Capítulo um
Naquela noite em questão eu corria pelas ruas de Iberis, ao lado de Charlotte Rousseau, a princesa, e minha melhor amiga. Iberis é a capital do nosso país, Galárdia, uma Monarquia Parlamentarista constitucional, e no Palácio Nacional Iberiano o rei vive com toda sua família.
Mas, infelizmente não é sobre a beleza do meu país ou sobre a vida da realeza que eu quero lhes contar.
Eu e Charlotte estávamos fugindo de alguns seguranças, os quais fazem questão de perseguir a princesa por onde quer que ela vá, era um tanto divertido faze-los correr pelas ruas tentando nos perseguir trajando todo aquele uniforme.
- Char - Exclamei apertando uma mão no peito e apoiando a outra sobre o joelho - Deu por hoje, não ?
- Ora Cecília - Ela virou-se sorrindo - Você já se deu por vencida ? Da última vez fizemos aqueles cavalheiros correrem por quase 30 minutos.
- É, e infelizmente não vamos bater esse recorde hoje - Respondi, me fazendo ereta - Teremos mais oportunidades.
- É - Concordou, e então voltamos a caminhar pela calçada encoberta por pequenas pedras.
- Sugiro que tomemos um chá, preciso diminuir o fluxo de sangue que parece querer estourar minhas veias.
- Sempre exagerada - Charlotte exclamou me olhando de relance, olhar que se arregalou no segundo em que seus olhos passaram direto por mim - Aquele é o Charles ?
- Acho muito difícil que seja, Charles me avisou que iria estudar hoje até mais tar... - Disse enquanto me virava para olhar o lugar que ela encarava, calei-me de imediato, pois o que eu acabei vendo foi parte do meu mundo desmoronando.
Eu e Charles estamos vivendo um perfeito romance a quase 6 meses, eu sempre imaginei que viveria um amor digno de um bom livro de romance, e ele trouxe isso para a minha vida, um perfeito cavalheiro, sempre me tratou muito bem, fomos contra tudo e todos literalmente para ficarmos juntos, já que nossos pais se odeiam. E por esse e inúmeros outros motivos eu achei ter encontrado o amor da minha vida, ao menos era o que eu pensava segundos atrás, não contava que o veria aos beijos com outra.
- Não pode ser - Sussurrei enquanto apertava os olhos para o casal que se engolia num banco no meio da praça - Eu vou acabar com a vida dessa garoto.
- Ei, Cecília não - Charlotte segurou com força meu pulso - Vamos para casa.
- Você está vendo o mesmo que eu ? - Pergunte sentindo a fúria bombear minha cabeça com força.
- É claro que estou - Me encarou cautelosa - Mas, o que não queremos agora é aprontar uma cena não é ? Você sabe que seria um prato cheio para todas as primeiras páginas dos jornais de amanhã.
- O que ? - Exclamei confusa - Do que está falando ?
- Herdeira do trono de Ibéris e filha do assessor pessoal do Rei, presas por agressão, porque eu não sei você, mas, se eu for até lá agora, não sobrará um pedaço dele pra contar a história.
Ainda receosa e com vontade de matar o Charles, eu assenti, fizemos o caminho de volta até minha casa num silencio terrível, eu ainda não conseguia acreditar no que meus olhos acabaram de ver.
- Do fundo do meu coração Charlotte, o que eu quero agora é acabar com toda vida que Charles possui, como ele pode ser tão baixo ? Traindo-me tranquilamente a vista de todos, você pode me ajudar a entender isso ?
O piso do meu quarto em minutos teria uma enorme fenda, de tanto que eu caminhava, Charlotte deitou-se na cama e passou a me observar com atenção.
- Eu sinceramente não sei como ele foi capaz - Disse.
- Será que seus seguranças não me arrumariam um arma ? - Parei a encarando.
- Não, acho difícil - Ela sorriu se sentando e dando palmadinhas ao seu lado - Vem aqui.
- Eu ainda não sei como ele foi capaz - Apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Agora sabemos que nossos pais tem razão em odiar os Leroy, eles não são confiáveis.
- Realmente, acabei de sentir na pele.
- Mas, veja pelo lado bom - A encarei tentando encontrar algo proveitoso disso tudo.
- Que lado bom Charlotte ?
- Você pode enfim assumir seu amor por George.
- Que amor ? - Indaguei - Quando o sentimento não tem reciprocidade temos que tentar extingui-lo, e é o que eu estou fazendo.
- Vocês são como dois idiotas, se gostam e não se assumem.
- George é três anos mais velho que eu, ele nunca olharia pra uma magricela de 17 anos e que não tem nada para oferecer - Disse, eu sempre tive uma queda pelo príncipe de Ibéris, no entanto acho muito difícil que ele queira algum dia ter algo comigo.
E como eu nunca fui de ficar me lamentando ou chorando pelos cantos, segui em frente, encontrando Charles a beira do caminho, e foi com ele que eu decidi construir meu belo conto de fadas, que acabou por se tornar um intragável conto de falhas.
- Escreva o que estou dizendo, vocês ainda ficarão juntos.
- Mas, por hora vamos apenas nos ocupar em destruir a vida do desgraçado que por muito tempo fingiu ser o que não é.
