Jade - Parte 6
Isaac estava errado sobre muitas coisas. Ele dizia que a Jade do RPG devia acordar para a realidade, insinuando que a Jade real fizesse o mesmo, mas não era essa a verdade. Eu estava muito certa de quem era e do que fazer com minha vida, ao contrário dele. Sabia até que ponto minha religião estava correta, sabia apreciar a tradição só até onde meus direitos permitiam... Enfim, sabia com precisão o todo que me tornara, como mulher principalmente. Crescera muito naqueles diálogos inocentes em um RPG de Harry Potter. Consegui um pouco de paz em minha alma ao me apaixonar por alguém que nunca vira na vida; que provavelmente nunca veria. Estava contentada com tudo, mesmo que meu desejo mais profundo fosse voar até Roma e roubar Isaac para mim. Mesmo que tudo me impedisse de ficar junto do garoto que gosto.
Eu estava em um banco do Hyde Park, alimentando os pombos. Por quê? Porque eu estava tentando não responder Isaac. Discutimos feio naquela semana, pois ele fora muito pessimista em relação ao que tínhamos. Eu afirmava que era como se namorássemos, ele negava. Para Isaac, o amor só nasce com a presença constante. E quem sou eu para discordar, não é? Conheci muito bem sua personalidade nos meses em que interagimos no RPG, mesmo que focássemos pouco no romance. E talvez essa seja a chave para o amor: deixar o romance simplesmente acontecer, envolto por uma amizade pura. Nós somos muito diferentes, em diversos aspectos, mas isso não me impediu de cair no amor. Cair profundamente nesse buraco assustador que é o amor. Mas tudo indicava que ele não sentia o mesmo.
Suas palavras indicavam que ele não sentia o mesmo.
Então eu criei um plano infalível: parar de falar com ele. Certo, como isso ajudaria? Bem, se eu falasse só o necessário com Isaac, uma hora ou outra ele perceberia que sente minha falta. Que não consegue mais viver sem falar comigo. Se isso deu certo? Não. Ele não me procurara tanto quanto imaginado. Apenas me perguntava onde eu estava, para saber se estava bem. E eu respondia? Claro, porque sou uma pateta! E dissera exatamente onde estava, o que fazia. Só que eu cansei, em um determinado ponto. Joguei o resto do pão no chão, animando os pobres pombos. Levantei e comecei a caminhar para fora do parque. Tive a impressão de ter ouvido alguém me chamar, mas durou pouco.
Ninguém veio ao meu encontro no Hyde Park.
Ninguém.
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