Capítulo 6- akatsuki
Kiba
Fomos em direções opostas e eu andava impacientemente pelo gramado. Naruto já me conhecendo, respeitou meu espaço e deixou o interrogatório de lado. Estava dividido. Uma parte minha acreditava que desculpar-me com Harumi era a única solução enquanto a outra me dizia que eu não devia nada a ela depois da última conversa. Eu tinha certeza que ela escondia algo em relação àquele garoto pela forma que tentou encerrar as perguntas rapidamente.
Passávamos pelos corredores da torre 4 quietos devido ao tardio horário. Paramos no número 135 e puxei a chave do bolso. Avistei a foto de Akamaru com minha família na estante ao abrir, sorri e senti meu coração acalmar um pouco. Se meu mundo virasse de cabeça para baixo hoje, ainda teria o apoio deles amanhã e era o que me bastava.
Tomei meu banho primeiro enquanto Naruto mandava mensagens a alguém, pus uma roupa confortável para dormir e me joguei sobre a cama, revendo as cenas de hoje.
Queria compreender suas atitudes, ler as evidências que ela me oferecia...como caímos de revelações íntimas à mentiras sem contexto?
Nesse momento, queria ouvir os francos conselhos do meu teimoso amigo mas ele é imprevisível e definitivamente não estou afim de arriscar contando que nós ficamos quando passei a noite tentando driblar suas perguntas.
Ele, mais do que ninguém, não tolerava mentiras.
O silêncio que eu prezava para organizar meus pensamentos durou pouco pois logo Naruto voltou de toalha, detalhando animadamente o que aconteceu no karaokê após a minha saída. Até tentei prestar atenção, mas minha mente vagava longe e era difícil esconder isso.
- Kiba? Você não está nem prestando atenção.- cruzou os braços e se aproximou.
- Desculpa Naruto, estava pensando e acho que conheço aquele Shikamaru de algum lugar.- eu disse desviando o foco de Harumi.
- Nara Shikamaru, Nara Shikamaru...- repetiu o nome pensativo, estalando os dedos.
- E aí?
- Ele não é o gênio do curso de contabilidade? Quem ganhou sei lá quantos prêmios ano passado?
- Ah, o cdf! - me tranquilizei, ele não deveria ser o tipo dela.
- Sim, ele mesmo.- virou-se para a sua cômoda, pegando seu pijama laranja.
Naruto
Mano, esse cara estava estranho hoje. Não que ele seja normal, ele prefere cachorros a humanos, mas algo o estava incomodando.
Kiba, o que você está me escondendo? Bom, ele provavelmente me contará amanhã, acho que posso esperar mais um pouco. Estou ocupado com algo meu no momento.
Vesti meu pijama e voltei a responder as mensagens de Sai, não aceitava a ideia de que todos meus amigos sabiam de quem Hinata gostava e eu não. Será que me achavam fofoqueiro? Nunca nem dei motivo para isso. Sai insistia em não falar mais nada e então bloqueei o celular, largando-me na minha cama.
- O que foi?- Kiba observou-me.
- Hinata.- eu suspirei, pondo as minhas mãos sob a cabeça.
- Hinata?- riu, surpreso.
- Sim, será que ela não confia em mim por algum motivo específico?- perguntei olhando em sua direção.
- Hinata te adora, você está sendo paranóico...o que te fez pensar assim?
- É esse menino aí que ela gosta, que você não pode me contar também- apontei para ele, num tom acusador- É péssimo que todos sabem e eu não.
- Se você quer tanto saber, converse com ela.- sugeriu simples, mirando o teto.
- Não é que eu seja curioso assim, só queria analisar sabe, ver se ele é bom o suficiente para ela.
- Ficaria surpreso com a decência dele.- abriu um sorriso reconfortante.
- Kibe, agora você está me deixando mais curioso.- atirei o meu travesseiro nele.
- Não vamos começar com o Kibe de novo!- devolveu o travesseiro para mim com mais força.
