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Capítulo 38

Rebeca

Eu passei um ano viajando pela Europa, tipicamente como uma mochileira, e que de quebra ainda levava o bebê que teve com um homem que a abandonou quando soube que eu estava grávida. Algumas pessoas que eu encontrei pelo caminho achavam que eu era rica, outras que eu estava louca e completamente desorientada. Não importa, somente eu sabia do tamanho do problema que eu estava metida, e como eu fiquei com medo de ser descoberta, não passava muito tempo em um mesmo lugar.

Agora eu tinha uma razão de estar bem e viva - meu filho.

Passei dois meses na Suíça rodando todo aquele país naquele fusca maravilhoso. Sequer dormia em pousadas ou em algum albergue, apenas comprei uma barraca de camping e saí acampando.

Acho que se eu contasse essa loucura, diriam que o que eu fazia era extremamente perigoso, mas deixe-me lembrar que eu estava na Suíça - um país completamente seguro.

Sempre que eu tinha oportunidade, eu tirava tudo o que o que me permitia no cartão de crédito que Matteo me deixou, mas antes eu deixava meu carro longe e escondido para não ser visto, porque o que o país tem de seguro tem de câmeras espalhadas por tudo quanto é lugar. Então, eu saía a pé com Felipe, pegava carona com o primeiro que passasse, tirava o dinheiro e voltava, assim eu despistava quem quer que gravasse meu carro e a minha situação.

Fiz conforme Matteo me recomendou e evitei as cidades grandes apesar de ter passado por elas.

Uma vez que eu tinha uma nova identidade e essa identidade dizia que eu era italiana de nascimento, tudo era mais fácil. Sim, Matteo me deu uma identidade italiana - aquilo que eu sempre quis ter e o que um dia eu sonhei.

O carro aguentou como um guerreiro, contudo eu precisava sair do país. Criei uma conta em um banco digital com minha nova identidade, depositei toda a grana que Matteo deixou, e depois de zerada, eu cancelei o cartão.

Eu sabia que Matteo não poderia depositar nada para me proteger, e eu tampouco queria me arriscar, o impedindo inclusive de tentar.

Nessas andanças eu vi um motorhome à venda ainda na Suíça e resolvi melhorar um pouco as minhas condições. Filipo não me dava trabalho, curtindo cada momento mesmo sendo tão bebê, e nós vivenciamos algo único e mágico entre mãe e filho.

Com um motorhome eu tinha um pouco mais de conforto e privacidade, e não precisaria tanto parar em restaurantes, aumentando os gastos. Estou consciente que o que Matteo deixou para mim me ajudaria a fazer residência em qualquer lugar da Europa e ainda me deixaria bem até conseguir um emprego, só que com uma criança e sem condições de trabalhar, isso não seria possível.

Conheci um grupo que viajava de motorhome pelos países da Europa e foi a oportunidade que eu tive de sair do país. A amizade fez com que eu nunca passasse sozinha com Filipo pelas fronteiras e isso significava que se havia alguém buscando mãe e filho, não desconfiaria daquela mulher cuja companhia era somente um desconhecido que eu usei para me ocultar.

O primeiro ano de Filipo foi comemorado em um acampamento na Alemanha. Fiz doces e saí distribuindo entre aquelas cinco famílias que se juntaram. Nessa aventura eu conheci gente de várias nacionalidades, me despedi com pesar de algumas que voltavam para seus países no tempo deles, e conheci outras que eu lamentei.

E foi assim que conhecemos quinze países.

Quando o dinheiro já estava quase acabando, e vendo que eu não tinha condições de deixar meu filho com qualquer pessoa, eu decidi que era hora de voltar para meu país. Não que a ideia fosse boa, mas merda por merda eu prefiro aquela que eu já conheço.

Parei em Portugal, vendi minha motorhome por um preço qualquer, comprei as passagens e voltei, guardando na memória os banhos frios dos lagos nos dias quentes, as fogueiras acesas para aquecer nos dias frios, a nevasca na qual eu fiquei presa por alguns dias e que me obrigou a invadir uma cabana conservada no meio do nada, onde eu e Filipo brincamos na neve, de trenó.

