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Capítulo 45

— Não acredito que você ainda não desligou esse notebook, Alice! — Harper se aproxima, apontando para o relógio na tela. — Se você não percebeu, são cinco e cinco. O seu boy deve estar aparecendo a qualquer momento.

Só consigo olhar feio para ela, antes de Oliver entrar no cômodo.

— Boa tarde, senhoritas! — cumprimenta-nos com um sorriso educado.

— Boa tarde, senhor Walker.

Meus olhos encontram os de Oliver, e eu não consigo deixar de revirar os orbes.

— Por favor, deixem disso! Tenho certeza que em poucas horas estarão se tratando como se já se conhecessem há anos. — salvo o arquivo, desligo o notebook e ponho-me de pé.

Os dois me encaram com surpresa, devido minha reação.

— Oliver, — aproximo-me de Harper e contorno seus ombros com o braço. — Sei que já conhece a engenheira Smith, mas quero lhe apresentar uma das minhas melhores amigas. Per. — dou leve batidas em seu ombro. — Ela parece educada e polida, mas é um pouco desbocada e sem noção. Não se assuste caso ela faça algum comentário desagradável.

— ALICE! — minha amiga vira o rosto em minha direção, mas continuo.

— Ah! Eu sei que você não se liga muito nessas coisas, é mais como uma curiosidade. — ele alarga o sorriso, já achando graça. — Ela veste roupas pretas.

— Sempre? — Oliver analisa o look atual da minha amiga, apenas para confirmar seu visual all black.

— Sempre!

— Alguma espécie de promessa? — une as sobrancelhas.

— Para falar a verdade, não faço ideia!

— Ok! Já chega! Mas só para vocês saberem, preto é básico e chique! — minha amiga se afasta do meu toque e se aproxima dele, estendendo a mão. — É um prazer conhece-lo, Oliver! Já que estamos deixando as formalidades de lado, quero que saiba que, por sua culpa, tive que suportar as lamúrias de sua antiga namoradinha, noiva, sei lá o que vocês eram, por alguns bons meses na época da faculdade. E isso não foi nada legal, sério!

— Isso é uma grande mentira! — pego minha bolsa e passo por eles, mas consigo escutar a risada de ambos, e a confissão baixa da minha amiga.

— Só exagerei um pouquinho. Ela costumava guardar as tristezas para si.

— Vamos! A Bonnie está nos esperando. — de repente, percebo que meu humor se tornava um pouco azedo.

Era sexta-feira, véspera do aniversario da Jubs. Minha melhor amiga tinha convidado Harper e Anthony para passarem o fim de semana na mansão Walker, em Cambridge. Pergunto-me como ficará o clima entre os dois, e se isso afetará o fim de semana de todos. Espero que não. Caso contrário, tenho certeza que Jully seria capaz de expulsá-los de lá, a fim de não estragar o seu aniversário.

Como trabalhamos juntos da EngiCorp, decidimos ir de carona com Oliver. Só precisaríamos passar na creche para pegar nossa filha. Jully e Bruce estavam lá desde ontem à noite. Já Thony, ele iria após o plantão.

A viagem estava sendo bem tranquila. Como previ, Oliver e Harper começaram a conversar como se fossem velhos amigos. E até que minha amiga se comportou. Precisarei parabeniza-la por esse grande feito, mais tarde. Isso me fez sorrir.

— Chegamos! — Oliver diz, mais para minha amiga. — Seja bem-vinda, Harper, e fique à vontade!

Pego Bonnie no colo. Ela passou a viagem toda dormindo. Está exausta de tanto pintar, tadinha. Reprimo uma risada com tal pensamento.

— Se quiser, posso pegá-la depois de deixar as malas no hall. — Oliver comenta ao meu lado, carregando duas bagagens em cada mão e uma no ombro.

— Está tudo bem! Ainda aguento carregar este pequeno chumbo.

— Já estava te ligando! — Jully dá um beijo estalado na bochecha do irmão e corre até nós. — Não acredito que a minha fofolete está dormindo. — faz bico ao contemplar os olhos fechados da sobrinha e o rostinho amassado.

— Graças a Deus por isso! — sopro um beijo no ar em sua direção e sigo atrás de Oliver, que deixa as malas no chão e retira a filha do meu colo.

— Vou coloca-la lá no quarto.

— Eu estava pensando em ficarmos esta noite na casa da minha mãe. A sua casa está cheia. E ainda falta o Thony, que virá daqui a pouco. — ele analisa minha frase e assente.

— Entendo sua preocupação, mas já separamos todos os quartos, inclusive os do Anthony e da Liza.

— Liza? — arregalo os olhos. — A Liza também está vindo?

Oliver me olha com o cenho franzido e confirma.

— Sim. Ele perguntou a minha irmã se poderia trazer uma amiga. — dá de ombros, ainda sem entender minha preocupação.

— Não acredito que ele fez isso! — olho para trás, onde Jully estava conversando animadamente com Harper.

— Está tudo bem?

— Agora sim, mas não sei se ficará... — solto um suspiro e balanço a cabeça, voltando minha atenção para ele. — De qualquer jeito, Olie, prefiro ficar na casa da minha mãe. É sempre bom passar um pouquinho mais de tempo com ela, sabe? — ele abre um sorriso lateral. — O que foi?

— Gosto quando me chama de Olie.

— Bom, Olie... — dou uma risada curta. — Como estava dizendo, se não houver problema para você, a Bon ficaria comigo hoje, e amanhã ela dorme com você.

— Perfeito! Só vou coloca-la no quarto enquanto ainda estiver aqui. Provavelmente sua mãe já está em casa, mas acredito que você ficará até o Anthony chegar.

— Sim!

Enquanto Oliver subia, o patriarca, juntamente com a esposa, descia.

— Pai, mãe! Daqui a pouco falo com vocês com mais calma.

— Tudo bem, filho! — senhor Charles dá um tapa nas costas do filho e desce em minha direção, com um sorriso no rosto. — Alice! Quando tempo!

— Olá, senhor Charles! É verdade. — sorrio.

Ele ergue uma das mãos espalmada.

— Apenas Charles! — assinto.

Atrás dele, percebo Gianna me fuzilando com os olhos, mas ela nada diz.

— Como estão as coisas?

— Está tudo ótimo! — abro um sorriso sincero e feliz.

A matriarca ri sem humor. Em seguida voltar para o andar de cima.

— Ignore-a! — pisca para mim, antes de olhar para algo atrás de mim e abrir o sorriso mais acolhedor. — Olá! Harper, não é?

— Isso mesmo, senhor Charles! Obrigada por me receber em sua casa.

— Não há de quê, senhorita! Fique à vontade! A Jully irá mostra o quarto em que irá ficar.

Seguimos juntas para um dos quartos de hóspedes. Lá, eu converso com minha amiga, contando sobre Liza, a convidada de Anthony. Harper tenta esconder a decepção, mas a tristeza em seu olhar é nítida.

"Ele tem a liberdade de sair com quem quiser.", disse ela.

Thony e Liza chegaram meia hora depois de nós. Segundo ele, conseguiram terminar o plantão mais cedo. Sua colega estava radiante por estar ali conosco. Não que eu desgostasse dela, pelo contrário. Liza é uma mulher incrível: temente a Deus, linda, educada, independente e, aparentemente, apaixonada pelo meu amigo. No fundo, tenho certeza de que ela o faria feliz, e isso me deixava igualmente feliz.

No entanto, não achei legal da parte dele trazer uma mulher para o mesmo ambiente onde ele sabia que Harper estaria. Não faz nem duas semanas que os dois decidiram se afastar.

Puxo meu amigo para um dos cantos e dou um beliscão em seu braço.

— Ai! — ele resmunga.

— Você pirou? Por que trouxe a Liza para cá, Anthony?

— Achei que gostasse dela. — esfrega o local dolorido.

— E eu gosto! — olho de relance para Harper. — Só não gosto da situação em que está deixando a Harper neste momento. Você sabe que ela ainda gosta de você.

— Eu não sabia que ela viria, Ali. — seus ombros caem. — Quer dizer, eu soube que a Jully a convidou, mas não imaginava que ela aceitaria. Sabe, depois do que aconteceu entre nós.

Dou uma rizada sarcástica.

— E você achava que ela deveria se afastar de nós? Sério, Thony? — ele engole em seco. — Ela é tão nossa amiga, como você. Nós não temos nada a ver com a situação de vocês. Amamos os dois e queremos a presença de ambos em nossas vidas!

— Eu sei, Ali. Perdão! Foi muita pretensão da minha parte achar isso...

Após nossa rápida conversa, despeço-me do pessoal e vou para a casa de mamãe. Decidi que também jantaria com ela esta noite. A partir de amanhã seria toda da Jully.

Oliver me acompanha. Fazemos o percurso em silêncio. Ao chegar, ele cumprimenta dona Abigail e vai colocar a filha no meu antigo quarto.

— Mamãe, que saudades! — abraço-a com força.

— Minha menina! — acaricia o meu rosto. — Estou tão feliz por você, filha! Glórias a Deus por Ele ter atendido nossas orações! — suspira.

Seus olhos estão um pouco abatidos e cansados. Desde a última vez que nos vimos, há quase dois meses, mamãe parecia ter envelhecido alguns anos.

— Está tudo bem com a senhora? Parece abatida. — ela arregala os olhos, mas logo abre um sorriso forçado.

— Que isso, menina! É coisa da sua cabeça. — dito isso, ela vai para a cozinha, terminar de fazer o que estava fazendo: picar uma barra de chocolate.

— Para que isso?

Ela vira para mim, com um sorriso radiante no rosto.

— Estou fazendo um bolo.

— Ah! — só então sinto o cheiro maravilhoso que invade o ambiente. — Uau! O cheiro está incrível.

— Está mesmo! Quando estiver pronto, vou querer um pedaço. — Oliver se aproxima de nós.

— Pode ter certeza que irá comer, querido! Está do jeitinho que você gosta.

— Já estou salivando.

Mamãe dá uma gargalhada, antes de voltar sua atenção para o chocolate. Viro-me para ele e pergunto baixo, mas cheia de expectativa.

