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»Á R I A «

3 de julho de 2005

Assim que adentrei pela porta do quarto, senti que meu coração estava absurdamente acelerado. Não sabia o porquê eu havia ficado tão apavorada com um simples beijo no rosto, um gesto totalmente natural e inofensivo para qualquer pessoa. Menos, é claro, para mim. E eu já sabia qual era a resposta para tal indagação.

Lógico que tinha ficado apavorada, e não era para menos! Até aquele dia eu nunca havia sido tocada por nenhum garoto.

E enquanto estava prostrada com as costas colada na porta da sala, só conseguia pensar que eu não passava de uma aberração, tipo aquele filme de terror "Karry a Estranha".

Estava tão absorta nas minhas peculiaridades, que nem notei o que se passava ao meu redor.

Felizmente, assim que recobrei a organização de meus pensamentos, sinti o delicioso cheiro de comida que emanava da cozinha. Ainda incrédula, caminhei até o cômodo e vi que a minha mãe, depois de longas semanas, finalmente foi capaz de preparar o jantar. Instantaneamente fiquei feliz, vê-la cozinhando era um sinal de que ela estava na sua "época boa".

"Espero que dure mais a tempo que a anterior". Pensei, conjurando um desejo silencioso.

Minha mãe, Dona Catarina, sofria de depressão profunda desde que perdera o meu pai em um acidente de trabalho. Então havia tempos em que ela se encontrava bem e tornava-se uma grande senhora do lar. E em outros tempos mais obscuros, ela apenas se trancava no seu quarto escuro e se fechava para o mundo. Esse segundo período, eu tinha denominado de "época ruim". Infelizmente, este acontecia com mais frequência do que eu gostava e, às vezes, minha mãe passava meses sem sair do quarto, enquanto entupia-se de calmantes, alimentava-se raramente e dormia praticamente o dia todo. Com muito esforço, em dias em que a determinação tomava conta de mim, eu conseguia fazê-la tomar banho. Eu era a sua fortaleza. Nossos papeis estavam invertidos, mas eu não me importava. Ela era a minha mãe; minha única família.

Lembro exatamente quando dona Catarina começou a sucumbir à sua doença. Eu tinha três anos quando meu pai faleceu, levando consigo o coração e parte da vida da minha mãe. Seus pais — os meus avós que nunca conheci —, a expulsaram de casa quando descobriram que ela estava gravida de mim. O meu pai — que eu também não o conheci— foi um homem honrado e nos assumiu como a sua responsabilidade. Ele se tornou o seu porto seguro, e quando ele nos deixou, minha mãe ficou sem chão. Tudo em sua vida desmoronou.

Às vezes me pego pensando em como esse acontecimento a afetou. Eu imagino que foi como se ela estivesse andando em um jardim, sentindo-se segura e feliz, e de repente, sem nenhum aviso, um abismo enorme se abriu sob os seus pés, levando-a para dentro de um buraco sem fim. Agora, ela está lá: presa na escuridão e não sabe como voltar à superfície. Eu gostaria ajudá-la, mas não sabia como. Sentia-me tão impotente... E aquela era a pior sensação do mundo! Era difícil ver a pessoa que eu mais amava sofrer, enquanto eu permanecia de mãos atadas, sem poder fazer nada para ajudar. Então eu fiquei ali, dia após dia, esperando que alguém chegasse, apresentando um plano para resgatá-la. Eu sonhava com o dia em que poderia abraçá-la e dizer: "Calma, não precisa mais chorar... Acabou! A escuridão se foi para sempre! Abra os olhos... Olhe ao seu redor... Viu como o dia está lindo?!... Seja bem-vinda de volta ao seu jardim."

Mas, enquanto o milagre não acontecia, eu aproveitava os dias bons. Eu nunca sabia quando eles apareciam, mas eu sempre os aguardava. Naqueles dias eu via que, apesar de tudo, ela era uma ótima mãe.

Aquele era um dia bom! Minha mãe estava trajando um vestido com estampa floral que ficava demasiado largo em seu corpo magro. Seu cabelo crespo estava preso em um coque mal ajeitado que evidenciava o surgimento de alguns fios grisalhos. Ela parecia feliz, mas eu conseguia ver a tristeza que a assombrava, estampada no fundo de seus olhos tão negros quanto a cor de sua bela pele.

Observei, atentamente, enquanto ela lavava o arroz na nossa velha pia caindo aos pedaços, e meu coração se apertou ao ouvi-la cantando junto ao Renato Russo, a música que tocava em nosso rádio toca-fitas:

"Mas é claro que o Sol, vai voltar amanhã / Mais uma vez, eu sei/ Escuridão já vi pior/ De endoidecer gente sã/ Será que o sol/ Já vem..."

Era engraçado as ironias da vida, eu ali pensando na escuridão do abismo da mamãe, enquanto aquela música saia pelas caixas de som daquela radio.

— Oi mãe, tô vendo que a senhora está animada hoje, hein? — Avancei por trás, e a envolvi em um abraço apertado.

— Ah! Oi filhinha! — Ela riu. Seu riso inundou o meu coração de alegria. — Sim! Hoje acordei com vontade de fazer arroz com frango, faz tempo que não comemos algo assim. — Ela me lançou um olhar inseguro, pedindo a minha aprovação.

— Hum... Amei a ideia, mãe! Parece perfeito! Vou tomar um banho e já volto para ajudá-la. — Depositei um beijo estalado em seu rosto, e logo segui em direção ao banheiro.

➴ ♬ ➶

Enquanto sentia a água do chuveiro escorrer por meu corpo, permiti a me lembrar do Rafael e os seus incríveis olhos azuis safira. Definitivamente a Tiffany iria pirar quando soubesse que o cara mais cobiçado do colégio, entraria para o grupo de estudos.

Desde que ele se matriculara, ela não para de falar nele. Fiquei uma semana sem ir para escola, tentando resolver os papéis da pensão que mamãe recebia do governo, por conta da morte do meu pai. E naquela ocasião, não tinha um só dia minha amigava deixava de vir em casa para me falar do garoto novo, de como ele era bonito, alto, além de esbanjar elogios sobre o seu sorriso e seus olhos azuis da cor do céu e mais um monte de qualidades que eu achava que não podia se encaixar em apenas um garoto. Eu não dei muita atenção a Tiffany, pois ela frequentemente se impressionava com qualquer garoto bonito, e do mesmo jeito em que ficava facilmente fascinada, desapegava-se como se nada tivesse acontecido.

Tiffany era uma figura, vivia dizendo que não havia a menor graça namorar, em ficar com a mesma pessoa a todo tempo. Segundo os seus argumentos, ela afirmava que era adolescente, que precisava aproveitar ao máximo aquela fase, porque depois viriam as responsabilidades, faculdade, emprego, dívidas e ela nunca mais teria tempo para se divertir. Assim, peguei-me pensando sobre a possibilidade da sua atração dela pelo Rafael já ter passado.

Não consegui evitar que uma imagem dos dois juntos se formasse na minha cabeça. 

"Eles formavam um lindo casal." Pensei, contrariada.

Sai do banho, sabendo que, sem sombra de dúvidas, não gostei de visualizar os dois juntos.

Parece que havia encontrado alguém que despertou o meu interesse. Era uma pena que éramos tão opostos, em todas as maneiras, em todos os sentidos.

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