Harumi
Rezava para que o assunto não voltasse a aparecer em conversas entre Kiba e Naruto, não conseguiria sustentar mentira alguma. Se bem que, eu não menti certo? Antes de namorados, Shikamaru era meu amigo. De qualquer forma, não deveria me preocupar em dar satisfações a nenhum deles. Continuamos andando em silêncio.
Então, assim que tomamos uma distância segura dos dois, a voz ao meu lado tornou a aparecer e me preparei para lidar com os efeitos colaterais da minha última fala:
- "Amigo de longa data" é?- riu, intrigado.
- Exatamente, não faz diferença se você é meu ex ou não, faz?- respondi firme, apesar de evitar seu olhar.
- Então, por qual dos dois você tem uma queda?- encarou-me, estava mais uma vez me estudando.
A sorte dele é que sou extremamente paciente e querendo ou não, dependo de sua ajuda para me livrar desses saltos e apagar na minha cama.
- Ok, quer dizer que você pode explorar a minha vida e eu não?- continuou, mantendo o cínico sorriso no rosto.
- O que você quer dizer com isso?- murmurei preocupada e arregalando um pouco meus olhos.
- Eu vi você me stalkeando, Harumi.- abaixou um pouco para ficar na minha altura.
Puta merda, essa noite não acabava nunca. Meu coração batia rápido e mesmo tendo os meios para justificar, algo me travou. Nara não perdia nada mas seria pior se eu não respondesse, eu só estaria confirmando.
- Em primeiro lugar, eu não estava te "stalkeando"- enfatizei e fiz sinal de aspas com as mãos- Era minha página inicial do Instagram.- revirei os olhos tentando não sucumbir a vergonha.
- Justificável.- voltou a visar os campos, pondo a mão nos bolsos.
- Em segundo, você não tem nada que saber da minha vida pessoal.
- Se você quer tanto que eu suma, eu posso te deixar pedir abrigo pro loiro invasivo e o amigo esquentado dele por essa noite.- Shikamaru falou terminando a frase com uma piscadela.
Gostava muito dos dois mas o clima não estava dos melhores para dividir um quarto, sem mencionar que nos conhecíamos há menos de um dia. Assim, apelei para minha última carta:
- Você não teria coragem, duvido que recusaria algo que a Temari pediu.- joguei lenha na fogueira, já havia percebido o quanto ela tinha influência sobre ele e agora confirmaria a minha tese.
- Mas que saco...vamos terminar isso logo.- resmungou, confirmando minha suspeita.
Shikamaru coçou a nuca e calou-se pelo resto do caminho. Parece que até ele possuía um ponto fraco. Sentindo-me vitoriosa naquele embate, atravessamos o campus até seu fim e entramos no que parecia ser o compartimento executivo. Subimos alguns degraus e chegamos a uma sala escrita: "entrada permitida somente membros autorizados" na porta.
- E aí?- apontei para o aviso.
- Chouji, sou eu!- ele ignorou minha pergunta e bateu na porta.
Não demorou muito para que fôssemos atendidos por um sorridente garoto de arrepiados cabelos cor de mel, parecia simpático. Aparentemente estava comendo há pouco, farelos de chips eram visíveis em sua camisa bege.
- Você ainda não conquistou a loira?- perguntou, escorando-se na porta.
- Não é isso...estamos namorando inclusive.- Nara disse e segurei uma risada, ele havia mesmo mudado para considerar pedir conselhos a alguém.
- Olha só, você devia ter vindo me atualizar.- bateu em seu ombro- Parabéns Shika!
- Obrigado, Akimichi.- ele corou e baixou o olhar.
- Então, por que você está aqui?- Chouji perguntou, dando um olhar rápido em minha direção.
- Como eu sabia que você ainda estaria trabalhando, eu vim pedir um favor seu.- Shikamaru retornou ao estado normal, levemente desinteressado.
- Ah, para sua amiga?- demorou-se em minha feição, sorrindo.
- Sim, você tem cópias das chaves não tem?- Shikamaru prosseguiu.
