Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 47

Matteo

— Caralho, você pediu para eu te proteger e é isso que eu estou tentando fazer, porra! — minha paciência está por um fio.

— Proteger de quê? — Se eu tinha raiva, ela tinha muito mais. — Eu disse que iria ver Cat no teatro e você aceitou, agora volta atrás?

Porque não havia qualquer risco antes.

— E o que você quer que eu faça? — questiono-a.

— Me conte a porra da verdade, caralho!  — pede e eu penso até onde eu devo contar.

A foto dela e do meu filho no bolso da calça de um associado brutalmente assassinado com o dizer:

"Vou foder sua mulher e seu filho e depois mandar os pedaços pra você" foi mais que o suficiente.

Eu precisava poupá-la.

— Estamos em perigo? — ela questiona e eu confirmo, omitindo o resto.

— Estamos em guerra, Beca — confesso. — Desde que eu me tornei Don, Fernandes jurou se vingar de mim por ter matado o tio dele.

— Fernandes?

— O Don da máfia Calabresa.

Eu espero que isso seja mais que suficiente.

— E o que eu tenho a ver com isso? — minha morena ainda é tão inocente.

Por mais que ela viva aqui na fazenda, fugindo de todos, reclusa, nós saímos para jantar, para o teatro, viajamos juntos e isso foi o suficiente. Claro que seu passado é completamente oculto, afinal Don Carlo a mantinha em casa enclausurada também, mas com outro objetivo.

— Tudo — digo segurando suas mãos. — Eles sabem que para me atingir, só tocando em vocês. — Nunca fui de aparecer com Graziella em qualquer evento, assim como não apareço com Rebeca, mas é notório que eu me importo com ela.

Eu a amo.

— Matteo — ela respira fundo. — Amo a fazenda, amo estar aqui, mas você está paranoico de forma insuportável. Eu não consigo dar um passo no jardim sem me deparar com um soldado. Isso está me cansando.

Eu sabia que ela odiaria. Eu sabia que a impaciência dela teria tempo.

— Até eu pegá-lo, vai ser assim. E se eu precisar te amarrar ou  a prender em um quarto, eu o farei — e a minha paciência em dar satisfação do que eu faço também.

Ela somente sorriu de forma ameaçadora.

— Vamos ver.


— Juro que eu tento ver o que você viu nessa pobre e não consigo achar nada de interessante — minha mãe me tira das péssimas lembranças da briga que eu e Rebeca tivemos anteontem.

Ela não está falando comigo desde então.

— De verdade. Ela até que é bonita mesmo que eu ache que tem curva demais para uma moça de classe — minha mãe a odeia e pra piorar, ainda pega um cigarro na gaveta para fumar.

— Doce, divertida, cheia de vida, companheira, linda, amiga — respondo chateado porque toda essa situação de merda tem nos afastado. Fico mais em Palermo que em casa por conta desse filho da puta que não aparece. — E a senhora deveria parar de fumar. Sabe que Rebeca odeia cheiro de cigarro.

— Eu pouco me importo — e traga o cigarro fechando os olhos. — Naquela penitenciaria, a única coisa que eu tinha prazer era fumar.

— Mas aqui não é lá — e tiro o cigarro das mãos dela apagando-o. — E aqui é a casa dela.

— A casa é sua. — rosna e eu ignoro — Essa puta interesseira não vai tirar nada da nossa família.

Raiva, mesmo sendo de minha mãe.

Agacho-me para ficar de frente a ela.

— Se chamar minha esposa de puta mais uma vez, eu te mando de volta para a penitenciária depois de confessar que a senhora mente com relação ao seu estado de saúde.

— Você não teria coragem — e ainda me ameaça.

— Brinque! — mas a minha era real.

Ela inspira profundamente e baixa a cabeça sabendo que eu tinha muito mais poder.

Lucca conseguiu tirar mamãe da cadeia e colocá-la na minha casa em prisão domiciliar por causa dos problemas de saúde dela, inclusive a mental já que ela tem esquecido das coisas e se torna extremamente agressiva quando não a obedecem. Só que isso não é verdade e sim puro fingimento. A mente da minha mãe é melhor do que a de todos nós juntos assim como sua perfeita atuação.

