Capítulo 3
Rebeca
Eu não sei quantas horas eu passei ali dentro. Estava sedenta a ponto de sentir minha garganta doer ao tentar engolir. O que o airbag protegeu do acidente, agora cobrava seu preço. A posição em que me encontrava era por demais dolorosa.
Desejei a morte.
O motor do iate parou e foi um alívio sentir o silêncio.
A portinhola do alçapão se abre e Michele desce de banho tomado, exalando um cheiro de limpeza, coisa que eu desejaria profundamente.
Mas eu não me humilharia.
― Bom dia, cadela. Dormiu bem? Confortável? ― Ele pergunta, parando diante de mim e com um sorriso nos lábios retira a fita que tampava minha boca. ― Responda-me? ― E mostra o punho fechado.
― Vá ao inferno. ― Rosnei tirando o sorriso de seus lábios. ― Foda-se, Michele!
Ele poderia fazer o que quisesse comigo, mas não tão fácil.
― Olha bem, cadela. Sei que deseja morrer e realmente eu estou louco pra realizá-lo. Infelizmente não o poderei fazer ainda. ― Ele puxa meu cabelo, encarando-me. ― Primeiro, você vai me pagar cada centavo com esse seu corpo e somente quando estiver bem gasto do tanto que foi usado é que eu pessoalmente darei um fim nele.
Cuspi em sua cara e depois sorri da sua expressão de surpresa.
Eu e meu filho não vamos viver nesse mundo de merda. Vamos morrer juntos se é que ele ainda está vivo dentro de mim.
Naquele momento, eu imaginei que ele me mataria. Seu ódio estava estampado em seu rosto, entretanto, ele se levantou, abriu o zíper da calça e urinou em cima de mim.
E eu... eu só fechei os olhos, a boca e tampei a respiração.
― Gostou? Tem mulheres que gostam de se banharem no mijo de seus machos. ― Preferi não responder a provar o sabor de sua urina.
Foi quando som de hélices de um helicóptero mostrou que se aproximava e o som de sua voz se perdeu.
― Preciso ir. ― Grita para se fazer ouvir. ― Infelizmente não poderei levá-la porque preciso anunciar minha chegada. ― Não entendo nada do que ele fala e muito menos quero entender. ― Mas vou deixá-la em boas mãos. Mais tarde nos veremos e eu darei um vislumbre daquilo que te espera, Rebeca.
Ele sorri, mostrando seus dentes brancos, perfeitamente alinhados que um dia me impressionaram pela sua beleza.
― Opa! Eu já dei, né? Um vislumbre.
E sobe a portinhola deixando-me novamente no mais profundo breu e calor insuportável.
Ódio me consumia.
Dor me dilacerava.
Arrependimento me tomava.
Eu não tinha qualquer sentimento bom dentro de mim. Inclusive eu sentia uma cólica que parecia ser o que eu desejava: um aborto.
Desejava mesmo? Eu tinha tantos sonhos. Eu já sonhava com meu bebê. Eu sonhava que ele seria tão bonito quanto o crápula do pai. Eu conseguia imaginá-lo com aqueles olhos cinza azulados raros. Meu italianinho seria amado... amado por mim.
E então eu dormi... Quanto tempo eu não sei. Estava perdida no tempo e no espaço quando alguém me acordou chutando minhas pernas devagar.
― Levanta! ― Só então eu percebi que estava desamarrada. ― O chefe mandou levá-la.
Com muita dificuldade, eu me levantei, só que em vez de ser tirada do iate, ele me levou para a parte interna.
― Você fede ― diga isso ao mijão do seu chefe. ― Primeiro, vai tomar um banho.
Entrei em um dos quartos magníficos daquele lugar com ele acompanhando-me.
― Pode usar o banheiro ― pensei em fechar a porta para ter um pouco de privacidade, coisa que ele não deixou. ― Vai se acostumando a ser observada, garota. E também quero ver se vale a pena a mercadoria antes de eu pagar.
Tirei a roupa ignorando seu olhar de cobiça. Tudo me doía. Pude ver o "galo" na minha cabeça onde aquele energúmeno bateu antes de voar pelo vidro do carro durante o acidente, além do enorme hematoma em meu ombro que cheguei a imaginar que estava quebrado. Isso sem falar de todos os outros arroxeados por todo meu corpo.
Eu estava muito fodida.
Na minha calcinha, havia uma pequena mancha de sangue o que me fez derramar algumas poucas lágrimas, não sei de tristeza ou alegria... Eu estava perdendo meu bebê.
Eu não queria viver sem ele. Eu não queria que ele vivesse sem mim. Era como se o centro do meu universo tivesse mudado.