- Tenho, de qual quarto precisa?- puxou um conjunto de chaves do bolso esquerdo.
- Torre 2, número 117 por favor.- o moreno me deu uma batidinha no ombro e eu respondi.
- Jornalismo, certo?- Akimichi disse virando-se para o interior da sala.
- Sim.- respondemos em uníssono e rimos pela coincidência.
Ambos queríamos encerrar aquilo o mais rápido possível.
Chouji passou uns 3 minutos vagando entre as diversas gavetas azuladas que compunham as estantes, me entregou a cópia sorridente, eu o agradecemos e voltamos por onde viemos.
- Obrigada por me ajudar.- eu agradeci o Shikamaru, tendo visão de suas costas ao descer as escadas.
- Sem problemas.- virou parcialmente e deu um sorriso despreocupado.
Continuamos juntos até o meio do campus, quando nos despedimos com um breve aceno e seguimos para nossos destinos.
Nunca pensei que fosse desejar tanto girar uma fechadura como hoje.
Quando finalmente o fiz, pus os sapatos na mão e acendi as luzes apagadas. Com isso, as peças de roupas largadas na cama de Sarah se tornaram visíveis.
Julgando pelos modelos descartados, vestidos e croppeds variados. Eu era a favor da organização, tanto que apesar de me atrasar não deixei nada fora do lugar ao sair. Mas não estava em minha posição mexer em seus pertences, nem tendo a intenção de simplesmente arrumá-los.
Suspirei cansada e tranquei a porta, guardei a minha chave dentro da minha bolsa para garantir que não a perderia. Me despi do vestido e o pus no cesto para lavagem, levando-o para o lavabo depois de guardar o salto que usei.
Encontrei uma pia lotada de maquiagens espalhadas e um pequeno post it amarelo grudado no espelho:
"Prometo limpar a bagunça quando chegar, se precisar de mim meu número é esse..."- S. Y.
O bilhete seria útil há 1h atrás, se eu tivesse como ter acesso ao quarto mas não iria mais me estressar. O que estava feito, estava feito. Eu só me preocuparia em por meu velho pijama quadriculado e esconder-me nos lençóis gelados pelo clima natural após uma chuveirada aquecida. Meia hora se passou e como planejado, me encontrava preparada para dormir.
Gostaria que minha mente desligasse como fiz há pouco com o interruptor, meu corpo estava cansado. No entanto, minha cabeça reproduzia desde a despedida dos meus pais até o inesperado encontro com Shikamaru. E eu jurando que resistir ao Inuzuka nesse ano letivo iria usar toda a minha motivação...parece que vou ter que fazer algumas divisões. Fiquei nessa sessão de reflexão até que finalmente adormeci agarrada ao travesseiro, coberta até a ponta do nariz.
—- algumas horas depois —-
- Eu já disse para você não tocar mais em mim!- uma voz feminina alterada gritou e escutei uma batida de porta em seguida.
- Sarah, eu não vou embora até você conversar comigo.- o tom era masculino e meio frio dessa vez.
- Espero que goste do corredor então, Sasori.- bufou e finalmente acordei o suficiente para reconhecer a loira no quarto.
As luzes estavam apagadas mas eu podia ver a decotada blusa rosa brilhosa sem manga e calça branca contrastando perfeitamente com os fios dourados de seu cabelo.
- Você precisa de ajuda?- sentei-me na cama, atordoada pela surpresa.
- Harumi, eu te acordei? Perdão.- terminou de trancar a porta e sentou em sua cama também.
- Não tem problema.- esfreguei os meus olhos e bocejei- Quem é Sasori?
Sarah
—- flashback de algumas horas atrás —-
Ino estava se sentindo péssima depois de voltarmos ao assunto Kiba, como qualquer um ficaria ao ser acusada de algo que não fez. Ou do que não se lembra...eu prefiro não revelar o que sei pois sei que só a fará se sentir culpada. Reabrir esse conflito com novas informações só traria desgraça e eu afirmo que terminar aquele relacionamento foi o melhor para os dois.
