Já pensou nas características que fazem você ser quem é? Algo que as pessoas olhem e digam "Isso é tão fulano", eu já pensei nisso, sendo uma pessoa que adora compartilhar informações pessoais. Meus amigos e familiares sabem tudo a respeito da minha vida, principalmente sobre o meu amor por datas comemorativas.

Sempre fui louca por datas comemorativas, natal por causa dos presentes, ano novo pela oportunidade de recomeçar, páscoa obviamente por causa dos chocolates e finalmente, aniversários. Sei que a maioria das pessoas não gostam dessa data, mas faço parte do time que a idolatra.

Esse amor por tudo o que teoricamente teria que ser feliz, amigável e importante é o que me caracteriza. Se Ramona estivesse aqui com certeza perguntaria: "Por que a bonita está divagando sobre essas coisas?" A resposta é simples, hoje é meu aniversário.

Em datas especiais - não que depois de vinte e três aniversários a data continue sendo emocionante. - costumo pensar em tudo o que já fiz ao longo da minha vida, devo confessar que o universo é bem generoso comigo, tenho ótimos pais que me dão tudo o que quero, estudei em uma ótima faculdade, tenho um número considerável de amigos, os quais posso confiar e outros... não tão confiáveis.

O problema hoje é que a data é muito importante pra mim, espero ansiosamente esse dia chegar todos os anos para ver as declarações e ser mimada, é como uma validação do quão boa amiga sou e que não sou um total fracasso em tudo o que proponho fazer, é igualmente bom para o meu ego. Nas minhas amizades e na relação com a minha família é a única área onde meus pais não têm acesso para facilitar o amor que as pessoas ao meu redor irão sentir, nesse aspecto tenho total autonomia. É errado pensar que gostaria de sair um pouco debaixo das asas deles e começar a viver dos meus próprios erros?! O foco de toda essa divagação é meio fútil se pensado com cuidado, mais uma garota solitária e sofredora que foi abandonada pelos amigos e esquecida pelos pais. Ótimo, um velho clichê que ninguém aguenta mais.

Bom, não é esse o meu problema, a questão é que sempre sonhei com a vida ideal, aos dezoito anos entrar em uma ótima faculdade, já ter conhecido o amor da minha vida e aos vinte e seis estaria pronta para viver o matrimônio, obviamente toda essa ilusão foi mantida pela infinita lista de comédias românticas, sempre com os seus finais felizes e almas gêmeas e é isso que sempre quis e ainda quero. Quero ser feliz ao lado de alguém, dividir histórias e dores, saber que alguém te ama, apenas por ser quem você é, por causa da sua personalidade ou um detalhe que é tão insignificante aos olhos dos outros e tão grande e significativo para ele. É isso que eu preciso, alguém que vai me olhar e enxergar o mundo, não por interesse ou obrigação, mas sim porque meu jeito estranho, desastrado e idealizador o conquistou. O amor que eu preciso não é o próprio - como o coach de vida do YouTube tentou vender no vídeo que assisti mais cedo - é o amor companheiro, principalmente hoje onde todos os que importam esqueceram da minha existência. Nem todas, mas para manter a narrativa dramática me vejo na obrigação de elucidar que TODOS me esqueceram.

O que me leva a outro ponto importante: não é meio vazio pensar que quanto mais você tem, mais sozinho você costuma estar ou se sentir? Não porque as pessoas não querem ficar com você e sim porque nada do que elas podem te oferecer vai curar aquele espaço bem no fundo do seu peito, onde apenas algo específico conseguiria se encaixar. Posso ser feliz com tudo o que a vida me deu, mas se tenho a chance de ter mais, por que não correr atrás? É por isso, que vivo me metendo em roubadas, aceitando amores e pessoas que não encaixam suas vidas na minha ou simplesmente não me servem e por fim mascarando traços que podem ser importantes para o futuro amor da minha vida se apaixonar por mim. E por ser meio vazia beberei tudo que não bebi ao longo desses anos, assim quem sabe não encontro o final tão feliz em uma das garrafas?

Outro ritual que tenho é algo ainda mais aleatoriamente fútil do que tudo isso, todos os anos um site famoso de signos envia um e-mail, te desejando feliz aniversário, considerado o início de um novo ano. É meio triste pensar que as letras que passei os últimos vinte minutos encarando é um dos três únicos parabéns que recebi ao longo desse dia. Sentada na minha cama com uma garrafa na mão e o celular na outra, resolvo ler o que evitei desde a hora que recebi.

"Esse é o início de um novo ano em sua vida. Feliz aniversário!

Sempre podemos conversar um pouco sobre prioridades. Todo novo ciclo pede o questionamento: 'O que merece permanecer em minha vida e o que devo deixar para trás?'

O novo precisa encontrar espaço para ficar, concorda? Quando levamos por muito tempo, comportamentos ou pessoas que não fazem mais sentido, acabamos revivendo situações que não nos permitem crescer e seguir por novos horizontes.

Isso pode gerar desgaste, cansaço e desânimo. E, se vivemos isso constantemente em uma área específica da vida, corremos o risco de pensar que nunca vamos sair dessa. 'Ah! O amor não é pra mim'.

O impulso de pensar que o que acontece conosco depende prioritariamente de circunstâncias externas, é até natural, mas já parou para refletir que você pode 'Estar vendo várias vezes o mesmo filme'? Pelo simples motivo de 'Não levantar para mudar de canal'? Percorrendo o mesmo caminho pelo simples medo de mudar os seus passos de direção? Permanecendo em uma rotina desgastante por medo do que te espera fora da zona de conforto?

Há algo faltando em sua vida que você deseja desesperadamente?

Talvez, seja o momento de decidir quais pesos devem ficar para trás e quais devem permanecer na sua mala.

É um novo ano que se inicia, um novo renascimento com mil possibilidades, Tiana. Você só precisa sair do seu mundinho colorido e tentar novos lugares. Algo nos diz que os astros trazem boas vibrações para a sua nova fase, novas pessoas e lugares, e a nós aqui da equipe, cabe apenas te desejar boa sorte em sua jornada."

"Há algo faltando em sua vida que você deseja desesperadamente?" Sim, falta amor, desejo encontrar essa tal felicidade romântica. E é com esse pensamento -me sentindo ainda mais miserável do que quando comecei a ler - que finalizo a última garrafa de bebida amarga, assim como eu. Rezando para que o amanhã seja mais feliz e finalmente consiga as respostas do porque tenho essa ridícula fixação em querer encontrar, não a peça que me falta, porque sou completa e sim uma pessoa pela qual esperei esses anos todos para poder dividir o que o destino tem me reservado. Não importa se são coisas boas ou ruins, só precisa ser algo que me mantenha na direção da felicidade que idealizei por tantos anos.