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15 de agosto de 2006

𝒞𝑜𝓂𝑜 𝓋𝒶𝒾 𝓋𝑜𝒸𝑒̂?

Tudo o que eu mais desejo nesse momento, e que você estivesse em minha frente, olhando-me com seus lindos olhos em tons de verde, para me responder com sua cálida voz, o quanto encontra-se bem e feliz.

Você não faz ideia de como eu sinto falta de ouvir a sua voz! Às vezes, quando estou sozinho, eu começo a lembrar do som da sua risada, do seu tom desafinado enquanto cantava... Eu sinto tanto a sua falta!

Hoje faz um mês que estou sem você, sem falar com você. Eu não sei como vivendo a cada dia sem tê-la ao meu lado, sabendo que você não está mais me esperando. Não sei como ainda vivo, tendo a certeza que chegamos ao fim.

Está doendo! Ficar sem você está me matando! Eu sinto que uma parte de mim definha dia após dia. Eu ouço algumas pessoas me dizerem que um término nunca é fácil, que com o tempo tudo vai se ajeitar. Mas eu não quero que as coisas se ajeitem! Eu não quero me conformar com uma vida em que você não esteja nela. Eu só queria voltar no tempo e fazer tudo diferente. Droga! Eu não sei porque estou escrevendo essa carta!

Espero que esteja bem!

Ainda te amo!

𝑅𝒶𝒻𝒶𝑒𝓁

➴ ♬ ➶

4 de julho de 2005

Despertei com a terrível sensação da cabeça latejando, bem como com o desconforto do estomago embrulhado dentro de mim. Eu fedia a álcool. Um odor que frequentemente me acompanhava

Ainda meio cambaleante, fiz um esforço de me levantar. A passos trôpegos caminhei até à cozinha, enchi o copo de água e bebi como se estivesse no meio do deserto do Saara.

Ainda estava na cozinha, quando Dani surgiu ao meu lado.

- E aí cara! - cumprimentei-o, bagunçando seus cabelos.

- Mamãe deixou um recado para você colado na geladeira. -informou, enquanto preparava o seu misto quente.

Abri a geladeira, peguei uma jarra de água. Ao fechar a porta, dei de cara com o post it verde limão que carregava o recado da mamãe:

"Mais uma vez chegando bêbado em casa ! Faltou à aula novamente!

Vai lá... Arruíne seu futuro! Seu irmão pode se inspirar em você! Pense nisso!!!"

Mamãe, como sempre um, amor. Nada de beijo ou amo você, mas ela acertara o alvo: meu maninho! O seu futuro dependia, única e exclusivamente, de mim. Furioso, joguei o bilhete no lixo, praguejando silenciosamente por ser um péssimo exemplo para o Dani.

Ao retornar ao meu quarto, notei que relógio da cabeceira indicava que já se passava do meio dia. Sentindo a meu cérebro quase explodir de tanta dor, afundei a minha cabeça no travesseiro, e tentei em vão, recuperar alguma lembrança da noite passada.

"Cerveja, vodca, uma garota, música, Ária, mais bebida... Espera... Ária... Porque ela estava na porra da minha lembrança de bêbado?

Tentei puxar mais alguma memória... e merda! Eu fiquei chapado pensando na Ária.

"Eu era um bosta!"

Mas não bastava eu ser um bosta, tinha que ficar enfeitiçado pela única garota na porra do mundo que era indiferente a minha pessoa. A única garota que simplesmente se retraia mediante a um simples toque meu. A garota que me achava um completo babaca!

"Parabéns Rafael, você sempre se supera!" Pensei, programando o meu despertador para que eu acordasse a tempo de ir ao tal grupo de estudos.

Não importava o que eu fazia. Ária não abandonava meus pensamentos. Eu era um idiota por insistir em algo que cheirava a fracasso, mas eu insistia mesmo assim. Algo dentro de mim dizia que valeria a pena. E talvez realmente valesse.