Eu não me entendia. Era uma montanha-russa de contradições.
Tomei um banho frio e senti tudo me arder. Até meu couro cabeludo doía. Mesmo assim, aquilo me fez relaxar e me fez mais bem que mal.
Eu estava limpa.
Busquei a toalha que havia deixado pendurada perto do box, só que a encontrei nas mãos do meu carcereiro que fazia questão de me entregar.
Ele queria me avaliar, então que me visse inteira. E sem vergonha do meu corpo, puxei a toalha de suas mãos. Se quer me estuprar, que comece. Quem sabe esse seja mais fácil de irritar.
Contudo, ele não me tocou. Deu-me uma roupa limpa e confortável e me pediu para acompanhá-lo.
― Vamos sair daqui sem levantar suspeitas, ok? ― E deu um soco na altura da minha coxa deixando-me sem forças para andar. ― Só por precaução.
Fui levada por ele que segurava minha cintura como alguém que auxiliava outra e não a sequestrava. Era intensa a dor, mas momentânea. Tanto que quando ele abriu a porta do carro que nos esperava próximo ao cais do porto, eu já estava melhor.
― Fome? ― pergunta-me e me entrega um panini que eu pego e devoro como um bicho. ― Imaginei.
Estava uma delícia a ponto de eu desejar outro.
― Refrigerante? ― Ele me oferece só que dessa vez eu não pego como uma esfomeada.
― Por que está fazendo isso? ― Ele me entrega o refrigerante e eu abro e tomo quase tudo de uma vez só. ― Michele...
― Eu não trabalho para Michele. Na verdade, nós dois trabalhamos para uma mesma pessoa e é para ele que eu estou te levando – Don Carlo Sorrentine. E do jeito que você estava, não dava. Eu, que já presenciei muita coisa, quase que não conseguia chegar perto, imagina o chefe.
Tentei abrir a porta do carro quando entramos no centro de Roma, o que foi em vão.
― Acha mesmo que eu cometeria um deslize tão infantil desse? ― nega com a cabeça. ― Não sou Michele, gata. ― E ri dando-me um vislumbre do que Michele passou ao dizer que fora motivo de chacota por parte de seus senhores.
Eu pensei que seria levada para um galpão ou algum lugar feio e sujo, no entanto fui levada para uma mansão. Claro que eu não entrei nas dependências daquele lugar. O carro desceu para uma garagem subterrânea e somente lá que eu fui levada para um quarto onde somente possuía uma cama de alvenaria, um colchão fino e puído, e um banheiro minúsculo com uma privada e uma pia.
Fui deixada lá sozinha. Era óbvio que a porta estaria trancada, mesmo assim fiz questão de testar.
Nada.
E como não tinha nada para fazer, me deitei na cama.
Dor.
Cheguei a sentir falta de ar quando minhas costas encostaram naquele troço fino e macio, que infinitamente era melhor que o lugar onde eu estava antes.
Relaxei. Por incrível que pareça, eu relaxei. Encostei a mão em minha barriga e a acariciei ainda no costume. Não sabia se meu bebê ainda estava ali, mesmo assim, eu cantarolei uma música qualquer.
Era um momento de paz ante minha desgraça que sequer demorou muito. Michele entrou.
Inferno.
Sequer me levantei ou mesmo fiz caso da sua presença. Eu já disse que faria da vida dele um inferno e vou cumprir.
― Levante-se, piranha! ― Seu tom era de ordem e eu pouco me lixava. ― Mais respeito pelo chefe.
Foi então que eu notei o senhor que o acompanhava.
Alto, gordo, barrigudo. Seu cabelo era ralo e grisalho, mesmo assim ele penteava colocando-o de lado mostrando vaidade. Ele não usava terno mesmo assim estava bem elegante.
― Olá, Rebeca ― Ele me cumprimenta quando o homem que me trouxe entra com uma cadeira oferecendo a ele.
Sento-me e o encaro sem medo. Devo ter perdido meu bebê mesmo, então foda-se o resto.
― O que você fez com ela, Michele? ― Pergunta, olhando para Michele. ― Olha o estado da garota.
Se ele pensava que eu cairia naquela conversar mole de monstro bonzinho, ele estava muito enganado.
― Fiz o que ela merecia depois do prejuízo que ela nos deu, senhor.
O velho abre um sorriso de lado e me encara.
― Você mereceu, Rebeca? ― Aquele velho era imbecil ou um sádico doente?
― Faz alguma diferença? Vai mudar o que foi feito? ― Meu tom não fora nada amável o que tirou dele uma gargalhada.
