Capítulo 20
— Eu… sinto sua falta.
Essas palavras simples me inundam com um calor forte e brilhante. É como se meu sangue tivesse sido substituído pela água borbulhante de uma jacuzzi. Acho que é mais fácil para Sam ser honesto quando está sozinho, quando não estou bem na sua frente. É mais fácil para ele falar verdades na solidão silenciosa de seu apartamento. Talvez esteja até fingindo que não estou do outro lado da linha e ele está apenas sendo honesto consigo mesmo. Seja qual for o caso, é como o melhor presente que poderia receber, uma recompensa preciosa por todos os meus esforços. Gemo do fundo da minha garganta, deixando cair meu antebraço sobre os olhos.
— Porra, também sinto sua falta.
— Faz apenas uma semana. — Ele repete, rindo baixinho. — Alguma coisa interessante aconteceu hoje?
— Oh… — De repente me lembro que não estou sozinho nesta sala, e John está fazendo um grande esforço para cuidar da minha privacidade. — Merda, sim. Tenho um colega de quarto.
Depois de três semanas de telefonemas noturnos, tão carregados de sexualidade quanto aquele, John finalmente reúne coragem para perguntar sobre isso. Eu não diria que somos próximos, mas estamos confortáveis o suficiente um com o outro. Nós nos cumprimentamos em aulas compartilhadas, saímos juntos do dormitório pela manhã e conversamos amigavelmente à noite. Fiquei de olho nele durante esse tempo. Ele faz jus à sua caricatura branda, não sendo muito amigável com ninguém. Ele é educado, mas reservado. Estou encerrando meu telefonema com Sam, sem me preocupar em disfarçar o gemido em minha voz.
— Vamos, coloque o telefone no travesseiro, quero ouvir você enquanto você adormece.
— O que somos, malditos alunos do ensino médio? — Ele zomba.
— Sabe, isso foi há apenas alguns…
— Termine essa frase e nunca mais atenderei sua ligação.
Estalo minha língua contra o céu da boca, e deixo passar.
— Tudo bem, mas pelo menos me diga que você me ama.
— Boa noite, Dean.
— Eu também te amo, bebê. — Eu ecoo.
Ele desliga com um grunhido envergonhado e eu tiro os fones dos ouvidos para colocá-los de volta no estojo. John, que estava digitando uma tarefa no seu MacBook de segunda mão, não é sutil em seu olhar de lado. Depois de alguns minutos de silêncio desconfortável, o ar tenso com perguntas que ele hesita em fazer, ele finalmente interrompe.
— Hum, essa é... sua namorada?
Uau, alguém promova esse cara a detetive.
— Não. — Lanço um sorriso maroto para ele. — Sam é um cara.
Não tenho vergonha do meu relacionamento com Sam, mas é algo que vou vazar estrategicamente. Se virar notícia, quero ser eu a divulgar isso. Pelo que observei de John, ele não é do tipo que faz fofoca com os negócios de uma pessoa ou participa das conversinhas. Honestamente, só quero alguém discreto com quem possa falar, e John ficará preso em um quarto comigo pelos próximos dez meses. Ele se endireita na cadeira, piscando os olhos grandes e surpresos.
— O-Oh, uau. E-eu quero dizer…! Ah, desculpe, eu não queria parecer… insensível. Você apenas parece…
— Um típico hétero top?
John dá uma risada.
— Sim, desculpe. Eu só estava tentando ser discreto.
— Está tudo bem, cara. Eu poderia simplesmente ter dito “sim” quando você perguntou.
— Há quanto tempo vocês… estão juntos? Ele mora aqui?
— Desde janeiro, e não, ele estuda em Berkeley. Ele está fazendo doutorado em Literatura, quer lecionar lá.
— Nossa, então vocês dois estão muito ocupados, hein?
— Deus, isso está me matando. Eu desistiria da minha perna esquerda para vê-lo.
— Posso ver isso… — John murmura, estranhamente sério. Em vez de olhar para mim, seu olhar está fixo no canto da mesa. — Não nos conhecemos muito bem, mas você é totalmente diferente quando está ao telefone com… ele. Tipo, parece não haver mais nada acontecendo no mundo inteiro.
— Pega.