Posso ser taxada de covarde ou até de egoísta por não confessar tudo, mas ela é minha irmã, eu a amo e a protegerei sempre que puder. Então, depois de uma longa conversa, convenci-a que sair seria uma boa distração e acabamos na Akatsuki, um clube noturno próximo a faculdade.
A madrugada passou e eu estava prestes a ficar com o moreno que conheci na fila do bar. Ino estava ocupada botando o assunto em dia com Hanabi, uma amiga que encontrou por acaso aqui.
Havia me separado delas, estava no meio da pista. A música estava alta e dançávamos bem próximos, tinha certeza que algo ia rolar depois de todo aquele papo.
Só que, assim que ele desceu a mão para o meu quadril e eu afastava os fios de seu escuro cabelo do simétrico rosto, avistei um flash de Sasori na multidão.
Desviei a atenção de Itachi para ver se era verdade e confirmei que o ruivo vinha furioso em nossa direção. Ele com certeza iria aprontar alguma se eu continuasse ali.
"Incrível como eu não tenho um dia de paz...quanto tempo ia levar até ele desistir?"
Me afastei pois Itachi não tinha nada a ver com isso e conhecia muito bem o lado problemático de Sasori. Sussurrei em seu ouvido que precisava ir ao banheiro e parei Sasori no caminho. Cheguei a tempo de impedi-lo de avançar puxando seu braço, agradecendo por ter tido força o suficiente para isso.
- Eu vou acabar com esse cara, Sarah.-grunhiu, ainda que se afastasse comigo.
- Você não vai mais se meter na minha vida.- o encarei séria, notando o cheiro de bebida que exalava.
- Você é minha vida, boneca...- deu um sorriso cínico, tentando me puxar para perto e eu revirei os olhos.
Itachi não viu nada, eu fiz questão de pedir que pegasse 2 Heinekens para que ele me perdesse de vista por um tempo. Após trombar com muitas pessoas, paramos num canto menos tumultuado.
- Sasori, nós não temos mais nada.- retirei suas mãos bruscamente de mim e cruzei os braços.
- Então olha nos meus olhos e diz que nunca sentiu nada por mim, amor.- posicionou o dedo indicador em meus lábios enquanto sorria, inclinando-se para perto novamente.
- E-eu...preciso ir, você precisa me deixar em paz!- ignorei o arrepio que seu toque me causou, balancei a cabeça em negação e desviei de sua pergunta.
- Você não me respondeu, boneca.- sorriu e dessa vez bateu delicadamente na ponta do meu nariz.
- Sasori, eu quero ir embora.- evitei o contato visual e me afastei novamente.
- Ok, mas ainda conversaremos, porcelana.
Não o respondi, só queria sair dali e sabia que ele insistiria caso eu contradissesse. Como esperado, ele suspirou frustrado mas me deixou passar. Fui atrás de Hanabi e Ino e expliquei brevemente a situação, lembrando que Itachi deveria estar à minha procura.
Avisei-as que iria embora depois de conversar com Itachi. Ambas concordaram com minha decisão e fui à procura de quem eu queria.
Ele estava parado perto do bar mas olhava ao seu redor com duas long necks na mão. Me aproximei e em resposta, ele sorriu de canto ao me ver. Em seguida, peguei uma das cervejas que ele segurava e o agradeci.
- Eu acho que essa vai ter que ser a última.- levantei a garrafa e falei num tom mais alto, parecia que o lugar estava ainda mais cheio.
- Tudo bem, você mora aqui perto? Posso te levar se quiser.- se aproximou para que eu o escutasse, não alterava o tom calmo.
- Eu acho que é melhor eu pegar seu número e nos sairmos com calma outro dia.- sugeri tomando um gole da cerveja.
- Ok, você que sabe.- dei meu celular a ele, que salvou seu contato como "Itachi U." e logo depois salvei o meu no seu.
Estranhei ao ver o U, ele até que parecia com o Sasuke mas não era possível que fossem irmãos. Existem milhares de japoneses brancos de cabelo e olhos pretos, deve ser tudo efeito do álcool.
Não perdendo mais tempo, terminei a cerveja enquanto trocamos olhares. Mordi meu lábio e ficamos perto ao ponto de nossos narizes se encostarem. Pus a minha garrafa numa mesa ao canto e peguei a dele também sem que nos separássemos.
- Tem certeza? Nós dois estamos meio bêbados...- ele perguntou e eu assenti sorrindo.
- Você não me deve nada, ok?- continuou enquanto franzia as sobrancelhas e eu o interrompi.
- Shhh.- puxei seu queixo para perto e nos beijamos.
Itachi posicionou uma mão em meu cabelo, puxando-o um pouco e outra em minha cintura. Eu ainda segurava delicadamente perto de sua mandíbula e aproveitava seu toque.
O beijo foi ótimo e apesar de meio alterados, nossas bocas se encaixaram. Quando paramos, eu tinha até esquecido do incômodo que foi encontrar Sasori há alguns minutos atrás.
Era pra ter acabado ali, eu podia voltar para a faculdade e dormir tranquila.
Podia sim, mas era bom demais para ser verdade, a cena passou rapidamente pelo choque que eu tive. Fiquei paralisada quando Sasori pegou uma das long necks vazias que larguei. Li em seus movimentos e expressões que pretendia quebrá-la em Itachi, o qual se encontrava de costas para ele.
Por sorte, um alto homem de cabelos roxos-claro (o conhecia por nome, era Hidan se não me engano) percebeu também e o levou para longe. Itachi se assustou com o barulho de vidro se quebrando tão próximo e virou-se depois de ver minha cara pálida.
As coisas aconteceram muito rápido e só o que eu sentia era uma enorme necessidade de gritar com Sasori e correr para chorar ao mesmo tempo. Porém, me esconder não era mais uma opção. Eu precisava reagir. Mesmo sem saber como, eu teria que explicar a Itachi que eu pus sua vida em risco, mal o conhecendo.
- Você está bem?- Itachi voltou a sua atenção para mim, preocupado.
- Itachi...eu sinto muito.- engoli em seco.
- Pelo o que?- Itachi pôs uma das mãos na nuca, estava confuso.
- Não me procure mais ok? É pelo seu bem.- foi só o que consegui falar, ainda tentava digerir o quão tóxico ele havia se tornado.
- Como assim?!- questionou pegando levemente no meu ombro enquanto eu tentava ir embora.
- Só confia em mim, por favor.- franzi as sobrancelhas e supliquei.
Itachi me deixou ir e fui o mais rápido que pude até a saída, esperando encontrar um táxi. Quando desviei de todos os adolescentes bêbados, cheguei à calçada e encontrei Hidan encurralando Sasori.
- Você tem que voltar pra reabilitação Sasori, o senhor Jashin está preocupado e eu também.- encostava-o na parede agressivamente e pareciam não perceber minha presença.
- Quase consegui...- o ruivo ignorava as palavras do então amigo e não o olhava nos olhos.
Me afastei tentando continuar despercebida e quando finalmente achei um táxi, tive a sensação de que havia esquecido algo. Ignorei pois estava cansada e abri o celular, que marcava quase 4h. A corrida terminou em cerca de 15min, paguei o motorista e desci na universidade.
O céu ainda estava escuro e o campus obviamente deserto, andei até o banquinho de madeira e sentei-me para refletir. Já estava sóbria depois da situação toda, mas minha cabeça doía.
Me sentia péssima por Itachi, meu estômago embrulhava só de lembrar do descontrole que Sasori teve. Suas crises de ciúmes sempre foram extremas e um dos maiores motivos para eu cortá-lo da minha vida.
O que eu não acreditava era que ele fosse capaz de chegar nesse ponto, eu devo ser muito burra mesmo para arriscar beijar alguém achando que ele não faria nada.
Se bem que eu sou solteira e foi impossível resistir a ideia de ficar com ele ali...eu não era culpada, não devia nada a Sasori há meses né?