Sempre que eu podia, eu acompanhava as notícias da Itália e tudo que correspondia as coisas da família. Por isso eu cancelei o cartão porque eu sabia que Matteo estava respondendo a processos de tráfico de influência, drogas e armas, desvio de dinheiro e tantas coisas erradas, assim como seu irmão. Também soube que sua mãe fora presa pelo assassinato do marido e respondia criminalmente por cúmplice do assassinato do pai. Graziela foi achada morta no centro de tratamento de esgoto de Roma e só conseguiram identificar por conta da arcada dentária e de um exame de DNA. O mandante do assassinato ou mesmo o assassino não havia deixado rastros e acabaram arquivando o caso por falta de provas.

Com tanto inimigo que a família tinha, não dava para acusar ninguém, nem mesmo o marido que a odiava tanto. Paola, mãe de Graziela, negou qualquer conhecimento das falcatruas do marido e saiu ilesa, se mudando para os Estados Unidos.

Dona Catarina foi outra que como imaginava, saiu ilesa de tudo. Aquela bruxa não tinha qualquer coisa contra ela, e apesar de ter perdido alguns bens, ela continuava rica e com toda a pompa que sempre teve, e ainda trouxe o filho mais novo para morar em casa com ela. Aparentemente estava muito bem feliz.

Eu não conhecia a máfia em si, mas de acordo com os livros e os filmes, ela sempre se recompõe com novos membros, e o meu desejo era que esses novos me esquecessem, virassem a página.

Eu queria voltar para o Brasil e recomeçar a minha vida, e cá estou eu diante da minha antiga casa com meu filho nos braços e uma mala não tão grande afinal Filipo perdeu muita roupa, e as roupas de inverno que ele tinha eu doei já que não há inverno aqui no Brasil que o obrigue a vestir.

Filipo estava longe de ser aquele menino mirrado. Na verdade, com quase dois anos, Filipo veste roupa de criança de quatro, conversa muito e suas travessuras são de enlouquecer.

Eram quase dez horas da manhã de uma quarta-feira.

― Inferno! ― a voz da mamãe era inconfundível. – Quem porra bate a porta uma hora dessas?

Há anos que eu não falava com ela.

― Rebeca! ― Sua expressão de surpresa não foi de alguém alegre por me ver. ― Quanto tempo?

― Oi, mãe. ― Eu sei que ela nunca foi uma boa mãe, como eu também não fui uma boa filha. Quando eu fui embora, eu só liguei para ela umas cinco vezes para saber as coisas e ela sempre me questionava se eu já tinha ganhado dinheiro para mandar para ela.

Ela sempre acreditou que eu fui para a Europa para me prostituir. E ela tinha razão sobre os objetivos do meu algoz.

Ela me abraça e eu sinto que aquilo fora mais por educação.

Rebeca, ela é sua mãe. Seja mais receptiva.

Eu a abraço forte buscando conforto, apoio, lar.

Não achei.

Ela me solta e olha para meu filho agarrado ao meu pescoço.

― É seu? ―  confirmo.

Ela sorri.

― Você é burra mesmo ― Eu sabia que não poderia esperar algo diferente. ― Pensei que tinha aprendido a lição comigo, principalmente depois que Jonas enfiou tanto na sua cabeça que seu futuro seria diferente, promissor.

― Eu sei, mãe. Me desculpa.

― Desculpa? ― ela ri. ― Agora você vai saber o que te espera, o que você perde quando tem um filho solteira.

Eu não queria conversar com ela sobre tudo que eu tinha passado. Nós nunca fomos amigas e pelo jeito nunca seríamos.

― Posso entrar? ― Ela olha para a mala e só então abre caminho para mim.

Coloco meu filho no chão e ele começa a explorar tudo.

― O que você quer, Rebeca? ― Mamãe me pergunta. ― Cadê o pai dessa criança?

Nego sem querer contar para ela que diferente dela, eu conheço o pai e me apaixonei perdidamente por ele, como também sei que apesar de ele ter escapado da prisão, eu sei que ele está afundado em tudo que é coisa errada.

― Mãe, eu não tenho para onde ir. ― Sou honesta.