Ele levanta o rosto bem a tempo de ver meu telefone cruzando o cômodo. Com um grito, ele se esforça para pegá-lo. Na tela, está aquela imagem que mencionei antes, aquela que me levou a um punhado de sessões desesperadas de punheta, amontoadas em uma cabine de canto dos chuveiros comunitários. Ele parece um maldito modelo naquela foto, e a boca de John forma um pequeno 'O' chocado.
— Uau, ele é…
— Ugh, a criatura mais sexy que já andou nesta porra da Terra? — Eu gemo.
— Bem, se eu dissesse isso, não acho que você deixaria vivo. Mas ele é muito… bonito. Ele definitivamente parece muito inteligente para você.
— Ele é. Mantenha isso em segredo, mas se alguém perguntar, estou comprometido.
John devolve meu telefone com outra risada.
— Claro.
Um mês e quinze dias.
É quanto tempo leva para se tornar um quarterback titular dos Bulldogs.
Ajoelhado na grama após o treino de sexta-feira à noite, o técnico Nelson está batendo com as costas da mão em uma prancheta enquanto analisa os altos e baixos do esforço de todos. Ouvimos com atenção, porque a sua palavra é aquela que dá e tira aqueles cobiçados cargos. Apesar de ser meados de novembro, está sufocante e cheio de testosterona. Meus companheiros continuam trabalhando para controlar a respiração, o suor queimando nossos olhos e grudando as roupas em nossa pele.
— Saunders!
— Sim, treinador!
— Parabéns, você saiu do banco.
Não é surpresa para ninguém, nem reprimo um sorriso cruel. Não é exatamente a expressão reconfortante de vitória que você veria em “Duelo de titãs”. Existe esse… sentimento visceral e bárbaro associado a vencer, a ser o melhor. Ao usar seu corpo, seja no atletismo ou em outras coisas, esse sentimento se transforma em algo monstruoso. Provavelmente um reflexo primordial, superar a morte diariamente com as próprias mãos. Certamente parece de origem selvagem enquanto pulsa sob minha pele. Meu núcleo está quente e tenso. Minha cabeça está leve. Meus nervos zumbem com uma onda de satisfação elétrica. Sinto vontade de lutar. Porra. Algo para me erguer em cima de outra pessoa mais fraca.
Animado como estou, ainda bem que Sam está a uma hora de distância. Se ele estivesse no campus, eu não deixaria esse sentimento acabar. Eu iria caçá-lo como se fosse a porra do jantar desta noite. Eu não teria a decência ou o bom senso de encontrar um lugar privado, apenas o primeiro quarto vazio que tivesse uma tranca. Ele entraria em pânico por ser pego, me implorando para esperar, mas ele é tão fraco para o prazer. Não seria preciso muita persuasão para tê-lo curvado sobre uma mesa ou pia, aquele traseiro premiado ordenhando meu pau como se tivesse vontade própria. As costas lisas e tonificadas de Sammy curvando-se com um prazer colossal, abismado para caralho com o quão bem vou fazê-lo se sentir. Deus, que tal sexo logo após vencer um jogo?
Essa é a ideia que substitui a clareza com adrenalina. Voltando a mim mesmo, há gritos de felicitações e palmas nas costas dos meus companheiros de equipe. Só há uma desvantagem nisso:
— É no Kappa Sigma esta noite, rapazes!
Bem, porra.
Embora não haja uma desculpa que não seja estúpida ou insignificante o suficiente para lançar um ataque de raiva, causaria muitos problemas se eu pulasse uma festa em minha homenagem. Manter o respeito e a popularidade é quase como um jogo político. Você tem que manter as aparências, estar disposto a beijar alguns bebês. Tenho que aparecer, beber um pouco, superar as classes e nutrir as frágeis conexões com meus colegas e companheiros de equipe, especialmente. Se eles não me respeitarem, ou pelo menos não me temerem se chegar a esse ponto, seremos um lixo no campo.
É sábado e o técnico Nelson está mais do que ciente de que está treinando um time universitário — primeira divisão ou não. Ele deu esta notícia no início de um dia de descanso, sem treinos ou aulas. O estado de Fresno tem mais de trinta fraternidades e irmandades, e o local que abriga a IFC está convenientemente ligado ao estádio por uma pequena rua. Então, são vestiários e depois uma caminhada rápida até a insuficiência hepática. Já passa das oito. Normalmente, eu estaria me preparando para minha tão esperada ligação com Sam, e estou lutando para engolir minha irritação por perder isso. Claro, ainda posso ligar para ele, mas seria incapaz de dedicar a atenção que ele merece.