- Propõe uma vingança ? - Ela sorriu, eu sabia exatamente como a mente de Charlotte funcionava, fria e calculista, igualmente a mim.
- Quer ir até lá agora ? - Me levantei - Vamos dar uma surra no Charles.
- Não - Me puxou de volta - Temos que pensar em algo grande, mas agora eu preciso voltar para casa - Foi a vez dela se levantar - Está na hora do meu toque de recolher.
- Se você não for agora, a guarda real virá até aqui resgata-la.
- Com certeza - Sorriu - Só não faça nada esta noite, ok Cecília ? Não faça nada com a cabeça quente.
- Está bem, eu não farei - Dei-lhe um abraço e ela então saiu, a observei pela janela do meu quarto, desaparecer pelas ruas com sua escolta. Vesti um casaco e então caminhei escada abaixo, precisava de alguma forma extravasar a raiva que estava acumulada em meu peito.
- Onde vai a essa hora Cecília ? - Beatrice me parou assim que menção de abrir a porta.
Beatrice era minha "Boadastra", cuida de mim desde os meus 8 anos, quando minha mãe infelizmente faleceu, ela é uma ótima pessoa e meu pai não poderia ter escolhido pessoa melhor para se casar e ocupar nossas vidas.
- Preciso sair, meu pai já chegou ? - Perguntei a encarando.
- Não, mas não deve demorar. Onde você está indo, é quase hora do jantar e ...
- Eu prometo não me demorar, tá bom ? - Exclamei um tanto exasperada, se tem um coisa que Beatrice gosta, é falar e eu não estava com tempo para, nem que fosse um breve discurso - Volto já.
E então sai, apertei os braços em volta do corpo quando uma rajada fria passou por todo meu corpo, a princípio caminhei totalmente sem rumo,mas quando dei por mim já estava em frente ao casarão dos Leroy, e a Charlotte que me perdoe, mas eu não poderia perder essa oportunidade. Observei a casa por alguns segundos, esperei um sinal lá de dentro, mas ele acabou vindo de trás de mim.
- Cecília ? - Ouvi meu nome ser pronunciado logo as minhas costas, era ele, Charles Leroy, o homem que conseguiu destruir numa noite tudo que eu já nutri por ele, me virei sentindo o ódio pulsar em minha veia do pescoço.
- Achei que não fossemos nos ver hoje - Ele sorriu, semicerrei os olhos para ele, ali estava acabando de voltar do seu encontro e agia como se nada tivesse acontecido.
- A quanto tempo Charles ? - Perguntei tentando conter a fúria, mas era visível que falhava miseravelmente, minha voz fervilhava tamanho era meu ódio.
- Do que está falando ? - Disse encarando-me com a testa enrugada.
- Ah, me perdoe, não passou pela sua cabeça que um dia eu fosse descobrir - Caminhei em sua direção - A QUANTO TEMPO VOCÊ ESTÁ ME TRAINDO ?
- O que ? - Eu já havia berrado a ultima parte, meti as duas mãos em seu peito e o empurrei.
- A quanto tempo você me trai descaradamente seu desgraçado - Gritei socando com cada vez mais força cada parte do seu corpo.
- Cecília, por favor acalme-se - Ele disse segurando minhas mãos com facilidade, mantendo-me bem próxima de seu corpo, encarei seus olhos azuis, que agora deveria está refletindo meu rosto enraivecido.
- Eu não vou me acalmar - Me debati em seus braços - Me solte, você é sujo, você foi totalmente desrespeitoso.
- Como você descobriu ?
- Eu te vi, você e aquela - Respirei fundo - A quanto tempo isso está acontecendo ?
- Cecilia, eu sou homem, você precisa entender que eu tenho necessidades, já que você ...
- Já que eu nunca fui pra cama com você - Ele baixou o olhar - A quanto tempo você esta me traindo ?
- Isso não importa.
- NÃO IMPORTA ? - Berrei - Eu vou te perguntar pela última vez, a quanto tempo ?
- Há uns 4 meses - Baixou a voz.
- Olhe pra mim, seu desgraçado - Sussurrei - Seja homem o suficiente e assuma seus erros com a mesma coragem que você teve para comete-los.
- Exatamente, um erro - Ele disse rapidamente - Um único erro.
- E eu paguei por ele, confiei em você e acreditei que ai dentro existia um príncipe encantado, criei um futuro pra gente Charles.
- Cecília por favor, a Victoria não significa nada pra mim, ela nunca chegará aos seus pés.
- Cale - se - O encarei - Eu te garanto que você vai se arrepender, eu vou me vingar - Disse dando dois passos para trás, Charles fez o mesmo, dois passos igualmente silenciosos, porém para a frente, em minha direção.
- Eu te amo Cecília, não faz isso com a gente por favor - Nem mesmo as lágrimas que escorreram de seus olhos foram capazes de me comover.
- Eu te juro Charles, eu vou me vingar.
Me virei e caminhei à passos lentos de volta para casa, somente com uma ideia ocupando meus pensamentos, nem que seja a última coisa que eu faça na vida, mas eu vou ter a minha vingança.
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