Na verdade eu até tinha algum dinheiro que poderia me manter um tempo, mas eu queria trabalhar e não confiava em deixar meu filho com ninguém... Não que eu confiasse em minha mãe, alguém que sempre demonstrou seu horror a mim, que sempre se referia a mim como o aborto malsucedido, acontece que ao menos eu sabia que ela não machucaria meu filho se eu precisasse contar com ela para alguma coisa.

Minha mãe nunca me bateu, nunca me pôs de castigo, ou sequer me orientou. Vovô Jonas assumiu minha educação e minha mãe permitiu, abrindo mão de mim.

― Rebeca, você está vendo que quando você morava aqui, já não tinha espaço. Agora você me vem com uma criança.

― Só por um tempo, mãe. Eu só preciso de alguns dias até tudo se ajeitar.

Da minha mãe!

Ela observa meu filho e eu chego a sentir meu peito encolher pelo desprezo com que ela o olha.

― Eu durmo no quarto da frente como sempre. Seu tio dorme no quarto que era da sua avó.

― Vovó! Aconteceu algo com ela?

― Não. Só que seu tio fez um quarto para ela lá atrás e ela dorme nos fundos. Se ela deixar, você pode se acomodar com ela.

Eu passei mais de cinco anos fora e meu tio e minha mãe continuavam a morar com a minha avó, e ainda a coloca nos fundos da casa quando eu sei que lá quase não tem espaço.

Será por pouco tempo, Rebeca. E você nunca foi de ter luxo. E seu filho, quando tem sono, dorme até no chão.

Onde está minha avó?

― Ela deve ter saído cedo pra comprar algumas coisas.

Ajeito minhas coisas no cantinho da sala, vou até a cozinha buscar algo para Filipo comer já que ainda estávamos no jet lag e apesar de já termos almoçado, ele precisava fazer um lanche.

Meu filho pega um pequeno adorno do rack e minha mãe toma de sua mão de forma ríspida, fazendo-o chorar.

― Não, garoto! Você não ache que será como tua mãe que podia fazer tudo que tivesse vontade. ― Sinto que meu tempo ali seria extremamente cansativo.

Você precisa achar um canto logo, Rebeca.

― Que porra de barulho é esse?! ― Tio Jamil sai do quarto irritado, com cara de quem acabou de acordar ― Rebeca!

Ele me olha de cima a baixo do mesmo jeito que eu me lembro.

Nojo.

Pego meu filho nos braços para acalentá-lo e meu tio cai na gargalhada.

― Mas filha de puta putinha é ― brinca com minha mãe que mostra o dedo médio para o irmão.

Honestamente, aquele ambiente não era nada bom  para meu filho.

― Bem que eu falei que ela voltaria depois de fazer um filho com um italiano qualquer. Ao menos sabe a naturalidade ― olha para minha mãe que ignora completamente meu tio. — Vovó Pat — brinca com minha mãe fazendo uma vozinha infantil.

— Vá se foder, Jamil! Lá tenho cara de avó? — Ele solta uma gargalhada e meu filho se assusta, abrindo o berreiro.

— E ainda é mimado, puta que pariu!

Definitivamente não dava.

― Eu acho que vou embora. Não tenho condições de ficar aqui. ― Eu hei de achar um pousada por um preço acessível.

Pego as coisas do meu filho, a mala, quando minha avó entra em casa carregada de sacolas.

― Rebeca! ― ela diz e eu me choco com sua aparência. ― Beca?

Ela coloca as coisas no pequeno sofá e vem devagar em minha direção, abraçando-me com ternura.

Sua magreza era dolorosa de se ver. Seus cabelos crespos estavam sem vida e totalmente branco. Seus olhos estavam fundos, perdidos em um rosto ossudo e chupado. Minha avó parecia um zumbi.

― Vó ― tentei esconder meu choque ao vê-la. ― Oi, vó.

Eu queria perguntar o que minha avó tinha porque estava na cara que estava doente.

Ela abre um sorriso mostrando seus dentes tão perfeitos, mas agora enormes em sua boca.

― E esse príncipe em seus braços!  É seu filho? ― ela abre um sorriso e estende os braços para ele que esconde o rosto em meu pescoço.  — Como ele é lindo! — e faz um carinho nas costas dele.

