Prólogo
Prólogo
Meus olhos fixaram nos corpos machucados e sem vida jogados de qualquer jeito no chão e bem na minha frente. Havia sangue por todo lado e eu sabia o que tinha que fazer, mas meu corpo estremecido pelo desespero e choro compulsivo, não permitia que eu parasse de observar aquela cena.
Abaixei-me ao lado dos meus pais, chorei ainda mais em um grito forte de dor, os puxei para mim e ambos já não respondiam. Olhei seus corpos falecidos e pelas diversas dilacerações e marcas de batalha, tive a certeza que haviam morrido por ataque de lobos. Algo que sempre me alertavam para ter cuidado.
Alguns dos lobos com aparências medonhas encontravam-se caídos mais distante e era claro a luta que havia acontecido ali.
Chorei ainda mais segurando suas mãos e me perguntei o que seria de mim sem eles. No entanto, meu choro foi cessado quando um barulho ao redor chamou a minha atenção, como se um galho fosse pisado. Imediatamente enxuguei as lágrimas e decidi que precisava tirá-los dali.
Com dificuldade, usando a força que nem sabia que tinha, os arrastei até tirá-los do bosque e os levei até a campo com mato baixo, próximo da nossa cabana.
Em meio a minha dor, arrumei coragem para passar o dia preparando a cerimônia que ambos haviam me ensinado e ao final dele, havia cavado duas covas fundas.
Meus braços estavam doloridos, minhas roupas sujas de terra, as mãos cheia de bolhas estouradas e em carne viva, mas mesmo em meio a dor física, forcei-me a lembrar bem, de todos os ensinamentos que meus pais, de forma contida, me passaram durante a vida, como se soubessem que aquele momento aconteceria.
Com o coração em pedaços, o corpo exausto e o rosto tomado de lágrimas, joguei as últimas pás de terra, os cobri de flores e falei em meio as lágrimas as palavras que uma vez me instruíram, contando-me que era como seus antepassados faziam:
— Da terra para a terra. Seu fim chegou e sua batalha terminou... Eu amo vocês.
Deixei meu corpo cair sobre a terra mexida e naquela noite não entrei para cabana, dormi entre os dois me sentindo mais solitária do que sempre fui.
Pensei que ao menos antes, mesmo que fossem sempre tão sucintos, eu tinha meus pais, mas daquele dia em diante seria apenas eu, sozinha no mundo... Sozinha.
Com o sol batendo em meu rosto, acordei no dia seguinte cheia de tristeza e me arrastei até em casa, mas para a minha surpresa, assim que encarei a porta da frente da cabana, faltando poucos metros para chegar, tomei um susto ao ver um lobo sentado lá como se me esperasse.
Carregava olhos tão azuis que pareciam brilhar e me encaravam com atenção, seu pelo preto era brilhoso, como uma estrela na noite escura, e era muito grande, praticamente do meu tamanho.
Encarava-me como se analisasse cada movimento meu, seu rosto tinha um machucado e até pensei ser um dos lobos que atacaram meus pais. Contudo, este não levava a estranha aparência maquiavélica daqueles que avistei mortos ao lado dos corpos, mas sim uma aparência imponente, tão cheio de vida e lindo. Porém, sua beleza não camuflava sua cara de bravo e eu não tive medo nenhum dele.
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