"Mais amor. Mais alegria, muito mais amor, eternamente aconchegante e apreciador, eternamente ofegante e eternamente jovem."  

(Ode à um rouxinol, John Keats)

 Ouvi dizer que ele era feito de flores, que pétalas de rosas beijaram seus lábios, que as estações gostavam de colorir seus cabelos sempre que passavam para uma visita, e as estrelas que adornavam sua pele, foram um presente do Universo, que adorava ouvi-lo cantar.

 Ouvi dizer que os girassóis se curvavam para o sorriso dele, que a Primavera desabrochava por debaixo dos seus pés e que o Sol nascia como uma fonte inesgotável de calor para o Verão escondido nele. Alguém me disse que seu coração ocupava quase metade do espaço do peito para compensar a falta da Lua, que ele guardava consigo algumas gotas do Oceano para nunca esquecer de onde havia vindo e que as tempestades despencavam do Céu sempre que ele se sentia triste.

Eu queria dar à uma flor o nome dele, como Julieta, porque uma rosa mesmo que tivesse outro título, ainda teria o mesmo perfume, mas ouvi dizer que o Céu tinha tatuado sobre sua pele uma Constelação. Eu queria presenteá-lo com uma canção, onde cada nota fosse apenas sua, uma música que tocasse aos seus ouvidos todas as noites para que ele pudesse lembrar de mim, mas ouvi dizer que os pássaros cantavam só para ele. Eu queria enchê-lo de jóias, pedras bonitas e lapidadas, mas ouvi dizer que Saturno enfeitou suas mãos com os anéis dele. Eu queria dar o meu amor, amá-lo até a última gota, mas ouvi dizer que o amor tinha o formato do seu abraço. Só me restou transformá-lo em Literatura, eternizá-lo nas minhas palavras e guardá-lo em um lugar mais seguro que uma memória falha que será consumida pelos anos. Sem presentes caros, flores, estrelas, canções ou juras de amor, apenas palavras bonitas dedicadas à ele, enraizá-lo em minhas lembranças felizes, como um pedaço de ficção, um personagem que havia escapado de um dos meus livros favoritos e observá-lo em meus sonhos, nos cenários construídos para que ele pudesse habitar. Numa folha de papel, os rabiscos sobre o brilho dos olhos dele serão eternos, os beijos ainda terão gosto de amor, o cheiro permanecerá vivo e as cores nunca desbotarão. Os amores impossíveis serão reais, a distância será apenas uma linha imaginária de uma ponta a outra no mapa, mas os corações estarão enleados, dançando no mesmo ritmo.

E bastará apenas que você chame meu nome, Jeon, e eu irei até você.