― Ouviu, Don? Veja como essa cadela é ousada.
Ele para um pouco examinando-me antes de voltar a falar.
― Michele, Adriano, deixem-me a sós com ela.
― Mas, senhor, ela é perigosa ― Michele adverte-o como se eu fosse um monstro e não eles.
― Eu ainda dou conta da garota, Michele. Saiam! Quero ter uma conversa privada com Rebeca.
E de péssimo agrado, ele sai pisando duro enquanto o outro homem que me trouxe, o tal do Adriano, apenas abaixa a cabeça num movimento de subserviência ridículo.
― Ora, ora. Até que enfim eu a conheço pessoalmente. ― Ele começa um papinho ridículo. ― Sabia que você desviou recursos ao fugir? Sabia que Michele é um dos meus principais homens na administração dos negócios? E há quatro anos ele tenta te achar num país como a Itália, onde eu controlo grande parte, e nada.
Eu não entendia muito aquela introdução, mesmo assim, deixei o barco seguir seu destino.
― Aonde quer chegar com esse papo? Num pedido de desculpas? ― Ele franze o cenho ao me ouvir. ― Eu tentei dizer a ele que eu não queria me prostituir. Eu tentei negociar com ele o preço a pagar pelo prejuízo, mas ele me ouviu? ― Nego, achando tudo uma perda de tempo. ― Deixa pra lá.
― Pode falar, eu permito. ― Ele se levanta e se encosta a parede passando a unha do polegar nos lábios sem tirar os olhos de mim.
― Não tenho nada para falar. Façam o que acham que precisam fazer. Eu pouco estou me lixando.
Ele nega sem deixar de sorrir.
― Não acredito que eu ouvi isso da garota que foi para a Sicília e caiu nas graças de Matteo Mancini. ― Ele balança a cabeça negando. ― Quando eu disse que eu controlava grande parte da Itália, eu não menti, e a Sicília é uma ilha que eu não tenho sequer acesso. Eles são fechados e se protegem como nem um outro, tanto que para ir te buscar, precisamos fazer um esquema muito bem montado.
― E cá estou eu. Parabéns ― e bato palmas.
Parecia que quanto mais o tempo passava, mais eu o divertia.
― E se eu te contar que só conseguimos porque tivemos ajuda.
― A vaca da Graziella. ― Tenho certeza que foi ela.
― Isso eu não posso te confirmar, querida. ― Querida? E nem precisa confirmar nada. ― Deixa isso pra lá. Agora, vamos aos negócios.
― Não tenho qualquer coisa a tratar com o senhor.
Calma, Rebeca. Olha uma esperança surgindo.
― Sabe, Rebeca, foi uma surpresa de verdade ver os irmãos Mancini te protegerem. Matteo Mancini é conhecido por não ser alguém piedoso, e muito menos transar com uma mulher mais de uma vez.
― E daí? Ele estava me fazendo de palhaça e me usando.
― É o que você acha?
― É o que eu tenho certeza. ― Ele sorri. ― Antes do acidente, eles já tinham decidido me entregar ao senhor. Só que alguém ― prefiro não citar o nome de Graziella ― adiantou o serviço.
Ele balança a cabeça em um movimento de mais ou menos.
― Você está querendo me dizer que meu esforço em mandar Michele te buscar foi em vão? Que eu te receberia de mão beijada?
Confirmo.
― Depois do trabalho de te proteger! Não é um tanto estranho? ― O que ele queria me dizer com aquilo? Defender Matteo?
― Onde você não está entendendo? Ele queria transar comigo e conseguiu, e quando enjoou, me vendeu para vocês como política de boa vizinhança. Tanto que agora ele deve estar casado e vivendo uma lua de mel. Estou mentindo?
Ele nega.
― Não. Ele realmente está casado e viajaram acho que para as Maldivas. ― Meu coração acelerou de raiva. ― Minha esposa é que adora essas revistas de fofoca e ela saberia dizer melhor para onde eles foram.
Trinquei os dentes sentindo dor na mandíbula.
― Eles se merecem ― rosno.
― E o que você sente? Imagino que você se apaixonou por ele, não foi? ― Calo-me. ― Você realmente é uma mulher linda e muito jovem, Rebeca, mas eu preciso saber o que você sente por ele.
― Ódio ― rosnei. ― Ódio de toda a família. Matteo, Lucca, Graziella, a mãe, o pai... todos ― Seu rosto iluminou.
Havia um brilho em seus olhos.
― Posso te perguntar algo? ― Ele pega a cadeira e coloca bem próximo a mim e se senta. ― Se você tivesse uma chance de sair dessa e se vingar de cada um deles, você aceitaria?
