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Capítulo Único

Alguns dizem que Deus é um ser único. "Onipotente, Onisciente, Onipresente..." Os antigos povos dividiam Deus em diferentes representações, cada uma relacionada a uma coisa mundana. Para alguns, não existe. Para outros, é a única resposta. Para mim, não tinha certeza... não haveria de saber a real magnitude ou insignificância de seu Ser e de seu Estar... até que, enfim, apareceu para mim...

Eu estava saindo do cemitério, após o velório de um amigo, foi quando Deus apareceu. Mesmo que um pouco descrente de sua existência, senti que era real. Fiquei paralisado e, de repente, perguntas frequentes, já questionadas por outros foram proferidas por mim. Gentilmente, sorriu e me pediu para caminhar ao seu lado. Andamos pelas ruas vazias da vida... Em cada esquina, me apontava lugares da infância, adolescência e maturidade dos humanos. Foi então que, em uma dessas esquinas, uma cena nos chamou a atenção: sentada em um banco de madeira, uma moça deitava sua cabeça sobre o ombro de outra. As duas ouviam as músicas do restaurante à frente. Pude perceber o entusiasmo de Deus, seus olhos brilhavam com cada gesto fino de ternura das duas moças. Foi então que questionei:

— O que você acha disso? Acredito que tenha uma resposta para tal "situação", pois disseste que isso era errado.

Deus me sorriu e, singelamente, me respondeu:

O amor é bondoso, o amor não se alegra com a injustiça. Ele a tudo suporta. E assim o criei, para suportar o mais perverso dos julgamentos.

Apesar de conhecer os ensinamentos de minha casa e como contra-argumentar, me senti paralisado ante tais palavras, pois sabia que não poderia contra-argumentar a Deus.

Seguimos pelas ruas, enquanto o som da música do restaurante se afastava. Atravessamos um túnel e estávamos na Praça da Sé. Dezenas de barracas montadas por pessoas em situação de rua. Elas colocavam suas cabeças para fora das barracas, curiosos com o cidadão que caminhava por entre eles sem ter qualquer receio ou vergonha dos mesmos. De repente, um senhor se levantou e caminhou em direção a nós dois. Pude ver no seu rosto uma cara cansada, não apenas de alguém frustrado, mas também de alguém que havia passado o dia inteiro no sol.

— Ôh, seu moço, tem um trocado pra eu economizar pra amanhã? Eu vou dormir agora pra esquecer a fome, aí de manhã eu tento comprar um pingado ali naquele boteco... O dono não gosta de mim, mas gosta de dinheiro.

Deus suspirou e esboçou um sorriso.

— Farei melhor — Deus puxou de seu casaco um grande embrulho quente e perfumado e entregou ao senhor.

O homem, sem hesitar, abriu, revelando um enorme pão recheado. Pude ver em seus olhos o brilho de alguém que não comia há dias, as mãos trêmulas quase derrubaram o pacote e o homem não soube dizer nada além de lágrimas de emoção.

— Divida com seus irmãos, está bem?

— Sim... Obrigado... Deus abençoe vocês.

Por um momento segurei minha expressão de ironia, mas respondi ao cumprimento.

— Amém.

O homem estava voltando para sua barraca quando foi chamado de volta.

— Mais uma coisa: fale com o sujeito do bar amanhã, ele vai atendê-lo.

— Bobagem! Aquele sujeito não gosta nem da mãe dele...

Deus se aproximou e perguntou:

— Você tem fé?

— Desculpa — disse o sujeito. — Não sou tão religioso assim. É por isso que tô na rua, minha mãe dizia que eu tô sendo castigado.

— Não precisa ter fé no divino se não quiser. Mas e em você? Você tem fé em si mesmo?

O homem coçou a cabeça confuso.

— Nem mais eu sei...

— Tenha fé, pois podes a tudo aquilo em que crês...

O homem ainda estava pensativo, mas caminhou um pouco mais aliviado.

Caminhamos e deixamos a Praça da Sé para trás. Novamente, questionei:

— Por que o ajudou? Ele sequer era religioso. Como sabia que ele não queria dinheiro para... outra coisa?

— Pude ver em seus olhos um dos muitos filhos do homem: A necessidade. Se formos generosos, cultivaremos o solo fértil da solidariedade.