Até minha esposa ela conseguiu enganar.

— Como estão as coisas na máfia Calabresa? — pergunta o motivo da minha raiva.

— Piores — ao menos com minha mãe eu posso ser honesto. Ela já conhece todos os esquemas, riscos, diferente de Rebeca que parece não ter acordado para a vida que nós vivemos. — Fernandes entrou em guerra conosco desde o momento que eu me tornei o capo em vingança pelo tio que eu matei, e agora tem invadido nossas áreas eliminando muito dos nossos, destruindo nossas remessas, ameaçando nossos associados.

— Você tem que eliminá-lo, Matteo.

— E o que você acha que eu estou fazendo? Ou melhor, tentando fazer? — Aquele merda se esconde como um rato, somente os mais fieis sabem em que buraco ele se encontra. — Quando eu colocar minhas mãos nele, não vai sobrar nada.

Foi nesse momento que alguém nos interrompe ao bater a porta e entrar.

— Beca — minha esposa entra e para ao me ver.

— Pensei que já tinha ido — e caminha em direção a minha mãe que voltou a se mostrar uma inválida, senil. — Aliás, você vive mais lá que aqui.

— Rebeca, por favor — e tudo culpa daquele projeto de drag queen dos infernos que vai se apresentar em Roma numa casa de show que abriu. Não posso ir com ela, não agora, nem posso deixá-la ir sozinha.

— Dona Francesca — ela se ajoelha diante de minha mãe que a despreza e eu me calo para poupar minha esposa de mais uma mentira —, a senhora já lanchou? Bebeu seu suco? — A bandeja estava intacta.

— Nem os animais da fazenda comem essa merda — minha mãe precisa de uma dieta extremamente balanceada e saudável para voltar aos níveis normais de quase tudo, e, no entanto, sequer agradece o desempenho de Rebeca em ajudá-la. — Gian — mama olha para mim em sua perfeita atuação. — Quem é essa empregada? Não gosto dela. — Isso me irrita profundamente — Ela é má e... — faz cara de nojo — suja.

Ódio.

— Não quer comer? — Estou ficando de saco cheio de tudo isso. — Não coma! E você, Rebeca, não deveria perder tempo com ela, aliás, se quer doce mesmo com a diabetes nas alturas, dê. Quer fumar mesmo com uma tosse persistente? — tiro a carteira da gaveta. — Fume!

Rebeca me olhou chocada.

— Matteo, se você está com raiva de toda essa situação que se envolveu, problema é teu, agora não desconte seu ódio na gente. — E ainda defende minha mãe mesmo depois de humilhá-la. — Aliás, vá embora cuidar de seus afazeres e não precisa voltar pra casa tão cedo. Não precisa nem voltar se não quiser, o que me faz um favor.

Eu vi minha mãe fuzilá-la com os olhos.

— Negrinha insolente — mamãe sussurra e eu agradeço os céus Rebeca não ter ouvido, porque puxou a cadeira de rodas da minha mãe e a tirou do quarto e eu me pergunto o que me tira mais do sério: a máfia calabresa em guerra conosco, ou minha mãe e esposa juntas.

***

— Don, será que não temos um traidor entre nós? — Estávamos em mais uma das várias reuniões que tínhamos em nossa casa em Palermo, residência oficial de Lucca e sede da máfia.

— Ele só tem atacado o que a polícia investigou e não achou nada que pudesse nos incriminar —  Lucca responde.

— E as pessoas que têm sido assassinadas foram àquelas que não delataram nossos esquemas — completo, consciente os que nos traíram já estão a sete palmos abaixo do solo.

— Eu não tenho condições de sair do país agora. Minha família está em pânico, Don, e eu não sei mais o que fazer para protegê-los.

Como se isso fosse um problema só seu.

— Estamos caçando esse filho da puta — digo, consciente que todos os meus esforços estão voltados para isso. — Temos gente infiltrado na região dele, buscando-o.