O que era aquilo? Uma pegadinha?
Não. Ele não parecia estar brincando.
― Sair dessa como? ― Olho em seus olhos encarando-o. ― Qual é exatamente o preço?
Ele toca em meu rosto com as pontas dos dedos mostrando claramente o que tem em mente.
Afasto-me.
― Você é linda, jovem, espontânea. ― Papo de velho babão nojento.
― E eu seria sua puta em vez de trabalhar num prostíbulo? Não vejo o que estou ganhando com isso. E como eu me vingaria? Transando com você e depois dizendo a Matteo que você me comeu tanto quanto ele?
Ele cai na gargalhada.
― Sabe, linda, eu até que gosto desse seu temperamento explosivo e começo a entender um pouco o fascínio de Matteo por você, mas se você aceitar minha proposta, vai precisar se encaixar.
―Não, obrigada.
Ele me toca mais uma vez, só que dessa vez no queixo. E não era brutal, era delicado, cuidando de meus machucados.
― Eu não terminei a proposta. ― Afasto-me de seu toque deixando claro que o desprezo. ― Você não seria minha puta, mas minha secretária e amante. Não moraria em lugar algum, e sim aqui comigo para me ajudar.
Ajudar? Você não quer é ter trabalho nem para pular na minha cama.
― Não disse que era casado? ― pergunto, lembrando-o do compromisso.
― E sou. Mas minha mansão é grande o suficiente para as duas, e eu tenho vários empregados que trabalham para mim que moram aqui. Você só seria mais um deles.
A ideia de dormir com esse velho me enoja, entretanto, morar na mansão me atraia. Tudo bem que corria o risco de ter uma víbora no meu pé.
Fala sério, Rebeca. Para quem desejava sair dessa e a morte era a melhor opção, você está no lucro.
― E como eu me vingaria?
Ele coloca a mão no queixo em um movimento de tranquilidade, de quem está pensando o que quer jantar.
― Vou te preparar. Imagino que não sabe sequer mexer em uma arma ― nego. ― Então, você será preparada enquanto a protejo, te escondo. E no momento certo, você aparecerá.
Rebeca, você está grávida. Pode até ser que tenha perdido, mas ainda não tem a certeza.
― E Michele?
― Ele não terá autoridade sobre você. Ele é um dos meus principais homens nos negócios, você será minha secretária particular. Ambos estarão praticamente no mesmo nível.
Ele toca mais uma vez em meu rosto e dessa vez eu deixo. Deixo-o acariciar meu rosto, descer pelo meu pescoço até chegar próximo ao meu seio quando eu seguro sua mão, impedindo-o de prosseguir.
― Há algo mais que queira discutir? Se a ideia de ser minha amante não te atrai tanto, eu posso pôr tempo de validade. Gosto de garotas mais novas e você está numa idade ainda atraente. E se sua preocupação for minha esposa, posso lhe garantir que ela não dará trabalho.
Que merda era aquela?
Fala sério, Rebeca. Até parece que você não conhece casais que aceitam traição. Você tinha uma amiga que adorava ser a outra.
― Quanto tempo? ― Ele franze o cenho. ― Por quanto tempo?
Ele se afasta e se acomoda na cadeira, suspirando profundamente.
― Não pode ser tão fácil. E depois, o que aconteceria comigo. Preciso de detalhes, Don. Preciso saber exatamente o que passa em sua cabeça e só então aceitar seus planos.
Ele ri pelo nariz dando a entender que não gosta muito de dar explicações.
― Ok, Rebeca. ― Ele fica sério. ― Há muito que eu quero entrar na Sicília. Desejo desmontar a Cosa Nostra antes mesmo de Matteo assumir. O pai dele, Giancarlo, é um homem de visão, mas Matteo e Lucca são duas máquinas perfeitamente unidas. Enquanto Giancarlo estiver, digamos, em minhas mãos, está tudo bem, mas chegará um momento que Matteo assumirá e com isso, eu perderei minhas cartas. E é aí que você entra. ― Não entendo mas não demonstro minha ignorância. ― Uma mulher abandonada e desprezada pelo homem que era apaixonada e que prometeu protegê-la é um perigo. No momento certo você aparecerá.
― E eu o mato ou você o mata e eu tomo toda a culpa. ― Aquilo era uma loucura sem precedentes.
― Exatamente. ― Ao menos foi sincero. ― E nesse dia, eu pessoalmente arranjarei uma nova identidade, uma quantia para você não se preocupar em sequer trabalhar até seu fim de vida, vivendo como princesa no lugar que você quiser.
E acha que eu vou cair nessa? Depois de ver Lucca me prometer proteção dizendo que sua palavra valia alguma coisa...
― E então? ― Sua proposta é bem tentadora, mas eu nego.
Nego porque estou grávida.
Eu acho.
― Por que, Rebeca? Isso é o melhor que terá de mim, do contrário, é só desgraça. ― Seu jeito de falar mostrava claramente que sua negociação é só uma porcaria de fachada. Ainda era uma imposição. ― Há algo que eu precise saber? Coloquemos as cartas na mesa. Eu fui honesto com você, que tal ser honesta comigo?
Acomodo-me na parede, mostrando tranquilidade naquela negociação mesmo que eu estivesse nervosa. Minha cabeça começava a bolar milhões de alternativas mesmo que fossem as mais loucas possíveis.
Ou se vinga logo de todos como desejado. Pra quem vai morrer, qualquer dia a mais é lucro.
― Eu aceito tua proposta e ainda coloco o nome de Lucca ― se tem que se sujar, que eu mergulhe na fossa cheia de merda de uma vez. ― Mas há uma condição.
― Qual condição?
Eu temia dizer a verdade, contudo era tudo ou nada.
― Diga-me ― ele parecia mais ansioso que eu.
― Eu estou grávida ― seu sorriso não demonstrou qualquer surpresa o que eu estranhei. Como ele saberia se somente Cat sabia que eu estava grávida? ― Na verdade, eu não sei se ainda estou.
― É de Matteo?
― Claro que é. ― O que ele achava? Que eu saí dando para todos os homens de Palermo. ― Quero que a proteção se estenda a ele. Quero ter meu filho protegida dele.
― Um bastardo ― ele sorri. ― Interessante.
― Eu serei a melhor secretária que você já teve um dia, mas eu quero ter esse filho ― e Deus! Mesmo com nojo, eu coloquei minha mão sobre sua genitália e apalpei, tentando fechar negócio.
Você acaba de entrar na minha lista, Don. A sua proposta foi trocar seis por meia dúzia. Continuarei sendo puta e ainda uma assassina, isso porque não conheci sua esposa. Mas nesse momento o que eu preciso é tempo. Tempo para me levantar.
― Siga-me ― ele se levanta e abre a porta para eu passar com ele ao meu encalço.
― Don. ― Michele se aproxima. ― Para onde devo levá-la?
― Para lugar nenhum ― ele pisca os olhos um tanto surpreso. ― Ela ficará sob meus cuidados e você vai respeitá-la.
Sorri. Ao menos posso me dar ao luxo de desfrutar de um pouco de conforto.
― Adriano, providencie o médico para ela. Rebeca precisa ser examinada urgentemente. ― Ele assente e depois me olha piscando o olho para mim. ― Vamos, Rebeca. Quero te apresentar a Caterina, minha esposa.
Enquanto ele toma distância e começa a conversar com outro homem, Michele me segura pelo braço.
― Você acha que ganhou? Acha que Don Carlo vai te livrar dessa? Você não sabe o que te espera, cadela.
Eu não sei exatamente o que me espera, mas qualquer fôlego de vida é bom.
― Eu disse pra você que me matasse. Você não me ouviu. ― Sorri tirando a mão dele do meu braço com brutalidade. ― Eu vou acabar com você.
Avisei.
Adriano, que nos acompanhava, escondia o sorriso. E eu teria que aprender que em cada gesto, movimento, detalhe, havia algo que eu poderia me aproveitar. Naquele momento, eu percebi que Michele poderia ser importante na organização, mas não era alguém benquisto por Adriano, outro homem importante.
Respirei profundamente ao sentir o cheiro da brisa daquele começo de noite. A mansão que ele morava era algo de cinema. Eu não sei o que eu senti ao ser convidada a entrar naquela casa.
Dor. Raiva. Foi isso que eu senti ao me lembrar de ter ido com Matteo naquela fazenda espetacular e ele dizer que não poderia permitir minha entrada porque não tinha direito quando ele era o dono.
― Carlo! ― Uma jovem senhora extremamente elegante aparece, e pela intimidade eu imagino que seja sua esposa mesmo que muito mais nova que ele.
― Caterina, essa é Rebeca, a garota fujona ― Ela me olha rapidamente e volta sua atenção para o marido. ― Ela precisa se recompor e quando estiver pronta, ela trabalhará para mim como minha secretária particular.
Foi então que ela me encarou e me olhou de cima a baixo avaliando-me.
E pela sua expressão, ela já sabia o que eu seria para o seu marido.
Tadinha da Rebeca.
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