Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

NADA COMO O SOM DO VINIL

Segurando o LP entre as mãos, com cuidado para não sujar nem arranhar as faixas com as próprias digitais, Maurícia o depositou sobre o prato. Apesar de já ter repetido o mesmo movimento diversas vezes antes naquela noite, foi com um prazer inesgotável que levou o braço do toca discos até a faixa desejada, contando mentalmente:

- Um, dois, três...

E o pousou de forma precisa, para que o ruído da fricção da agulha no vinil se instaurasse, deliciosamente incomparável, antes que o início da quarta música do lado A de "Use Your Ilusion I" tocasse: Don't cry – Guns N roses.

Liv começou a rir, de forma inexplicável. Maurícia não perguntou nada. Apenas sentou novamente ao lado dela, fitando-a, como se deixasse claro que não tinha pressa.

A intenção de Liv não era, de forma alguma, ser misteriosa, muito menos desagradável. Tentou sufocar o riso, enquanto explicava:

- Desculpe, eu... Não pude evitar... É que essa música...

O olhar fixo de Maurícia a instigou a dizer:

- Foi com ela que perdi a minha virgindade.

Maurícia apertou os olhos, nitidamente interessada. Mas nem assim disse nada. Apenas deixou que, em seu próprio tempo, Liv completasse:

- Eu tinha dezesseis. A primeira e última vez que eu transei com um cara.

Calou-se. Fitou Maurícia, que compreendeu que se não perguntasse, Liv não falaria mais:

- Era teu namorado?

Liv assentiu com a cabeça.

- E o que foi assim tão engraçado?

A resposta foi imediata:

- Na verdade... Agora eu consigo achar graça, mas na época foi exatamente o contrário.

Fez uma breve pausa, deixou que o olhar se perdesse... Um sorriso condescendente se acomodando vagarosamente nos lábios quando, com uma nitidez inesperada, as recordações vieram, se espalharam, se estabeleceram. Não pensava naquilo há muito tempo. O bastante para que pudesse ponderar sem nenhum sofrimento:

- Fiquei pensando na irmã dele o tempo inteiro.

Maurícia deixou escapar:

- Capaz!

E perguntou, sem poder se conter:

- Ficaram juntas depois, pelo menos?

Liv riu, divertida com a curiosidade dela:

- Nunca rolou nada. Nem um beijo. Só na minha imaginação de adolescente apaixonada mesmo.

Riram juntas dessa vez. Liv prosseguiu:

- Mas serviu pra eu admitir pra mim mesma, pra ter certeza do que eu sentia realmente. Conheci minha primeira namorada logo depois.

Num impulso, Maurícia se virou e procurou até encontrar o que buscava. Tirou o LP da capa, sem deixar que Liv o identificasse. Ajoelhou, erguendo o corpo, e repetiu todo o processo ritualístico das outras vezes para fazer com que a música "Wicked Game" finalmente tocasse. Voltou a sentar de frente para Liv, antes de falar:

- Foi com essa.

Liv franziu o cenho, numa interrogação muda, fazendo com que Maurícia confirmasse:

- A minha primeira vez.

Parou subitamente. Para Maurícia, já era informação até demais. Para Liv, quase nada:

- E?

Não foi a pergunta em si, mas a nudez com que os olhos castanhos a fitaram, proporcionando a Maurícia uma confiança completamente inusitada:

- Em 1989. Eu tinha dezoito, foi com o meu primeiro namorado, eu estava apaixonada por ele e não foi, nem de longe, a última vez que eu fiz sexo com um homem.

Sorriu, achando graça na surpresa de Liv, antes de prosseguir:

- Minha primeira vez com mulher foi quase uma década depois. Eu já tinha vinte e sete anos.

A reação de Liv foi igualmente franca:

- Sério?

Apesar do aceno afirmativo de Maurícia, Liv precisou confirmar:

- De verdade?

- De verdade.

- Demorou tanto...

Não precisou completar. Maurícia entendeu perfeitamente:

- Por quê?

O sorriso de Maurícia foi absolutamente divertido:

- É isso que tu ia perguntar?

Liv nem precisou responder. Maurícia sentiu necessidade de esclarecer:

- Não sei. Nunca evitei. Também não procurei. Foi quase natural... Amar uma mulher. Com uma veemência que eu sequer suspeitava que pudesse existir. Como se eu... Amasse integralmente pela primeira vez. E depois disso, meu interesse pelos homens meio que... Desapareceu? Não é bem isso, a verdade é que... Com eles jamais foi tão intenso, e eu simplesmente... Não vejo porque insistir em algo que... Não me completa realmente.

Fitaram-se, num entendimento mudo.

Peculiar o desassossego que se seguiu. Inquietação tal, que fez com que Maurícia inconscientemente recuasse, esbarrando na pilha de LPs. Aliviada, desviou a atenção para os vinis que caíram e aproveitou para tentar mudar de assunto, trocando a música novamente:

- Não acredito que tu tem isso!

Calaram-se, ambas, para ouvirem Pearl Jam tocando "Can't Help falling in Love".

Sons que, de súbito, preencheram além dos ouvidos, habilmente pulsando, provocando, sugerindo fazer sentido, embora não houvesse racionalidade alguma naquilo. Toda e qualquer distância entre elas parecendo se extinguir quando os olhos se tocaram, profusamente envolvidos. Das pupilas para os lábios, percorreram juntas, compartilhando a descida com uma suavidade ímpar. Da mesma forma uníssona, as bocas se entreabriram. Menos na tentativa de restabelecerem a respiração normal, do que num silencioso pedido.

Os olhares voltaram a se encontrar, tornando o consentimento mútuo ainda mais explícito. Bastava o mais leve esboço de iniciativa, um movimento ínfimo, para que o beijo se tornasse verdadeiramente físico.

E as duas estavam dolorosamente a par disso.

Lentamente, o corpo de Liv inclinou-se para frente. O mesmo impulso que a impeliu a fez parar no meio do caminho, intuindo que transpor a outra metade caberia a Maurícia. Sem desviar os olhos dos dela, com o mesmo vagar, Maurícia aproximou-se, sabendo que Liv estava à espera.

As bocas se encontraram com uma inevitabilidade consumada, fazendo com que da garganta de Liv escapasse um gemido abafado, e o corpo inteiro de Maurícia estremecesse. Mesmo assim, o toque permaneceu delicado, apenas nos lábios, levando Liv a entreabrir os dela, numa demonstração de impaciência que Maurícia preferiu ignorar. Com uma ausência total de pressa, roçou, sugou, mordiscou, passou a pontinha da língua com suavidade nos lábios de Liv.

Só muito depois, quando o ritmo lânguido, arfante, profundamente entregue, se tornou recíproco entre as duas, invadiu a boca de Liv com a língua, buscando a dela.

Suspiraram juntas quando as línguas finalmente se tomaram, rendendo-se por completo. Segurando Liv pela cintura, Maurícia puxou-a para si. Liv correspondeu integralmente, deslizando uma das mãos pelo pescoço de Maurícia, enquanto subia a outra pelas costas dela, abraçando-a com o mesmo ímpeto. Inteiramente imersas no prazer narcotizante que se estabeleceu, tocaram-se a fundo, esqueceram-se de tudo, perderam a noção do tempo.

Trecho do livro NA DISTÂNCIA EM QUE EU TE ENCONTRE de Diedra Roiz, publicado pela 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro