Capítulo 19
Após descobrir sobre a gravidez, aceitar a presença masculina de Thony em nossas vidas, contar apenas para minha mãe — que veio imediatamente para Londres. — e me afastar da minha melhorar amiga, de vez, tudo aparentava estar bem.
A faculdade seguia cansativa e corrida, como sempre. Muitos trabalhos, muito estudo e poucas saídas. Diferente de Harper, preferia passar os meus fins de semana nas acomodações. Quando não estava em meu quarto estudando, estava no apartamento de Anthony. E foi em um desses fins de semana que conheci, finalmente, sua mãe.
Ela me adotou como uma segunda filha. E o meu bebê como um neto. Giselle Brown é uma mulher amável, doce e muitíssimo inteligente. Passei a maior parte do tempo conversando com ela. Thony já tinha me contado sobre sua nacionalidade francesa, e que sua mãe continuava morando em seu país de origem. Já o seu pai, descobri há pouco tempo, falecera há alguns anos, vítima de uma infecção generalizada.
Nesse meio tempo, também conheci os pais de Harper. Tão doidos quanto à filha. Apesar de simpáticos e agradáveis, eram completamente lelé da cuca. Assim como Anthony, não me identifiquei com os demais amigos, sem noção, da minha colega de quarto. Um dos motivos para eu evitar sair com ela.
Como disse, tudo aparentava estar bem. Mas apenas aparentava...
— Vai chegar um dia em que terei que te levantar com um reboque! — Harper ri, ajudando-me a sair da cama.
— Não se preocupe, muito em breve isso irá passar. Não é, meu amor? — acaricio o barrigão de oito meses. Suspiro.
Estou exausta. Mal consigo dormir, pela falta de posição e pela quantidade de vezes que tenho ido ao banheiro, durante a madrugada. Minha coluna dói, meu pé está inchado. Sem contar com os meus hormônios que estão totalmente alterados.
— Vamos, o Anthony já deve estar lá embaixo. — alguém bate na porta. — Ou cansou de esperar e resolveu subir. — revira os olhos.
— Estão prontas? — ele entra no quarto. Beija o topo da cabeça de Harper e faz o mesmo comigo.
— Só falta terminar de colocar o tênis. — enfio o calçado no pé direito e abro os braços. — Prontinho!
— E como está o bebê mais agitado de Londres?
— Bem agitado! — friso o "bem". — Podemos ir? Estamos com muita fome.
— Com toda certeza! Aprendi, desde de cedo, que não devemos negar comida à gravida. — diz Harper, saindo do quarto.
No início da gravidez, quando minha barriga começou a aparecer, acabei me tornando o centro das atenções. Toda vez que passávamos em alguma área comum do edifício, atraía olhares. Diversas teorias surgiram. Dentre elas, e a mais comentada, a de que o pai do meu filho era um dos solteiros mais cobiçados do Imperial College, Anthony Brown.
O que já era de se esperar, visto que estávamos sempre juntos, desde a minha chegada à Londres. É claro que eu fiquei bem abalada quando descobri sobre essa situação, diferente de Anthony, que não estava nem aí para nada disso. Até mesmo Harper desfez algumas amizades que começaram a me difamando por aí. Com o tempo, as pessoas pararam de tentar descobrir, e nós não fazíamos questão alguma de nos explicar, ou desmentir suas teorias.
— Droga! Esqueci o meu celular na cama. — minha amiga começa a verificar a bolsa. — Vou lá em cima pegar, juro que não demoro!
— O seu sobrinho, e os meus pés, agradecem! — digo com humor.
— Quer se sentar? — Thony pergunta.
— Não, estou bem aqui. Ui! — toco minha barriga ao sentir um chute forte na parte superior.
— Hey, garotão! — ele se abaixa, ficando da altura da minha barriga. — Bom dia para você também!
— Anthony! O que já conversamos sobre isso? Não sabemos se é menino ou menina!
— Porque você não quer saber! — coloca-se de pé, ainda acariciando minha barriga.
— Alice? — congelo no lugar.
Thony é o primeiro a olhar em direção à voz. Ao reconhecer tal pessoa, dá um passo para o lado e me olha com preocupação. Uno minhas forças para virar o rosto e encará-la. Isso não podia estar acontecendo, não agora.
