Capítulo LXI
Acordei com um soco bem no meio da cara.
Léo estava tendo uma convulsão e se debatia na minha cama; tentei acorda-lo, mas ele se contorcia e tremia cada vez mais e mais.
Pulei da cama e corri até o quarto do meu pai. A Crystal e a Lily dormiam na cama de casal e eu deduzi que ele devia estar no escritório.
- Mãe - chamei, desesperada. - Crystal, acorda.
No mesmo instante, ela arregalou os olhos.
- Que foi?
- Vem aqui.
Ela levantou e me acompanhou até o meu quarto.
- Quem é ele? - ela perguntou, ignorando o fato de que ele estava quase se dobrando ao meio.
- Um amigo - respondi. - me ajuda, o que a gente faz pra ajudar ele?
- Liga pra ambulância - mandou, enquanto correu na direção dele e o virou para o lado na mesma hora que ele vomitou.
Peguei o celular, trêmula, e disquei os três números. Tentei passar da forma mais tranquila que pude o endereço da minha casa, apesar de estar tão nervosa que quase não conseguia pensar.
A convulsão do Léo logo parou, mas ele permaneceu inconsciente e eu me perguntei porque diabos aquela maldita ambulância não chegava.
- Dane-se, me ajuda a levar ele pro carro.
O carregamos rapidamente para a sala e eu peguei a chave do carro.
- Deixa que eu dirijo - ela se ofereceu. Lhe entreguei a chave e sentei no banco de trás, ao lado do Léo.
Ele suava frio e respirava com dificuldade e eu soprei seu rosto, como se aquilo fosse ajudar em alguma coisa.
"Vai ficar tudo bem" disse para mim mesma. Não acreditei em uma palavra, mas tentei manter o controle.
Chegamos ao hospital e a Crystal logo providenciou uma maca onde, com a ajuda de um enfermeiro, colocamos o Léo.
Assim como havia acontecido com a Jenny, ele foi levado à ala de desintoxicação e eu e a Crystal nos sentamos exatamente onde eu e ele havíamos nos sentado semanas antes.
- Há quanto tempo ele usa cocaína?
- Algumas semanas - "Eu acho". - mas eu não sabia que ele tava usando. Ele me prometeu que pararia.
- Entendo.
- Valeu por me acompanhar - agradeci.
- Tenho que conpensar de alguma forma os anos perdidos, não acha?
Dei de ombros. Eu só queria ficar na minha e esperar até que eu pudesse vê-lo outra vez.
[...]
Ele estava desacordado quando entrei no quarto.
Crystal havia preferido me esperar lá fora, e eu achei que seria melhor assim. Não queria que ela me visse chorando.
- Estou começando a detestar hospitais - falei com a voz meio rouca, para ninguém em especial. - por que vocês insistem em querer me ver assim, ein? Não podem simplesmente ter uma vida normal e morrer de velhice aos 135 anos? - Dei risada. Ele permaneceu imóvel. Se estivesse acordado, com certeza riria comigo. Ele era tão idiota quanto eu. - se você demorar de acordar, eu vou chutar você... Mas se você acordar agora, eu juro que te dou um beijo.
Ele não acordou.
E meu medo só aumentou.
Crystal e eu voltamos para casa e me tranquei no quarto assim que chegamos.
Tirei as roupas com cheiro de hospital e deitei na cama.
"Mas que droga" foi a primeira coisa que pensei. Depois, toda a confusão de pensamentos tornou a tomar conta da minha mente e, pela milésima vez naquela semana, senti minha garganta fechar; por estar de barriga para cima, uma lágrima escorreu pelo canto do meu rosto e eu fechei os olhos.
Nem tinha superado perder o Leonardo, e agora a vida do Léo estava em risco... "Por favor, Deus, permita que eu não consiga sentir mais nenhuma dor, por favor".
[...]
Era sábado de manhã e eu felizmente não precisava trabalhar no fim de semana. Assim que abri os olhos, vi a Lily parada à minha frente, me observando. Seus cabelos cacheados estavam soltos e meio bagunçados envolta do rosto. Havia acabado de acordar.
- Queria que meus cabelos fossem iguais aos seus, Lia - ela disse e eu sorri.
- Os meus já foram como os seus, sabia? Mas aí eu decidi mudar e os cortei.
- Por que? - ela indagou, como as crianças da sua idade costumam fazer.
- Não sei - me espreguicei e sentei na cama. - cadê todo mundo?
- Mamãe tá na cozinha.
- Que ótimo. Eu vou no banheiro e daqui a pouquinho te encontro lá na cozinha.
Ela balançou a cabeça e correu para fora do quarto, os cabelos esvoaçando.
Entrei no banheiro e, depois de fazer xixi, olhei para a banheira e lembrei da noite anterior. Era incrível como eu e o Léo tínhamos uma intimidade fora do normal. Mesmo nas situações mais inapropriadas, conseguíamos agir como se nada demais estivesse acontecendo.
Pensar nele me deu um frio na barriga.
Para completar, encontrei meus pais na cozinha tomando café como se aqueles cinco anos simplesmente não tivessem acontecido.
- Cadê a Lily? - perguntei, sentando ao lado do meu pai, que lia seu livro silenciosamente.
- Na sala - Crystal respondeu. - ela gosta de comer enquanto assiste à Pantera cor de Rosa... Fiz torradas, quer?
Assenti. Mas ao invés de esperar que ela me servisse, levantei e fui pegar meu próprio café.
- Eu estava pensando em levar a Lily no Central Park hoje. Quer ir com a gente?
- Preciso visitar o Léo.
- Você pode fazer isso quando sairmos de lá.
- Tudo bem então.
- Ótimo... - ela passou pela bancada segurando sua xícara preta com chá, deixando apenas eu e meu pai na cozinha.
- O que o senhor está achando de tudo isso? - perguntei após dar um gole no meu café preto. Meu pai terminou de ler o parágrafo em que estava, marcou a página e fechou o livro.
- O que você quer dizer com isso?
- Quero saber se você realmente está bem como parece estar.
- Por incrível que pareça, eu estou sim. Antes eu achava que, se encontrasse a sua mãe, me ajoelharia aos pés dela e imploraria para que ela voltasse pra casa, mas ontem, quando ela explicou tudo o que sentia quando ainda éramos casados, eu a compreendi e me senti bem com isso. O que passou é passado. Vivemos para o futuro, certo?
- Certíssimo - concordei, dando um beijo em sua bochecha meio barbuda.
- Soube que ontem à noite você e a Crystal saíram para dar socorro à um amigo seu - ele mudou de assunto, o que me deixou um tanto desconfortável.
- Foi o Léo.
- Ele passou a noite aqui?
- Não. Quer dizer, ele até tentou dormir, mas teve uma convulsão e foi aqui que o levamos ao hospital.
- O que aconteceu?
- Ele... - a campainha tocou e eu agradeci em silêncio. Não queria que meu pai soubesse daquilo. Sua visão com relação ao Léo com certeza mudaria e eu definitivamente não queria que seu genro em potencial perdesse pontos por uma "besteirinha como aquela". Tsc, quem nunca foi parar no hospital por conta de uma convulsãozinha que atire a primeira pedra. Não na minha direção, por favor. - Deixa que eu abro! - gritei, já correndo em direção à sala. - estava começando a achar que vocês tinham se esquecido de mim outra vez - ironizei, ao abrir a porta e ver meus amigos (Ian, Joe, George, Jeremy) do outro lado da porta.
- Viemos te ver! - Jeremy falou, passando por mim e praticamente invadindo minha casa. - ai... Meu... Deus. Não me diga que a sua... A sua mãe voltou?!
Os outros, curiosos, passaram por mim para ver se era verdade.
- Não. Ela não voltou pra casa. Vai embora amanhã.
- Mas isso significa que vocês se resolveram! - disse George, me abraçando como se eu fosse a mais nova milionária dos Estados Unidos e ignorando totalmente a prensença da Crystal na sala.
- É, parece que sim - falei, recebendo um abraço de todos. - o que vocês estão fazendo aqui?
- Ficamos sabendo do Léo.
- Como? - perguntei.
- A Jenny. Ela tá fazendo reabilitação e melhorou bastante. Ela que nos contou. Parece que ela passou a noite com ele no hospital.
Arregalei os olhos. Não acredito que aquela vaca estava de Novo, outra vez, novamente, dando em cima do Léo.
Espero que estejam gostando pessoinhas... Lembrem-se de votar, por favor. Comentem o que acharam =] Até o próximo capítulo delicians.
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