Novamente, não tive palavras para contra-argumentar. Deus tinha razão no que dizia. Nem sempre os moribundos que viviam ali escolhiam um caminho ruim... Muitos deles passavam o dia inteiro juntando moedas para tentar comer.

Seguimos por uma avenida até entrarmos numa viela. Ao fim dela, casas coloridas e ruas de paralelepípedo se destacavam, o Pelourinho.

— Adoro esse lugar. Tantas histórias contadas por aqui. Preciso vir mais aqui. Apesar de ser lar de um período sórdido, tem lá suas alegrias.

Descíamos pela Praça Terreiro de Jesus quando vimos algumas pessoas vestidas de branco, andando de um lado pro outro. Carregavam em suas mãos tigelas de barro com farofa amarela, velas e garrafas de aguardente. Elas murmuravam rezas de proteção, clamando uma palavra: Laroyê. Em alguns momentos, essas mesmas pessoas rodopiavam pelas ruas, chamando a atenção de alguns, os apavorando, incluindo a mim. Fiz um sinal como um afastamento de mal agouro.

— O que te assusta, homem?

— Essas pessoas e seus ritos me causam arrepios! Pense nas atrocidades que devem pedir...

Deus esboçou um meio sorriso.

— Com certeza já ouviste sobre São Miguel, correto?

— Sim, santo protetor dos mensageiros, médicos, enfermos e marinheiros.

— Pois bem, seu nome entre os umbandistas é Exu, e também é muito protetor.

— Essa foi a forma de demonizarem o Santo, isso sim!

Deus calmamente pesou os olhos.

— Essa é forma que chamam aquele que os protege dos que sincretizaram sua forma de brilhar os olhos —mais uma vez, não tive palavras para contra-argumentar. Deus continuou. — Portanto, não permito que ninguém os julgue pelo que comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado.

Mais uma vez, a sabedoria divina me pegou. Durante um momento, questionei a existência humana. Como podem os humanos julgarem tanto uns aos outros? Além disso, condenar a forma como o outro enxerga a bondade que ambos praticam? Será mesmo que a bondade é a mais pura, ou é apenas um mero ponto de vista de cada um?

Caminhamos por mais algumas quadras e chegamos à beira da praia de Santos. Não havia percebido, mas o sol nascia no horizonte. Havia caminhado a noite toda, mas parecia poucas horas. As ondas do mar estavam calmas, e a brisa marinha enchia meu peito de vida. Mas ainda uma dúvida estava em minha mente, talvez há mais tempo que aquele passeio, talvez desde o início. Eu não sabia, mas eu a tinha.

— Deus?

— Sim?

— Tenho uma dúvida, mas não sei como perguntar. Nem sei direito qual é ela, mas eu sei que a tenho.

— Eu sei. Sua dúvida é a de todos os seres humanos, talvez a maior dúvida de todas. Apesar de minha onipotência, onipresença e onisciência, não sou capaz de responder.

Fiquei espantado com a posição de Deus. Nunca iria imaginar o ser Divino não ter a resposta.

— Por que é incapaz de responder? — questionei.

— Pois quem deve procurar essa resposta é você.

Permaneci pensativo.

— Mas e se eu não conseguir encontrar?

Deus me sorriu e respondeu:

— Tenha fé em si, seja bom e tenha coragem. Irá perceber que a resposta vem de muitas maneiras diferentes, mas nunca deixe a base se abalar: Fé, principalmente em si mesmo. Coragem, principalmente em si mesmo. E bondade, principalmente consigo. Seja o exemplo de fé para que os outros não percam a fé neles. Seja exemplo de coragem, e encoraje o próximo. Seja bom, e se torne um exemplo de ensinador de bondade.

— Não sei se consigo.

Deus novamente me sorriu.

— Eu lhe dei um dos maiores presentes: A vida, o que peço é que faça bom uso dela, das mais belas formas que encontrar. Um dia, você encontrará a sua resposta.

O Sol brilhava no horizonte, me cegando brevemente. Quando percebi, estava de volta ao portão do cemitério. Pude ver algumas pessoas que sorriam e contavam piadas sobre meu amigo e suas aventuras na vida. Pessoas diferentes, com trejeitos e maneiras tão diferentes, mas que tinham algo em comum: a alegria e a saudade de terem vivido ao lado de alguém bom, alguém corajoso, alguém que até o fim, manteve a sua fé.

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