— Mãe, trouxe pão? — Minha mãe pergunta já buscando as coisas na sacola. — Tô com fome.

— Sim — minha mãe deixa cair uma laranja no chão que rola até os pés do meu tio que sequer pega, deixando que minha avó se agache.

Meu Deus! Aquilo estava pior do que quando eu fui embora. Dois parasitas sugando da minha avó.

Ajudo pegando as sacolas e levando para a cozinha com Filipo nos braços, horrorizada com a situação. Por isso vovô brigava tanto. Ele via mais do que eu na minha adolescência.

Meu filho começa a caminhar pela cozinha, achando os vários potes de plástico e se entretém com eles o que eu agradeço porque preciso conversar com minha avó.

— Vó, a senhora está bem? — pergunto diante da situação em que eu a encontrei.

— Ah, Beca. — Ela me chama novamente como vovô me chamava. — Uma gastrite que só me incomoda.

Gastrite? Minha avó era pele e osso.

— A senhora foi ao médico?

— Sim, e ele me passou uns remédios. Agora estou esperando marcar uma endoscopia. — Ela põe água na chaleira para fazer café. — Esperando sua mãe ir comigo para marcar uma consulta.

A egoísta da minha mãe nunca iria com minha avó.

E eu me lembro da minha infância.Ela nunca me tratou mal, mas tampouco era como meu avô. Meu tio e mãe a consumiam e ela permitia já que tinha adoração pelos dois filhos e por isso não tomou partido em minha defesa quando tio Jamil tentou me estuprar. Para ela, o filho era o melhor filho do mundo e  por isso vovô Jonas brigava tanto principalmente quando o chamava de vagabundo. 

— E você? Me conta sobre você, o que fez lá na Europa? — Nem que eu quisesse, eu contaria.

— Prometo que eu conto tudo, vó, mas em outra hora. Agora eu preciso arranjar um canto, um emprego e um médico para a senhora.

— Eu estou bem, Beca. — Ela segura minhas mãos. — E você não precisa sair procurando um canto. Aqui é sua casa.

— Não, vó. Eu só quero mesmo uns dias para chegar, pôr a cabeça em ordem, buscar uma creche pra Filipo e um emprego. — Pensando bem era muita coisa que  podia levar tempo. — Túlio ainda tem a oficina dele?

— Tem sim. E ele sempre pergunta por você, Beca. — Vai ser o primeiro a procurar. Esse último ano que eu fiquei dirigindo tanto, virei uma especialista em motor de carro. Ou quase. — Eu vou deixar meu quarto pra você e para seu filho.

— Não, vó. Seu quarto é seu quarto. Eu durmo num cantinho na sala.

— Não, filha. Primeiro você precisa ter um pouco de privacidade com seu filho, e segundo, seu tio e sua mãe sempre chegam de madrugada fazendo o maior barulho.

— Por isso a senhora optou pelo quarto dos fundos? — Ela confirma com um sorriso. — O que eles fazem da vida, mãe?

— Eles trabalham com vendas. Só não sei de quê é direito.

Se eu me lembro bem, eles davam golpes, vendiam coisas que não tinham, ou mentiam na qualidade e depois sumiam.

Ela me levou ao quarto dela e eu fiquei chocada com a umidade, o mofo e a falta de pintura. Aquilo não era um lugar para se colocar uma senhora e muito menos uma criança de colo.

Aquela casa não se via o menor respeito.

E só então em me lembro do respeito de Matteo pelos pais, do tapa que eu recebi na cara por ter chamado Matteo de Matt quando aquela mãe o exaltava, isso sem falar do que ela testemunhou para defender o filho. Também me lembro de Caterina e Don Carlo com os filhos. Eles podiam ser rudes, mas amavam os filhos do jeito errado deles.

E agora eu vejo dois irmãos que destratam a mãe como se ela fosse uma coisa, porque até uma empregada teria mais respeito.

Minha avó põe a mesa para que os dois venham tomar café da manhã às onze enquanto eu arrumo as compras que ela trouxe do mercado e depois de arrumado, vou até seu quarto tentar pôr um pouco de limpeza e luz para tirar o cheiro forte.

Que Filipo não fique doente.