A contragosto, mando uma mensagem para ele antes de me despir para tomar banho.
“Não posso ligar no horário normal, sou obrigado a ir para uma festa de fraternidade, MAS tenho novidades! Meu pau e eu estamos com saudades de você, por favor me conte sobre seu dia e me mande nudes :("
Não espero uma resposta imediata, pois ele geralmente não responde de imediato. Se ele fizesse isso, eu estaria enraizado no armário, trocando mensagens tristes e desesperadas. Tiro a roupa úmida, grato por estar livre dela, vou direto para o grande e branco corredor de chuveiros. É um vestiário legal, noite e dia, para as instalações de uma escola secundária remota que não passa por reformas desde meados do século XVIII. Mas os chuveiros comunitários ainda são parecidos com o que você encontraria na prisão, apenas mais limpos. Paus, bolas e bundas em abundância. Se você se lembra, eu quase não tinha interesse em pau e bolas antes de serem anexados a Sam. Esse ainda é o caso. Como uma mente coletiva, meus companheiros de equipe me cumprimentam com uma série de latidos barulhentos.
É uma coisa, aparentemente. Somos os Bulldogs, então latimos. Eu lati de volta no caminho com minha cabeça levantada, porque não sou um idiota antissocial.
Estacionado entre dois companheiros de equipe, estou particularmente próximo, como o jogo exige, Jalyn Cahill na esquerda, Max Finnus na direita. RB* e WR* respectivamente. Jalyn é mais baixo, atarracado, com um núcleo de ferro para resistir a uma surra. Ele é considerado um power back*, então tentar tirá-lo do chão é como tentar derrubar uma picape apenas com as mãos e o peso. Max é praticamente um WR simples. Ele tem quase dois metros de altura, é magro como um chicote e tem mãos que parecem patas de urso. Ele é um dos caras mais rápidos do time. Ou qualquer equipe num raio de oitenta quilômetros. O cara poderia me dar uma volta por dias. (*N/T: ¹RB significa running back e WR significa wide receiver. ² Power back é um tipo de RB que consegue as jardas difíceis nos pontos mais importantes. Esses RBs também devem ter o poder de receber pancadas, já que não ficarão intocados toda vez que tocarem na bola.)
— Graças a Cristo, Nelson fez de você titular antes do início da temporada, Saunders. — Max geme, os olhos apertados para evitar bolhas de shampoo.
— É bom que ele seja tão difícil de agradar. É por isso que temos tantos caras sólidos.
Jaylin zomba, esfregando as axilas como se o tivessem ofendido. Eu nunca diria isso sem ser provocado, mas o cecê do homem poderia nocautear um homem inferior. Ele já sabe disso, daí usa um desodorante com prescrição médica.
— Dean, por favor. É um insulto do caralho quando você tenta agir humildemente. Você deveria ter visto sua cara quando o treinador anunciou isso, é como se você… tivesse virado o Coringa.
— Coringa?
— Sim, como o Coringa de Heath, não Joaquin.
— Certo, louco, então. Por que não Joaquin? — Eu bufo.
— Não, não louco, apenas… mal? Quero dizer isso como um elogio, honestamente. Não, Joaquin, porque você se sente mal pelo cara, e eu não me sinto mal por você. O Coringa de Heath acabou por ter aquele cachorro nele.
Max continua, optando por não abordar minha posição na escala dos “Mais Malignos”.
— Eu literalmente mal posso esperar para desabafar esta noite, cara. Você sabe como as pessoas saem dizendo, tipo, “Eu quero ficar animado, mas não quero exagerar”? Não, não. Quero desmaiar em uma pilha de vômito, me leve até o maldito pronto-socorro se for preciso. Ainda quero estar embriagado quando acordar na segunda-feira. Preciso disso.
— Jesus Cristo! — Rio da imagem. Passe difícil.
— Eu só quero transar. — Jaylin choraminga.
