39 dias. Juntos.
*depois de sair do café e pegar minhas coisas no carro do John*
- Olha - digo finalmente, depois de termos andado por quase dez minutos em total silêncio. Eu sei que essa não é a melhor hora, nem nada mas: EU REALMENTE ESTOU EM LONDRES!!!! ? - Eu sei que você está mais que aborrecido comigo. Eu sei que nesse exato momento talvez você até queira me matar, tudo bem, eu entendo. Mas... Pense comigo: eu só fiz isso porque queria te ver, Charlie. Talvez até existissem outras formas de chegar aqui sem fazer isso, tipo prostituição, ou tráfico, mas... naquela hora eu estava tão desesperada para te ver que... sei lá, eu simplesmente não pensei - ele continua em silêncio e isso me deixa inquieta. - Eu não gosto do John, ok? Não gosto nem um pouquinho dele e aquele beijo foi uma droga... Não que isso mude alguma coisa... É sério... Fala alguma coisa, droga!
- Eu... eu sei que você não gosta dele, mas saber que... que você o beijou me deixa com raiva. Muita raiva.
- Tudo bem, tudo bem, você tem todo o direito... Só me deixe ficar com você... Não me afaste de você, Charlie, por favor.
Ele para e ficamos de frente um para o outro. Há uma névoa saindo pela sua boca e nariz por causa do frio e ele parece triste. Me sinto um lixo ao vê-lo assim. Tudo o que eu quero é tocar no rosto dele e dizer que eu pertenço a ele e a mais ninguém.
- Você acha mesmo que eu te deixaria por isso? - ele força um sorriso. - Eu não vou te deixar. Mas isso não muda o fato de que eu estou... nem um pouco contente com o que você fez.
- É, eu sei.
- Certo... Onde você pretende ficar? - ele pergunta e eu arqueio as sobrancelhas, mas ele ri logo em seguida. - Você vai ficar comigo, relaxa.
- Hum... De qualquer forma, me desculpe.
- Tá, tá... Está com fome?
- É, eu tô, mas antes de comer, eu preciso ligar pra minha mãe.
- Avisar que chegou?
- Na verdade... Eu preciso avisar que vim. Em minha defesa, eles não queriam me deixar vir.
- Ora, ora... Primeiro você passa por cima da ordem dos seus pais e depois você beija outro cara que não é seu marido... Olha, eu sinceramente espero que a próxima coisa proibida que você faça, seja comigo.
- Só depende de você...
Depois de falar com a minha mãe ("O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? NÃO É ASSIM QUE AS COISAS FUNCIONAM, TESS, VOLTE JÁ PRA CASA!... AI MEU DEUS, FILHA, EU TE AMO TANTO, VOCÊ ESTÁ BEM? QUANDO VOCÊ VOLTA? LEVOU SEUS REMÉDIOS? CADÊ O CHARLIE? PEDE PARA ELE CUIDAR DE VOCÊ, OK? ME LIGA MAIS TARDE, POR FAVOR. TE AMO. SEU PAI VAI TE MATAR, QUANDO VOCÊ CHEGAR."), eu e o Charlie fomos para o prédio da Susan.
- Tess!! - exclama Kim, ao me ver entrar no apartamento logo depois do Charlie. Ela pula o sofá e vem me abraçar. Eu não sabia que a Kim gostava tanto assim de mim. - finalmente alguém que veio me levar de volta ao meu lugar.
- Hum... Na verdade, eu meio que vou ficar aqui.
- Pra sempre? - ela se afasta rapidamente, os olhos arregalados.
Dou risada.
- Não. Pra sempre não, Kim...
- Cadê a Susan e a mamãe? - Charlie pergunta atrás de mim.
- Saíram. Foram no mercado - responde ela, voltando para o sofá.
Charlie me leva até o quarto onde ele e a Kim estão dormindo e eu largo minhas coisas (uma mala com as roupas e a mochila cheia de remédios) no chão ao lado da cômoda.
- Me desculpe - digo, sentando na cama. - me desculpe, me desculpe - repito, num tom suplicante.
- A próxima vez que você pedir desculpa, eu vou tirar os seus remédios.
- Olha só, ele está me ameaçando, pessoal.
- Não é minha culpa se você precisa de remédios para viver, menininha.
Eu dou risada.
- E você precisa de mim para viver, seu paspalhão.
Charlie gargalha muito alto.
- Você se acha, sua nanica sem cabelo.
- Me acho porque você me encontrou, idiota sem pentes.
- Se você pensa que vai conseguir me engambelar com essas declaraçõezinhas meia boca, você está indo no caminho certo.
Levanto da cama e vou até ele.
- A Kim tá lá na sala assistindo, sabia? - murmuro para ele, que sorri. - e não tem mais ninguém aqui.
- Você não vale um tostão.
- Obviamente. Quem daria algum valor por uma garota cujo prazo de validade do leite aberto é mais longo?
- Estou começando a me perguntar se fiz um bom negócio.
- Tenho quase certeza que não, mas infelizmente eu sou tão podre que não tem mais volta. Sem devolução, baby.
- Ah, droga! - ele diz teatralmente, pondo o antebraço na frente da testa.
Dou risada e abraço ele.
- Me desculpe.
- Aaah não, agora você passou dos limites - ele se afasta de mim e pega minha mochila. - sem remédios por um mês, mocinha.
Corro pra cima dele, que levanta o braço e eleva a mochila sobre a própria cabeça. Eu pulo, puxo seu braço, mas ele não abaixa de jeito nenhum.
Me jogo nele e caímos no chão. A mochila vai parar ao lado da cama.
Estamos deitados no chão, eu quase em cima dele, nossas respirações bastante ofegantes.
- Quando você sumiu de repente, naquele dia que estávamos conversando pelo telefone, eu fiquei com medo.
- Medo de quê? - pergunto, ajeitando minha cabeça para ficar em cima do peito dele. Seu coração pulsa com força.
- Como assim "medo de quê"? De te perder, imbecil.
- Ah... É, quando isso acontece, quer dizer, quando eu me sinto muito mal mesmo, eu também fico com medo disso. Fico com medo de te deixar.
Ele não responde nada, mas eu sei o que está pensando.
- Ainda está animada? - ele pergunta de repente. Eu dou risada e sento para olha-lo melhor.
- Eu quero tomar um banho, primeiro.
- Tudo bem, vou pegar uma toalha...
Ele faz um movimento para levantar e eu seguro seu braço.
- Com você.
...
Depois de passar pela sala e ver que a Kim está praticamente sendo engolida pela TV, eu e o Charlie vamos de fininho ao banheiro e trancamos a porta.
Antes de continuar, eu preciso dizer: é incrível, e chega a ser questionável, essa minha "falta de vergonha" com o Charlie. Quero dizer, muitas garotas se sentem tensas, ansiosas e nervosas quando estão prestes a fazer algo relativamente proibido com Deus parceiros (ou parceiras, nada contra); mas comigo é muito diferente. Eu não sinto nada disso. Sinto um friozinho gostoso na barriga e a vontade insaciável de aproveitar cada momento e cada loucura ao lado dele.
Nos olhamos por poucos segundos e ele começa a me beijar. Sem esperar, tinho minha blusa e o sutiã, e ele faz o mesmo com sua jaqueta e a camiseta que veste. Tiramos nossas calças e, quando finalmente estamos sem roupa, entramos na banheira e ele liga o chuveiro.
- Está muito fria? - ele pergunta, quando a água quente toca nossos corpos e começa a se acumular na banheira.
- Não - respondo, quase num sussurro. - Está ótima assim.
- Então vem cá - ele me puxa pela cintura com sua mão molhada. E meus seios pequenos são apertados entre nós quando encosto nele. - Você é a pessoa mais linda que esse mundo já viu. Você é a minha pessoa favorita nesse mundo todo.
A gente se beija. Sentamos na banheira. Estou em cima dele. Nos abraçamos.
Juntos, somos apenas um.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro