Ser sangue do seu sangue não me trouxe o benefício de ser sua filha, nem tão pouco te chamar de pai, que por acaso é e sempre foi a palavra mais pesada do meu vocabulario.
Sou filha do acaso criada por uma super mãe, sou aquela que chorava baixinho todo segundo domingo de agosto a procura di seu heroi, seu amigo, seu protetor, seu pai.
Ser sangue do seu sangue não me permitiu conhece-lo fisicamente, humanamente, olhos nos olhos, podendo saber os pros e os contra daquele que por amor, prazer ou momento ajudou a me trazer no mundo. Sou filha do imaginário, do meu imaginário que todos esses anos lhe deu rostos, formas, jeitos diferentes, formei pai para todos os gostos incluindo o meu.
Ser sangue do seu sangue nem mesmo me fez sentir sua falta, só se sente a falta de alguém que se podê conhecer.
Sou filha..., ou melhor, não sou filha de um pai pois o mesmo eu não pude ter, não choro mais por sua falta, também não guardo magoas nem rancor, o tempo jogou ao relento a pagina em branco que você deixou, e na verdade eu almejei ser sua filha e rezei para você se reconhecer como pai..., meu pai.
Hoje vejo que são favas contadas, águas passadas que não movem o moinho. Vou prosseguir com minha caminhada , meu trajeto nessa longa estrada.
Ontem eu queria ter uma pai, hoje eu quero mais é ser feliz.

Autora: dossantosellen