— Além de estarmos minando suas forças — Lucca conclui. — Assim como ele tem nos destruído, nós também a ele, e ele tem perdido mais.

— Don — um dos nossos subchefes me chama —, não deveria sair com tão pouca segurança. Ele jurou mata-lo e pelo que temos visto, o objetivo maior dele é esse — confirmo, balançando a cabeça. — Não seria prudente o senhor viajar com sua família para algum lugar afastado?

Preocupação ou medo por si?

— Desde quando eu fujo de uma briga? Acha mesmo que esse moleque vai me atingir? — Queria tanto que esse desgraçado aparecesse, mas covarde como ele é, só eu aparecendo de peito aberto em sua região, totalmente nu para que ele dê o ar da graça.

— E a prostituta que o senhor contratou, doutor Lucca? — outro questiona.

— Encontrada morta em um porta-malas de um carro, próximo a entrada de uma das minhas fazendas — respondo irritado porque ela fora a única que conseguiu ter acesso a ele, mas morreu antes de nos enviar a localização.

Observo meu irmão ver algo pelo celular, se levantar e sair da sala apressadamente e eu só desejo que seja alguma notícia boa.

Mas na no período de merda que estamos vivendo, está difícil de acreditar.

— Algum problema? — questiono-o e ele me chama para uma conversa no particular.

E eu já espero outro assassinato, outra remessa destruída, alguém que sumiu, a polícia que vira e mexe nos perturba.

— Qual a merda dessa vez? — pergunto assim que saio do escritório e fecho a porta deixando os principais conselheiros e subchefes esperando.

— Rebeca — diz de supetão e eu já pego meu telefone para ver se há alguma mensagem, alguma coisa. 

Minha esposa não.

— Ela pegou a Ferrari dela e saiu da fazenda derrubando a porteira. E com a potência do carro que ela tem e a forma como dirige, nenhum dos nossos homens conseguiu segui-la.

— Puta que pariu! — ligo para o telefone dela que cai na caixa postal. — Inferno!

— Entrei em contato com um dos nossos técnicos para rastrear o carro dela, mas infelizmente ela desativou, desabilitou, quebrou, sei lá do que ela é capaz, acontece que não está funcionando.

Por que ela simplesmente não obedece?

— E Filipo?

— Deixou com a babá — o alívio foi pequeno e momentâneo.

— Nossa ilha, nossa região — digo, tomando consciência que ela não tem pra onde ir, ou melhor, se esconder.

Foi nesse momento que o telefone dele tocou e antes mesmo de ele atender, eu o tomei.

— Diga! Onde ela está? — sem rodeios para a pessoa do outro lado da linha.

O homem teme dar alguma notícia o que já me faz acreditar que a coisa é muito pior.

— Ela entrou na balsa, senhor — meu coração acelera. — Aparentemente, ela já tinha tudo esquematizado para entrar direto, furando a fila e ainda sendo o último carro.

Quando foi que minha esposa planejou isso tudo?

— Manda a balsa voltar! Paga o que for preciso para que ela retorne agora! — Seria uma confusão enorme com a prefeitura, mas a empresa que faz a travessia é privada e eles sabem quem tem dinheiro.

O silêncio do outro lado da linha era enlouquecedor.

— Então, senhor. Quando descobrimos e entramos em contato, a balsa já havia parado — minha mão chega a doer da força que eu cerro os punhos. — Nós confirmamos a presença dela através das câmeras.

Entrego o telefone pra Lucca e volto a ligar para ela torcendo que ao menos ela me atenda.

Caixa postal.

— Ela foi para Roma assistir ao show daquele veado de merda. — Preciso matar alguém hoje. — Prepare o avião que eu vou para lá ainda hoje.

— Ela vai pegar doze horas dirigindo sem parar? — Lucca questiona algo que eu já tinha pensado.

Sim, era cansativo, mas ela estava com muita raiva.

— Um carro comum faria nesse tempo. Só que estamos falando de Rebeca numa Ferrari,  o que a diminui consideravelmente o tempo,  e com a raiva que ela está e o prazer que tem em dirigir, ela vai pegar direto.

Sim, eu conheço aquela morena pé de chumbo teimosa.

