cortar os pés descalços e lançando mão do registro desligou o chuveiro.

Exausta após toda essa tensão, ela nem quis pensar no estrago que havia causado no banheiro com sua histeria e apenas se virou e saiu do box, novamente olhando para baixo e evitando os estilhaços de vidro no chão.

Levantando a cabeça ela tomou um susto que a fez perder todo o ar de seus pulmões, no espelho ela viu uma figura completamente obscura, apenas uma sombra com terríveis olhos vermelhos, parada atrás dela e dentro do Box.

Antes que ela pudesse correr ou gritar, sentiu seu cabelo sendo puxado com uma força absurda, a fazendo cair de costas sentindo imediatamente o vidro da base do Box perfurando-lhe as costas e atravessando sua barriga em vários pontos.

Enquanto seu sangue escorria pelas feridas, ela olhava para o alto e lutando para respirar enquanto engasgava com sangue, via apenas o chuveiro voltando a ligar sozinho, molhando seu rosto enquanto aos poucos deixava de sentir a temperatura da água e tudo ia se apagando.

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