Revirei os olhos, ele era o doente da história e me custou um rolo que poderia ter se desenvolvido mais à frente. Inconformada, levantei-me e fui em direção à torre 2. Os meus saltos já machucavam meus pés quando escutei passos atrás de mim.
De primeira, só segui pois era possível que fosse algum estudante voltando que nem eu. O estranho é que parecia estar perto demais para ser só alguém procurando seu dormitório. Me virei e quando fiz, me segurei para não gritar pelo horário: Sasori estava ali.
—- flashback —-
Harumi
- Sarah? Quem é Sasori e por que ele está na nossa porta?- perguntei agitada já que ela não conseguia me dar respostas.
- Harumi, ele é meu ex e tá fora de controle.- arregalei os olhos- Eu preciso que você me ajude a me livrar dele.- seu rosto estava pálido e ela suava frio.
- Que tal a segurança da faculdade?- praticamente saltei para fora da cama.
- Não, eu não quero envolver a universidade, eu bebi.- balançou a cabeça em negação.
- Ok, nós podemos falar com...- tentei lembrar de algum dos meninos.
Sarah suspirou e passou a mão pela testa, tentando se acalmar. Céus, eu preciso de uma solução rápida. Pensa Harumi, pensa!
- Eu posso tentar sair pela janela e procurar pelo Naruto, você sabe onde fica o dormitório de veterinária?- perguntei, lembrando que não tinha o número dele.
- Ele é colega de quarto do Inuzuka, fica na torre 4, quarto 135.- aparentemente ela era ótima com números para se lembrar rápido assim.
Ainda não estou 100% bem com Kiba, gostaria de evitá-lo por mais um tempo mas não tinha jeito...é por um bem maior.
- Ok, eu vou atrás deles.- andei até a cômoda, trocando meus pijamas por uma calça de moletom cinza e um suéter branco gelo.
Sabe Deus como eu vou passar por aquele vidro sem fazer barulho mas analisando nossas condições, ela devia estar no mínimo, perturbada demais para agir. Ouvimos batidas na porta e me assustei enquanto eu me direcionava a janela com um tênis preto na mão.
- Sarah, abre a porta.- Sasori repetiu, seu tom estava começando a soar mais hostil.
- Eu já volto, aguenta aí.- disse afastando a cortina.
- Muito obrigada, Harumi.- falou cansada.
Abri a janela e apoiei minha perna direita primeiro. Com a ajuda do meu braço, consegui chegar ao campus ainda que meio desequilibrada. Calcei o tênis de qualquer forma, torcendo de coração para que estivesse escuro o suficiente para que ninguém estranhasse a cena.
Respirei fundo e corri até a torre 4, diminui os passos só quando cheguei aos corredores pois tinha que verificar os números e achar o 135. Passei por uns 10 cômodos até enxergar o número gravado que eu queria.
Bati na porta sem exagero sabendo que poderia acordar os moradores vizinhos e esperei. Também tentando acalmar meu batimento acelerado, inspirando e soltando o ar.
Não obtive resposta imediata então ergui a mão para tentar de novo, só que a porta destrancou-se antes. O garoto que atendeu estava sem camisa, vestindo apenas uma calça tactel escura da Nike e tinha os cabelos mais bagunçados que o usual.
Ele pôs a mão na nuca, desconcertado por ver quem era e eu me controlei para não falar alguma besteira, não era o momento.
- Harumi?- encostou-se no arco da porta e bocejou.
- Eu p-preciso que você chame o Naruto.- tentei olhar diretamente para o seu rosto e corei envergonhada com a situação.
- Ele dorme que nem pedra, melhor eu resolver...-disse olhando o relógio em seu pulso e sorrindo pela minha reação- O que quer que você precise às 5 da manhã.- bocejou novamente.
Normalmente não pensaria duas vezes em pedir sua ajuda. Contudo, era óbvio que se eu mencionasse quem de fato precisava de sua ajuda, Kiba se recusaria. Olhei para baixo e tentei formular a melhor forma de pedir sua cooperação.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro