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Capítulo 6


Após acertarmos tudo com Záia, a volta para o castelo estava sendo em silêncio, ouvíamos apenas o barulho dos bichos da noite, do vento que balançava as árvores e das patas dos nossos cavalos pisando firmes no chão.

Todos pensávamos no que a bruxa nos tinha dito e no feitiço para retornar no tempo. Seria perigoso, mas era preciso e eu não pensaria duas vezes em pôr a minha vida em risco e assim salvar outras pessoas de uma vida de fome, tristeza e ranger de dentes.

— Podemos ver os escritos ou procurar um ancião — Mica sugeriu, rompendo o silêncio da noite.

— Sim, pode haver outra saída menos perigosa — foi a vez de Valery concordar, mas apressei-me em encerrar o assunto.

— Já está marcado e não vou desistir. É o jeito mais rápido...

— E o mais arriscado — Iran me interrompeu, eu o encarei sem dizer nada e voltamos a ficar em silêncio.

— Eu vou.

Daxnare! — resmungou algo que não entendi na língua dos ancestrais, que pensei ser um xingamento.

Cavalgávamos devagar e eu sabia que ele estava preocupado comigo, mas os olhares lançados em sua direção pela bruxa Záia ainda martelavam na minha cabeça. Ela aparentava saber mais do que nos demonstrava e claramente guardava consigo algo contra Iran. Em minha mente cogitei que talvez ambos se conhecessem antes daquele encontro.

Pensei no que Mica disse sobre ele ter muitas moças interessadas e cogitei se assim como com Ravina, Iran talvez pudesse ter namorado Záia.

Analisei sua postura imponente no cavalo e em apenas dois dias, já quase não o via mais como o meu lobo Bravo, até sentia falta do meu animal de estimação e pensava que era como se tivesse morrido.

Ao menos se ele me tratasse como amiga, tamparia o buraco que a ausência do Bravo me causava.

E pensar que quando cheguei em Flós, no meu primeiro contato com Iran até achei que podíamos ser íntimos e amigos como eu era com sua forma animal, mas ele acabou se mostrando fechado e distante.

Saí dos meus pensamentos quando notei Valery pareando seu cavalo com o meu e disse:

— Eu sei que vai dar certo e você vai conseguir salvar nosso reino, Rainha — Passou a mão de leve no meu ombro como um gesto de conforto e eu assenti.

— Obrigada, agradeço muito o apoio.

No momento em que fui voltar meu olhar para frente, passei meus olhos por Mica e notei seu rosto apreensivo. A encarei e ela me lançou um sorriso sem jeito.

Eu não entendia nada sobre sentimentos amorosos, sobre romance ou algo assim, mas pensei que talvez Mica pudesse nutrir por Valery um sentimento que guardasse apenas para si.

Não era a primeira vez que eu notava algo nesse sentido, como um sorriso em sua direção, um olhar e uma admiração ao falar dele. O que não era de se estranhar, já que Valery era um bom homem, leal e muito bonito.

Quando chegamos ao castelo, após desmontar do meu cavalo e entregá-lo ao cuidador, andei em direção a escada e fui seguida por Mica, Valery e Iran. Já no salão, me despedi deles e disse que iria para o meu quarto descansar.

— Precisa de companhia, Vida? — Mica ofereceu.

— Não, obrigada, nos vemos amanhã. — Sorri.

Assentiu e quando ia seguir para o corredor que levava para a ala dos quartos das mulheres que trabalhavam no castelo, Valery a chamou:

— Mica, preciso agradecer por sua coragem de hoje em diversos momentos, principalmente em se oferecer para o feitiço. Você foi muito corajosa.

Mesmo tímida, abriu um largo sorriso e respondeu:

— Era a minha obrigação com meu povo e com a rainha.

— Muito corajosa — concordei e ela pareceu sem jeito.

— Muito corajosa — Iran reafirmou.

— Obrigada — agradeceu ainda mais tímida.

Valery virou-se para mim e perguntou:

— Podemos conversar?

— Sim — respondi, mas olhei rapidamente para Mica e vi seu olhar brilhoso se apagar, talvez vendo em mim uma concorrente.

— Boa noite, para vocês — Mica se despediu e após um meneio de cabeça andou corredor adentro.

— Boa noite — respondemos em uníssono.

Pensei que no dia seguinte eu sondaria mais sobre os sentimentos de Mica por Valery e a faria me contar o que sentia.

— Boa noite a todos. Vou dar uma ronda pelos arredores do castelo — Foi a vez de Iran dizer e se afastar, com o costumeiro semblante sério, mas que naquela noite seguia ainda pior.

— Boa noite — Valery e eu respondemos.

— Agora que estamos a sós, Vida, gostaria de dizer que pode confiar em mim e que se tudo for demais para você, não há necessidade de enfrentar, posso ir no seu lugar ou podemos mesmo tentar outra solução. Você não tem que ser o cordeiro a ser imolado para salvar o povo.

