Capítulo 34
Bonnie estava bem, brincando com minha mãe e Jully. Decidi que era melhor subir para ver as minhas coisas antes que Penélope chegasse em meu quarto. Subo a escada a passos rápidos, não querendo encontrar com a dona da casa.
Entro no quarto e começo a organizar meus pertences em cima da cama. Estava retirando algumas roupas do cabida quando alguém bate na porta.
— Pode entrar! — grito de lá. Ouço a porta sendo aberta. — Ainda não terminei de arrumar a mala. — digo, achando que era Oliver. Mas ao ouvir a voz de seu pai, viro-me para encontra-lo parado na porta do closet.
— Por favor, não vá, Alice!
— Senhor Charles!
— Apenas Charles. — ele olha para as minhas coisas espalhadas no Closet, antes de voltar sua atenção para mim. — Eu sei que as coisas saíram do controle esta tarde. Gianna se portou terrivelmente, e peço perdão, em nome da nossa família, pelo que aconteceu! — nada digo. — Apesar de ter sido nossa funcionária por muitos anos, a Jully, o Oliver e eu sempre a vimos como parte da família. A sua família sempre foi muito especial para nós. Então para mim, como chefe desta casa, o que aconteceu lá embaixo foi inadmissível! Nos perdoe, por favor!
— Senh... Charles, — deixo a peça de roupa que estou segurando dentro do guarda-roupa e me aproximo. — eu sou muito, muito grata por tudo o que o senhor fez, e tem feito por nós até hoje. Todo o investimento financeiro em minha educação, em nossa moradia. A forma como o senhor me tratou e tem me tratado, como se não houvesse distinção de classes entre nós. Sou extremamente grata por tudo isso. Mas eu sempre soube que o meu lugar não era aqui.
— Ela foi o motivo, não foi? — franzo o cenho. — Gianna foi o real motivo de você e o Oliver não terem dado certo. — não consigo dizer nada. — Era nítido que os dois sentiam algo um pelo outro. — ele sorri. — Eu teria aprovado facilmente! — rio pelo nariz.
— Não é tão simples assim. Ela não era o único motivo. Como disse, não pertencemos ao mesmo mundo. — ele abre a boca para dizer algo, mas eu continuo. — Além do mais, tínhamos descoberto o lance a gravidez. Não a minha. — sorrio tristemente.
— Ah, sim! A ex-namorada americana. — assinto — É uma pena não terem dado certo no passado, mas hoje vocês têm a Bon. Querendo ou não, terão uma conexão vitalícia. E é por isso que eu peço, não vá! Pela Bonnie! Gianna acabou de sair de casa. — arregalo os olhos. — Passará o fim de semana na casa da família.
— Oh! — penso em sua proposta.
— Será um fim de semana especial, Alice! Não irá se arrepender! Bonnie está tão animada em estar aqui, com sua mãe. Conosco.
— Ok! Tudo bem! — dou um suspiro vencido, e ele sorri.
— Muito obrigado, Alice! — sorrio sem mostrar os dentes.
— Mudanças de plano, então? — olhamos para a porta, onde Oliver segurava sua mala e a da filha.
— Sinto muito por isso! — aponto para as bagagens.
— Sem problema! — ele se aproxima, observando o pai. — Podemos conversar?
— Claro filho! — responde com expectativa. Os dois se despedem e saem.
Decido permanecer no quarto pelo resto do dia. A intenção de Oliver em trazer Bonnie para Cambridge era para curtir a filha, e eu não seria um empecilho neste momento. Então decidi não acompanhá-los.
Ao longo da tarde, Jully passou por lá para ver como eu estava. Nós conversamos por muito tempo, até que ela lembrou da presença do seu noivo. Quando estava chegando a hora da janta, decido ir para a cozinha.
— Oi, mãe! — envolvo-a pelas costas, apoiando a cabeça em seu ombro.
— Oh, minha filha! — ela inverte a posição, me dando seu famoso abraço maternal. — Como você está, minha menina?
— Não sei ao certo. — digo baixo, sem querer olha-la nos olhos.
— Me dê um minuto! — ela se afasta e sai do cômodo. Em menos de três minutos, dona Abigail volta retirando o avental.
— O que está fazendo? — franzo o cenho, com um sorriso nascendo no rosto.
— Tirando o resto da noite para ficar com minha filhinha. — bastou ouvir o tom doce de sua voz para eu começar a chorar. — Vem, querida! Vamos para casa. — diz após enxugar minhas lágrimas.
— Mas e o jantar?
— Clarissa e Judit ficarão responsáveis em servir. Tudo já está pronto. — segura minha mão, conduzindo-me para fora.
Fazemos o caminho em direção à minha antiga casa, abraçadas, como nos velhos tempos. Ao longe vemos Bonnie e Oliver brincando com Tob, o velho São Bernardo. Minha pequena corria atrás do cachorro gigante, dando altas gargalhadas que ecoavam até nós.
— Eles estão tão felizes com a presença um do outro! — mamãe comenta. — O Oliver parece levar jeito com crianças.
— Para ser sincera, ainda não tive a oportunidade de passar um tempo observando a interação dos dois, mas dá para ver como estão se dando bem. A Bonnie é apaixonada por esse pai. — dou um sorriso sincero. — E o Oliver nem se fala.
— Por que não aproveita este fim de semana para observá-los mais de perto? Por que não participa desse momento com eles? — pergunta ao entrarmos em casa.
— É para ser um momento entre pai e filha, mãe. Além disso, Oliver e eu não somos o que erámos antes. Eu escondi Bonnie dele, esqueceu?
— E ele ainda não te perdoou, não é? — ela senta no sofá e aponta para o espaço ao seu lado.
— Para falar a verdade, — sento-me. — ele disse que me perdoava sim.
— Louvado seja Deus! O Oliver realmente é um novo homem, em Cristo. Fico tão feliz com essa notícia, filha! — seus olhos brilham de alegria. — Então qual é o problema?
— Bem, digamos que eu não aceitei ser perdoada. — desvio o olhar dos seus.
— Você o quê? — o tom de dona Abigail me alertava que viria sermão pela frente. — Alice, o que deu em você?
— Eu não acho que mereço o perdão dele! Simples assim! — dou de ombros.
— Deixa de ser cabeça dura, menina! Abra os teus olhos, Alice! Não vê o que Deus está fazendo? Não vê como Ele tem sido misericordioso e bondoso diante dessa situação? O pai da sua filha está te perdoando e você não quer aceitar?
— Provavelmente ele só está fazendo isso por ser um mandamento bíblico.
— Você sabe que isso não é verdade! Eu soube o que ele fez após o almoço de hoje. Ele te defendeu diante da mãe, Alice! Se ele, realmente, não tivesse te perdoado, acha que te defenderia daquele jeito? Acha que se importaria com você?
— Eu... Eu não sei. Por que ele me perdoaria? — pergunto com sinceridade, pois não conseguia entender. — Talvez ele só queira viver em paz com a mãe da filha para não ter mais problemas?
— Isso você terá que perguntar a ele. — solto um suspiro e fito o teto. — E como você se sente em relação ao que dona Gianna disse ao seu respeito.
— Eu não sou nada daquilo, mãe! Eu sempre imaginei quais eram seus pensamentos ao meu respeito, então nada do que ela disse me surpreendeu, apesar de ter me deixado irritada. — olho para ela, os olhos marejados novamente. — Mas ela não tinha o direito de zombar da morte do meu pai! — mamãe me puxa para o seu colo. — Eu sinto tanta falta dele.
— Eu sei, meu amor!
Resolvo mudar de assunto ao me recuperar. Ficamos conversando por um bom tempo, até que decidi preparar um jantar rápido para nós duas. Estávamos precisando de um momento apenas nosso.
Saio de lá por volta de onze e meia da noite. Dona Abigail até tenta me convencer a passar a noite em casa, mas eu precisava ver como estava a minha filha. Mesmo sabendo que ela já estava dormindo a uma hora dessa. Então decido partir.
A noite está fria, mas o coração está aquecido. Entro na mansão pelo acesso de serviço. Saio da cozinha e vejo a luz da sala de estar acesa, mas tudo estava silencioso. Curiosa para saber quem estaria ali, sigo até a sala. Chego no cômodo e vejo uma cena que faz o meu coração querer voltar a sonhar.
Oliver está deitado no sofá, com a filha repousando sobre si. A cabeça de ambos se encosta uma na outra. Em uma de suas mãos, ele segura um livro, que está quase caindo no chão. Sua respiração tranquila faz o corpo de Bonnie descer e subir em movimentos uniformes. A boca de ambos está entreaberta e a expressão em seus rostos é bem semelhante ao dormirem.
Fico admirando tal cena não sei por quanto tempo. Por fim, decido acorda-lo para subirem. Devagar, aproximo-me deles e retiro o livro de sua mão, reparando ser uma bíblia infantil. Oliver respira profundamente antes de abrir os olhos devagar. Ao me ver, ele sorri.
— Você chegou! — comenta com a voz rouca pelo sono.
— Sim. — respondo em baixo tom. — Já vai dar meia noite. Acho melhor irem para a cama.
Ele concorda. Sem nenhuma dificuldade, Oliver levanta do sofá com a filha. Subimos a escada em silêncio. Chegando na porta do seu quarto, ele me pede para espera-lo. Observo-o colocar nossa filha na cama e depositar um beijo demorado em sua testa, antes de sair.
— Meu pai falou que você tinha ido na casa da sua mãe.
— Sim, decidi passar um tempo com ela. — enfio as mãos nos bolsos de trás da calça.
— Que bom! — ficamos em silêncio, ele, provavelmente, por causa do sono. Eu, porque não tinha o que falar.
— Quer falar mais alguma coisa? — ergo a sobrancelha. Então ele parece se recordar de algo.
— Ah, sim! Na verdade, estava te esperando lá embaixo para fazer um convite. Amanhã iremos andar de canoa no lago. Todos nós. A Bonnie quer que você vá também.
— Não sei se será uma boa ideia, Oliver! É um momento de família, e você veio para passar um tempo com sua filha.
— Não seja boba, Alice! — ele esfrega os olhos com as mãos. — Vai ser legal. Acho que você nunca andou de canoa com a gente, não é?
— Não.
— Então está combinado! Iremos logo após o café, tudo bem?
— Ok! — respondo, vencida. — Agora vá dormir, você está exausto. Boa noite!
— Boa noite! — caminho até a porta do meu quarto, mas antes de entrar, dou uma olhada para trás. Ele já não estava lá, mas no fundo eu desejava que ele estivesse lá, observando-me enquanto eu me afastava.
Coração bobinho, tão iludido. O seu tempo passou...
>>>><<<<
Sem perceber, estou fazendo uma maratona de Consequências kkkk espero que gostem 😬 Queria saber a opinião de vocês. Concordam com o último pensamento da Alice? 🤔 Será que o tempo deles passou mesmo? Sei lá, talvez ela tenha razão. Talvez não... Só Papai sabe...
Att.
NAP 😘
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