Sou acordada com Makayla adentrando ao quarto sorrateiramente. Se eu fosse tão acostumada com barulho enquanto durmo, não a veria entrando.

— Oi! Desculpe, eu não queria te acordar — diz Makayla ao perceber que eu a observava.

Ela está com a cara inchada, provavelmente por chorar demais.

— Tudo bem, e então como foi o resto da festa não oficial de boas-vindas? — pergunto, ajeitando-me para ficar sentada na cama.

— Pura fossa — responde Makayla, enquanto mexe no guarda-roupa, provavelmente procurando seu pijama.

— Fossa? — pergunto, sem entender bem.

Ela senta na beira da própria cama, com o pijama em mãos, e me fita, olhando para os próprios pés, parecendo envergonhada.

— Eu basicamente estava sendo consolada pelo Rune, destruindo a festa dele, a minha e a sua festa também. — Eu nego freneticamente com um gesto de cabeça, pois, ao me citar, ela me fita diretamente.

— Não se preocupe com isso, eu gostei da minha primeira festa. Certo, pelo menos parte dela foi muito boa — digo, recebendo um riso soprado dela.

— Mesmo assim, Azul, me desculpe. Desculpa ao Rune também, ele não deveria ter falado com você daquela forma e eu deveria ter te defendido. — Eu me aproximo dela, segurando uma de suas mãos, enquanto praticamente me ajoelho em sua frente.

— Realmente está tudo bem, Makayla. Mas não que seja da minha conta, por que você ficou daquele jeito do nada? — pergunto, vendo-a ficar mais tímida.

— Não foi bem do nada. O garoto, Elliot, que abraçou a Angelique, é o cara de quem eu gosto. Ele foi meu primeiro beijo, achei que fôssemos nos tornar namorados, mas ele mudou de repente e apareceu namorando a insuportável da Angelique — ela me conta. Além de tristeza em sua voz, percebo que há raiva.

— Então ele não te merece. Sei que não posso falar muito, pois não te conheço há muito tempo e eu não quero soar invasiva, mas estou aqui para te ajudar a superar isso. Fale comigo quando precisar — digo. Makayla sorri, mesmo que minimamente, e então me abraça.

— Obrigada, Azul — ela praticamente sussurra.

Após nos afastarmos, ela vai se trocar. Conversamos um pouco mais sobre a festa antes de ir dormir e, por fim, adormecemos, prontas para o retorno das aulas dela e para o primeiro dia de aula.

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Sou acordada por alguém batendo na porta. Olho para a cama ao lado e vejo Makayla dormindo. Então me levanto para ver quem é. Ao abrir a porta, dou de cara com a secretária Summer. A mesma me fita, um pouco irritada, enquanto segura uma caixa.

— Aqui, são seus uniformes. Também deveria ter ido buscar seu horário de aulas na minha mesa — ela fala, colocando uma pasta de papel em cima da caixa que agora seguro.

Nem um bom dia ela me deu. O trabalho de me entregar já é suficiente, mas eu a entendo; eu deveria ter ido procurar saber do meu uniforme e do meu horário de aulas antes.

— Me desculpe, eu ia assim que acordasse — digo, tentando me justificar.

— Existem coisas que devem ser resolvidas o mais rápido possível, senhorita Avaluna — ela fala, irritadiça.

— Eu sei, me desculpe novamente. — Ela apenas arrebitou o nariz em desaprovação e saiu batendo o pé.

Volto para dentro do quarto, trancando a porta atrás de mim. Makayla, que já se encontra acordada, me fita confusa, talvez ainda não esteja totalmente desperta.

— Quem era? — Makayla pergunta, pondo-se sentada na cama.

— A secretária Summer, ela veio me entregar os meus uniformes e o meu horário de aula — respondo. Vejo-a assentir, enquanto, logo depois, se força a sair da cama.

Acredito que sou a única prestes a surtar internamente para o primeiro dia de aula.

— Certo, certo. Vou tomar banho enquanto você tira sua roupa da caixa e vê seu horário — eu assinto, indo fazer o que ela falou, enquanto a mesma entra no banheiro.