— O que aconteceu com sua garota? — Max pergunta por cima da minha cabeça, e meio que me irrita que alguém seja capaz de fazer algo além da minha cabeça. — Uh, Sha… kira?
— Que porra você acha que aconteceu, Finnus? Se não estivermos na aula, estamos bem aqui. Se não estivermos aqui, vamos dormir ou ir para a academia. Ela me largou porque eu não tenho tempo para encontros e essas merdas. Disse sentir que estava namorando minha sombra ou alguma besteira dessas.
— Droga, cara, eu não sabia. Você namora desde o ensino médio, certo?
Jaylin parece mais sombrio que o pecado, mas está se esfregando com força suficiente para que o vermelho brote.
— Gostaria de ver você, ou qualquer pessoa desta equipe, mantendo um relacionamento estável. É impossível, a menos que ela esteja muito, muito nem aí.
— Aposto que o Sr. Pau Monstro ali não teria problema! — Vem a resposta risonha, quatro cabeças para baixo, um atacante chamado Shawn Kelsey. Ele é mais um atacante em nome do que em tamanho, já que qualquer um aqui não teria problemas em enfrentar o cara que bate na sua bunda. Não adoro o apelido, mas não é impreciso.
— Dean provavelmente tem vadias fazendo fila por ele. “Anote um número, senhora, ligaremos para você quando estiver disponível!”
— Sério — Max olha meu pau mole com uma mistura de inveja e espanto. — Quantos cachorrinhos e órfãos você resgatou na sua vida passada?
— Não é tudo o que dizem ser. — Isso é... de modo geral, uma mentira. — Se eu ficar duro muito rápido, parece que vou desmaiar.
— Isso é uma ostentação, não um maldito problema, Saunders!
Com os chuveiros encerrados, encontramos toalhas para não divulgar nossa merda mais do que o necessário e voltamos aos armários designados. Dou um nó no algodão no quadril e pego meu telefone da prateleira de cima do meu armário. Para ser honesto, os comentários de Jaylin sobre como manter um relacionamento deixaram um gosto ruim na minha boca. Eu conhecia a realidade disso, mesmo que Sam pensasse que eu esperava em algum lugar tipo la-la-land. Eu sabia que seria difícil nos vermos. Sabia que estaríamos muito ocupados. Mas estava pensando nisso apenas bidimensionalmente. Se eu puder provar o quanto sou sério com ele, tudo será arco-íris e borboletas no futuro. Entre nós dois, definitivamente sou eu quem tem mais… apetite.
Mas e os desejos de Sam? E se ele começar a se sentir sozinho, com tesão? E se ele for seduzido por algum outro bastardo em seu momento de necessidade, enquanto eu não estiver por perto? Ele me contaria? Ele… faria isso, certo? Sam tem um coração tão mole que nem me deixou matar as aranhas que encontramos na casa. Não há como ele…
A menos que ele pense que estou molhando o pau sem avisar.
Felizmente, para o bem da minha confiança em ruínas, há três respostas de Sam. Desbloqueio meu telefone como um homem possuído. Há uma mensagem digitada na parte superior, uma imagem e outra mensagem digitada abaixo dela. Meus olhos se concentram na foto, e é irônico que estivéssemos discutindo meu risco de ficar inconsciente caso eu tivesse uma ereção repentinamente.
— Jesus, porra! — Sibilo baixinho, rasgando os dentes nos nós dos dedos.
Ele realmente… fez isso.
Sam me enviou um nude. Tipo um nude de verdade.
É como… algo que uma garota mandaria, o que faz sentido, considerando que eu fodo com ele quase como se fosse uma, mas como ele saberia como… se preparar? Ele já tirou fotos assim antes? Enviou-os para algum ex ou casinhos aleatórios? Tenho que me lembrar de que ele não é virgem, nem velho. Estava apenas assumindo uma posição moral elevada comigo, especificamente.
Ele está nu como no dia em que nasceu, numa cama, num quarto quase todo escuro, exceto pelo brilho aureliano de um abajur de cabeceira. Reconheço-o como o quarto dele dos Face Times anteriores. Seu peito está pressionado contra a cama, mas ele está de joelhos, com a bunda levantada. Ele devia estar com o telefone estendido à sua frente, porque ele não capta seu rosto, apenas alguns cachos desgrenhados em sua testa.