— Não há escolhas, Valery. — Sorri, tentando mostrar que estava tudo bem. — Não estou com medo.

— Mas se estiver, está tudo bem também.

Sorri mais uma vez em gratidão.

— Obrigada. — Respirei fundo. — Vou subir, porque hoje foi um longo dia.

— Realmente. Um longo e preocupante dia.

— Boa noite, Valery.

— Boa noite, Rainha. — Fez uma pequena reverência apenas abaixando um pouco a cabeça e lançou-me seu bonito sorriso.

Sorri de volta, depois virei-me para subir em direção ao meu quarto, sentindo os pensamentos borbulhando em minha mente, como água fervendo.

Passei pelos guerreiros de plantão na porta do meu quarto, que eram quatro guardas munidos de espadas, adagas e machados. Todos apostos para qualquer surpresa que pudesse surgir, inclusive um ataque, um rapto ou um assassinato, como Iran me alertou que podia acontecer quando falei que não era necessário a presença de guardas na frente do meu quarto.

Normalmente era apenas um, mas naquela noite ele havia enviado mais, o que me deu um certo medo.

Cumprimentei os homens transparecendo leveza, passei pela porta do quarto e a fechei atrás de mim, onde enfim respirei, senti o medo me atingir e meu corpo estremecer.

Em dois dias eu tomaria um elixir, seria afogada e voltaria no tempo, de onde, talvez, não pudesse mais voltar.

Era tudo muito louco. Me afogar...

Pensar melhor em tudo que me aconteceu naquele dia e aconteceria em breve, fez com que eu sentisse como se o ar estivesse sendo tirado dos meus pulmões, parecia que era sufocada por alguém apertando meu pescoço ou como se já estivesse me afogando.

Corri para a porta que dava para a sacada do quarto, em desespero a abri e com o peito subindo e descendo de pressa, por conta da dificuldade de respirar, eu me segurei ao guarda corpo.

Fechei meus olhos tentando me controlar e insistentemente pensava que aquele sentimento era apenas coisa da minha cabeça, que nada me acontecia naquele momento e eu estava bem.

O vento fresco da noite iluminada pelas muitas estrelas, cortava a minha pele e foquei nele para me acalmar. Abri os olhos e fitei as tochas acesas logo abaixo da minha janela e que iluminavam os arredores do castelo, no entanto, o que me chamou atenção foi que Iran encontrava-se parado e me observando com atenção.

Suas mãos pousadas na lateral do corpo e sua pose tensa dava a ideia de que iria ao meu encontro a qualquer momento, além de seus olhos sérios que transmitiam preocupação.

Forcei-me em me manter novamente centrada e disfarcei meu desespero, apertei os dedos no guarda corpo tentando manter a normalidade e descarregar naquele aperto o meu destempero momentâneo, depois dei a Iran um meneio de cabeça, entrei novamente para dentro do quarto e fechei a porta fugindo de possíveis perguntas sobre desistir.

Sentei-me na cama e já sentindo a respiração se aquietar, no silêncio do meu aposento repensei em tudo que aconteceu comigo naquele único dia e um calafrio outra vez tomou meu corpo. Sim, eu sentia medo, mas apesar dele em nem um momento pensei em desistir.

Ao menos se eu morresse seria tentando fazer algo que valeria a pena.

Tomei banho e era um ritual totalmente diferente do que eu estava acostumada. A banheira que ficava no quarto, próxima da lareira, era enchida de forma manual pelos empregados do castelo e a água era puxada por uma engenhoca a manivela para dentro de uma espécie de cano de cobre, que passava no meio do fogo da lareira e voltava quente para a banheira. Era muito bem arquitetada e sinceramente gostei mais do banho dali, apesar do trabalho para carregar a água.

Na água morna, eu relaxei e deixei a minha mente descansar, acalmando meus medos e me mantendo tranquila.

Após o banho coloquei uma das muitas roupas que as mulheres que cuidavam do castelo disponibilizavam para mim no guarda-roupa do quarto e me servi de uma caneca de chá que também haviam deixado em uma mesa próxima da porta.

Eu tinha tudo que precisava ao dispor das minhas mãos e o que eu não tinha, elas providenciavam.

O castelo era cuidado por muitas mulheres e o único homem que morava ali era Valery, que descobri que não era casado, seus pais morreram por causa da fraqueza causada pela pouca comida e como guardião do trono, ele tinha o direito de morar no castelo. Os demais homens que trabalhavam para o funcionamento da grande construção moravam nas redondezas.

Naquele dia, após o banho pulei o jantar e já recuperada do ataque de pânico, fiquei olhando para Flós da sacada do meu quarto. Era tudo tão lindo e radiante, que ficava difícil imaginar aquele lugar parecido com o vilarejo de Trigo.

Só de me lembrar de tudo que vi lá, o pânico tentava voltar, mas fechei meus olhos e balancei a cabeça involuntariamente na intenção de dissipar os pensamentos negativos.

Voltei para dentro e talvez pela intensidade de tudo que me aconteceu naquele dia, pela primeira vez desde que cheguei em Flós senti-me sozinha e também pela primeira vez lembrei como me sentia na minha antiga casa.

Nela era tudo tão silencioso e solitário, mas ao menos lá eu tinha o Bravo que dormia comigo e conversava... bom, não conversava, mas me ouvia falar coisas sem sentido sobre os animais ou sobre um programa que passava na TV velha.

Desejei que meu lobo estivesse comigo.

Flós não tinha aparelhos eletrônicos ou mesmo luz elétrica, era tudo um tanto arcaico e parecia ser centenas de anos antes ao que eu vivi na antiga casa, entretanto, eu não sentia falta de nada e as pessoas eram muito bem informadas, até mesmo me pareciam a frente daquele tempo.

Decidi parar de pensar, arrumei minha cama e estava pronta para deitar quando ouvi uma batida leve na porta do quarto. Caminhei até ela e assim que abri, Iran estava parado com seu rosto sério de sempre.

— Rainha — disse como cumprimento e com sua voz grossa.

— Sim.

— Posso entrar? — Assenti, estranhando a pergunta e abri um pouco mais a porta dando passagem para ele, enquanto do lado de fora os guardas nos encaravam curiosos.

Assim que Iran passou pela porta eu a fechei e fui até a cama, indicando que ele fosse até lá também. Juntos nos sentamos e o encarei como que silenciosamente o perguntasse o que queria.

— Vida, vim aqui pedir para que você repense o ritual. Podemos pensar em outra saída e...

Bufei e me levantei, impaciente por mais uma vez alguém tentar fazer com que eu desistisse.

— Quando vocês vão simplesmente entender que eu vou fazer e está decidido?

Levantou-se e andou até perto de mim.

— Não tem como aceitar que se sacrifique e fiquemos apenas assistindo.

— Não vou me sacrificar, vou conseguir. — Após dizer com tanta certeza, acreditei mesmo que iria.

— Acho que podemos tentar achar outro caminho...

— Não temos tempo para isso, por enquanto é apenas o povo de Trigo, mas em breve pode ser outro vilarejo até chegar no castelo e tudo voltar a ser cinza. E está decidido. Parem de tentar me fazer desistir.

Ele suspirou, estava de cabeça baixa depois assentiu, concordando comigo.

— Sim, confesso que minha intenção era te fazer desistir, mas vejo que isso é impossível.

— Sim.

Ficamos em silêncio.

— Vou indo então.

Imediatamente senti o vazio.

— Era só isso? — perguntei um tanto carente demais, sentindo falta do Bravo.

— Sim. — Começou a andar em direção a porta.

— Iran... — Peguei sua mão para que olhasse para mim. — Sinto falta... do meu amigo Bravo.

Deu um riso sem graça e pareceu pensar algo, depois ficou sério novamente e disse:

— Aqui eu sou só o Iran. O Bravo não existe.

Balancei a cabeça em positivo, sentindo o soco da sua resposta fria e sem emoção me atingir.

— Te entendo, porque aqui não sou mais só a Vida e sim a rainha, mas apesar disso, continuo sendo a sua Vida de antes.

Coloquei-me como dele e Iran me olhou com o que parecia dúvida, mas novamente vi passar em seu rosto algum sentimento escondido por sua carranca séria.

Ele engoliu em seco lutando com algo no seu interior, até que disse:

— Boa noite, Rainha. — O desprezo era presente na sua voz.

Pensei se a tal Ravina tinha algo a ver com o seu distanciamento, se eles ainda se viam e se ela me via como uma ameaça, mas éramos apenas amigos e eu queria continuar tendo-o por perto.

— Seu afastamento de mim... tem a ver com Ravina? — perguntei e senti meu coração acelerar.

Olhou-me com atenção.

— Quem te falou dela?

— Porque se for, gostaria de conhecê-la, poderíamos ser amigos... os três e...

— Ela te procurou?

— Não!

— Não sou nada de Ravina.

Virou-se para sair.

— Boa noite — respondi sentindo-me triste e sem entender sua revolta ao ouvir o nome da tal mulher.

Acostumei-me a tê-lo por perto e sempre ter sua atenção como lobo, que ter sua indiferença como humano me doía de modo que eu não conseguia entender.

Contudo, antes que fosse de vez, lembrei-me de uma pergunta que estava pairando em meus pensamentos desde aquele dia mais cedo, quando ele me salvou, e tinha esquecido de fazê-la.

— Iran, espera. Só mais uma pergunta. — Virou-se para mim novamente. — O que você fazia próximo de Trigo, quando Mica e eu fomos atingidas pela névoa?

O vi engolir em seco e falou:

— Vi que vocês saíram a cavalo e fiquei preocupado, resolvi segui-las para qualquer eventualidade.

Assenti.

— Obrigada. Não tive a oportunidade de agradecê-lo.

Iran apenas me deu um meneio de cabeça e saiu porta afora sem olhar mais uma vez para trás, me deixando sozinha outra vez.

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