— Jully... — seus olhos estão fixos em meu abdômen. Como se tivesse acabado de ver um fantasma, ela ergue a cabeça e olha para mim com espanto. — Jully, eu...
— Por isso se afastou, do nada? — se aproxima de nós. Sua testa franzida.
— Vamos subir, no quarto eu explico tudo! — ela olha de Thomy para mim. Assente e aponta para o elevador. — Vá com a Harper, depois encontro com vocês lá. — digo para ele.
— Certeza?
— Sim. — ofereço um sorriso reconfortante. — Vamos, Ju.
Fazemos o percurso em silêncio. Nunca me senti tão incomodada na presença da minha melhor amiga, como agora. A porta do quarto se abre, e Harper nos encara. Sua boca se abre ao reconhecer Jully.
— Eita!
— Vão na frente, depois encontro vocês. — ela assente e vira para a minha amiga.
— Oi, Ju! É um prazer, finalmente, te conhecer. — alarga o sorriso. — Vou deixar vocês a sós.
Dou passagem para ela, que entra em silêncio. Analisa o quarto atentamente e para em minha mesa de cabeceira, onde está o porta retrato que ela me deu, com nossa foto, antes de vir para Londres.
— Por isso eles me reconheceram. — diz secamente. Então ela se vira e aponta para mim. — Fique à vontade para começar.
— Sinceramente, eu nem sei por onde começar, Jully! — solto um suspiro alto.
— Que tal começar por como isso aconteceu? Digo, não quero saber literalmente, é claro! — revira os olhos.
— Eu não planejava nada disso. — toco o ventre. — Eu fui uma idiota inconsequente ao me entregar a ele.
— Isso é um fato! — diz, sem pena. — Ao menos o pai parece se importar com vocês. — ela amolece um pouco. Desvio o olhar, mordendo os lábios. Como diria isso? — O homem que estava com você é o pai, não é? — não a encaro.
— O Thony não é o pai. — digo baixo.
— Se ele não é o pai...? — silêncio. — Ah, meu Deus! — volto a encara-la. — O Oliver é o pai! — não preciso confirmar. Tenho certeza que a resposta está em minha cara.
Jully começa a andar de um lado para o outro. Esfrega o rosto. Bagunça o cabelo. Solta alguns ruídos...
— E ele não me contou nada! — para diante de mim. — Eu vou esganar o meu irmão. — pega o telefone do bolso. Eu surto na mesma hora.
— Não faça isso, Jully! — seguro seu pulso. — Não ligue para ele, por favor.
Ao compreender meu pedido desesperado, a expressão da minha amiga começa a mudar. De indignada para descrença total.
— Ele não sabe... — nego com veemência.
— E não irá saber! Pelo menos não agora. — solto seu pulso.
— Não pode fazer isso com ele! Ele precisa saber, Alice. É o pai dessa criança! — diz, alterada.
— E eu sou a mãe! — bato no peito. — Eu tenho esse direito!
— Não, não tem! — aponta para o meu ventre. — Esse bebê não foi feito sozinho! Não foi uma produção independente! Ele tem um pai que, muito provavelmente, participou de forma ativa no ato.
Sinto as bochechas arderem.
— Não planejávamos isso, Jully! Foi apenas uma noite. Uma única noite! — sinto a tristeza apertar o meu peito.
— Você já disse isso! Mas aconteceu, e agora vocês terão que arcar com o fruto dessa imprudência, juntos! — diz a última palavra pausadamente. Nos encaramos em silêncio. — Do que tem medo, Alice? De que o Oliver não aceitará esse bebê? De que ele não será um bom pai? Ele te ama, e sei que amará ainda mais essa criança.
— Eu sei, Jully! Ele me pediu em casamento. Planejávamos isso, mas não agora!
— Ele te pediu em casamento? — arregala os olhos. — O que mais estão escondendo de mim? Achei que era melhor amiga dos dois.
— E é! Mas tudo aconteceu muito rápido. Tudo isso aconteceu no mesmo dia em que a notícia veio à tona.
Ela nega com a cabeça, colocando as duas mãos na cintura.
— É por isso, não é?
— O quê? — sinto meus pés doerem, por estar tanto tempo em pé.
— Por isso que não contou para ele, porque ele já seria pai. — a decepção está em seu olhar.
— Eu não tinha escolha. Não poderia fazer isso com ele, escolher com qual das duas crianças iria ficar.
— Essa escolha não cabia a você. Ele deveria tomar essa decisão. — olha para o teto e solta uma risada sem humor. — Mas quer saber de uma coisa? — não respondo. — Você fez a pior decisão de sua vida ao esconder isso de nós, principalmente dele, pois o Oliver não é o pai daquela criança. — franzo o cenho. — Madison tentou dar o golpe do baú no meu irmão.
— O quê? — minha voz sai em um sussurro.
— Saberia disso, caso não decidisse se afastar de mim, ignorando todas as minhas ligações e mensagens. — há mágoa em sua voz. — Meu irmão ficou mal por semanas, Alice. Ele até que estava gostando do fato de que seria pai. — abre um sorriso triste. — Imagine se ele soubesse que, realmente, seria pai. Só que agora, do filho da mulher que ele ama.
Sento na cama, sentindo as forças se esgotarem. Não consigo encarar a minha amiga. Não depois de descobrir que, tentando acertar, errei mais uma vez. O colchão ao meu lado se move. Em seguida, sou evolvida pelos braços de Jully.
— Eu sou uma grande estúpida, Ju!
— Você não é, mas tem agido como uma. — sussurra entre meus cabelos. — Ainda dá tempo de fazer diferente, Lice. Ligue para ele, conte tudo. — afasto-me bruscamente.
— Não posso! — ela solta um gruído.
— Por quê?
— Como acha que sua mãe irá reagir? Principalmente depois do que a ex do seu irmão fez? É óbvio que ela achará que estou fazendo o mesmo e, dessa forma, irá fazer a cabeça do seu irmão.
— É o Oliver! Ele te conhece! Sabe que jamais faria isso! — controla-se antes de continuar. — Lice, meu irmão precisa saber. Não faça isso com ele, por favor! — pede chorosa. — Quando ele descobrir, ficará magoado, revoltado...
— Prometo que eu mesma cotarei tudo ao Oliver. Mas não agora. Não com toda essa situação... — ela maneia a cabeça. — Apenas deixe a poeira abaixar um pouco.
— Não me faça esconder um segredo desses do meu irmão, Alice! Não posso fazer isso! Ele jamais me perdoaria!
— Eu não permitirei que isso aconte... — toco o meu ventre, sentindo um chute forte. — Ai! Hoje ele está tão agitado. — seus olhos brilham, observando minha barriga elevada. — Que tocar? — pego suas mãos e as coloco na parte de cima do meu ventre. O bebê chuta novamente.
— Meu Deus! Eu não acredito que terei um sobrinho! — sua voz sai embargada. — Do meu irmão e da minha melhor amiga. — dou risada, em meio ao choro. — Que loucura, Lice!
Apenas assinto. Olho para o meu ventre e digo:
— Amor, essa voz que está ouvindo é da sua tia Jully.
— É menino ou menina? — pergunta, sem tirar os olhos da minha barriga.
— Preferi descobrir apenas no parto. Mas acho que é uma menina.
— Eu também acho! Quer dizer, eu espero. — ergue o rosto, molhado pelas lágrimas. — Já decidiu os nomes?
Mordo os lábios e assinto.
— Se for menino, Jacob. E se for menina, Bonnie. — digo com expectativa.
— Amei! — volta a acariciar minha barriga. — Oi, bebê da titia, isso é tão estranho de dizer no primeiro encontro, mas eu te amo! Amo tanto que chega a doer no peito.
Diz rindo, mas o choro vem em seguida.
— Ele também irá ama-lo, Alice! — aperto suas mãos com força.
— Vai dar tudo certo, Jully! Prometo que resolverei tudo o quanto antes!
>>>><<<<
Oii, pessoal! Estou publicando o capítulo de hoje, como de costume, mas é provável que esta semana não tenham capítulos extras. Coloquei um recado no quadro de aviso, na sexta, explicando o motivo. Peço que continuem orando 🙏🏼 Só darei um spoiler do próximo capítulo: next phase 🫢
Att.
NAP 😘
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