Isaac - Parte 1
Eu sabia que estava cometendo um erro. O meu consciente me apavorava sobre a possibilidade de tudo aquilo dar completamente errado, principalmente por estar fazendo tudo aquilo de surpresa. Meu consciente me alertava para a possibilidade de todo meu planejamento dar errado. Ele estava correto? Provavelmente. A viagem estava acertada, provavelmente regada de passeios, diversões e boa companhia. Mas eu não conseguia me controlar. Nunca ousei desafiar o limite da razão, sempre respeitei as ações que o futuro escreve para nós. No entanto, decidi ultrapassar essa linha subitamente. Ignoraria as regras e escolheria o caminho que ela devia cumprir. Mostraria onde encontrar a verdadeira felicidade.
O Hyde Park permanecia idêntico ao parque que eu encontrara anos antes, em uma viagem sem graça de família para Londres. Desde as minhas viagens de infância, eu não fazia questão de pisar naquele lugar, pois as árvores, jardins e gramas verdejantes me traziam, ironicamente, uma sensação ruim. As famílias passeavam, crianças corriam, esportistas aproveitavam o sol e donos apressados conduziam seus animais de estimação. Eu só conseguia me lembrar de como tinha que fingir ser normal e feliz com meus pais, apenas para mostrar as fotos para a família. E, é claro, para todo os amigos que minha mãe tem no maldito Facebook.
Enquanto percorria o lugar, lembrei-me da conversa com Emma, uma garota que conheci no RPG de Harry Potter. O RPG em que conheci Jade. O RPG em que meu personagem sonserino começou um relacionamento estranho com a personagem lufana dela. Éramos um sonserino e uma lufana na vida real, mesmo que as pessoas digam que o universo de HP não existe. Voltando à Emma, a garota da grifinória nunca gostara de mim e eu não esperava nenhuma boa ação vinda dela. No entanto, Emma me chamou em inbox e disse com claras palavras o que eu devia saber. Emma me falou dos planos da lufana para as férias citando que a garota estaria na companhia de Lucas. Isso me incomodou. Tentei manter a calma e acreditar que ela estaria em boas mãos, mas a ideia começou a soar de maneira absurda. Também estranhei o fato de Emma ter me contado isso, era como se quisesse me alertar sobre alguma coisa. Ela me deixou cheio de dúvidas com um olhar que representava "agora é com você".
Eu odiava Lucas. Ele era um garoto da Grifinória, que usava o seu nome real no RPG e também era conhecido no nosso círculo de "bruxos" como o único amigo real de Jade. E com real, quero dizer real. Sério! Ele conhece Jade de verdade. Os dois se conheceram em um evento de Harry Potter, fato que me fez gostar um tiquinho menos de ser fã dos livros/filmes. Mas eu tinha motivos para não gostar de Lucas. Ele não era um bom amigo, pelo menos eu não via assim.
Comecei a ficar impaciente após tantos minutos sem um mínimo vestígio da garota. Era como estar no labirinto do Torneio Tribruxo. Por mais que eu tentasse, não conseguia encontrar o caminho certo. Parte de mim culpava-se pela atitude que estava prestes a fazer, mas outra incentivava meus sentidos nessa busca.
Após rodear quase todo o lugar, bufei de frustração e chutei uma lata de lixo. Provavelmente ela brincara ao me dizer que estava dando pão aos pombos, sentada e um banco no Hyde Park. Ela não diria a um cara que evita ligações sua localização. Não seria sensato. Mas quem disse que Jade é sensata? Justo quando aceitei a derrota, consegui avistar aqueles cabelos castanhos. Isso me acalmou profundamente. Jade não mentira para mim, sobre diversas coisas. Provavelmente me dissera sua localização por não imaginar que eu poderia estar próximo a Londres. Ela também não mentira sobre sua aparência, pois podia ver à distância que ela era idêntica às diversas fotos que me mandara. Era uma garota e tanto! E antes de ter coragem de ir até ela, lembrei da primeira vez em que vi aquele rosto.
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