— Quer que eu mande uma mensagem para alguns dos nossos policiais da rodovia?

— Não! Rebeca passará pela Calábria, região de Fernandes. Não posso arriscar que ele descubra que a louca da minha esposa está voando pelas rodovias dele.

E eu só posso desejar estar fazendo o certo.

— Providencie meu voo, Lucca. E dispense todo mundo e não diga uma palavra sequer sobre isso. Quanto menos gente souber, menos risco ela corre.

A ideia de perder Rebeca me enlouquece.

— Você vai para onde?

— Vou em casa ver meu filho e dar as coordenadas. Manda o avião me buscar na fazenda.

***

Olho para a entrada da fazenda e me pergunto por que eu nunca coloquei um portão alto, de ferro, quem sabe blindado.

Porque nunca ninguém ousou entrar com vários homens armados na porta. E sair nunca foi problema até Rebeca morar aqui .

Meu filho, em sua inocência, está com a babá brincando na sala, corre para os meu braços quando me vê,  e depois de dar um pouco de atenção, vou até o meu quarto em busca de algo que Rebeca tenha deixado para mim.

Nada.

Vejo minha mãe entrar, fingindo estar alheia a tudo,  até fechar a porta.

— Você já sabe deve estar sabendo o que a inconsequente da sua esposa fez... — não a deixo sequer terminar.

— Olha bem, mãe. Não estou com paciência para aguentar seus termos pejorativos pela minha esposa.

— Mas...

— Mas é o caralho — minha paciência sumiu. — Se não tem nada de bom pra fazer aqui, volte para seu quarto e faça de conta que é a mosca morta que você faz questão de fingir.

Faço uma bagunça procurando algo em suas gavetas que possa me ajudar, quem sabe descontando minha raiva.

— Meu filho — mamãe se aproxima de mim e toca em meu ombro. — Eu não gosto dela, não acho que ela seja mulher pra você, mas ela é a mãe do meu neto que eu amo muito e sei o quanto ela os trata bem. Até a mim ela me trata bem mesmo eu a humilhando tanto. — Reconhecer as virtudes de Rebeca já é um bom sinal.

— Certo — sem vontade pra dialogar.

— Hoje, depois que você saiu, ela falou algumas coisas que eu não entendi, não na hora.

Aquilo me chamou a atenção.

— O que ela falou, mãe?

Mamãe inspirou profundamente.

— Rebeca me olhou nos olhos e disse que já tinha cansado de ter um homem prendendo-a como se ela fosse alguma prisioneira — puta que pariu! 

E então me lembro o tempo que Rebeca passou presa na mansão de Carlo,  sendo usada como uma qualquer.

E a ideia de ela ter achado que eu fiz a mesma coisa mesmo que com outro objetivo - o de protegê-la - me para, e por isso eu sento na cama para ouvir minha mãe.

— O que mais ela disse, mama?


— Que odiava seu estilo de vida, Matteo, mas como te amava, precisava respeitar suas escolhas. Só que não aceitaria que suas escolhas a privasse de viver a liberdade dela. Então, ela está disposta a te ensinar a confiar nela de um jeito bom ou ruim.

Que porra era aquilo? O recado que eu pensava que ela me deixaria veio pela boca de mamãe?

— Por que ela te falaria isso? Por que alguém abriria seu coração para uma senil? — A não ser que ela já soubesse que tudo isso não passa de uma farsa e quisesse mandar recado.

Não... não é possível que ela aceitasse tanta humilhação da minha mãe sem qualquer resposta. Não! Rebeca não é uma pessoa que aguenta desaforo.

— Ela conversa coisas comigo que eu tenho vergonha de te contar, filho. Conversa, não, fala coisas pra mim justamente porque eu estou senil. — Estranho. — Ela fica penteando meu cabelo, contando as besteiras que fazia na adolescência, do avô que ela adorava, de como era a vida com a tal da Cat.

Processo cada palavra proferida por mamãe.

