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VII. O INDESEJADO

Daniel Stifler era conhecido pelo departamento por sua inconstância. Apesar de ser qualificado para o cargo, sua personalidade apenas destacava sua esquisitice. Cheio de trejeitos, o cientista forense amava seu trabalho de forma que mesmo as cenas mais preocupantes e grotescas o extasiava. Um gênio incompreendido, Stifler mantinha sempre o cabelo ruivo bem penteado e carregava um sorriso estranho e cheio de dentes. Poucos pareciam ver mais do que um garoto que andava esquisito e possuía mais espinhas do que o normal para quem já havia saído da puberdade.

Peter Bane, no entanto, o aceitou como pupilo assim que Daniel começou uma conversa sobre Criminal Minds e como deveria ser interessante trabalhar para FBI. Apesar da sua obsessão por serial killers - coisas que graças a Deus não era recorrente em Lee's Summit -, o tanto que Stifler era curioso, ele era inofensivo.

Peter encontrou-o tirando fotos da cena do crime. Os corpos já haviam sido encaminhados ao OCME* e, assim que chegasse na delegacia, as imagens das estradas de Raytown iriam estar disponíveis para averiguação. Ainda havia uma equipe vasculhando o perímetro da casa com cachorros de caça e mais tarde organizaria as convocações para depor na polícia. Com cuidado, o detetive começou a vasculhar por algum furo em seus planos, mas parou assim que percebeu que Stifler não estava sozinho.

Fiscalizando o trabalho da perícia, o Detetive Richard Lawrence caminhava pelo sótão impacientemente. Peter respirou fundo temendo que a presença de Lawrence significasse o que havia cruzado sua mente, embora a verdade estivesse escancarada à sua frente: depois de três meses sem um parceiro, finalmente o capitão havia lhe designado alguém para trabalhar junto com ele. No entanto, esperar por um novo colega de trabalho nunca foi-lhe tão desanimador, levando em consideração que teria que lidar com o maior almofadinha da delegacia.

- Algum problema, Richard? - indagou Peter ensaiando uma expressão serena, porém cautelosa.

- O que aconteceu com sua camisa?

Peter soltou um resmungo ao perceber que ainda tinha manchas vermelhas em sua vestimenta. Eram discretas, mas era seu dever ter no mínimo a trocado.

- Problemas de trabalho, eu acredito - respondeu sem se abalar.

Richard, no entanto, incomodou-se com sua atitude.

- Está aí o porquê de não se mandar qualquer detetive para o campo.

Peter colocou as mãos nos bolsos da calça, a sensação térmica baixando assim que encarou sem medo o melhor e mais insuportável detetive de Lee's Summit.

- Concordo, detetive - disse ele.

Stifler levantou o olhar de sua câmera estranhando a atitude de Peter. Bane era conhecido por não levar desaforo para casa e sua atitude cordial era anormal para aqueles que o conheciam.

- Agora, se me der licença o detetive qualquer aqui precisa fazer seu trabalho.

Daniel levantou as sobrancelhas e segurou o riso. Observou Peter aproximar-se de Stifler, que sorriu ante ao amigo.

- Dia difícil?

- Nem me fale - respondeu Bane - Diga-me o que era tão interessante que me fez vir até aqui.

Com uma animação renascida, Stifler de pôs a falar do modo organizado em que o criminoso executou o assassinato. Tudo indicava que a diferença da hora da morte era de menos de um dia e havia apenas três cadeiras no sótão, não quatro. Havia pacotes de salgadinhos e doces jogados por todas as partes; todos dentro da validade. Os pequenos pacotes de suco de caixa e garrafa de água foram levados em busca de um DNA que pudesse levar ao culpado.

Apesar de ser explicado para o Detetive Bane, Lawrence os rodeava como abutre em busca de respostas. Ele anuia, fazia notas e perguntas transformando a paciência de Peter em graus menores a cada segundo. Seu jeito invasivo era fogo aceso perto da pólvora que era o temperamento de Bane. Embora tenha melhorado com a idade, sua essência impaciente ainda permanecia intacta diante de idiotas que não sabiam seu lugar.

E, com toda certeza, Lawrence era um deles.

- Vou precisar que tragam os cachorros para farejar a área de dentro. Talvez tenha algo que estamos esquecendo. Lá fora encontrei algumas pegadas que iam para fora do perímetro em que os policiais estavam, vocês deveriam dar uma olhada - disse Richard meio sugerindo, meio ordenando.

De toda maneira, ainda assim recebeu o olhar arqueado de Bane de "você sabe que esse caso é meu?" que era muito mais efetivo do que as palavras propriamente ditas.

Foi quando Lawrence sorriu, o bastardo.

- O que há, Bane? Não me diga que não sabe que somos parceiros a partir desse caso?

*OCME é equivalente ao IML brasileiro.

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N/a: Voltei! Saudades de mim?
Ainda não estou oficialmente de férias, mas graças a Deus o tempo está livre para escrever! Já voltamos com um personagem que será bastante presente nos próximos capítulos; o detetive Lawrence é grande fã do Bane (rs).

A próxima atualização será dia 15 e até lá publicarei spoilers no grupo do Facebook.

Até mais!

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