As protuberâncias de seus ombros esbeltos, a inclinação de suas costas sexy e as curvas fodíveis de sua bunda ao fundo. Há um rubor delicado em sua pele, uma explosão de sardas escuras no ponto médio de sua coluna. Não é uma imagem grosseira do pau ou do cu dele, mas é erótica. Exatamente o tipo de foto que eu esperaria que Sam tirasse, exatamente o tipo de foto que me deixaria tonto e duro segurando uma toalha.
Uma foto como essa, sabendo que foi tirada e enviada pensando em mim, torna tão fácil me inserir nela. Quanto mais olho para ele, mais fácil é me imaginar ali com ele, atrás dele. O vestiário desaparece e estou ajoelhado em sua cama, apertando os punhos em seus quadris macios. A parte de trás de suas coxas gostosas está pegajosa e trêmula, e seus olhos estão confusos com lágrimas de antecipação através de uma bagunça de cabelo escuro, pegando os meus por cima do ombro. É a expressão que ele faz quando sua barriga está queimando e apertada de necessidade, o pau babando no lençol, desesperado pelo meu pau. Ele está sempre fingindo, agindo com calma e não se afetando quando outras pessoas estão por perto. Quando estamos sozinhos assim, quero derrubá-lo completamente.
Eu massagearia a cabeça do meu pau contra seu buraco macio e quente até que ele estivesse chorando por isso, empurrando seus quadris para trás como uma cadela no cio.
— Dean, porra, por favor!
— Por favor, o que, querido? Diga como se quisesse.
Ele estaria cheio de vergonha.
— Nngh, por favor, não… me faça dizer isso!
Deus, deslizando para dentro dele aqueles primeiros centímetros? Sentindo seu corpo flexível espalhado pela minha circunferência? A sucção de seu interior apertado e úmido é de outro mundo. Seus olhos provavelmente rolariam para trás, a boca em forma de botão de rosa caindo em torno de um som abafado. Já faz tanto tempo que ele pode até gozar na primeira investida. Eu faria com que ele me agradecesse por isso também, ou talvez ele ficasse tão delirante que cantaria meus louvores sem ser solicitado.
O que eu não daria para…
— Cristo, Saunders, você está tentando desperdiçar uma de suas bolas antes de chegarmos lá? Que porra você está olhando, cara?
Saio do devaneio. Marcus, um TE*, está me examinando de duas cabines abaixo, com as sobrancelhas levantadas até a linha do cabelo bem cuidada. Não pretendo que soe tão hostil quanto parece, mas… (*N/T: TE significa Tight End)
— Cuide da sua vida ou entre na fila.
Ele fica sóbrio com o tom, levantando as mãos no sinal universal de rendição.
— Foi mal, foi mal, merda.
Ereção meio assassinada, volto minha atenção para o tópico. Pelo menos, tenho células cerebrais suficientes para ler as mensagens escritas de Sam. A primeira diz:
“Desculpe se isso parece estúpido, eu não costumo tirar fotos assim”.
A segunda diz:
"Parabéns por se tornar titular, 1 + 1 = 2, então imaginei que essa fosse a novidade. Estou orgulhoso de você, divirta-se. Você merece."
— Porra. — Meu peito está latejando. É sábado à noite. Em vez dessa festa inútil, eu poderia encontrar uma maneira de fazer uma hora de carro para vê-lo. Estou morrendo de vontade de vê-lo, na verdade, em mais lugares do que nas minhas bolas. Sinto tanta falta dele que parece que ele está me comendo vivo. Paciência, paciência, paciência. Ainda não cheguei lá. Não estou no topo do totem. Se eu não comparecer a uma merda dessas, isso voltará para me morder a bunda. Digito uma resposta apressada e bato meu telefone na cara dele para poder me concentrar em me vestir.
Resposta:
"Vou foder com você, Sam."
Se você já esteve em um evento mal organizado, você já esteve em todos eles. Para quem gosta desse tipo de ambiente, tenho certeza de que a consistência é apreciada. Não é que eu não goste, mas ultimamente há usos muito melhores para o meu tempo. Como rebanho, fazemos a caminhada de vinte minutos do vestiário do estádio até a casa da Kappa Sigma. Quanto mais nos aproximamos, posso sentir as linhas do baixo batendo nas solas dos meus pés, como se a casa tivesse raízes subterrâneas. Pode ser realizado na Kappa Sigma, mas parece que os ocupantes de todos os outros lugares estão ziguezagueando como formigas bêbadas.