— Vai ficar mais um pouco? — Olie dá o mesmo sorriso lateral de antes.

— Por quê? Quer que eu fique? — pergunta no mesmo tom.

— Não! Quer dizer... — respiro fundo, tentando raciocinar direito. — Se quiser ficar, não tem problema. Mas já que a Bonnie está dormindo, não acredito que queira ficar.

— Alice — ele se aproxima um pouco mais. —, eu gostaria sim de ficar e poder passar mais um tempo ao seu lado. — frisa o pronome. Mamãe dá uma risadinha baixa, e eu tenho vontade de enfiar minha cabeça em uma de suas muitas almofadas coloridas. — Mas deixarei que aproveite o tempo com sua mãe.

— Ok! — dou as costas para ele e caminho até a porta. Oliver se despede da minha mãe e sai da casa. — Nos vemos amanhã! — assinto.

Ele se inclina e beija minha testa demoradamente. Fecho os olhos, inspirando seu perfume.

— Boa noite! — digo assim que ele se afasta, e entro correndo. Estava parecendo uma adolescente apaixonada.

— O que está rolando entre vocês? — olho para minha mãe, que me encara da cozinha, com um sorriso maravilhado no rosto.

— Nada! Não tem nada acontecendo entre nós dois. — jogo-me no sofá.

— Sabe — ela deixa o pano de prato na pia e vem sentar ao meu lado. — Se ele me pedisse hoje, a resposta seria sim! — apoio o cotovelo no encosto do sofá, virando de frente para ela.

— Pedisse o quê?

— Sua mão, ora! — arregalo os olhos, sentindo as bochechas pegarem fogo.

— Mãe!

— Deixa de coisa, menina! Dá para ver claramente que ele ainda é doido por você. — viro o rosto, unindo os lábios com força para não deixar o sorriso escapar. — E é óbvio que seus sentimentos também não mudaram.

É inevitável não sorrir.

— Está tão óbvio assim? — volto a encará-la, e ela assente.

— Nunca deixou de estar, minha filha! — suas mãos seguram as minhas. — E, hoje, eu daria meu total consentimento para a união de vocês.

— É claro que sim! Temos uma filha juntos, não é?

— Bom, esse fato é bem relevante! — não nega. — Mas não é apenas por esse motivo. O Oliver se tornou um homem valoroso. Ele está tão maduro e responsável. É honesto, justo, carinhoso... Ao te defender diante de dona Gianna, ele se mostrou muito corajoso e firme! E o que dizer do seu cuidado e amor para com a Bonnie. É tão lindo, Alice! Chego a me emocionar. Nunca imaginei que aquele garotinho levado e sapeca, que amava correr pelo jardim fazendo arte, se tornaria quem ele é hoje. — seus olhos marejam. — E para fechar com chave de ouro, servo de Cristo! — ela cutuca a minha perna com o braço. — Que partidão, hein!

Começo a gargalhar, e ela me acompanha.

— Mãe! — escondo o rosto entre as mãos. — Eu o amo tanto!

— Eu sei, minha filha! Eu sei! — acaricia minhas costas.

Ela volta para a cozinha, a fim de terminar o bolo. Eu apenas permaneço ao seu lado, dando um apoio moral. De repente, seu celular começa a tocar no quarto.

— Você poderia pegá-lo para mim, por favor, querida? — ergue as mãos sujas de chocolate.

— Claro!

Corro para o cômodo, no mesmo instante em que o aparelho para de tocar. Assim que abro a porta, fico chocada com o que vejo. Ao redor da cama, caixas e mais caixas estão empilhadas de maneira organizada. Algumas já fechadas, outras ainda abertas. Mas são muitas caixas, como se alguém estivesse de mudança.

— Filha... — olho para minha mãe, que caminha com cautela até mim.

— O que é tudo isso? — aponto para o interior do quarto.

— Eu... — ela solta um suspiro. — Estou pensando em me mudar.

— Se mudar? Para onde? — ela dá de ombros.

— Ainda não sei, mas estou procurando algumas propriedades pela cidade.

— Mas por quê? Achei que não se importava em permanecer aqui, após a morde do papai. — ao falar nele, ela desvia o olhar e fita o chão.

— E eu não me importo. — diz. — Mas não poderei ficar com a casa depois que me demitir.

Fico em silêncio, tentando encontrar um motivo plausível para que mamãe queira se demitir de seu trabalho de anos.

— Aconteceu alguma coisa? — toco seu ombro, preocupada.

— Nada que mereça sua atenção neste momento! — volta a me encarar, com um novo sorriso no rosto. — que tal tomar um banho para jantarmos?

Penso em confrontá-la, mas desisto da ideia, por ora. Se ela não quer me contar no momento, então realmente deve ser algo que não vale a pena. Mas logo, logo descobrirei suas motivações. Ou não me chamo Alice Green.

>>>><<<<

Eitaaa... Quem já é leitor antigo, sabe que, em algum momento das histórias, eu faço este tipo de aviso. Então, lá vai: se preparem para fortes emoções a partir do próximo capítulo 😬

Bj! Fui!

Att.
NAP 😘

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