— Não vejo onde está a vergonha, mãe. E com relação a falar, já viu que Rebeca não tem amigos e ela, como qualquer outra mulher, precisa de alguém pra ouvi-la e a senhora no papel de estátua não é algo ruim — mesmo que eu sequer acredite em uma palavra que eu mesmo digo.

Rebeca não é esse tipo de pessoa.

— Acontece que eu prefiro não saber determinadas coisas.

— Coisas? — O que passa na cabeça da minha mulher é uma incógnita.

— Sim, coisas.

— Mamãe, não enrola. Eu quero detalhes. O que ela te falou?

Mamãe sai caminhando em direção à janela, sempre escondida de um jeito que ninguém perceba o quanto ela observa.

— Seu pai tinha todos os defeitos do mundo, Matteo, mas de uma coisa eu tinha certeza — não consigo entender esse rodeio. — Seu pai era muito macho.

— Mãe!

— Eu não gostei de ver aquela coisa aqui em nossa casa — olho sem entender aonde ela quer chegar. — Aquele amigo travesti.

— E eu estou ligando, mãe! Gosto dele? Não, mas caralho, é a amiga dela e que ela a ama como irmã, então pouco estou me importando.

— Ela é uma má influência.

— Mãe, o que ela te falou? — Cansei.

— Que vo-cê... — Deus, que volta do caralho — gosta de um tal de fio terra...

Minha primeira reação foi parar, tentando entender que conversa sem sentido era aquela, seguida de uma gargalhada tão alta que constrangeu minha mãe que me olhou corada de vergonha.

A filha da puta da minha mulher é impressionante. Ela já sabe da farsa e está levando minha mãe ao mais alto nível da tolerância, constrangendo-a de forma que ela não suporte, e hoje a usou para me mandar um recado.

— Filho...

— Mãe — seguro meu riso, diante da sagacidade da minha esposa. — Esquece isso, tá. — Não vou contradizer algo tão íntimo, nem vou confessar pra minha mãe que minha esposa está testando a paciência da sogra.

— Eu a odeio, filho. Odeio o que ela está fazendo com você, mas sei que você realmente gosta dela — concordo. — Só que eu acho que você tem que tomar uma atitude diante da irresponsabilidade dela. Sair assim quando nosso grupo está em guerra com outro.

Foi nesse momento que meu telefone tocou.

— Lucca — ainda estou impressionado com minha esposa que de boba não tem nada.

— O avião está indo te buscar.

— Cancele!

"...ela está disposta a te ensinar a confiar nela de um jeito bom ou ruim."

— Mande alguém ficar de tocaia na entrada da casa de show onde Cat vai se apresentar. Provavelmente ela vai aparecer lá. Mas mande nosso avião para trazê-la se acaso ela preferir voltar nele.

— Você está bem, Matteo?

— Não, e temo estar cometendo um grande erro. Mas eu preciso ouvir minha esposa ou vou infartar antes dos quarenta — minha mãe nega diante da minha afirmação.

— Você é quem sabe, irmão.

— E se prepare para ficar hoje de plantão. Quero toda e qualquer informação que possam me dar sobre Fernandes.

Mamãe me olha recriminando e eu prefiro ignorar.

— Obrigado, mama — digo, assim que desligo o telefone. —  A senhora sempre me dando bons conselhos.

— Que você prefere ignorar...


— Prefiro dizer que eu absorvo o que há de melhor — dou um beijo em seu rosto. — Mas agora eu quero que me ouça: pare de implicar com Rebeca, de destratá-la e aprenda a respeitar minha mulher. Ela é incrível.

— Ela é irresponsável — nisso eu não posso discordar.

— Cuida do meu filho, mama, nem que sua farsa caia — peço e ela desdenha.

— E você tem dúvidas que eu faça isso? Eu mato e morro pelos meus filhos e neto.

—Eu sei, mama.

E mesmo diante de toda essa situação de merda, eu coloquei minha cabeça em ordem aprendendo a confiar em minha esposa.

Ela merecia meu voto de confiança.

Voltei para Palermo e me tranquei no escritório. Lá, eu e Lucca coordenávamos e filtrávamos toda e qualquer informação. Havia gente nossa na região de Fernandes para fazer o que mandássemos assim como em Roma esperando minha esposa.