Embora não seja uma cena ultrajante como “Projeto X”, faz com que a festa de formatura de Kayla pareça tão inofensiva quanto a festa de aniversário de uma criança. Luzes estroboscópicas indutoras de convulsões, um gramado cheio de detritos antes das dez da noite, uma playlist genérica do Spotify provavelmente intitulada “MÚSICAS PARA FESTA DE FACULDADE” ameaçando a integridade da fundação, mesas dobráveis ostentando um torneio de beer pong que está sendo levado muito a sério. Meu Deus, isso é...? Kendrick, me perdoe, cara.
Subindo do meio-fio até o gramado, você pensaria que meu nome era a porra da Beyoncé. A reação parece um pouco exagerada, considerando que ninguém me viu jogar uma partida de verdade, mas quem sou eu para torcer o nariz diante de uma recepção calorosa? Eles não estão errados por terem grandes esperanças, já que não ficarei satisfeito com nada menos que o Bowl. Meus companheiros de equipe se separam para realizar sua atividade preferida, seja na cozinha para tomar shots, encontrar um corpo contra quem realizar uma luta descoordenada ou furar a fila para jogar beer pong. Muitos dos veteranos também são “irmãos” de uma fraternidade, então eles se reconectam com seus colegas de casa.
Nunca entendi o apelo.
Infelizmente, meu status de celebridade não dá sinais de diminuir. Onde quer que eu vá, sou forçado a me misturar. Sei que fiz a analogia à política antes, mas é mais adequada do que imaginei. Exceto que, em vez de apertos de mão, são apenas pulsos flácidos. De parede a parede, de canto a canto, há uma abundância de artimanhas femininas. Seios, pernas, bundas. Em todo o campus, se elas têm boceta e batimentos cardíacos, estão nesta festa. Quanto menos sóbrios elas ficam, mais toques não solicitados tenho que evitar. O fato de eu estar tão interessado em evitar isso realmente coloca em perspectiva o quanto eu mudei. Existem inúmeras abordagens diferentes sobre o amor, e eu entendo isso.
Mas, se é a porra do verdadeiro negócio, por que as pessoas se concentram tanto no trabalho que envolve isso? Tipo, é um trabalho árduo? A quantidade de vezes que ouvi meus amigos dizerem algo como: "Eu amo minha garota, mas tenho necessidades, cara."
Balancei a cabeça como se fosse bom senso, a natureza inerente do homem. Foi fácil concordar quando eu sabia tudo sobre o amor. Naquela época, eu pensava que “amor” significava apenas querer passar mais tempo com uma garota fora do sexo, e eu nunca tinha experimentado isso. Parecia perfeitamente razoável satisfazer externamente suas necessidades físicas se elas não estivessem sendo atendidas internamente, porque o sexo parecia tão necessário quanto a água, a comida e o ar. Agora? Isso é... literalmente uma loucura para mim. Sem Sam, mesmo que seja apenas uma imagem residual dele na minha imaginação ou uma foto, meu pau está fora de serviço. Ainda tenho olhos e cérebro. Sei quando uma pessoa está com calor, mas é apenas um fato passageiro.
Estou reprimido. Estou com mais tesão do que um chimpanzé drogado, a ponto de começar a aguçar meu temperamento. Mesmo assim, se eu escolhesse a cadela mais malvada da propriedade, a levasse escada acima e assistisse a um strip-tease sincero, ela sairia da sala depois de dez minutos com o ego ferido e contaria a notícia da minha disfunção erétil. Para mim, isso é uma grande parte do amor. Alguns chamariam isso de lealdade, mas mesmo isso implica um pouco de esforço consciente. Meu corpo está na mesma página que meu cérebro, e não há nenhum esforço ou trabalho necessário, não importa quão empinado seja o peito ou quão voluptuoso seja o traseiro. Se não estiver ligado ao corpo de Sam, não terá influência sobre o meu.