Tio Jamil e minha mãe terminam de comer e começam a falar do acordo que fizeram na noite anterior e eu percebo que eles agora estão roubando de gente idosa.

Canalhice enquanto riam da miséria dos outros.

Vovó estava começando a preparar o almoço quando eu me aproximei para ajudá-la a cortar as batatas quando tio Jamil bate em minha bunda com força quando eu me encostei à pia.

Só foi um.

O prato quebrou quando eu empurrei com força a cabeça do meu tio contra a mesa e a faca ficou rente ao seu pescoço.

Deus sabe que eu não o mataria..., mas falta de vontade não me faltou.

— Eu quero que você me respeite, se não como sobrinha, ao menos como mulher. — Ele tenta se soltar porque força ele tinha, só que eu tinha um mestre chamado Miguel e ele era bem maior e mais forte que esse merda. — Brinque mais uma vez comigo e eu juro que arranco suas bolas, titio.

Ele parte pra cima de mim assim que o solto,  e eu me desvencilho jogando-o contra a parede  dobrando seu braço.

Um tiquinho para quebrar.

— Rebeca, solta seu tio! — Mamãe manda e eu torço ainda mais. — Rebeca!

— Tente mais alguma coisa comigo e eu acabo com você — digo ignorando minha mãe. — E a senhora fique sabendo que se você não souber me tratar como filha, esquecerei que é minha mãe e creia:  eu não serei nem um pouco benevolente.

Solto meu tio que massageia o braço.

— O que eu fiz, aprontei, deixei de fazer não é da conta de vocês. E se acham que só porque eu sou mãe solteira vou aceitar que me diminuam, cairão do cavalo. Sou mãe com orgulho de uma criança que amo mais que tudo nessa vida e a defendo com a vida.

Minha avó estava em estado de choque, contudo não falou qualquer coisa em defesa do filho.

Meu tio saiu de casa batendo a porta a frente. Mamãe se trancou no quarto.

E eu voltei a descascar batatas.

— Beca — vovó não sabia o que dizer, tadinha.

— Eu fui secretária de um executivo lá na Itália — justifico — e ele tinha um segurança que eu namorei um tempo, e foi ele quem me ensinou uns golpes. Ele dizia que se eu não impusesse respeito no primeiro contratempo, as consequências seriam piores depois.

— Seu tio só estava brincando com você — tenho vontade de rir.

— Infelizmente a maternidade tirou muito meu senso de humor, vovó. — Odeio essa defesa ao indefensável. — Além de andar um bocado estressada.

Ela só assente e se cala.

Melhor.

***

Eu e meu filho dormimos mesmo na sala. Quando vovó se recolheu, eu percebi que o quarto dela era uma sauna e para piorar, ela não sentia calor. Por isso optei por ajeitar as coisas no chão da sala deixando bem claro que quando Jamil e mamãe chegassem, não fizessem barulho porque havia uma criança dormindo e que eles deveriam lembrar que uma criança não gosta de ser acordada no susto.

E eles foram cuidadosos quando chegaram, principalmente quando me viram sentada no sofá acordada no menor ruído ao usar as chaves.

Viver fugindo te faz ter todas as suas atenções em alerta.

Em um dia eu consegui uma creche em tempo integral para Filipo, só que particular já que o tempo de inscrição das creches municipais já havia passado, um emprego na oficina de Túlio, mesmo que somente na recepção já que ele não sabia qual era meu grau de conhecimento na mecânica, e ainda ajudei minha avó com uma encomenda de bolo e doces à noite.

Estava tudo se encaixando rapidamente. O que eu não esperava era me deparar com aquele homem lindo em uma calça jeans desbotada, mocassins e camisa polo.

— Buongiorno ragazza. — seu italiano se destacava naquele mundo de vozes. — Mi manchi molto.

Meu coração acelerou com a presença dele ali diante de mim. Eu me aproximei devagar, não sei porque, só sei que ele me puxou e me abraçou fortemente.

Era aquele abraço que eu precisava - um abraço de conforto, de sentimento.

E eu o abracei quase me fundindo a ele. 

Ele poderia ser tudo que eu odiava, mas naquele instante era tudo que eu desejava.

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