Lucca perguntou se eu pediria algo a Caterina, mas eu neguei, até porque eu e Rebeca optamos por tirá-los de nossas vidas. Não precisamos de qualquer contato com eles muito menos da ajuda do grupo dela. Só não tendo esse grupo nos ameaçando, já era bom.

Uma dor de cabeça a menos.

Rebeca atrasou sua chegada em Roma, o que já estava me angustiando. Felizmente o alívio veio quando um dos nossos informantes viu o carro dela entrar no prédio de Cat, lugar que hoje ela mora sozinha e eu pedi que observasse toda a entrada e saída do lugar mesmo sendo aparentemente seguro, se bem que pessoas como nós conseguimos entrar em qualquer lugar.

Liguei para Cat e confirmei que minha esposa estava com ela. E como imaginava, minha esposa sequer falou comigo, assim como desapareceu no show quando um dos nossos tentou se aproximar dela, se escondendo só Deus sabe onde.

Aliás, se esconder é a especialidade dela. E jurei que quando isso acabasse, eu viajaria com ela para uma ilha pequena, sem risco de ela fugir, só para ela aprender a me obedecer.

Concentrei meus esforços em buscar Fernandes. Ninguém o havia visto. Ele continuava entocado. Somente quando estava amanhecendo é que eu recebi uma notícia que me surpreendeu:

Fernandes fora encontrado morto em sua cama, asfixiado, além de ter tido uma mão decepada e levada só Deus sabe por quem e para onde.

Minha cabeça começou a doer.

Lucca saiu em busca de uma confirmação o que sequer levou muito tempo.

Todos nossos chefes e subchefes ligavam sem parar para nossos telefones e para evitar tanta conversa, marquei ainda cedo em casa.

Eu não queria pensar no que eu estava pensando. Na verdade, eu preferia não imaginar, mas algo no meu íntimo já tinha certeza.

O carro da Rebeca ainda estava na casa do Mattia, a questão era: ela estava realmente lá? Ou melhor, será que realmente ela chegou a ir?

Dúvidas pairavam em minha cabeça. Medo me dominava e eu fingia.

O escritório que antes pertencera a meu pai estava lotado de gente do nosso grupo querendo saber o que de fato acontecera. Como eu havia conseguido eliminar Fernandes?

Eu?

Eu não queria dizer que eu não tive qualquer participação com isso para não mostrar fraqueza, ou deixar alguém supondo que havia alguém mais forte que eu.

Um rival maior que eu.

Só que nada disso era pior que imaginar que fora minha doce esposa.

Foi então que minha esposa entrou sem sequer pedir permissão o que causou um silêncio constrangedor em todo o ambiente. 

Alguns já a conheciam pessoalmente, mas a maioria não. E diferente de como sempre ela está, sua roupa era sóbria, seu cabelo estava arrumado, liso e preso. Até sua maquiagem era mais forte que o costume.

— Bom dia, Don — ela diz, curvando-se levemente em respeito à minha pessoa quando nunca eu exigi isso. Não dela. — Aqui está o que o senhor me pediu — e me entrega uma caixa pequena que eu abro e retiro a mão com o anel que pertencia a Fernandes Collalto, confirmando sua identidade.

Burburinhos, sussurros, comentários. O barulho aumentou e eu só a encarava.

Raiva.

Alívio.

Medo.

Surpresa.

— Vá para o quarto, esposa, e me espere que já iremos conversar — ela confirmou fingindo tanto quanto eu. — E a propósito, obrigado. Você fez um excelente trabalho.

Naquele momento ela teve o respeito de todos ali.

Naquele instante, se alguém duvidava da minha competência, descobrira que eu não só era bom como colocava em risco minha esposa em prol da organização.

Naquele segundo, nós dois fomos vistos com um casal. Um casal perigoso e que não tinha parte fraca.

E eu tinha acabado de descobrir que minha esposa perdeu a sua doçura e inocência que eu tanto amava. E acabava de me mostrar uma mulher forte e segura por quem eu acabava de me apaixonar.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro