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» R A F A E L «

3 de julho de 2005

Acordei com o barulho do despertador, que indicava em seu letreiro luminoso, o horário exato de seis horas da manhã. Eu sabia que precisava levantar, pois tinha de ir ao colégio, mas naquele dia fazia um frio de congelar os ossos e eu não estava com a mínima vontade de encarar uma manhã gelada, apenas para ir a aula. Então voltei a me cobrir, fechei os olhos e fiz de conta que não ouvi o maldito som do despertador. Porém, meus preciosos minutos de tranquilidade, foram bruscamente interrompidos pela voz estridente e autoritária de minha mãe, que invadiu o meu quarto tagarelando sem parar, tornando mais o que evidentemente o fato de que eu estava atrasado para ir ao maldito colégio.

— Rafael, acorda! Você precisa levantar. Está atrasado de novo! Eu estou farta disso! Toda vez a mesma ladainha... Esse é seu último ano, e agora você quer estragar tudo? o que seu pai vai achar disso? Acha que ele vai ficar feliz se você reprovar no último ano? É claro que não! Eu não me importo com o que você faz o resto do dia, contanto que vá bem nos estudos.... Você sabe que nós esperamos que você se torne um grande advogado. — Ela nem respira enquanto emenda uma palavra na outra, acusando-me por ser um filho irresponsável que não pensa no futuro; futuro este que eu sequer precisei planejar. Já estava pronto desde que eu nasci.

E depois do longo monólogo da minha mãe, fui obrigado a levantar. Afinal, controlar meus estudos e garantir que eu seja um "grande advogado" é tudo que sempre importou. Foi mais importante do que me oferecer qualquer mísero segundo da sua atenção. Aliás, nem sequer lembrava quando foi a última vez que ela me abraçou, ou perguntou como eu estava... Mas, quer saber... Depois de anos eu aprendera a não me importar! Ou pelo menos fazia o possível para fingir que isso não mais me afetava.

➴ ♬ ➶

Aquela era mais uma fatídica manhã de segunda-feira, e eu definitivamente odiava as segundas! A contra gosto, arrumei-me como de costume, e antes de sair do quarto, desprendi um pouco de tempo me olhando no espelho. Meu reflexo sempre destacou os familiares olhos azuis malditamente parecidos com os do meu pai. Olhos que se aparentavam mais cansados. Nutria dentro de mim a inquietante sensação de que eu carregava um mundo nas costas. Aos dezessete anos, esperava que a vida fosse uma verdadeira zoação repleta de bebidas e garotas ao bel prazer. Mas tudo era exatamente o contrário. A vida não passava de infindáveis cobranças que me pressionavam a entrar em uma renomada faculdade, enquanto a outra parte do tempo era desperdiçada com sexo, bebidas e muito Rock'in Roll.

Aquele era eu: um filho sem pais; um futuro advogado; e um canalha que não passava de um imã para as garotas que eram facilmente descartadas.

Então todos os dias eu recitava o mesmo mantra diário antes de enfrentar a porra do mundo: não existe amor, há apenas pessoas idiotas que acham que o amor existe.

Com aquele pensamento fixo em minha mente, eu deixei o meu quarto. Mas antes de atravessar a sala, notei o meu irmãozinho deitado no sofá, assistindo desenho animado. Óbvio que a gritaria da minha mãe o acordara.

Daniel, meu irmão caçula, é cinco anos mais novo que eu. Ambos possuímos os mesmos traços físicos, no entanto, os seus olhos são castanhos como os de minha mãe, já eu herdei os olhos azuis do meu pai. Dani foi o que mais sofreu com o divórcio de nossos pais, foi difícil para ele conviver com o fato de ter um pai ausente e uma mãe pouco carinhosa. Por isso, sempre fiz questão de mostrá-lo-​ o quanto eu o amo, fazendo quase todas as suas vontades, desde jogar vídeo game, até levá-lo comigo para alguns passeios. Com o tempo nós aprendemos que seríamos os únicos nos amar na família, portanto, desde muito cedo a nossa união se forjou mais forte do que tudo.

Antes de enfrentar o dia, caminhei até sofá e baguncei os cabelos do meu irmão em um singelo gesto de carinho.

— Hey Dani, avisa a mãe que já fui para o colégio. — Antes de ouvir sua resposta, já estava do outro lado da porta.

Aquele era um colégio novo, cheio de gente que eu não conhecia. Minha mãe havia sido transferida a pouco tempo para o tribunal daquela minúscula cidade quase esquecida na divisa do estado paulista. Segundo ela, tudo indicava que ficaríamos por lá um bom tempo, então não tive escolha a não ser me enturmar. A boa notícia é que o Doug veio comigo, pois graças à vontade divina, seu pai — que é promotor — também foi transferido junto com minha mãe.

Douglas — ou Doug como eu o chamo — é meu amigo desde... Bem, não me lembro ao certo, acho que desde sempre. Nós sempre morávamos no mesmo prédio e quando nos mudamos não foi diferente. Ele, por ser filho único, sempre me considerou como seu irmão, já que crescemos juntos e costumávamos a estudar na mesma escola. Fisicamente, somos bem diferentes, seus cabelos, assim como os olhos são castanho claros. Ele é um pouco mais baixo que eu, e um tanto mais magro. Contudo, apesar da diferença, nós fazíamos sucesso entre as garotas.

Os pais dele, ao contrário dos meus, eram muito gente boa, super liberais, sempre nos deixavam fazer festinhas no apê, encher a cara de cerveja e consumir tudo que havia em seu bar. Sempre que podíamos, bebíamos até não conseguir parar em pé. Apesar da nossa pouca idade, ninguém nunca nos julgou. "Somos homens". Era isso que nos diziam. Era assim que justificamos o nosso consumo excessivo de álcool.

Quando cheguei ao colégio, rapidamente me tornei o centro das atenções meninas, mas já era de se esperar, a velha fórmula (garoto novo + bonito = legiões de garotas no meu pé) sempre surtia o efeito esperado. Após algumas semanas imerso naquele novo universo escolar, tive tempo suficiente cair na tediosa rotina de estudar, estudar e estudar... Paquerar durante o intervalo, sair com alguma garota qualquer depois do colégio, tomar umas gelada com meu amigo Doug todas as tardes e, em alguns dias, ensaiávamos algumas músicas para tocar em algum canto qualquer que permitissem a mandar o nosso som. Como eu disse, rotina.

Bem, pelo menos era a mesma merda de sempre. Até que tudo mudou quando eu a vi... Era mais um dia normal, estávamos no intervalo, e como sempre, várias meninas conversavam comigo, tentando chamar a minha atenção de alguma forma. Até que uma delas, — Tiffany, acho que era esse seu nome —, acenou para que alguém viesse se juntar ao grupo. Eu nem dei importância, devia ser mais alguma de suas amigas sem nexo, que só sabiam falar asneira, então continuei conversando com meus amigos sobre os interclasses que ocorreria na mesma tarde.

— Ária, você vai com a gente, ao interclasses, dessa vez? — Tiffany perguntou à garota, que havia chamado para se juntar ao nosso grupo. Eu estava de costas para elas, não às via, mas podia escutá-las.

— Tiffany, eu não vou poder ir... Eu já te disse que tenho reunião do grupo de leitura. Desculpa!

Foi nesse instante que ela chamou minha atenção. Quem preferia ir a um clube de leitura, ao invés de ir ao maior evento escolar que acontecia no ano? E por qual razão aquela criatura, (sim, criatura, pois ela deveria ser um ser de outro mundo por pensar daquela forma) conversava com essa delícia da Tiffany? Decidi acabar com o suspense e virei-me direção as duas e... Santo Pai! Maldito pré-conceito... Ela era tão bonita. Malditamente bonita!

A primeira coisa que eu notei foram os seus olhos... Fiquei por alguns instantes tentando decifrar aquele caleidoscópio de cores em tons de verdes e dourados... E cara! Eram magníficos! Combinavam perfeitamente com sua pele levemente escura. Contive o anseio de percorrer meus dedos pela longa cascata de espessos cabelos encaracolados que escorriam selvagemente por suas costas. A bela garota não é muito alta, sei que se eu a abraçasse, ela ficaria na altura do meu coração, que naquele momento, batia freneticamente.

Se eu acreditasse em amor à primeira vista, podia jurar que o maldito cupido finalmente havia me encontrado. Contudo, sabia que eu definitivamente só estava atraído por aquela linda garota tão fora de todos os padrões. Sim! Atraído era a palavra correta a ser empregada, e talvez se desse ao fato de que ela foi completamente indiferente comigo. Para falar a verdade, a garota sequer olhou na minha direção, antes se distanciar de nós, partindo solitária de encontro aos seus afazeres.

Completamente enfeitiçado pela misteriosa menina, observei-a caminhar até o canto mais vazio do pátio, onde sentou-se no chão, abriu um livro e começou a lê-lo, fingindo que o mundo a sua volta não existia. Eu, movido pela curiosidade eminente, decidi perguntar a Tiffany sobre a garota, um tanto peculiar que parecia ser sua amiga.

— Quem era aquela garota que acabou de sair daqui? Acho que nunca à vi no colégio. Ela é nova? — questionei a Tiffany.

— Você está falando da Ária, minha amiga... Ela não é novata, nós estudamos na mesma sala. Você não a viu, porque ela não veio essa semana.

Senti que ela ia mudar de assunto, então continuei a conversa.

— Não me leve a mal, mas ela não tem cara de ser sua amiga. Vocês parecem ter gostos diferentes. — disparei, ironicamente.

Tiffany que não se abalou por minhas palavras, apenas riu da minha constatação.

— É verdade! Nós somos um pouco diferentes, mas mesmo assim somos amigas. Nos conhecemos há muito tempo! E, apesar de possuirmos nossas adversidades, Ária é a minha melhor amiga. Respeitamos os gostos e o espaço uma da outra e por isso nossa amizade dá certo. — Chacoalhou seus ombros magros, indicando que as coisas sempre seriam assim entre ambas garotas.

— Hum... E pelo visto não gostar dos interclasses é apenas mais uma de suas diferenças? — indaguei, sorrindo.

— Sim, Ária prefere esses grupos nerds de leitura, estudos, redação... Essas coisas chatas, sabe?

— Sei...

"Isso é interessante" pensei comigo.

Impedindo que eu prosseguisse com o interrogatório a respeito da garota que despertara a minha curiosidade, o sinal que avisava o fim do intervalo infelizmente soou, obrigando-me a me dirigir à sala de aula. Entretanto, sem que eu fosse capaz de controlar, só conseguia pensar na Ária e no caleidoscópio de cores do seu olhar.

Com muita dificuldade, consegui tirar ela de minha cabeça, à medida em que me concentrei nas complexas fórmulas de matemática. Porém, bem lá no fundo da minha mente, havia uma vozinha que me perturbava desde que a vi, e ela ficava me dizendo: "vai lá cara! Descobre mais sobre ela... Eu sei que você quer isso!"

Assim que a aula chegou ao fim, eu me peguei indo até a secretaria. Todavia, ao chegar à porta, a sensatez resolveu disparar um alerta para o meu cérebro.

Não acredito que eu tô fazendo isso!"

Olhei ao redor e — graças ao bom Deus—, o recinto estava vazio.

Respirei aliviado, ciente de que acabara de me livrar de uma tremenda roubada.

— Pois não? — Ouvi uma voz atrás de mim. Virei-me em direção a pessoa, e dei de cara a secretária, que me encarava com a sua costumeira cara amarrada.

— Eu... — Gaguejei, coçando o cabelo.

— Você... — a secretaria insistiu.

Naquele instante, pensei em dar o fora dali e esquecer aquela história de uma vez por toda. Entretanto, movido por um impulso idiota, eu apenas disparei:

— Você teria os horários do grupo de leitura? É que eu fui matriculado recentemente... E sabe... Eu... Eu... Queria entrar nesse grupo. — expliquei, rapidamente, em meios aos gaguejos.

A secretaria me lançou um olhar de incredulidade, mas guardou os pensamentos para si.

— Tá, tá! Já entendi, vou imprimir para você. — ela informou, com certa dose de impaciência.

E enquanto eu observava a secretaria sentada na frente do computador, dei-me conta que eu havia me metido na maior furada da minha vida. Mesmo assim, não pensei em desistir.

— Aqui estão os horários de todos os grupos que temos no colégio. É só ver em qual quer entrar e procurar o responsável por ele. — informou, a mulher baixinha e ranzinza, apontando o dedo em direção aos nomes dos responsáveis.

Como se eu tivesse usado um filtro detector, meus olhos rapidamente encontraram o nome "Ária Mendes", seguida da informação de que ela era diretora do Grupo de Leitura. Ávido para entrar em contato com aquela garota, procurei o seu telefone, mas a lacuna estava em branco. Assim, só me restou a opção de me matricular pessoalmente. Nem tudo estava perdido afinal.

➴ ♬ ➶

Lá estava eu, sentado na arquibancada da quadra do colégio, vendo um monte de babacas suados correrem atrás de uma bola. Todos gritavam a pleno pulmão, torcendo pelo time de suas respectivas classes, e eu só conseguia pensar que poderia estar com Ária, ao invés de ter perdido o meu tempo assistindo ao interclasses. É... eu poderia ter apreciado a sua companhia, se pelo menos uma vez na vida eu tivesse aberto um livro e lido mais do que dois parágrafos. Para falar a verdade, eu já tinha lido livros didáticos, mas sabia que esse tipo de leitura não contava como requisito para entrar em um grupo de leitura.

No momento em que eu peguei os horários, decidi me matricular em seu grupo de leitura. Porém, naquele exato instante eu me liguei que eu não tinha o hábito de ler. Constatar tal fato me fez perceber que seria um tanto constrangedor chegar até ela com uma desculpa esfarrapada de alguém que nem acreditava que grupo de leituras realmente existiam. Então, uma imagem minha surgiu na minha mente, e lá estou eu apresentando-me ao grupo:

"Oi eu sou o Rafael, vim aqui para o grupo de leitura, porque esse é um clube para pessoas que gostam de ler. Eu nunca li livro nenhum, então pensei que esse grupo seria bom, para que eu começasse a ler..." Patético! Isso seria horrível.

Olhei para as pessoas à minha volta, gritando igual um bando de animais, e fiquei profundamente irritado. Deixei a quadra sem me despedir de ninguém, apenas ansiava em chegar em casa para tomar uma boa dose do uísque favorito da minha mãe. Com certeza o álcool aliviaria meus anseios.

Assim que dobrei a esquina, meus olhos se depararam com a imagem da Ária, deixando o colégio, carregando vários livros em seus braços. Sem pestanejar, corri até ela e perguntei se precisava de ajuda.

— Não, tá tudo okay! Já estou acostumada a levar esse monte de livros até em casa, mas obrigada. — ela respondeu, educadamente.

Apesar da sua recusa, eu retirei alguns livros de seus braços.

— Eu insisto. Prazer, Rafael! — apresentei-me, lançando uma leve piscadela.

— Prazer, Ária!

Ficamos em silêncio por vários minutos, apenas caminhando lado a lado, sem proferir qualquer palavra. Então finalmente decidi iniciar uma conversa:

— Não sei se sabe, mas eu sou novo colégio e preciso entrar no grupo de estudos. Vou concluir o Ensino Médio esse ano, por isso, preciso mais do que nunca, de reforço nos estudos. Você sabe se o grupo daqui é bom?

Ária, completamente incrédula, direcionou-me um olhar de pura desconfiança.

— Você não parece ser do tipo que participa de reunião de estudos. — revelou, sem receios.

— Não é que goste, mas eu preciso mandar bem no vestibular, caso contrário meu pai me deserda, literalmente. — expliquei, rolando os olhos.

— Entendi! Na verdade, o grupo de estudo do colégio é ótimo. Eu participo de todas as reuniões. A próxima será amanhã às duas da tarde, pode ir se quiser.

Assim que ela me convidou para o tal grupo, eu fiquei, mais uma vez, sem saber o que falar. Por isso o silêncio voltou a reinar entre nós.

Ária era uma garota séria e confiante. Diferente de todas as meninas com quem eu interagia, ela não ficava desconfortável com a minha presença, nem tentava me impressionar com sorrisos fáceis. Muito pelo contrário, parecia que ela ansiava pelo momento em que finalmente eu a deixaria em paz.

— Então... — comecei, inseguro — você me disse que eu não parecia do tipo que curte estudar. Sendo assim, em que tipo eu me encaixo? — Tentei, mais uma vez, retomar a conversa.

— Sei lá... Talvez do tipo que joga vídeo game o dia inteiro, vai a festas e fica bêbado aos finais de semana. Do tipo que costuma sair todo dia com uma garota diferente. — Ela me analisou com seu olhar meticuloso — Sim! Definitivamente esse tipo.

Mediante a sua sinceridade, não consegui me conter e comecei a rir.

— É... Pensando bem, sou esse cara também!

E assim fui capaz de arrancar o seu sorriso... E merda! Naquele instante percebi que eu gostei de vê-la sorrir.

Após a curta caminhada, nós paramos em frente a uma minúscula casa deteriorada, cuja tinta azul da parede era tão descascada que sobressaia a visão do reboco cinza que se tornara evidente.

— Eu moro aqui... Obrigada por me ajudar com os livros. — sua voz soou baixa, enquanto direcionava o seu olhava sem graça, para a sua casa arruinada.

— Por nada! — eu disse, lhe entregando os seus livros. — Nos vemos no colégio então.

Naturalmente, inclinei-me e plantei um beijo em sua bochecha. Algo que eu faria com qualquer outra garota. Porém, no seu caso, notei que não foi uma boa ideia, pois assim que me meus lábios tocaram seu rosto, percebi que ela sutilmente estancou os pés no chão, ficando completamente imóvel, insegura de como reagir com aquele simples gesto.

— Até amanhã. — sussurrei, assim que me distanciei de seu rosto, ainda inalando a fragrância suave que emanava da sua pele escura.

— Até! — ela sussurrou de volta, e disparou apressada para dentro da sua casa, sem nem olhar para trás.

Naquele momento eu soube que ela jamais deixaria os meus pensamentos.

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