Dito isto, isso não impede ninguém de tentar, e ainda não estou em condições de desligá-lo completamente. É um monte de desorientação educada, e a próxima hora e meia passa estrategicamente. Uma rodada de doses com cerca de vinte rostos que não consegui distinguir, então é estritamente cerveja. Após vencer quatro partidas seguidas de beer pong, um Max engessado vem até mim com uma vontade repentina de fazer exercícios de passe. Lançamos uma bola de futebol pelo gramado, por cima das cabeças de um bando de estudantes seminus que se autodenominaram macacos no meio. Não posso ficar bravo com o comportamento flagrante de busca de atenção, pois não é um exercício legítimo. Finnus está fodido demais para confiar na memória muscular.
— Ei! Delaney! Venha jogar para Finnus, é a única coisa que o mantém de pé. — Troco com um dos nossos atacantes mais corpulentos postados na varanda da casa. — Estou indo pegar uma cerveja.
Então, voltando para o dormitório. Já são onze da noite. Meu telefone está queimando meu bolso. Eu o peguei pelo menos uma dúzia de vezes para verificar se havia uma resposta, apenas para descobrir que os minutos se arrastavam. Sam leu, mas é isso. Talvez ele esteja dormindo, porra. Não é tão tarde e é sábado. Ligarei para ele quando voltar…
— Essa é uma garota de sorte.
Cavando uma cerveja no fundo da geladeira, sou pego em flagrante olhando para o nosso tópico de texto. Eu já tinha salvo a foto do Sam e deletado do tópico, assim não há risco de ela ser vista por cima do meu ombro. Eu pareceria na defensiva se desligasse meu telefone às pressas e o colocasse de volta no bolso, então não o faço. À direita da grande geladeira de porta dupla manchada de impressões gordurosas, há uma garota encostada no balcão. Meu cérebro vibra com o reconhecimento, mas nenhum nome vem à tona. Ela é bonita o suficiente para ser estranho ela não estar acompanhada por um ou três pretendentes bêbados. Alta para uma mulher, birracial, pele como café cremoso demais. Cabelo escuro e crespo brota ao redor de seu rosto sensual em um afro esculpido. A proporção entre seios e bunda está muito próxima do padrão ouro, com uma cintura fina inclinada entre eles.
Sinceramente, fico perplexo por mal reconhecer uma garota assim. Ela vale muito mais do que um olhar passageiro, mas isso deve ter sido tudo que eu tinha para dar. Fechando a geladeira, coloco casualmente meu telefone no bolso designado.
— Que garota seria essa?
— Qualquer garota que esteja do outro lado do telefone. — Ela abre um pequeno sorriso, provocante, mas despreocupada. — Toda vez que vejo você, você está nisso.
— Oh? Você está me vigiando?
— Eu não tenho que ficar de olho, você se destaca.
— Eu também não chamaria você de comum. — Eu acuso, sobrancelhas levantadas.
— Exatamente, esse é o meu ponto. — Ela ri, passando o cabelo rebelde sobre um ombro liso e nu. — Eu não me chamaria de esquecível, mas você não sabe meu nome, não é? Estamos em três turmas juntos, Dean.
Admito sem jeito:
— Ah, você me pegou.
— Cecília.
— Nome bonito.
— Oh, por favor, guarde a bajulação falsa para você. Sabe, muitas dessas garotas acham que têm uma chance. Se eu fosse sua namorada, poderia ficar chateada por você não falar alto e se orgulhar de seu status. Estou supondo que ela não está aqui?
Sammy provavelmente teria um ataque de pânico se eu saísse por aí anunciando, como ela está sugerindo que eu faça. Inclinando-me contra o balcão oposto, eu a avalio. Não sei dizer se ela está flertando ou sendo intrometida.
— Você parece muito, muito interessada neste relacionamento que você está assumindo que estou.
— Porque é interessante. Dean Saunders, dezenove anos, titular do D1 em menos de dois meses. Um rosto desse, abdômen como aquele, e você sabe o que tudo isso significa? Muita creatina para o corpo, nenhuma para o cérebro.
Eu rio.
— Puta merda, você está… me provocando agora?
Ela zomba.
— Provocação é uma forma de flertar, estou curiosa, só isso.
— Por que isso?
— Hum, você quer uma resposta honesta? Isso pode ferir seus sentimentos.
— Eles são muito difíceis de machucar, mas dê o seu melhor.
Cecilia sorri, e está longe de ser uma expressão gentil ou jovial. Excitável, quase zombeteira, mas ela não é menos linda pela estranha nitidez disso. Ela brilha como uma vilã perversa.
— Sou formada em psicologia.
— Então, sou interessante… psicologicamente?
— Muito. Não posso explicar para você, já que faltam alguns anos para me formar. Não seria ético diagnosticar um cara que acabei de conhecer.
Diagnosticar? Fui acusado de narcisismo, mas não acho que essa seja a implicação. Embora eu esteja curioso para saber que tipo de loucura ela suspeita de mim, não estou curioso o suficiente para pressioná-la ou ficar vagando por esta cozinha. Aparentemente, temos aulas juntas, então não é como se eu nunca mais fosse vê-la. Também não estou convencido de que essa não seja sua maneira sutil de provocar, tentando fomentar meu interesse por ela. Talvez seja esse o narcisismo que está surgindo. Assim que minha garrafa está vazia, peço licença para sair da presença dela. Ela mexe os dedos para mim e, novamente, seu sorriso é desconfortavelmente conhecedor.
Agora que a maioria da multidão está no trem para a estação dos caindo de bêbado, é fácil escapar. Uma dose e seis cervejas não são suficientes para me embriagar, mas há um calor agradável espalhado pelos meus membros. O chão parece macio e acolchoado sob meus pés, e a tensão muscular de uma prática rigorosa é dissipada. São trinta minutos de caminhada de volta aos dormitórios, mas, por alguns motivos, transformo isso em uma corrida de quinze minutos. Voltei para o quarto às 11h45, mais ou menos. Se eu ligar para Sam antes da meia-noite, ele poderá atender. Mesmo que ele não o faça, planejo explodir com a gozada mais gorda do mundo enquanto fodo aquela foto.
Não é como se eu considerasse o nosso verão garantido. Não, eu valorizei cada maldito segundo, me esforcei para guardar tudo na memória: cada sorriso, risada, olhar, toque. É quase uma faca de dois gumes, lembrar dele tão vividamente. Se não estou pensando em uma memória, estou angustiado pensando em como ele está agora. Conversamos todos os dias, mas ele não é do tipo que divaga ou conta histórias prolongadas. Ao discutir seus cursos ou eventos de interesse, ele é dolorosamente sucinto. Ele citou alguns conhecidos, mas nenhum detalhe real. Eu, porém, sou do tipo que divaga e ele incentiva isso. Não me ocorre o quão pouco sei sobre sua vida diária até desligarmos o telefone.
Face Times são ainda mais raros. Sinto falta dele e posso sentir minha cabeça prestes a ultrapassar o teto metafórico. Paciência não é minha virtude mais forte.
Subindo para o dormitório, não fico surpreso ao encontrá-lo escuro e vazio. John costuma voltar para casa nas tardes de sexta-feira, após o término das aulas, e retornar no domingo à noite. Há uma vaga vontade de tomar banho de novo, escovar os dentes para não acordar com o gosto sórdido de cerveja na boca, mas isso está muito abaixo na lista de prioridades. Já estou meio duro só de pensar naquela foto. Tirando meus jeans, eu os substituo por um short de malha. Estou arriscando irritar Sammy se minha ligação o acordar, mas não dou a mínima. Caio de volta na cama, coloco meus fones de ouvido e ansiosamente faço a chamada.
Quando toca pela quinta vez, a pequena centelha de esperança em meu peito morre. Eu realmente não esperava que ele respondesse, mas…
— Sammy…?
Ele atendeu! Mas não há saudação. Ele não diz nada por vários segundos, mas há um leve embaralhamento. Ele deu um tapa no telefone enquanto dormia, pensando ser um alarme? Inferno, eu aceito. Eu não estou acima de sua respiração calma e rítmica. Então, adormecerei, fingindo que estamos na cama juntos. Pegarei o que puder, porra. Estou prestes a sair da tela de chamada e entrar na minha galeria de fotos, quando a voz dele soa através dos botões. Fico rígido como se tivesse olhado para a Medusa. A racionalidade desaparece do meu cérebro e metade do sangue do meu corpo é desviado para o meu pau.
— Dean…? Eu… hah…
Essa é a voz dele de “estou prestes a gozar”.
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