Ao abrir a caixa preta, que antes estava lacrada, percebo que há dois pares de cada uniforme; são três modelos de uniformes ao todo. Ao olhar meu horário, percebo que minha primeira aula é uma aula comum intitulada "História da Nova Era, parte 6". Alguém avisa que eu, ao menos, vi a parte um, mas pelo menos li algumas coisas sobre isso. Não vou ser tão leiga nessa aula quanto em outras que estou vendo no quadro.

Ainda hoje também tenho aulas especiais para conjuradores e aula de reconhecimento botânico. A aula que será apenas para conjuradores é depois do almoço, então ainda tenho um tempo para absorver tudo que haverá de novo hoje. O único problema é que ela toma a tarde toda.

Assim que Makayla sai do banheiro, eu adentro o mesmo, faço minhas higienes e necessidades e também me visto dentro dele. Ponho o uniforme para aulas comuns, que vou ter que usar mais. Ele é praticamente inteiro cinza, com outros tons mais escuros da mesma paleta e detalhes em marrom. É composto por uma saia plissada que vai até um pouco acima do joelho, uma camisa social cinza que tem a logo da escola e uma jaqueta que também tem a logo, um par de meias três-quartos e um par de sapatilhas pretas.

Ao sair do quarto, Makayla também já está vestida. Acredito que, pelo menos pela manhã, nosso horário será o mesmo, já que somos ambas do sexto ano.

Sem muita demora, vamos direto ao refeitório. Estamos mortas de fome; digamos que ter gasto calorias chorando ou dançando nos deixou assim.

Entramos na fila, já com as bandejas em mãos. Então pegamos o que sentimos vontade de comer, que foi basicamente a mesma coisa: sanduíches naturais, iogurtes, sucos e cereal colorido.

Não demora muito para, depois de nos sentarmos em uma das mesas, Rune chegar. Ele nos fita com uma sobrancelha levantada, vindo até nós assim que pega seu próprio café da manhã.

Primeiro, os uniformes dos meninos não são tão diferentes dos nossos; o que muda são as calças de tecido cinza e que seus paletós são menos acinturados. Segundo, Rune realmente parece não gostar muito de mim, o que pode se tornar um grande problema, já que Makayla me quer como amiga e eu também a quero como tal.

Terminamos nosso café da manhã, com conversas paralelas e sem que recebêssemos desculpas adequadas do garoto pequeno, com olhos prateados e óculos de armações marrons.

Vamos para a sala de aula juntos. É estranho que, assim que chegamos, ninguém esteja sentado nas carteiras de filas duplas de madeira antiga e escura. Como praticamente toda sala em livros, essa também possui janelas grandes, um quadro negro verde com moldura de madeira, uma mesa apenas para o professor e adolescentes por toda parte. Eu ao menos lembro de ter visto a metade durante os poucos dias que estou aqui.

— Vamos sentar? — pergunto, vendo que até Makayla e Rune não se mexiam.

— Não podemos; não vai adiantar em nada — Rune responde.

— Como assim? — pergunto, confusa.

Durante minha pergunta, vejo Sorah e Angelique, que estão abraçadas com Elliot. Logo depois, chega Davian, que me olha com seu mesmo olhar arrogante desde que o conheci.

— O professor Kallias Aven vai sortear os nossos lugares pelo resto do ano, como todos os anos — Makayla explica. Ela ainda não olhou para trás para ver o casal que lhe causa traumas.

— Ano passado não ficamos juntos, mas talvez não tenhamos o mesmo azar este ano — Rune fala, fazendo um biquinho nada fofo.

— Então não poderemos sentar ao lado de quem quisermos? — Eles negam.

— Se quiser, posso tentar convencê-lo a nos deixar sentar juntas. Como você é novata e teoricamente nunca estudou em outro lugar, ele também é um manipulador como eu e já me treinou algumas vezes — Makayla fala, me dando um pouco de esperança que é quebrada por seu amigo.

— Vai fazer uma mamadeira para a Azul também? — Sua voz sai tão irritante que, apenas por educação, não reviro os olhos.

— Não precisa, Makayla; mesmo assim, obrigada. Tenho que me adaptar às coisas — digo, vendo-a assentir com um gesto de cabeça.

E assim que levanto os olhos dos dois em minha frente, vejo Lyall entrar na companhia dos gêmeos Faris, Mila e Miles. Ele sorri para mim, o que não demoro a retribuir. Talvez não seja tão ruim sentar com outra pessoa que não seja Makayla, desde que seja ele.